Hulk e Nacho Reverência a Nacho Fernández, maestro do Galo. Arrascaeta está fora do jogo. Foto: Pedro Souza/Atlético Reverência a Nacho Fernández, maestro do Galo. Arrascaeta está fora do jogo. Foto: Pedro Souza/Atlético

Reféns de maestros estrangeiros, Flamengo e Atlético-MG expõem carência do futebol brasileiro

Publicado em Esporte

Quer entender as convocações de Lucas Paquetá e de Philippe Coutinho para as partidas contra Colômbia e Argentina, em novembro, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo? Aconselho dar uma espiadinha nos elencos de Flamengo e Atlético-MG — protagonistas do duelo deste sábado, às 19h, no Maracanã, pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Os dois times são dependentes de maestros estrangeiros. O Flamengo tem penado sem Arrascaeta. Sim, o time rubro-negro conta com o selecionável Everton Ribeiro, mas está provado que imprescindível é o uruguaio. O Atlético-MG sofre quando não conta com o argentino Nacho Fernández. Para alívio do virtual campeão, ele estará em campo auxiliado por outro criativo gringo — o ótimo Zaracho.

Flamengo e Atlético-MG não eram reféns de maestros estrangeiros nos anos 1980, o auge da rivalidade. Ambos formavam a base da Seleção na Copa de 1982. Juntos, tinham seis jogadores entre os titulares de Telê Santana. Dois deles meias de altíssimo nível: o camisa 10 Zico e o 5 Toninho Cerezo. O zagueiro Luizinho, os laterais Leandro e Júnior e o atacante Éder eram os outros quatro astros dos dois times em evidência na esquadra que ainda encanta o mundo.

A carência de meia brasileiros à moda antiga não é exclusividade de dois dos elencos mais caros do país. Faltam armadores para consumo interno e externo. O São Paulo lamenta, até hoje, a ausência de Martín Benítez contra o Palmeiras nas quartas de final da Libertadores. O Corinthians tem Willian, Renato Augusto e Giuliano aquém das formas física e técnica. O Palmeiras ostenta Gustavo Scarpa, mas a irregularidade dele não é capaz sequer de convencer Abel Ferreira a tirá-lo em definitivo do banco.

O Vasco ainda depende do veterano Nenê. O Inter improvisa Taison na função. O Grêmio tenta ressuscitar Jean Pyerre. O uruguaio Carlos Sánchez é o metrônomo no meio de campo do Santos.  Lucas Lima chegou a ser solução para a Seleção no clássico de 2015 contra a Argentina no Monumental de Núñez. Hoje, não é unanimidade no ótimo Fortaleza.

Se voltarmos para as potências da Europa, não encontraremos nada muito além de Philippe Coutinho e Lucas Paquetá. Ruim com eles, pior sem eles. Principalmente em uma convocação com travas. Tite abriu mão de chamar jogadores em atividade no futebol brasileiro.

Não basta lamentar a carência do futebol brasileiro ou criticar as presenças de Philippe Coutinho e Lucas Paquetá na Seleção. É preciso apontar soluções. Há alternativas no exterior, mas todos lutam para se firmar no Velho Continente.

Claudinho, ex-Red Bull Bragantino, está em início de trajetória no Zenit São Petersburgo. Há quem torça o nariz para o time dele e a qualidade do Campeonato Russo. Outra possibilidade seria Reinier, mas o medalhista de ouro em Tóquio ainda não conseguiu se firmar no Borussia Dortmund. Felipe Anderson tenta voltar aos bons tempos da primeira passagem pela Lazio. Aposta na Copa de 2014, Oscar foi chamado por Tite, mas saiu totalmente do foco da Seleção. Lucas Moura pouco foi pouco testado. Talisca não passou de um namoro de verão.

Tempos difíceis em que, se fossem brasileiros, Nacho ou Arrascaeta vestiram a camisa 10 da Seleção facilmente. Talvez um castigo dos deuses da bola pelo desperdício de 2006. O Brasil tinha naquela Copa meias como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Juninho Pernambucano e Ricardinho. Qualquer um deles seria intocável hoje. O Brasil também contava com três camisas 9. Os titularíssimos Ronaldo e Adriano e o então emergente reserva Fred. Estamos de Pires na mão nas duas posições. Parafraseando Muricy, a Copa pune!

 

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