Big Brother Flamengo: soco em Pedro deixa comissão técnica no paredão

Publicado em Esporte
Agressão de Pablo Fernández a Pedro deixa elenco e comissão técnica rachados. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

 

O Flamengo contrariou o negacionismo de Gabriel Barbosa depois da grande virada por 2 x 1 contra o Atlético-MG, no Independência. Há 59 dias, o camisa 10, um dos líderes do elenco, saiu em defesa do ambiente interno com uma analogia: “O Flamengo não é Big Brother, com câmera, fofoquinha”, desabafou ao rebater matérias indicando clima pesado no vestiário, com racha no plantel e dificuldades no relacionamento com o técnico Jorge Sampaoli. O grave “Caso Pedro” desmente o discurso.

 

A noite de sábado comprovou: o Flamengo era um barril de pólvora prestes a explodir. A exibição extraordinária do meia Uruguaio Arrascaeta, autor do gol de falta e da assistência milimétrica para Wesley na vitória contra o Galo, em Belo Horizonte, deu lugar a uma agressão: o preparador físico Pablo Fernández deu soco no rosto de Pedro. Deu BO. A violência virou caso de polícia. O centroavante sofreu corte na boca e foi submetido a exame de corpo de delito no IML.

 

Parceiro de Jorge Sampaoli na comissão técnica nas passagens por Athletic Bilbao, Atlético-MG, Olympique de Marseille, Sevilla e Flamengo, Pablo Fernández foi ouvido pelo delegado plantonista da Polícia Civil de Minas Gerais, Marcos Pimenta. O zagueiro Pablo e o atacante Everton Cebolinha prestaram depoimento como testemunhas. “Foram uníssonos em dizer que Pedro foi agredido com um soco na boca”, revelou o Marcos Pimenta.

 

O elenco rubro-negro está de folga neste domingo. A diretoria foi avisada pelos líderes que o plantel não se reapresentará nesta segunda-feira se Pablo Fernández for ao Ninho do Urubu. Gabriel Barbosa se esforçou para blindar o vestiário, mas o espaço sagrado está exposto. Virou Big Brother com direito a Pedro no confessionário e Pablo Fernández no paredão. Não somente ele. O técnico Jorge Sampaoli também. Qual é o nível de cumplicidade, o elo entre os dois?

 

 

Pedro desabafou nas redes sociais. O texto publicado no perfil do centroavante no Instagram diz: “A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas”, relata o jogador, em uma clara sinalização de que o problema não é especificamente com Pablo Fernández, mas diz respeito inclusive a Jorge Sampaoli.

 

A crise estoura no melhor momento do Flamengo na temporada. O Flamengo é vice-líder do Campeonato Brasileiro. A virada contra o Atlético-MG sinaliza a intenção de não desistir da perseguição ao líder disparado Botafogo. O time é semifinalista da Copa do Brasil. Venceu a partida de ida contra o Grêmio por 2 x 0, em Porto Alegre. Na quinta-feira, retomará a campanha pelo tetra da Libertadores, o bi em edições consecutivas, contra o Olimpia, no Maracanã.

 

A pergunta valendo R$ 1 milhão neste domingo é se Jorge Sampaoli será o comandante contra o Olimpia ou o Flamengo terá um novo comandante. Sim, o agressor Pablo Fernández é o único responsável e será demitido pelo clube, mas há outras questões. Sampaoli se posicionará a favor de quem? E Pedro, pedirá para ficar ou pretende sair? Há clima para Pedro e o técnico argentino continuarem trabalhando juntos sob o mesmo teto?

 

Em meio à crise, há duas observações importantes: as saídas de Marinho para o Fortaleza e de Arturo Vidal rumo ao Athletico-PR deixaram rastros de reflexão sobre o vestiário. Houve desentendimento entre o atacante e a comissão técnica. Marinho e Sampaoli se desentenderam. O volante chileno saiu atirando. “É um assunto que para mim está fechado. Muita gente me disse quem ele era. Nunca fiz caso, mas agora me dei conta da pessoa que ele é, do treinador que é. De verdade, me sinto feliz de não estar com ele. “Tive um treinador, um perdedor que não sabe apreciar os jogadores. Mas ficou para trás”.

 

Twitter: @marcospaulolima

Instagram: @marcospaulolimadf

TikTok: @marcospaulolimadf