Gramado Desafio: entregar o gramado do Bezerrão no Padrão Fifa do Mundial Sub-17 2019. Foto: Foto: Fifa/Getty Images Desafio: entregar o gramado do Bezerrão no Padrão Fifa do Mundial Sub-17 2019. Foto: Foto: Fifa/Getty Images

Conheça a empresa vencedora da licitação para reconstruir o gramado do Bezerrão, a casa do Gama

Publicado em Esporte

A licitação para a reconstrução do gramado do Estádio Bezerrão, no Gama, tem vencedor. O blog apurou que a empresa mineira Green Gramados Esportivos aguarda apenas os trâmites da contratação e da ordem de serviço para o início imediato das obras. O desafio da companhia é entregar o piso pronto no começo do Campeonato do Distrito Federal. O torneio tem início previsto para 28 de janeiro. O alviverde receberá o Taguatinga.

 

Com sede em Belo Horizonte, a Green Gramados Esportivos venceu a licitação com uma oferta de R$ 628.996,95, ou seja, bem abaixo dos R$ 882.566,99 estimados pelo edital para a reconstrução do campo de jogo. Entre os serviços previstos estão a reforma dos sistemas de drenagem subsuperficial, implantação do sistema de irrigação e a troca da camada arenosa e top soil (areia e húmus), assim como o plantio de um novo gramado (bermuda Cynodon).

 

O acordo detalhado no Projeto Básico inclui a conservação por um período de 90 dias após o plantio, incluindo os serviços de adubação, cortes do gramado semanais, controle de pragas, doenças, plantas invasoras e marcações das linhas do campo de jogo.

 

Em entrevista ao blog, David Lins, dono da Green Gramados Esportivos, projeta entregar o gramado antes da estreia do Gama no Candangão. “Temos toda a parte burocrática pela frente. A habilitação deve demorar uns 10 dias entre contratação, ordem de serviço e entrada imediata, mas a ideia é que o campo tenha jogabilidade”, prevê o engenheiro agrônomo.

 

A empresa não é novata no Distrito Federal. Há cinco anos, executou serviços no Estádio Augustinho Lima, em Sobradinho. Na vizinha Goiânia, é parceira do Serra Dourada, Estádio Olímpico e da casa do Vila Nova — o Onésio Brasileiro Alvarenga (OBA).

 

Questionado sobre a pressa da comunidade do Gama para ter o estádio do clube do coração de volta, David Lins reforçou o histórico da empresa. “A gente já tem essa expertise há 20 anos”, lembrou. A empresa tem no currículo obras e manutenção no Mangueirão, em Belém, no Centro de Treinamento do Cruzeiro, a Toca da Raposa, no Parque do Sabiá, em Uberlândia, e comemora o acesso do Pouso Alegre da Série D para a C do Campeonato Brasileiro nesta temporada.

 

“Nós fizemos o trabalho no gramado do Pouso Alegre (Estádio do Manduzão). Demos sorte, para nossa alegria, eles acabam de subir para a terceira divisão”, brinca David Lins.

 

Trapalhada

 

Como mostrou o blog no post publicado em 22 de março deste ano, o gramado do Bezerrão está impraticável ao futebol devido a um grave erro de logística na escolha do local de instalação do hospital de campanha, em 2020, no auge da pandemia. A ordem inicial do GDF era para que o ginásio ao lado da arena recebesse a estrutura. O Plano B foi construí-lo no estacionamento.

 

Durante o vaivém, descobriram que havia desnível no paralelepípedo da área externa. Sem ginásio e estacionamento, mandaram erguer a toque de caixa dentro das quatro linhas do Bezerrão. O hospital era necessário, óbvio, mas a escolha atabalhoada do local ignorou o manual de instruções do gramado e jogou fora o investimento feito pela Fifa no piso.

 

Em 2019, a entidade máxima do futebol despejou R$ 1 milhão no gramado do Bezerrão. O tapete estava impecável no Mundial Sub-17. Os investimentos mais pesados se deram no reforço híbrido com grama sintética e na tubulação. A arena  recebeu a maioria das partidas do torneio, inclusive a abertura, a decisão do terceiro lugar e a final vencida pelo Brasil. O serviço bancado pela Fifa ficou como legado para a principal sede da competição. Três anos depois, está totalmente danificado pelo entra e sai de caminhões, desconhecimento e estragos causados em peças fundamentais para o bom funcionamento do campo de jogo.

 

O orçamento inicial da obra revelado pelo blog era de R$ 3 milhões. Recomendava retirar tudo o que resta do gramado anterior, drenagem, colchão drenante, irrigação e nova grama. Não havia meio termo. Era preciso refazer tudo. O tempo necessário para o serviço demandava no mínimo, cinco meses. A batalha por votos nas eleições acelerou não somente a licitação como a diminuição do orçamento a toque de caixa de R$ 3 milhões para R$ 882 mil, valor do edital.

 

Em janeiro, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entrou em ação. O documento assinado pelo Procurador Distrital dos Direitos do Cidadão, José Eduardo Paes, requisitou a desativação completa da estrutura do hospital de campanha montado em março de 2021 na arena e alertou para as “condições precárias do gramado”, que impossibilitam a “utilização do espaço público, em especial da agremiação do Gama”, time da região administrativa. A estrutura foi retirada, mas o piso continua impraticável para o futebol.

 

Inaugurado em 19 de novembro de 2008 no badalado amistoso entre Brasil e Portugal com direito a duelo à parte entre Kaká e Cristiano Ronaldo, o Bezerrão recebeu também o jogo do tricampeonato do São Paulo naquele mesmo ano. A arena serviu de ponto de apoio para as seleções na Copa das Confederações 2013, Copa do Mundo 2014 e torneio de futebol nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Em 2019, abriu o Mundial Sub-17 da Fifa.

 

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