Estava refletindo sobre a eleição do Coronel Nunes, presidente da Federação Paraense de Futebol, como vice da CBF pela Região Sudeste (?!) na última quarta-feira, e lembrei de um detalhe interessante sobre a manobra de Marco Polo Del Nero para transformar Nunes, 77 anos, no vice mais velho da entidade máxima do futebol, superando o mandatário da Federação de Santa Catarina e vice pela Região Sul, Delfim Peixoto, 74.
Marco Polo Del Nero usou a favor de si a arma que Rubens Lopes ativou contra Del Nero em 2012. Como José Maria Marin assumiu a CBF depois da renúncia de Ricardo Teixeira, a vaga de vice pela região Sudeste ficou aberta. Del Nero, à época com 71 anos, surgiu como candidato da situação, indicado por Marin. A trama era a mesma. Se Marin caísse, Delfim Peixoto e Del Nero, ambos nascidos em 1941, disputariam a sucessão. Como Delfim Peixoto é um mês mais mais velho do que Del Nero, assumiria a CBF. Ou abriria mão. Afinal, era amigo do peito de Marin.
Incomodada com a candidatura de Marco Polo Nero, a Federação do Estado do Rio de Janeiro, especificamente o presidente Rubens Lopes, lançou a candidatura de um senhor 10 anos mais velho do que Del Nero. Lembram? Mário Jorge Lobo Zagallo, 81, topou peitar Del Nero na eleição para vice. Motivo: em caso de renúncia ou impedimento de Marin, ninguém superaria Zagallo na idade e ele seria o presidente da CBF.
O Velho Lobo Fez discurso e tudo, brincou na campanha, como sempre, com o número da sorte 13, mas depois pulou fora. Fez muito bem, diga-se de passagem. No fim das contas, Del Nero foi eleito por unanimidade — inclusive com voto de quem? De Rubens Lopes, da Federação do Estado do Rio de Janeiro.
O Coronel Nunes é o Mário Jorge Lobo Zagallo que deu certo como candidato a vice da CBF.
Criaram um “monstro” e ensinaram direitinho a ele como fabricar outro.
As federações e os clubes merecem (e se) merecem.
Parabéns aos envolvidos.