ricard_dudois_01-7585673 Executivo do Mané acionou cláusula de equilíbrio econômico na pandemia. Foto: Instagram/Ricardo Dubois Executivo do Mané Garrincha projeta troca do gramado e interdição para manutenção do teto. Foto: Instagram/Ricardo Dubois

Entrevista: Richard Dubois | CEO do Mané fala em troca do gramado e problemas estruturais na arena mais cara da Copa de 2014: “O teto nos preocupa”

Publicado em Esporte

Há dois anos, o início da pandemia e as ordens de confinamento em casa para evitar o contágio pelo coronavírus viraram a vida de pessoas físicas e jurídicas de cabeça para baixo. Em 4 de fevereiro de 2020, a Arena BSB, por exemplo, havia acabado de assumir a concessão da Arena BRB Mané Garrincha. Deu tempo de abrigar eventos de ponta, como o show do Maroon 5 e o primeiro título do Flamengo na Supercopa do Brasil contra o Athletico-PR. Depois disso, as portas do estádio mais caro da Copa do Mundo de 2014 se fecharam. Na entrevista a seguir, o CEO da Arena BSB passa a limpo dois anos de gestão. O executivo assegura que a empresa está saudável financeiramente para honrar mais 33 anos do contrato firmado com o GDF, mas há muitos problemas a solucionar. A firma acionou a cláusula de equilíbrio econômico do acordo a fim rever, por exemplo, os prazos de valor de outorga e das contrapartidas previstas no documento. Mas há outros problemas. Prestes a completar 10 anos, o estádio construído por R$ 1,5 bilhão começa a apresentar danos causados pelo tempo e a falta de manutenção. É o que Dubois conta ao blog.

 

A nova administração do Mané Garrincha acaba de fazer dois anos. Que balanço a Arena BSB faz desse período?

Nós tivemos dois anos de operação, dos quais conseguimos trabalhar 45 dias. Tivemos um bom volume de eventos e veio a pandemia. Passamos a viver um voo de galinha. Abre, fecha, pede exame, não pede exame, pode, não pode… 

 

O Mané Garrincha recebeu 33 partidas desde o início da pandemia. É satisfatório?

A Copa América foi um marco muito valioso. Em 10 dias, nós conseguimos receber as grandes seleções do continente e fizemos o maior número de jogos entre os estádios. Recebemos muitos elogios da Conmebol. Realizamos o primeiro jogo com público na retomada (Flamengo x Olimpia). A restrição de público, exigências de exames, tornaram o espetáculo inviável. Depois disso, veio a terceira onda. Tínhamos sete jogos de estaduais bem encaminhados neste ano, alguns fechados, como o Fla-Flu, mas aí veio o decreto.

 

A concessão assinada em fevereiro de 2020 tem duração de 35 anos e prevê valor de outorga, contrapartidas, veda a redução do capital social… Qual é o impacto da pandemia no cumprimento dessas e outras cláusulas? 

O contrato de concessão tem uma cláusula que fala do equilíbrio econômico por motivo de força maior. Nós, imediatamente após o decreto do fechamento (em março de 2020), oficiamos a Terracap evocando aquela cláusula. Estamos esperando terminar os efeitos da pandemia para medir e fazer um equilíbrio. Tem a questão do tempo que o complexo ficou parado, com uma rentabilidade muito limitada, abaixo do plano de negócio; e teve o custeio de um aparelho que era público e deixou de ser. Há muita jurisprudência sobre equilíbrio econômico de concessão no Brasil e vai se criar, seguramente, por conta da pandemia. Aeroportos, concessões de rodovias, dezenas de serviços públicos…

 

Qual é a tendência?

Os especialistas dizem que haverá uma prorrogação na pandemia e, em alguns casos, uma compensação financeira aos concessionários na forma de mais anos no fim ou redução de valores de outorga. 

 

Até que ponto a pandemia abalou a concessionária?

Muitos concessionários não aguentaram passar por esse vale da morte da pandemia, mas nós conseguimos. Nós consumimos capital, mas tínhamos gordura para queimar. Seguramos bastante as contas. Do ponto de vista financeiro, nós estamos superbem. A empresa está extremamente líquida. Do ponto de vista econômico, nós engolimos dois anos de prejuízo. Esperamos uma negociação com a Terracap. Se a negociação for rápida, ótimo, ou vamos para um painel de arbitragem. O contrato está muito bem desenhado.

 

Esse equilíbrio financeiro permite atacar concessões arrasadas pela pandemia?

Nós entramos com Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) do Maracanã, no Autódromo de Interlagos, estamos vendo outros estádios… Todas as arenas sofreram muito. Muitos que assumiram a concessão não estão aguentando, ou seja, não têm mais caixa para pagar as contas. Acreditamos que possam aparecer boas oportunidades. 

 

Você citou o Maracanã. É um alvo?

O Maracanã, lá atrás, não deu certo por causa de um outro problema. A concessão foi corrida para a Copa de 2014 e haveria uma contrapartida do Estado de potencial consultivo. Estádio de futebol, em nenhum lugar do mundo, para em pé. Não tem nenhum que seja lucrativo por si só. Precisa de um time associado, e o time banca o estádio.

 

O modelo do Ajax com a Amsterdam Arena é um dos mais sustentáveis?

O que paga, lá, é o imobiliário. A história lá é a seguinte: você tem a Amsterdã Arena, que é uma empresa privada, e a prefeitura de Amsterdã é sócia minoritária. Lá atrás, há 30 e poucos anos, a prefeitura deu o terreno, que era afastado. O consórcio privado colocou capital para construir, e o Ajax tem 15% das ações. O Ajax joga, paga valor de aluguel, tem compromisso de jogar “x” vezes por ano e uma remuneração. 

 

Falta um “Ajax” no futebol do DF.

É importante ter um time da casa. Facilita fazer todas as ativações em cima do time. A empresa tem, também, a exploração do entorno. Lá (em Amsterdã) também se chama Boulevard. Daí veio o nosso. Esse rendimento econômico completa e fecha as contas do estádio. É exatamente o que vamos fazer aqui. É o modelo que eles inventaram na Holanda, muito usado nos Estados Unidos também. Lá, as arenas em áreas mais centrais também têm um acordo com a municipalidade, com o condado, para exploração imobiliária.

 

O Maracanã perde no quesito exploração imobiliária?

O problema do Maracanã é que focaram na obra por causa da Copa, deixaram para acertar o imobiliário depois e quando viram que não podia mexer no museu daqui, no complexo de lá, que do outro lado da rua está proibido, que não pode subir mais três andares porque não sei quem falou… Quando se viu, não aconteceu nada. Há uma concessão precária que vem sendo renovada. Lançaram um edital, nós estamos estudando, fizemos comentários, há uma consulta pública, mas não sei se, em ano eleitoral, vão tocar em um assunto tão delicado. Sem potencial imobiliário, é só exploração do estádio. Não é uma concessão muito interessante..

 

 

Do ponto de vista financeiro, nós estamos superbem. A empresa está extremamente líquida. Do ponto de vista econômico, nós engolimos dois anos de prejuízo. Esperamos uma negociação com a Terracap. Se a negociação for rápida, ótimo, ou vamos para um painel de arbitragem. O contrato está muito bem desenhado.

 

 

Mas, hoje, dois clubes jogam lá. Um deles, o mais popular do país.

O Flamengo paga, hoje, R$ 70 mil, R$ 80 mil por jogo lá. Se tiver dois jogos por semana, que é demais, você vai ter 80 jogos no ano, descontando período em que não há jogos. Aí, rapidamente chegamos à conclusão de que a receita não paga o custeio do estádio. Nós temos que manter o custeio e a atualização tecnológica. Reformas periódicas. O Maracanã e o Mané Garrincha estão chegando a 10 anos de uso. Não são mais novos. São modernos, mas, do ponto de vista de edificação, são 10 anos. Começa a dar problema.

 

Há interesse em aumentar os tentáculos e administrar outras arenas deficitárias?

Depende do negócio e do potencial imobiliário envolvido. Manaus é um negócio bem interessante. Conheço bem essa arena. Há um terreno em volta. Se for autorizado algum tipo de empreendimento comercial, tem um potencial grande. A Arena das Dunas tem uma localização muito boa, um entorno que poderia ser usado, mas há uma dificuldade naquela área. A Arena Pantanal é mais complicada. O potencial imobiliário é menor. Manaus tem mais potencial. Nas outras, dificilmente a gente consegue levar um show internacional. 

 

Qual é o impacto dos shows?

Shows dão de receita alguns bons clássicos em termos de valor de aluguel. Não podemos cobrar muito dos times porque as bilheterias são difíceis. Os times estão quase todos numa situação complicada. Se você cobrar o que vale o estádio, o time não vem. Se cobrar o que o time pode pagar, você não mantém o estádio. Esse é o resumo do problema da infraestrutura esportiva no Brasil.

 

Os naming rights fecham a conta?

Como a gente resolve esse problema lá fora? Muito com naming rights. Temos um bom naming rights aqui com o BRB (R$ 7,5 milhões por três anos de contrato). Seguimos a linha internacional. Os maiores patrocinadores são do mercado financeiro. Infelizmente, estamos muito aquém do valor que se consegue em naming rights lá fora. Nos Estados Unidos, que tem vários números públicos, é da ordem de US$ 10 milhões a US$ 20 milhões por ano. O melhor caso que temos no Brasil é o Allianz Parque, da ordem de R$ 20 milhões por ano.

