Entrevista: Cícero Júnior. Um bate-papo com o novo técnico do Gama

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Cícero Júnior em entrevista ao blog: “Costumo dizer que caráter ajuda a bola entrar”. Foto: Arquivo Pessoal

 

Aos 43 anos, Cícero Júnior vive a melhor fase da curta carreira como técnico de futebol. Semifinalista da Série D do Campeonato Brasileiro, catapultou o estreante Athletic-MG à Série C com Ferroviário-CE, Ferroviária-SP e Caxias-RS.  O mineiro de São João Del-Rei, cidade natal do ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985), tem apenas quatro anos como técnico profissional.  Tempo suficiente para colecionar um título e muitos acessos.

 

Cícero Júnior conquistou o Módulo II do Campeonato Mineiro pelo tradicional Villa Nova. Foi o protagonista de dois acessos do Athletico em 2018 na segunda divisão do Estadual e em 2020 no Módulo 2. Primeiro treinador a comandar o clube na elite do Mineiro, consolidou a relação histórica com o time da cidade ao levá-lo para a terceira divisão do Brasileirão.

 

No bate-papo a seguir com o blog, Cícero Júnior conta como foi o processo de escolha do Gama para seguir a carreira em 2024, fala sobre o peso da camisa do time mais popular do Distrito Federal, afirma que “caráter ajuda a bola entrar” ao se referir às negociações com a diretoria alviverde e cita os dois treinadores que o inspiram: Telê Santana e o alemão do Jürgen Klopp. “O jeito dele de ver jogo. Aquele time do Liverpool campeão de tudo é vibrante. Como ele mesmo diz, sai choque para todo lado, eletricidade, futebol do jeito que eu gosto”, elogia.

 

Você acaba de alçar o Athletic-MG à Série C. O que pesou na escolha pelo Gama?

O projeto chamou muita atenção. Um clube que está buscando se organizar, arrumar a casa para depois alçar voos maiores. Esse desafio me chamou atenção. Um lugar que tem tudo para crescer. O Gama já esteve em situações muito melhores e sabe o caminho. É um time de camisa que pode voltar ao cenário nacional. Esteve na primeira divisão do Campeonato Brasileiro e foi campeão da Série B em 1998. Queremos fazer um trabalho com pés no chão.

 

Como foi a negociação?

O Zuza Falcão (diretor de futebol) entrou em contato com meu empresário. Tivemos uma conversa boa por alguns dias. Eu tinha outras situações interessantes, mas nos aproximamos, criamos confiança na diretoria do Gama na montagem de um bom time e condição de trabalho para fazermos um bom Candangão.

 

Por que o Athletic-MG chegou às semifinais na Série D e subiu para a Série C?

Uma soma de fatores. O Athletic é um time muito organizado. Dá totais condições de trabalho. Cheguei aqui e montamos o time em pouco tempo. Dezessete atletas saíram depois do Campeonato Mineiro. Tivemos que remontar o elenco, mas deu certo. Grupo muito fechado, coeso. Demos acesso no primeiro ano em que o Athletic disputou o Campeonato Brasileiro.

 

Por que desistiu tão cedo de ser jogador profissional?

Joguei futebol de base no América-MG até por volta dos 19 anos. Parei e fui fazer educação física. Vi que seria um modo mais tranquilo de eu estar no cenário do futebol. Estudando a gente depende mais só da gente do que jogando. Mantive contato em escolas de futebol, de futsal…

 

A sua carreira começou nas divisões de base e depois no profissional do Athletic. Quais técnicos o inspiram?

As minhas referências… Sou muito fã do Telê (Santana). Vivi um pouco o bi mundial do São Paulo, as histórias da Seleção Brasileira de 1982. Hoje, no futebol moderno, internacional, gosto muito do Jürgen Klopp. O jeito dele de ver jogo. Aquele time do Liverpool campeão de tudo é vibrante. Como ele mesmo diz, sai choque para todo lado, eletricidade, futebol do jeito que eu gosto.

 

Como tem sido a montagem do elenco para o Candangão?

Estamos começando. Depois do meu anúncio (do acordo) estamos o dia todo em contato por telefone avaliando nomes. Estamos conversando e acho que vamos conseguir montar uma equipe bem competitiva para brigar muito no Candangão. Passei alguns nomes, a diretoria tem alguns nomes muito interessantes também. É um início de projeto.

 

O Candangão promete ser forte. Real Brasília é o atual campeão. Brasiliense é sempre favorito. Ceilândia alcançou as oitavas na Série D. Capital contratou o técnico campeão da quarta divisão. O que mais chama a sua atenção?

O Investimento. O Paulinho Kobayashi fez a melhor campanha da Série D com o Ferroviário-CE. Eu fiz a segunda melhor campanha com o Athletic na fase de classificação. Nós dois chegamos ao acesso (para a Série C) e agora estamos no futebol candango.

 

O maior reforço do Gama em 2024 é a volta do Estádio Bezerrão?

É importante para a gente ter identidade. Nada melhor do que estar jogando em casa num estádio que oferece todas as condições. Isso vai ser muito importante para nós.

 

O seu currículo mostra capacidade para construir times e promovê-los em diferentes torneios.

Estou desde 2018 no futebol profissional. Eu só não tive acesso em 2019. De 2018 para cá eu tive um ou dois acessos por ano. Temos feito bons trabalhos, Deus tem abençoado e o mais importante: estamos em bons lugares, com pessoas de caráter e eu costumo dizer que isso ajuda a bola entrar.

 

Você conquistou o Módulo II do Campeonato Mineiro pelo Villa Nova. Vem mais por aí?

Eu já tenho um título com o Villa Nova-MG, que é uma instituição tradicional em Minas Gerais, um clube que brigou para era a terceira força do estado por muito tempo. Isso é importante, mas eu costumo falar que tem atletas que passam pela Seleção Brasileira, atletas de cenário mundial que estão na mídia, mas nunca tiveram o prazer de ser campeão. Isso é importante. Colocar mais uma camisa importante como a do Gama no currículo me deixa muito feliz.

 

O Gama tem fama de catapultar técnicos. Cuca, Caio Júnior e Estevam Soares, por exemplo, passaram por aqui, evoluíram e viraram potências no mercado. O Gama vai aumentar a sua visibilidade?

Não tenho dúvida disso. Não quero só passar. Quero deixar história, fazer um grande trabalho e criar identidade. Tanto no Athletic como no Villa Nova deixei as portas abertas com a torcida e a diretoria. É o que desejo no Gama também.

 

Como é a sua relação com Brasília?

A primeira vez que fui a Brasília foi no duelo contra o Brasiliense (na segunda fase da Série D).

 

O Gama tem uma base forte. As promessas fazem parte do projeto?

Sempre tem que ser aproveitada. Clubes se sustentam de revelar atletas, colocá-los no mercado em condição de negócio. Uma das nossas funções é otimizar isso.

 

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