51912888763_c9e8cdf5d8_c Willian Bigode celebra o primeiro gol: um dos talismãs trintões de Abel. Foto: Fluminense Willian Bigode celebra o primeiro gol: um dos talismãs trintões de Abel. Foto: Fluminense

Em tempos de investimento em técnicos importados, um brasileiro tem 10 vitórias seguidas: Abel Braga

Publicado em Esporte

Olha só o tamanho da contradição: em tempos de investimentos em massa nos técnicos importados,Abel Braga é o ponto fora da curva neste início de temporada. Enquanto colegas de profissão argentinos, portugueses, uruguaios e paraguaios tentam decifrar o futebol brasileiro, o comandante do Fluminense avança devagarinho na formação de um time minimamente competitivo.

 

Abel Braga chegou a 10 vitórias consecutivas neste início de ano. A lista das vítimas tem Madureira, Audax, Portuguesa, Nova Iguaçu e Volta Redonda, mas também os arquirrivais Flamengo, Botafogo e Vasco e dois triunfos sobre o Millonarios. Abel superou no Fluminense a sequência da própria arrancada à frente do Internacional no vice-campeonato do Brasileirão 2020. À época, o Colorado enfileirou nove triunfos até empatar com o Athletico-PR, na Arena da Baixada.

 

Abel Braga mostrou mais uma vez na vitória por 2 x 0 contra o Millonarios, em São Januário,  que tem um plano para levar o Fluminense à fase de grupos da Libertadores. Ele quer um time experiente, cascudo, intimidador. Felipe Melo é um dos encarregados por amedrontar os adversários. O veterano de 38 anos vibrava nas disputas de bola. Ele chegou a gritar e gesticular de propósito para o adversário ouvir e se apequenar. 

 

O Fluminense começou o jogo com um time na casa dos 29,7 anos. Essa era a média dos 11 titulares. Há uma divisão clara de faixa etária. São cinco veteranos com mais de 30 anos — Fábio, David Braz, Felipe Melo, Willian Bigode e Cano — e seis abaixo dessa idade: Calegari, Nino, Cris Silva, Luiz Henrique, André e Yago Felipe. Você e eu podemos até discordar dessa combinação, mas ela existe, há um método de trabalho. 

 

Funcionou contra um adversário bem mais jovem. O Millonarios de hoje tinha média de idade de 26,5 anos. A juventude e a mobilidade permitiram ao time colombiano superar o Fluminense em vários quesitos nas estatísticas. Teve mais posse de bola (51% x 49%), finalizou mais (10 x 9), trocou mais passes (411 x 392), desarmou mais (20 x 14), mas pecou demais no quesito em que o Fluminense foi muito superior: qualidade no arremate. 

 

O Millonarios finalizou oito vezes dentro da área contra cinco do Fluminense. Obrigou o goleiro Fábio a fazer seis defesas. Do outro lado, o time de Abel Braga foi preciso nas finalizações. Willian Bigode aproveitou a oportunidade dele. Arias colocou a outra na rede. 

 

Um outro detalhe separou os homens do Fluminense dos meninos do Millonarios no mata-mata da segunda fase da Pré-Libertadores. A ingenuidade nas disputas de bola com jogadores experientes. A equipe colombiana cometeu 20 faltas contra 7 do adversário, ou seja, o Fluminense, que tinha vantagem de 2 x 1 construída no jogo de ida, ganhava tempo a cada paralisação para controlar a partida e renovar o gás de seus veteranos. 

 

O truque de montar um Fluminense na casa dos 30 anos funcionou contra o Millonarios, mas não é certeza de sucesso na próxima fase. O Olimpia, por exemplo, tem jogadores tão experientes quanto os tricolores nesse tipo de competição. A média de idade do Olimpia é parelha com a dos titulares de Abel Braga. A equipe paraguaia tem 29,5 anos. Derrotado por 3 x 1 na partida de ida, o Atlético Nacional entrou em campo com 27,7 anos. Sinal de que o Fluminense terá de intimidar menos — e jogar muita bola — na terceira fase. 

 

 

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