Fred Fred foi para a galera em uma noite mágica no Maracanã. Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense Fred foi para a galera em uma noite mágica no Maracanã. Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense

O trailer do adeus de Fred, o último romântico da camisa 9 em um país carente de centroavantes raiz

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Parece até que todos os centroavantes combinaram de fazer um tributo a Fred no penúltimo ato da carreira do ídolo do Fluminense. Germán Cano fez três dos quatro gols nos 4 x 0 contra o Corinthians. Pedro e Gabriel Barbosa foram decisivos na vitória do Flamengo contra o Santos, na Vila Belmiro. Hulk e Eduardo Sasha, especialistas no assunto, lideraram o triunfo do Atlético-MG diante do Juventude, em Caxias do Sul (RS).. Vitor Roque, de 17 anos, aprontou no Allianz Parque e o Athletico-PR fez 2 x 0 contra o líder Palmeiras. 

 

Nenhum dos “noves” tocou o coração de quem ama futebol como Fred. A penúltima partida da carreira do maior ídolo tricolor no século, ou quem sabe na história, foi digno de ser editado sem cortes para uma série. O maior artilheiro em atividade do Brasileirão entrou em campo aos 38 minutos a pedido da torcida. Aos 45, acertou o gol de Cássio, alcançou a marca de 199 bolas na rede com a camisa do Fluminense e pode arredondar a marca para 200 no próximo sábado contra o Ceará, no Maracanã.

 

O gol de Fred deu início a uma catarse no Maracanã. Não se sabia quem chorava mais. O ídolo ou os idólatras de quem ajudou, em 2010, a encerrar o tabu de 26 anos sem título no Brasileirão, e repetiu a dose no bicampeonato de 2012. De quem desembarcou em Laranjeiras em 2009 para impedir heroicamente o rebaixamento do clube para a Série B na reação mais espetacular na era dos pontos corridos.  

 

Fred disse na entrevista ao Premiere que tem um problema oftalmológico. Imagine se ele estivesse enxergando bem. O quarto gol do Fluminense é de quem tem olhos dos pés. Finalizou com a categoria de um centroavante com visão periférica – requisito da função.

 

Apelidado injustamente de cone por quem senta-se em frente à tevê a cada quatro anos para cornetar a Seleção na Copa do Mundo, Fred desafia o futebol brasileiro a encontrar um clone para ele. Ouso afirmar que estamos a um jogo da despedida do último romântico. O derradeiro centroavante raiz em uma nação cada vez mais carente de um deles. Basta observar o perrengue do Tite: quem é o camisa 9 extraclasse do Brasil para a Copa? A culpa da campanha do Brasil em 2014 está longe de estar todinha na conta do Fred.  

 

A contar de 1982, ou seja, nos últimos 40 anos, a Seleção teve uma sequência incrível de centroavantes na Copa do Mundo. Serginho Chulapa, Careca, Romário, Ronaldo, Adriano, Luis Fabiano, Fred e Gabriel Jesus. Os “Freds” estão cada vez mais em extinção. 

 

Poucas potências da Copa têm um camisa 9 para chamar de seu. Atual campeão, a França desfruta do melhor do mundo Benzema. A Inglaterra ostenta Harry Kane. A Bélgica tem Ramelu Lukaku no papel de homem de referência. A Polônia usufrui de Lewandowski. 

 

Perrengues da Seleção Brasileira à parte, desejo que Fred seja feliz na última semana da carreira. E que no sábado, o Maracanã, palco do milésimo gol do Rei Pelé, seja palco, também, do ducentésimo gol do centroavante tricolor.  Quem sabe de pênalti, com todos parados à espera do ato final de um dos grandes personagens da história do futebol brasileiro. 

 

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