Roger Guedes Roger Guedes, o salvador do Corinthians na noite empurrada pela Fiel. Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians Roger Guedes, o salvador do Corinthians na noite empurrada pela Fiel. Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Inspirado em Tite até na corrida para comemorar gol, Sylvinho arrisca ao tentar ser diferente

Publicado em Esporte

Quem convive diariamente com Sylvinho nota muitas semelhanças entre ele e um de seus mentores, Adenor Leonardo Bachi, o Tite. Compreensível. Ambos trabalharam juntos na Seleção Brasileira. O ex-lateral tinha o papel de assistente. A comemoração do gol da vitória do Corinthians contra a Chapecoense por 1 x 0, na Neo Química Arena, reforça ainda mais a identidade com o mestre (assista e compare os dois vídeos neste post). Sylvinho deu pique de sapato social e tudo, do banco de reservas, até a linha de fundo, para festejar com os jogadores como se fosse um título.

Tite era assim no Corinthians e na Seleção. Saiu correndo depois de um gol de Paulinho contra a Argentina nas Eliminatórias para a Copa de 2018. Partiu em disparada contra a Costa Rica na fase de grupos do Mundial e até caiu na arrancada. Capotou no gramado e virou meme. Fez o mesmo no triunfo diante do México nas oitavas de final. Tite é assim. Agora, Sylvinho também.

 

 

Sylvinho errou muito na vitória sobre a Chapecoense, mas se corrigiu taticamente e passou a ter 100% da Fiel em Itaquera. Isso faz muita diferença. A torcida empurrou o Corinthians ao triunfo. O gol de Roger Guedes, aos 52 minutos do segundo tempo, alivia um treinador pressionado a cada 90 minutos. Não deveria ser assim. O processo de construção da equipe passa necessariamente pela paciência dos seus atores, principalmente da exigente torcida.

O Corinthians não é um time para ontem, mas sim um protótipo do amanhã. Tem tudo para render títulos em 2022. Avançar à Libertadores sem a necessidade da etapa eliminatória será um êxito proporcional ao investimento às pressas no Campeonato Brasileiro. Cobrar mais do que isso é errado. Minar um trabalho que está só começando, mais ainda.

A configuração tática do time com Renato Augusto no papel de falso nove está sendo muito criticada, mas não é invenção da cabeça de Sylvinho. O meia de origem aprendeu a ser versátil e contou isso no retorno ao time paulista. “Na China, como são só três estrangeiros que podem jogar, em alguns momentos você mexe neles. E como faço muitas funções, joguei em todas, do 5 ao 9, até de centroavante ou segundo atacante. Isso me fez enxergar mais o jogo, hoje me sinto mais confortável em campo. Usei bastante o tempo na China com as dificuldades para evoluir até mesmo o meu jogo”, disse em uma das entrevistas coletivas.

O técnico do Corinthians tenta fazer o diferente. Como está começando na carreira depois da passagem pelo Lyon, vai errar mais de uma vez. Faz parte do processo de evolução. Ele só tem 42 jogos na profissão. Parto do princípio de que a atual diretoria percebeu isso antes de contratá-lo. Se a torcida prefere um treinador convencional, é o que mais tem no mercado. A turma do feijão com arroz, que detesta experimentar ovo frito no acompanhamento. Melhor ter Sylvinho arriscando a um treinador defendendo o emprego usando métodos rudimentares.

O fato de Renato Augusto atuar em várias posições deve ser exaltado, não debochado. É um trunfo do Corinthians. Vários times da Série A gostariam de ter um jogador como ele. Ao que tudo indica, Sylvinho seguirá apostando na versatilidade. “Entramos no 4-3-3, depois fizemos o 4-2-4, o Renato começou como centroavante falso, veio jogar como meia, terminou como dois volantes. Renato e Giuliano, dois meias jogando como volante. O Jô entrou como referência, o Róger era ponta-esquerda e virou segundo-atacante, o Gabriel Pereira e Gustavo invertendo posições na direita… Ganhamos três pontos hoje, deu certo. E no Sul, por um pouco não levamos os três pontos (contra o Internacional)”, comentou depois da partida.

 

 

Siga no Twitter: @marcospaulolima

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf