52247146736_8db9654ddc_c Festa do time e da torcida do Atlético-GO no primeiro gol contra o Corinthians Foto: Alan Deyvid/ACG Festa do time e da torcida do Atlético-GO no primeiro gol contra o Corinthians Foto: Alan Deyvid/ACG

Por que times como o Atlético-GO viraram osso duro de roer em torneios mata-mata

Publicado em Esporte

O discurso mais objetivo, raso, mas não necessariamente correto é atribuir a derrota do Corinthias para o Atlético-GO por 2 x 0, no estádio Antônio Accioly, no primeiro jogo das quartas de final da Copa do Brasil, a um dia ruim e irreconhecível do time paulista. Prefiro olhar por um ângulo quase despercebido. A enxurrada de times brasileiros em torneios como a Copa Sul-Americana tem transformado times de menor investimento em osso duro de roer em competições mais acessíveis do que a maratona do Campeonato Brasileiro.   

 

O Atlético-GO disputa o segundo torneio mais importante do continente pela terceira vez. Alcançou as oitavas de final em 2012. Foi eliminado pela Universidad Católica. Não passou da fase de grupos em 2021, mas teve a oportunidade de fazer intercâmbio internacional em duelos contra Newell’s Old Boys, Libertad e Palestino. 

 

O Dragão está nas quartas de final da Sul-Americana nesta temporada. Avançou em primeiro na fase de grupos em duelos contra LDU, Defensa y Justicia e Deportes Antofagasta. Superou o tradicional Olimpia nas oitavas de final e enfrentará o Nacional do Uruguai nas quartas de final. O programa de milhas transformou o Atlético em time copeiro. Menos do ponto de vista de ganhar esses títulos, óbvio, e muito mais no sentido de saber competir e avançar o mais longe possível na Copa do Brasil e/ou na Copa Sul-Americana. 

 

O Atlético usou essa expertise na vitória contra o Corinthians e deu um passo importante para repetir a campanha de 2010 na Copa do Brasil. Há 12 anos, o time foi uma das surpresas das semifinais e só não decidiu o título porque esbarrou no Vitória nas semifinais. Há um outro detalhe relevante. O técnico Jorginho não é um mago da prancheta, mas tem uma certa intimidade com o mata-mata. Ele levou a Ponte Preta ao vice da Sul-Americana em 2013. Perdeu o título para o Lanús. Encaminhou também o vice do Goiás em 2010. 

 

A tendência é de que times com rodagem em torneios sul-americanos sejam cada vez mais competitivos na Copa do Brasil. Basta olhar quem são os oito participantes das quartas. O Athletico-PR é bicampeão da Sul-Americana. O Atlético-GO está entre os oito neste ano. O América-MG encarou dois mata-matas duríssimos na Pré-Libertadores e uma fase de grupos contra Atlético-MG, Deportes Tolima e Independiente del Valle. Pode até voltar às semifinais da Copa do Brasil, como fez em 2020. 

 

Semifinalista da Copa do Brasil no ano passado, o Fortaleza está novamente entre os oito no mata-mata nacional depois de um batismo de fogo na Libertadores. Caiu nas oitavas diante do Estudiantes depois de passar em segundo lugar em um dos grupos mais fortes do torneio continental contra River Plate, Colo-Colo e Alianza Lima.

 

Embora o Atlético tenha se tornado um time de casca dura em mata-matas, não considero a vaga encaminhada para as semifinais. O bipolar Corinthians tem time, torcida e capacidade de criar um ambiente hostil na volta para, no mínimo, levar o jogo aos pênaltis. Resta saber qual será a cara do Timão na volta: aquela da goleada contra o Santos nas oitavas de final e do triunfo do último domingo diante do Atlético-MG, no Mineirão; ou esse da derrota para o Dragão, em Goiânia? Por enquanto, o Corinthians está perto de ver o raio cair duas vezes no mesmo lugar. No ano passado, o Atlético eliminou o time paulista na terceira fase. 

 

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