FCB Malcom é mais um "ponta" brasileiro que movimenta o mercado europeu. Imagem: FCB Malcom é mais um "ponta" brasileiro que movimenta o mercado europeu.

Mercado europeu expõe excesso de “pontas” e a escassez de centroavantes no futebol brasileiro

Publicado em Esporte

O mercado europeu, que um dia era viciado em contratar centroavantes como Careca, Romário, Ronaldo, Adriano, Elber, Luis Fabiano, Fred e tantos outros, é uma prova de que o futebol brasileiro parou de produzir camisas 9 “raiz”. O interesse, agora, é pelos jogadores de lado do campo, termo moderninho para antigo ponta-esquerda ou direita.

Em abstinência de bons centroavantes, a ponto de ter sofrido horrores com Gabriel Jesus na Copa da Rússia, o futebol brasileiro vê nomes como Vinicius Júnior, Malcom, Richarlison e David Neres ganharem os holofotes no Velho Continente.

O Barcelona, que um dia teve Evaristo, Romário, Ronaldo, Rivaldo e até Sonny Anderson, foi buscar Malcom como alternativa para as pontas. O centroavante continuará sendo Luis Suárez. Portanto, o ex-jogador do Corinthians chega ao Barça para ser coadjuvante, dar assistências.

Comprado no ano passado pelo Real Madrid, o garoto Vinicius Junior também desembarcou na Espanha como alternativa para as pontas do clube merengue. Por enquanto, o clube em que o fenômeno Ronaldo foi a referência do ataque no início do século, aposta na cria do Flamengo para ter mais velocidade pelas pontas na temporada de 2018/2019.

Richarlison também movimentou a janela de transferências  depois de uma bela temporada atuando como ponta do Watford na Premier League. Na próxima edição do Campeonato Inglês, ele defenderá o Everton.

O Ajax, da Holanda, cobra uma fortuna para liberar o cobiçado David Neres para os invejosos clubes europeus. Alguém ainda topará pagar caro por ele nesta janela de transferências.

Ouso dizer que quem tiver um bom centroavante formado nas divisões de base nos próximos anos tem chance de fazer excelentes negócios. A Europa procura camisas 9 no Brasil e só acha jogadores de lado. Provavelmente, isso é um legado do sistema tático 4-2-3-1, que exige pontas ou wingers  que atuem abertos nas pontas, apoiando o ataque e marcando laterais. De uns tempos para cá, passamos a formá-los praticamente em série.

Há pelo menos dois centroavante raros no futebol carioca. Olho no menino Pedro, do  Fluminense. Atenção especial com o adolescente Lincoln quando o menino do Ninho finalmente tiver uma sequência de jogos no Flamengo. Felipe Vizeu é o único centroavante brasileiro negociado com a Europa nesta janela de transferências. Trocou o rubro-negro pela Udinese, da Itália.