Athletico O uruguaio Terans comemora o gol da classificação do Furacão. Foto: Nelson Almeida/AFP O uruguaio Terans comemora o gol da classificação do Furacão. Foto: Nelson Almeida/AFP

Athletico-PR está na final da Libertadores com status de quem venceu os três times mais ricos do Brasil no ano

Publicado em Esporte

O Athletico-PR não está na final da Libertadores por acaso. É um dos poucos times emergentes do Brasil que derrotou os três clubes mais ricos do país em 2022. Venceu o Palmeiras duas vezes — uma no Campeonato Brasileiro, no Allianz Parque, e outra no jogo de ida das semifinais da Libertadores, na Arena da Baixada. Superou o Flamengo no primeiro turno da Série A com pênalti polêmico. Protagonizou virada com time reserva contra o Atlético-MG, no Mineirão. Diferentes provas de força em uma mesma temporada. A reação desta terça-feira depois de estar perdendo por 2 x 0 na casa do atual bicampeão continental foi mais uma delas.

 

O duelo de volta da semifinal teve polêmicas. Na minha interpretação, Alex Santana deveria ter sido expulso antes do justo cartão vermelho para Murilo. O jogador rubro-negro recebeu cartão amarelo. O zagueiro alviverde, vermelho. A superioridade do Palmeiras era gritante. Parecia questão de tempo para a diferença técnica se materializar em mais gols dos donos da casa.

 

Ao mesmo tempo, alguns jogadores do Palmeiras davam impressão de cansaço. Abordei mais de uma vez no blog que, em algum momento, o início de temporada alucinante para encarar o Mundial de Clubes da Fifa cobraria caro. As pernas de algumas peças chave pareciam pesar e expôs um outro problema: a falta de peças de reposição à altura. Bruno Tabata nada mais é do que uma boa peça para compor o grupo. Está muito aquém do lesionado Raphael Veiga.

 

Do outro lado havia um Furacão copeiro no século. Em 2001, conquistou a penúltima edição híbrida do Brasileirão, ou seja, com fase classificatória e mata-mata. Três anos depois, competiu ponto a ponto com o Santos pela segunda edição no formato exclusivamente de pontos corridos e terminou em segundo lugar. Na temporada de 2013, concluiu o torneio na terceira posição.

 

Diante da dificuldade de acompanhar os ricaços da elite, o Athletico-PR virou time mata-mata. Amargou o vice da Copa do Brasil em 2013, deu a volta olímpica em 2019 e perdeu novamente o segundo título mais importante do país no ano passado para o Galo. Conquistou a Copa Sul-Americana pela primeira vez em 2018 e levou o bicampeonato na temporada passada. Apesar do rebaixamento para a Série B em 2011, voltou mais forte para a elite na temporada de 2013.

 

A evolução sustentável do Athletico-PR precisava de nomes pesados em funções estratégicas. O executivo Alexandre Mattos deu upgrade à diretoria. Luiz Felipe Scolari é muito mais técnico do que antecessores como Fabio Carille, Alberto Valentim, Antônio Oliveira e Tiago Nunes. O currículo do treinador pesa demais e tem feito a diferença nessa Libertadores. São semifinais na história do torneio e dois títulos. Um no Grêmio (1995) e outro pelo Palmeiras (1999). Além disso, o vice na Libertadores de 2000 à frente do alviverde paulista.

 

Soma-se a tudo isso uma noite inspirada de quatro jogadores. Que goleiro é Bento! E que escola de arqueiros tem o Furacão. Basta lembrar que o clube perdeu Weverton para o Palmeiras e vendeu Santos ao Flamengo. Que olho clínico de quem decidiu investir em Vitor Roque. O menino é muito bom de bola. Escrevi sobre ele aqui anteriormente. Que lançamento do volante Fernandinho na construção do lance do primeiro gol. Baita oportunismo de Pablo ao colocar a bola para a rede depois da assistência de Vitor Roque. Por fim, o chute fatal de Terans.

 

O Athletico-PR é favorito em uma hipotética final contra o Vélez Sarsfield. Diante do Flamengo, hipótese mais provável, não. O time carioca é muito superior. Além de elenco, tem repertório. Mas há uma ponderação: a final da Libertadores é disputada em jogo único desde 2019. Isso aumenta muito as chances de quem não tem o melhor time. Vejo, inclusive, um caminho para o Athletico-PR incomodar, por exemplo, a defesa do Flamengo. A alternativa é escalar Vitor Roque e Pablo juntos. Espelhar o que faz o Flamengo com Gabigol e Pedro. Assunto para outro dia se a terceira final brasileira consecutiva se confirmar nesta quarta-feira.

 

O Athletico-PR tem a chance de repetir o que fez o River Plate. Campeão da Copa Sul-Americana em 2014, o River Plate ganhou a Libertadores em 2015. O Furacão conquistou o segundo título mais importante do continente em 2021 e pode levar a Libertadores em 2022.

 

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