Bancos estatais Inter e Flamengo disputam o título na noite desta quinta em confronto indireto. Foto: Ricardo Duarte/Inter Inter e Flamengo disputam o título na noite desta quinta em confronto indireto. Foto: Ricardo Duarte/Inter

BRB x Banrisul: turbinados por bancos estatais, Flamengo e Inter decidem título brasileiro

Publicado em Esporte

Em tempos de debates acalorados no país sobre privatizações, dois bancos estatais turbinam os sonhos dos candidatos ao título na última rodada do Campeonato Brasileiro. Líder isolado com 71 pontos, o Flamengo estampa o Banco de Brasília (BRB) no espaço destinado ao patrocinador master. Segundo com 69, o Internacional recebe investimentos do Banrisul. Independentemente do vencedor, quebrará um tabu: a Série A não tinha um campeão bancado com dinheiro público desde o Corinthians, em 2015. A Caixa Econômica Federal patrocinava o Timão e mais uma dezena de times da Série A à época.

Nos títulos de 2016 e 2018, o Palmeiras exibia a marca da instrução financeira de crédito pessoal Crefisa no espaço nobre da camisa. O Corinthians expôs a Cia do Terno em 2017., uma loja de roupa masculina. Atual campeão brasileiro, o Flamengo estampava o banco digital BS2 nas conquistas do Brasileirão e da Libertadores na temporada 2019. Conquistar o Brasileirão com auxílio de estatal não é novidade para o Flamengo. A Petrobras anunciou na camisa do clube de 1984 a 2009. Estava na camisa nos títulos da Copa União 1987 e no Nacional de 1992.

Os modelos de negócios do BRB e do Banrisul com os clubes são diferentes. A estatal de Brasília, por exemplo, não chama o contrato assinado no ano passado com o Flamengo de patrocínio, mas sim de parceria para criação de um banco digital. O acordo prevê o repasse mínimo de R$ 32 milhões ao clube carioca. Se for campeão nesta quinta, o clube da Gávea receberá da CBF, além da taça, um prêmio em fronteiro de R$ 33 milhões, ou seja, praticamente o valor combinado com o BRB. Vice dará direito a R$ 31,3 milhões.

“No patrocínio você troca estritamente por exposição de marca. Numa parceria como essa, a gente ganhou a exclusividade, a gente divide o resultado, foi constituída uma governança entre o BRB e o Flamengo. Ganhamos o acesso exclusivo a uma base de clientes. A gente chama isso de venda de balcão. E nessa venda de balcão o BRB assumiu o compromisso de pagar R$ 32 milhões no mínimo, ou seja, se a divisão dos resultados não suprir toda a necessidade para cobrir esses R$ 32 milhões, esse é o mínimo garantido. Importante as pessoas entenderem que esse é um procedimento normal no mercado”, explicou o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, em julho do ano passado, em entrevista ao blog. A parceria pode render o segundo título. Nesta temporada, o Flamengo ganhou o bi carioca usando a marca.

Além do Flamengo, cinco clubes do Distrito Federal e Entorno têm acordo com o BRB para a disputa do Candangão 2021: Formosa, Luziânia, Taguatinga, Santa Maria e Unaí.

 

Flamengo e Inter já quebraram um tabu: o último campeão brasileiro da Série A com patrocínio ou parceria máster na camisa foi o Corinthians (Caixa Econômica Federal) na edição de 2015 .

 

Patrocinador do Internacional e do Grêmio desde 2001, o Banrisul investe R$ 16 milhões por ano nos principais times gaúchos de acordo com a última renovação de contrato. Cada time recebe R$ 12,8 milhões pela área nobre da camisa e R$ 3,2 milhões pelas mangas, totalizando o montante. Portanto, o Colorado já está no lucro. Com título ou vice, o clube receberá da CBF o dobro do que ganha do banco estatal. O patrocínio do Banrisul completará 20 anos em 2021 e rendeu títulos e exposições de marca relevantes aos dois lados. O Inter foi bi da Libertadores (2006 e 2010) e campeão do Mundial (2006). O Grêmio ganhou uma Copa do Brasil (2016), uma Libertadores (2017) e uma Recopa (2018) entre as principais conquistas do casamento.

Os investimentos de bancos estatais em clubes de futebol são cada vez menores. A Caixa, por exemplo, oferecia essa linha de patríocinio até 2018. Naquele ano, a estatal tinha contrato com 24 clubes do país, 12 deles da Série A. O Flamengo, por exemplo, encabeçava o ranking com R$ 25 milhões, seguido por Santos (R$ 14 milhões), Atlético-MG, Botafogo e Cruzeiro (R$ 10 milhões cada). Questionado no ano passado pelo blog se havia alguma possibilidade de o banco retomar parcerias com os clubes, o presidente da estatal, Pedro Guimarães, foi direto na reposta: “Não pensamos nunca. A Caixa é o banco dos pobres, o foco é outro”, descartou. “A Caixa patrocinava vários times de futebol, como o Flamengo. O Flamengo não precisa da Caixa. Quem precisa da Caixa? As populações carentes e as que têm algum tipo de deficiência”, argumentou o executivo.

Nesta temporada, o Banpará turbinou os dois principais times de Belém na Série C com a compra dos naming rights dos estádios da Curuzu e Baenão e outras contrapartidas. O Remo subiu para a Série B e o Paysandu quase.

Recém-promovido para a Série C, o Altos-PI recebeu até 2019 incentivo financeiro do Governo do Estado do Piauí. Inclusive usava a logomarca na camisa. A justificativa para a verba dizia: “fortalecer e valorizar o clube, incentivando a participação nas competições oficiais, amistosas e amadoras, bem como para o pagamento de serviços e material de divulgação, transporte, alimentação, hospedagem, aquisição de material esportivo, serviços médicos, exames, passagens aéreas e pagamento administrativo de atletas”.

 

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