À queima-roupa \\ Rodrigo Rollemberg, ex-governador do DF
por Ana Maria Campos
Você está mesmo decidido a ser candidato a deputado federal ou cogita disputar o GDF?
Estou sim decidido. Logo no início do governo, quando me dei conta da gravíssima situação econômica do DF, tomei uma decisão: faria tudo o que fosse preciso para tirar o DF daquela situação e não pensaria em reeleição. Não queria disputar a reeleição. Fui convencido a disputar para defender meu governo. Se hoje o governador Ibaneis está realizando obras importantes para o DF é em grande parte devido à arrumação da casa que fizemos.
Por que você tomou essa decisão?
A decisão de não disputar essa eleição foi tomada logo após o final do governo. Dei minha contribuição num tempo de muito sacrifício. Enfrentei crise econômica, política e hídrica. Saneamos as contas do DF, passamos toda a tensão do impeachment sem nenhum problema mais grave e resolvemos a crise hídrica definitivamente. Deixamos um legado. Democratizamos a Orla do Lago, fechamos o Lixão da Estrutural e demos dignidade aos catadores; construímos um belo hospital, transformamos em cidades áreas que eram tratadas como favelas. E fizemos um governo sem corrupção. Aprovei todas as minhas contas e não respondo a nenhum processo. Agora é hora de renovar.
Acredita que Lula terá força na eleição ao Buriti?
Essa eleição será muito polarizada. O apoio a qualquer candidato presidencial trará apoios e rejeições. Mas certamente Lula terá um peso importante na eleição de qualquer unidade da federação. Em Brasília não será diferente.
Reguffe ainda não declarou publicamente pretensão em concorrer ao GDF. Acha que ele será candidato ao governo?
Não sei. Cabe a ele decidir. O PSB tem um pré-candidato: Rafael Parente. É jovem, preparado, comprometido e está com muita vontade de servir a Brasília. Reguffe é um personagem muito importante da política local. Tem grande expressão eleitoral. O ideal seria que viesse para um partido do campo progressista. Ele será fundamental para a construção de uma frente ampla para disputar o governo do DF.
Se Reguffe for candidato ao governo, Rafael Parente abrirá a cabeça de chapa para formar uma aliança?
Entendo que devemos construir uma frente ampla com o objetivo de governar o DF. Devemos ter partidos de esquerda, de centro e de centro direita, se defenderem a democracia. Isso deve se dar em torno de um programa mínimo. Como já disse, entendo que o senador Reguffe, num partido progressista, ajudaria a montar essa equação. Figuras como Leandro Grass, Reginaldo Veras, professor Israel, Arlete Sampaio, professora Rosilene e muitas outras lideranças políticas serão importantes nessa construção. A posição que Rafael Parente e Reguffe ocuparão nessa construção depende de entendimento entre os dois, tendo, é claro, a concordância dos partidos aliados.
Você é favorável a uma aliança do PSB com o PT em torno da eleição do Lula?
Defendo também no plano nacional uma construção de uma frente ampla que permita o enfrentamento e a superação da fome, da pobreza e das desigualdades sociais no país. O Brasil precisará de um grande esforço de união para recuperar as instituições do Estado que foram aniquiladas, como na Saúde, Meio Ambiente, Educação, na Cultura, na Ciência e Tecnologia, etc. Até aqui o único nome aparentemente capaz de derrotar Bolsonaro é o do ex-presidente Lula.
Qual é a sua opinião sobre possível federação com PT, PSB e PCdoB?
A federação pode ser primordial para a formação de uma frente democrática progressista. Mas cabe ao PSB avaliar a conveniência da federação sopesando a necessidade de preservar sua identidade.