51915967150_a117418b4e_c Goleiro Weverton é o único nome certo do Palmeiras para o Mundial do Catar. Foto: Cesar Greco/Palmeiras Goleiro Weverton é o único nome certo do Palmeiras para o Mundial do Catar. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Por que o time brasileiro que mais lembra o estilo da Seleção só emplaca o goleiro nas convocações?

Publicado em Esporte

Guardadas as devidas proporções, o Palmeiras é, para mim, o time brasileiro mais parecido com o estilo da Seleção: organizado, obediente e concentrado taticamente, forte na defesa e no contra-ataque, abastado de pontas, carente de um meia e de um centroavante raiz, difícil de sofrer gol, resistente a tomar a virada quando sai na frente, não encanta nem arranca suspiros, mas convence parte da crítica na base da competitividade e de resultados muito relevantes.

 

O Brasil, do Tite, conquistou a Copa América em 2019, foi vice no ano passado, terminou em primeiro lugar as Eliminatórias para a Copa de 2018 e está prestes a repetir o feito na caminhada rumo ao Catar. Abel Ferreira acaba de conquistar a Recopa Sul-Americana ao superar o Athletico-PR. O quarto título sob as ordens do português. Os outros três são duas Libertadores (2020 e 2021) e a Copa do Brasil (2020).  Na vitória contra o Athletico-PR, lembrou a Seleção até mesmo ao usar cinco homens no ataque. Na Seleção, é 2-3-5. No Palmeiras, 3-2-5. 

 

O curioso é olhar para a Seleção, a oito meses da Copa do Mundo, e notar que apenas um jogador do Palmeiras deve ir ao Catar: o goleiro Weverton. Provavelmente, para ser reserva em uma disputa de altíssimo nível com Alisson (Liverpool) e Ederson (Manchester City). Há um pouco mais do que Weverton no elenco alviverde para aproveitar. 

 

Tite deveria, pelo menos, observar de perto quatro jogadores de Abel Ferreira antes do anúncio da lista final: Raphael Veiga, Danilo, Dudu e Marcos Rocha — nunca estivemos tão carentes de laterais direitos. Se não podem ser quatro, no mínimo, um. Meu dedo indicador apontaria para Raphael Veiga. A versatilidade dele é totalmente necessária ao repertório tático da Seleção Brasileira. Também arriscaria Danilo. Que baita jogador!

 

Vejo algumas semelhanças entre os trabalhos de Abel Ferreira e de Tite. O português tem um diferencial: o planejamento minucioso para jogos grandes. Mostrou isso ao superar São Paulo, Atlético-MG e Flamengo na Libertadores; e na derrota para o Chelsea na decisão do Mundial de Clubes. Tite é melhor do que Abel, mas precisa tirar da cartola planos eficazes nas partidas que cobram sabedoria, discernimento, perspicácia e ambição dos treinadores. 

 

Tite demorou a interpretar o jogo em dois confrontos pesados. Custou a reagir nas derrotas para a Bélgica, nas quartas do Mundial, e diante da Argentina, no Maracanã, na decisão da Copa América do ano passado. Faltou a tal da sacação para mudar a história desses jogos.

 

Não, não estou defendendo que Abel Ferreira suceda Tite depois da Copa do Catar. A pergunta que não quer calar, ao menos para mim, é por que o atual técnico da Seleção tem tanta resistência para convocar jogadores de um Palmeiras bem parecido com a Seleção?

 

Dizem que time bom tem que ser base de Seleção. O Barcelona, por exemplo, tinha forte  influência na escalação e no estilo de jogo da Espanha campeã mundial (2010) e bi da Eurocopa (2008 e 2012) tanto no estilo de jogo como no fornecimento de material humano.

 

Lembro-me de uma escalação de Candinho, em 2000, nas Eliminatórias para a Copa de 2002. O Vasco era o time da época. Campeão da Mercosul, do Brasileirão… Vanderlei Luxemburgo havia sido demitido e o auxiliar fazia a transição enquanto Ricardo Teixeira escolhia o sucessor. Candinho não inventou moda. 

 

Dos meias para a frente, o Brasil foi escalado com a comissão de frente cruz-maltina: Juninho Paulista, Juninho Pernambucano, Euller e Romário. A seleção goleou por 6 x 0 com quatro gols de Romário, um de Euller e um de Juninho Paulista. Todos do Vasco.

 

Obviamente, não defendo que Tite use a base do Atlético-MG, do Flamengo ou do Palmeiras na Copa do Mundo. Longe disso. Mas que alguns jogadores do Palmeiras merecem, sim, uma oportunidade antes da convocação final, não resta dúvida. Que a peneira comece com Raphael Veiga na listas para os duelos deste mês com Chile e Bolívia. O Palmeiras tem um pouquinho mais do que Weverton a oferecer. Basta querer. 

 

 

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