 

Por falar em infraestrutura, arenas como o Mané Garrincha ficaram muito tempo sem uso a todo vapor. O estádio está pronto para voltar a receber 100% do público?

Faz dois anos que estou com a arquibancada superior fechada. Eu tenho dificuldade de abrir. Não vamos tratar mal o nosso público. Nós fizemos um teste para possível jogo com estádio cheio. Havíamos desativado todas as caixas d’água e todos os banheiros do anel superior. São 40 mil lugares mais ou menos.  O primeiro que abrimos estourou toda a coluna. O estádio tem gastos e manutenções. Todos os nobreaks do estádio foram queimados (antes de a concessionária assumir) e estamos discutindo com a Terracap a recuperação. Quando perdemos a automação, ficamos com um estádio dos anos 1970, o velho Mané Garrincha. Precisamos resolver urgentemente a questão da iluminação. Gastamos mais de R$ 300 mil.com lâmpadas.

 

 

O Flamengo paga, hoje, R$ 70 mil, R$ 80 mil por jogo lá (no Maracanã). Se tiver dois jogos por semana, que é demais, você vai ter 80 jogos no ano, descontando período em que não há jogos. Aí, rapidamente chegamos à conclusão de que a receita não paga o custeio do estádio. Nós temos que manter o custeio e a atualização tecnológica. Reformas periódicas. O Maracanã e o Mané Garrincha estão chegando a 10 anos de uso. Não são mais novos. São modernos, mas, do ponto de vista de edificação, são 10 anos. Começa a dar problema.

 

 

Há problemas estruturais?

As rachaduras todas são da construção. Estão identificadas e existe uma ação entre a Novacap e o Consórcio Consultor para que façam os reparos. Isso está andando. Temos muito interesse que ande. 

 

Alguns estádios modernos, como o Nilton Santos e o Maracanã, demandaram ajustes na cobertura. Algo foi detectado no Mané?

Isso nos preocupa. Vamos ter que endereçar isso. Temos monitorado bem de leve para entender o problema, mas isso é uma das coisas que vamos ter que entrar nos próximos dois ou três anos, que é fazer um aperto em toda a estrutura. O estádio ficará um mês interditado para fazer o reajuste. Normalmente, a manutenção é a partir de 10 anos. Seria em 2023. Por enquanto, está tudo bem. O estádio tem um problema derivado pelo Consórcio Consultor que é essa parte interna de policarbonato, que não está de acordo, mas o problema não é estrutural. Ele só dá umas goteiras. O pessoal foi lá e tampou. Não é urgente, mas está no radar. 

 

Haverá manutenção do teto em 2023…

Essa cobertura é um projeto alemão com execução italiana. Ele já veio soldado, um grande lego, e foi parafusado no lugar. Trouxemos um alemão. Ficamos três ou quatro dias aqui com ele. Ele foi lá em cima e fez todas as medições. Encontrou alguns problemas que foram sanados e nos deu um plano de curto, médio e longo prazo. Nós vamos ter que interditar o estádio para fazer o serviço. A membrana do teto ele estimou que tem vida útil de uns 20 anos. Isso desde que não tenha fogos de artifício.

 

Os fogos foram vilões no Rio…

Isso estragou a membrana do Maracanã. Na Olimpíada, jogaram fogos que não estavam homologados, com uma temperatura mais alta. Caíram alguns não detonados ou ainda queimando. Isso danificou a cobertura. É complicado fazer a solda. Por isso, nós temos fortes restrições a fogos de artifício aqui.

 

 

Isso nos preocupa (manutenção do teto). Trouxemos um alemão. Ele foi lá em cima e encontrou alguns problemas. Nos próximos anos, teremos que fazer um aperto em toda a estrutura e o estádio será interditado.

 

 

Os gramados do Maracanã e do Mané Garrincha sempre foram alvo de críticas. Há plano de reforma do campo?

Estamos fazendo um estudo para retirar o gramado completamente no período de seca para fazer uma série de shows e eventos que temos planejado. Na volta, ou replanta o gramado, ou vamos para o sintético. Estamos avaliando se vale a pena ficar dois ou três meses sem gramado e depois replantar sintético ou híbrido. 

 

Das 33 partidas na pandemia, 15 foram do Candangão. Como tem sido a relação com clubes deficitários?

Pelo contrato, nós cedemos o espaço graciosamente. Eu não cobro R$ 1. Zero. Há os custos que o clube vai ter, segurança, limpeza… A empresa Arena BSB tem zero de resultado com os jogos do Candangão. Com ou sem público, não faz diferença. Para nós, é até melhor sem público porque é menos tumulto. Mas futebol sem público…

 

Em 2019, uma ação da Polícia Civil prendeu promotores de jogo dentro do Mané Garrincha. Como a concessionária se previne contra isso? 

