Sala Emiliano Sala morreu em fevereiro num acidente aéreo. Foto: AFP Emiliano Sala morreu em fevereiro num acidente aéreo.

Nantes x Cardiff City: advogado explica disputa jurídica entre os clubes após morte de Emiliano Sala

Publicado em Esporte

A morte do atacante Emiliano Sala num acidente aéreo em meio à venda do jogador argentino do Nantes para o Cardiff City comoveu o mundo e detonou um debate jurídico inusitado nos bastidores do futebol. O time francês alega que a venda estava concluída quando ele alugou um avião particular e embarcou para assinar contrato com a equipe do País de Gales. Consequentemente, cobra a primeira das três parcelas de 5,6 milhões de euros referente ao montante total da compra — que custou 17 milhões de euros. O Cardiff se recusa a depositar a grana sob a alegação de que o negócio não havia sido concluído.

O Nantes argumenta que Sala era jogador do Cardiff por um simples motivo: o Certificado de Transferência Internacional havia sido enviado da Federação Francesa para a Inglesa poucas horas antes do desaparecimento da aeronave. O Cardiff contra-ataca dizendo que o contrato não havia sido registrado. Motivo: algumas cláusulas teriam tornado o documento nulo.

O blog ouviu um advogado sobre a queda de braço. Para Pedro Wambier, especialista em gestão de carreira de jogadores e negociação de atleta, o papel de mediador é da Fifa.  “Acredito que a desvinculação do clube anterior é conditio sine qua non para se vincular ao clube novo, ou seja, a primeira só ocorre porque há a expectativa de conclusão da segunda, o que tornaria o Cardiff City responsável pelo pagamento independentemente do registro do atleta”, opina o sócio da Welt Sports.

Pedro Wambier pondera: “Ao mesmo tempo, penso que o Cardiff é apenas responsável indireto, pois a sua expectativa real era de contar com o atleta em seu elenco e fazer valer seu investimento, de forma alguma tendo sido diretamente responsável pelo acidente”.

O advogado até sugere um desfecho para o caso. “Acredito que a melhor solução será chegar em um meio termo, ou seja, uma forma de pagamento parcial, uma vez que não se pode imputar a responsabilidade do acidente a nenhum dos envolvidos na transferência. Trata-se de uma situação delicadíssima envolvendo uma quantia muito relevante de dinheiro, mas, sobretudo, uma vida”, avalia.

O Nantes apelou à Fifa. Apresentou queixa cobrando o pagamento da primeira parcela. Acuado, o Cardiff pretende se posicionar nesta quarta-feira sobre o imbróglio.

 

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