Papao Algoz do Brasiliense, Paysandu comemora a classificação. Foto: Twitter/Paysandu Algoz do Brasiliense, Paysandu comemora a classificação no vestiário do Serra do Lago.

Eliminado da Copa do Brasil, Brasiliense chega aos 20 anos sem a essência do primeiro quarto de vida

Publicado em Esporte

Nada democrática, a nova Copa do Brasil matou a zebra. Campanhas como a do já eliminado Brasiliense no vice-campeonato de 2002; ou do Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista nas conquistas de 1991, 1999, 2004 e 2005, respectivamente, serão cada vez mais raras.

Elitizado, o mata-mata nacional mantém os privilégios. Onze clubes estão classificados antecipadamente para as oitavas de final. A turma da Libertadores (Athletico-PR, Flamengo, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos e São Paulo); mais Fortaleza (campeão da Copa do Nordeste), Cuiabá (Copa Verde) e Red Bull Bragantino (campeão da Série B). Portanto, em vez do título, o prêmio para os clubes de menor investimento como o River-PI, algoz do Bahia nesta primeira fase, é conquistar uma das cinco vagas em disputa e juntar o máximo de dinheirinho possível ao longo do torneio mais rentável do futebol brasileiro.

A morte da zebra não ameniza os sucessivos vexames do time de maior investimento do DF nas competições da CBF. O Brasiliense jogou bem, merecia até vencer o Paysandu no Serra do Lago, em Luziânia, mas não basta jogar como nunca e ser eliminado como sempre. O clube fará 20 anos em 1º de agosto e perdeu a essência do início: a competitividade.

Em 2000, o Brasiliense conquistou a segunda divisão do DF. No ano seguinte, era finalista do Candangão jogando de igual para igual — expressão da moda — com o todo poderoso Gama. Em 2002, erguia o troféu da Série C do Campeonato Brasileiro depois de decidir a Copa do Brasil contra o Corinthians (e ser garfado) no jogo de ida, no Morumbi. Na temporada de 2003, chegou ao quadrangular final da Série B contra Palmeiras, Botafogo e Sport. Era questão de tempo para alcançar a Série A. O acesso chegou em 2004 com direito a título da segundona superando os tradicionais Fortaleza, Bahia e Avaí na fase derradeira. Em 2005, o time debutava na elite do futebol nacional com uma ascensão digna de aplausos.

  • CAMPANHAS DO BRASILIENSE NA COPA DO BRASIL
    2002: vice-campeão
    2003: não participou
    2004: eliminado na segunda fase pelo Goiás
    2005: eliminado na segunda fase pelo Atlético-MG
    2006: eliminado nas oitavas pelo Santos
    2007: eliminado nas semifinais pelo Fluminense
    2008: eliminado na segunda fase pelo Sport
    2009: eliminado na segunda fase pelo Goiás
    2010: eliminado na primeira fase pela Chapecoense
    2011: eliminado na segunda fase pelo Ceará
    2012: eliminado na primeira fase pelo Guarani
    2013: não participou
    2014: eliminado na primeira fase pelo Princesa do Solimões
    2015: não participou
    2016: não participou
    2017: não participou
    2018: eliminado na primeira fase pelo Oeste-SP
    2019: eliminado na primeira fase pelo CRB
    2020: eliminado na primeira fase pelo Paysandu

O que foi construído em cinco anos brilhantes se perdeu nos últimos 15. Embora tenha chegado às semifinais da Copa do Brasil em 2007 no último grande brilhareco fora do nosso quadrado, o Brasiliense perdeu a chance de se consolidar como marca nacional para se contentar em empilhar títulos domésticos. São nove conquistas do Candangão. Em vez de subir os degraus mais altos do Brasileirão, a obsessão é superar o recorde de troféus do arquirrival Gama. Pensamento pequeno para um clube que tem potencial financeiro e desperdiça tanto dinheiro contratando alguns jogadores veteranos que sugam a receita e não entregam o que deveriam. Por sinal, a histórica média de idade para lá dos 30 anos do Brasiliense até caiu. Pelos meus cálculos, atualmente é de 28,6 anos. Mesmo assim, mais velha que a do Paysandu (27,1).

Em vez de colecionar sucessos, como nos cinco primeiros anos de existência, o Brasiliense chega aos 20 anos como um clube que administra fracassos. Em um esporte de alto rendimento como o futebol, incorporou a máxima de Coubertin: “o importante não é vencer, mas participar”. Pergunte ao torcedor do centenário Paysandu se ele gostaria de ter Zé Love e/ou Neto Baiano no elenco. Claro que sim. Mas não basta ter medalhões sem o resgate do espírito vencedor da fundação do clube.

Se há um lado bom na eliminação precoce na Copa do Brasil, é a possibilidade de focar no que é relevante para o Brasiliense em 2020. O título candango? Não! O acesso à Série C do Brasileirão. Em último caso, a Copa Verde. Afinal, o torneio beneficia o campeão. Faz queimar etapas e desfrutar do privilégio de entrar na Copa do Brasil a partir das oitavas e final.

Enquanto isso, o sinal da cor da camisa do Brasiliense está aceso. Não é normal empatar com o Taguatinga. Muito menos se despedir tão cedo de um torneio em que o clube foi vice-campeão. E não adianta justificar que deu azar no sorteio. No ano passado, o Brasiliense caiu na primeira fase contra o CRB. Em 2018, diante do Oeste-SP. Sem contar os vexames na Copa Verde contra o time júnior do Goiás no ano passado, e  Atlético Itapemirim na versão anterior. Além das quedas contra Campinense-PB e Vitória-ES na Série D. Só dinheiro não basta. Elenco badalado também não. Há algo muito errado internamente. Faz tempo…

 

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