O estádio tem, hoje, um contrato. Há um anexo enorme, que é o manual do estádio. Lá, fala que temos de ter acesso online ao público, bilheteria por bilheteria. Se for um sistema da bilheteira, obrigatoriamente tem que falar conosco. Não tem mais essa de ‘vou trazer a minha bilheteira’. Se trouxer, nós apresentamos o nosso sistema e a ordem é que se faça a interface. Se ele (promotor) está recolhendo tributo ou não, não cabe a nós. Mas, se soubermos de alguém com esse tipo de antecedente, não faremos nenhuma parceria. Se o promotor vier, atender o manual, depositar as garantias que solicitamos e atingir o nível de operação desejado, é bem-vindo. Não discrimina produtores.

 

 

É importante ter um time da casa. Facilita fazer todas as ativações em cima do time. A empresa tem, também, a exploração do entorno. Esse rendimento econômico completa e fecha as contas do estádio. É exatamente o que vamos fazer aqui. É o modelo que eles inventaram na Holanda, muito usado nos Estados Unidos também. Lá, as arenas em áreas mais centrais também têm um acordo com a municipalidade, com o condado, para exploração imobiliária.

 

 

Até que ponto a briga generalizada no clássico local feriu a imagem da arena? 

O jogo entre Gama e Brasiliense tinha três vezes mais segurança do que a legislação exige. Nós sabíamos que era um jogo complicado e fizemos questão de ter três vezes mais segurança. Mas ali não foi combustão espontânea, não, alguém riscou o fósforo e está sendo apurado.

 

Arenas modernas não deveriam ter identificação facial?

Temos as câmeras. Estamos comprando um sistema da Motorola, que faz o reconhecimento. Testamos algumas câmeras, mas o que acontece é o seguinte: a empresa foi comprada pela Motorola. Eles estão em processo de gestão e pediram seis meses para migrar o sistema novo da Motorola. A empresa informou que oferecerá esse sistema moderno. Com isso, nós teremos o reconhecimento fácil. Nós faremos uma reunião com a Secretaria de Segurança para definir protocolos. Quem vai ter a base de dados para dizer se o cidadão tem antecedentes é a Secretaria de Segurança. Isso não cabe a nós.

 

 

O jogo entre Gama e Brasiliense tinha três vezes mais segurança do que a legislação exige. Nós sabíamos que era um jogo complicado e fizemos questão de ter três vezes mais segurança. Mas ali não foi combustão espontânea, não, alguém riscou o fósforo e está sendo apurado.

 

 

Há demanda por projetos sociais no espaço do antigo Defer, as chamadas escolinhas de esporte. Há algo previsto nesse sentido para atender a comunidade carente?

Tinha e o GDF pagava dezenas de milhões de reais para isso acontecer. Nós, como cidadãos, temos que entender que nada é de graça. O fato de não ser cobrado do usuário não quer dizer que não está sendo cobrado da coletividade, dos contribuintes. O custo por atendimento era exorbitante. Não estou aqui para julgar ou levantar o passado, mas era muito caro atender daquela forma, com um atendimento muito precário. 

 

Há uma alternativa?

Estamos fazendo a manutenção da área de piscinas operacionalizada pela Secretaria de Esportes. Aparentemente, vai voltar. Deve ser feito. As atividades que aconteciam no Nilson Nelson foram transferidas, há mais de um ano, para o Parque da Cidade. O gasto, aqui, que, repito, era de dezenas de milhões, pode ser alocado para outras coisas, como melhorar a condição de outros aparelhos. Sabem que tem um grupinho aí que sempre reclama. Infelizmente, eles desconstroem. 

 

Faltam projetos então…

Venham com propostas concretas que temos interesse em apoiar o esporte. É o caso do Candangão. Nós poderíamos cobrar alguma coisa, mas o Candangão joga de graça aqui. Se vierem com um projeto social que possamos  apoiar, a gente apoia. Agora, não é pedir para  empregar e criar cabide de emprego. Isso eu não consigo fazer. Tem que ver o dinheiro ser usado efetivamente na ponta para a melhoria do esporte. Nós vamos ter um complexo de tênis aqui, provavelmente com atividade social. Projetos precisam ter início, meio e fim.

 

O autódromo está voltando. A retomada valoriza o complexo?

O BRB, aparentemente, assumirá o autódromo, e o que nós pudermos fazer para ajudar o nosso vizinho, nós faremos. É a tese da janela quebrada. Se a janela do vizinho está quebrada, desvaloriza a minha. Queremos que o autódromo seja o mais bem sucedido possível e traga eventos, corridas. O cara vai trazer corridas e nós realizaremos shows aqui. Queremos trabalhar juntos e somando. 

 

 

Entrevista publicada na edição impressa de domingo (13.3.2022) do Correio Braziliense.

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