Um bate-papo com Arthur Antunes Coimbra, o Zico, pré-candidato a presidente da Fifa

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Zico e os alunos do Sol Nascente no Taguaparque

Crédito da imagem: Vinicius Loures/ BG Press

Arthur Antunes Coimbra, o Zico, esteve me Brasília na última segunda-feira para ministrar duas palestras. A primeira, Como formar um time campeão, para mais de 2 mil acadêmicos da Universidade de Brasília. Na sequência, ele cruzou a cidade em direção ao Taguaparque para um encontro com estudantes do Sol Nascente selecionados para participar da abertura da 23ª Feira do Empreendedor, evento organizado pelo Sebrae. A partir desta quarta-feira, os fãs do Galinho poderão conferir relíquias do ex-camisa 10 do Flamengo e da Seleção Brasileira na exposição a História de Zico, das 9 às 18h, no Taguaparque.

Foi lá que o craque bateu o papo a seguir com o blog sobre a pré-candidatura a presidente da Fifa. A seguir, ele conta como o comitê de campanha formado por voluntários tem trabalhado para garantir a presença dele no pleito e fala um porquinho sobre a estreia de Oswaldo de Oliveira no Flamengo e o clima eleitoral no clube do coração.

MPL: Como está a caça pelo apoio de cinco federações para você oficializar a candidatura a presidente da Fifa?

Zico: Apoio é tempo. A gente troca informações por meio de emails, cartas, as pessoas respondem, mas as federações sempre pedem um período para tomar as decisões. Estou confiante de que conseguirei encontrar os cinco apoios. Eu tenho um grupo de trabalho, a gente tem feito reuniões constantes, feito algumas ações com voluntários que querem ajudar, ex-companheiros que trabalharam comigo, gente que pode ter contato direto com presidentes de federação de outros países. O caminho vai bem.

MPL: Como funciona o trabalho do seu “comitê de campanha”?

Zico: Enviamos as primeiras cartas para federações onde eu trabalhei (Itália, Japão, Grécia, Uzbequistão, Catar, Índia, Turquia). Umas pediram para esperar, outras disseram que vão estudar. Eu mando para eles o que eu penso, os itens que eu considero fundamentais para ninguém se surpreender com nada. As minhas propostas envolvem transparência e democracia. Esses são os fatores importantes para a reestruturação da entidade.

MPL: Michel Platini, um dos seus concorrentes, defende o aumento do número de seleções na Copa do Mundo de 32 para 40. Você concorda com isso?

Não quero conflito, quero o melhor para o futebol, para a entidade, não estou preocupado com o que pensam os meus adversários. No momento, estou em busca dos cinco apoios.

MPL: Qual é a sua a avaliação do encontro com Marco Polo Del Nero?

Altamente formal. Sou um ex-atleta da Seleção. Eu acho que que defendi muito bem a camisa durante 10 anos. Antes de qualquer coisa, eu gostaria de ouvir a opinião do meu país, independentemente das pessoas que estejam lá. A entidade, por meio do seu presidente, disse que, se eu levar os outros quatro apoios, eu posso contar com o quinto da CBF. Não tenho comprometimento nenhum com CBF nem com ninguém que está lá.

MPL: Quando surgiu a ideia de se candidatar a presidente da Fifa?

Jantando com a minha mulher, conversando com os meus filhos, nós pensamos: ‘se eu posso apoiar o Figo, por que não eu?’. Coloquei isso para a minha família, eles acharam que dava para encarar e fomos em frente.

MPL: Já imaginou que você pode ser o primeiro ex-jogador eleito presidente da Fifa?

Nunca ouvi falar da história do Blatter como jogador. O João Havelange era do polo aquático e o Stanley Rous ex-árbitro. A Fifa deve ser ligada a alguém do futebol, que trabalhou na modalidade.

MPL: Lotthar Matthäus disse que a sua candidatura é uma piada. Qual é a sua resposta a ele?

A mesma que dei em outra entrevista. É um direito dele. Só se esqueceu que eu fui secretário nacional de Esportes (no governo Collor), que eu participei de comitês de Copas do Mundo e trabalhei como dirigente de clube. A minha candidatura é séria e segue firme. E o fato de eu estar no Brasil não diz nada, porque a Europa não é melhor que a América do Sul e vice-versa. Estão no mesmo nível.

MPL: Você concorda com as regras atuais da eleição da Fifa?

Não. Você tem hoje os atletas que votam para melhor jogador do mundo. Tem torcedor que vota pelo gol mais bonito. Por que esse colégio eleitoral não pode votar também para presidente da Fifa? Por que um candidato é obrigado a ter o apoio de cinco federações? Se ele tem 40 anos de futebol, será que ele ainda precisa do apoio de alguém, de indicação? São coisas que eu não concordo.

MPL: O estatuto estimula a corrupção…

Só 23 pessoas podem decidir sobre uma sede de Copa do Mundo? Uma coisa tão representativa no mundo inteiro! Dá impressão de que isso é uma caixa preta. Aí você pega: dos 23, sete estão presos. Por que esses 23 têm esse poder todo? Isso gera corrupção. Aí, amanhã, se o Japão me indica, e eu faço alguma coisa para o Japão, vão dizer que é porque eles me apoiaram. Tem gente que abre alguma coisa em algum país só para ganhar o voto. Isso me lembra da política da antiga CBF, que era a CBD, que tinha como lema: ‘Onde a Arena vai mal, um time no Nacional. O mundo de hoje não comporta mais isso.

MPL: Se você vencer, como será a sua gestão?

Eu quero ouvir o mundo do futebol. Quando eu fui secretário aqui (do Esporte) e tinha que criar a lei, eu ouvi o mundo do esporte. Foram seis meses de estudo. Teve gente que c… e andou, não mandou e depois se arrependeu.

MPL: O que achou da estreia do Oswaldo de Oliveira no Flamengo?

O Mengão já foi melhor ontem (domingo). Espero que ele (Oswaldo de Oliveira) tenha no Flamengo a mesma sorte que ele teve no Japão, o mesmo sucesso do tempo de Kashima Antlers.

MPL: Wallim Vasconcelos é o seu candidato a presidente do Flamengo

Eu vou com a equipe de trabalho que eu apoiei no início. Eu gosto muito do Eduardo Bandeira de Mello (atual presidente), adoro ele, mas eu sou a favor da decisão em equipe.