48681045697_3c06c3f264_z Desempregado, Micale pode ver Hellman faturar o primeiro título. Foto: Ricardo Duarte/Internacional Auxiliar de Micale nas Olimpíadas, Hellmann está perto do primeiro título como técnico.

De Odair Hellmann a Rogério Micale: quando um ex-aluno supera o mestre

Publicado em Esporte

Aos 42 anos, Odair Hellmann está na final da Copa do Brasil. Um feito e tanto para quem assumiu o primeiro time profissional faz 20 meses, e há três anos era auxiliar de Rogério Micale na campanha da Seleção nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Discreto, fez corrente no banco de reservas na hora da decisão por pênaltis contra a Alemanha, no Maracanã. De lá, viu Weverton defender o chute de Petersen e Neymar converter a cobrança do inédito ouro.

As carreiras de Hellmann e Micale seguiram caminhos opostos depois daquele 25 de agosto de 2016. O aprendiz voltou ao Internacional para tocar a vida de assistente. Foi estagiário de Dunga, Abel Braga, Diego Aguirre, Antônio Carlos Zago e Guto Ferreira até assumir o cargo.

O mestre Micale continuou na CBF. Abraçou o projeto das divisões de base até ser demitido em 2017 depois do Sul-Americano Sub-20. Terminou o hexagonal final em quinto lugar e o país não foi ao Mundial. Na época, o elenco contava com Douglas Luiz, Guilherme Arana, David Neres, Richarlison, Lucas Paquetá. A entidade máxima do futebol brasileiro não perdoou.

Enquanto Hellmann alternava funções de auxiliar e técnico interino no Internacional nas vagas de Antônio Carlos Zago e Guto Ferreira, o mestre Micale desperdiçava oportunidades no Atlético-MG (2017), Paraná (2018) e Figueirense (2018).

 

Hellmann e Micale nos Jogos Olímpicos Rio-2016. Foto: Llucas Figueiredo/MoWa Press

 

Micale continua disponível no mercado desde novembro do ano passado. Rescindiu contrato com o Figueirense na Série B. Longe de ser um mau técnico. Tem um jeito muito diferente de pensar o futebol e a cobrança por resultados o deixa constantemente na berlinda. Foi assim na campanha da medalha de ouro. Ousado, conquistou o título usando o sistema tático 4-2-4, com o quarteto Luan, Gabriel Barbosa, Gabriel Jesus e Neymar no ataque. Walace e Renato Augusto eram os únicos homens do meio de campo.

Enquanto Micale aguarda uma nova proposta de emprego, Hellmann está a dois jogos do primeiro título em carreira solo. Está volta e meia na corda bamba, mas se mantém no emprego desde que assumiu interinamente nas últimas três rodadas da Série B 2017 e efetivado após o término da segunda divisão.

Em entrevista à Zero Hora em 28 de novembro de 2017, Micale elogiou a efetivação de Hellmann. “O Odair é um cara que, quando eu convoquei a Seleção Brasileiras para as Olimpíadas, busquei muitas informações com ele. Não é fácil ter um auxiliar sem cumplicidade. Tudo aquilo que haviam me informado em relação a ele, de entendimento de jogo, capacidade de auxílio de treinamentos, foi muito bom. E ele confirmou isso durante a competição”.

Micale também destacou a organização de Hellmann. “Ele tem um carisma muito grande com os atletas, mas também não é só isso. Tem controle de treinamentos, leitura de jogo. É um jovem técnico, que está buscando conhecimento e se aperfeiçoando. Ele tem um conhecimento muito grande no Inter, trabalhou muitos anos no clube. Foi uma excelente escolha. Vou torcer para que ele possa dar certo e que as coisas aconteçam”, afirmou.

De fato, as coisas estão acontecendo. Tetracampeão gaúcho e bi da Recopa Sul-Americana como assistente; Hellmann está a dois jogos do primeiro título caminhando com as próprias pernas. Certamente o sabor será diferente caso supere o bom time do Athletico na decisão da Copa do Brasil.

 

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