51922959000_aa0b598bee_c Arrascaeta: quatro gols e duas assistências sob a batuta de Paulo Sousa. Foto: Marcelo Cortes/Flamengo Arrascaeta: quatro gols e duas assistências sob a batuta de Paulo Sousa. Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Arrascaeta repete com Paulo Sousa início arrasador da Era Jesus e decide Clássico dos Milhões

Publicado em Esporte

O Flamengo teve quatro jogos grandes neste início de temporada. Sofreu gol em todos . Só conseguiu se impor do início ao fim na vitória contra o Botafogo — um adversário sem técnico. Lúcio Flávio é interino desde a demissão de Enderson Moreira. Mais capacitados do que o tapa-buraco alvinegro, Abel Braga, Antonio Mohamed e Zé Ricardo conseguiram decifrar — e até mesmo desfigurar — os planos iniciais de jogo de Paulo Sousa e forçá-lo a partir para o abafa em busca da vitória. Não foi diferente na difícil vitória deste domingo por 2 x 1, no Estádio Nilton Santos, com gol aos 44 minutos do segundo tempo de Arrascaeta e muita polêmica no fim por conta de um pênalti que parecia ter havido a favor do Vasco — e no fim das contas, por outro ângulo, não foi.

 

Cada vez mais “camisa 10” no Flamengo de Paulo Sousa, Arrascaeta fez a diferença em um clássico ruim. Insosso e pobre de ideias. O meia uruguaio balançou a rede pela quarta vez em sete jogos sob a batuta do português e acumula duas assistências. Muito próximo do próprio desempenho no início da era Jorge Jesus, quando marcou cinco vezes, uma delas em um clássico justamente contra o Vasco — e deu quatro passes para gol em sete exibições sob a batuta do Mister. O craque tem oferecido ao Flamengo o que faltou no ano passado: arremates de fora da área. Esse é um ponto positivo.

 

O elenco rubro-negro é muito superior ao do Vasco, mas o time está mal distribuído. Há uma concentração de talento no lado esquerdo do ataque. Isso é bom e ruim. Filipe Luís, Everton Ribeiro, Andreas Pereira, Arrascaeta e Bruno Henrique se reúnem naquele setor. Ao mesmo tempo em que vira uma tormenta para a marcação adversária, há um desequilíbrio nas ações ofensivas. Gabriel Barbosa e Matheuzinho ficam isolados. O Flamengo torna-se uma equipe capenga. Falta variação, ou seja, agressividade pelos dois lados e mais infiltrações pelo meio. Paulo Sousa tem peças. Falta repertório.

 

A carência de alternativas ajudou o Vasco a se encontrar no jogo. Zé Ricardo não tem a grife do português, porém, tem leitura de jogo. Não se abalou ao sofrer o gol de Filipe Luís. Organizou o time rapidamente na parada técnica do primeiro tempo. Encaixou a marcação cruzmaltina. Reprogramou seus comandados a apostar no contra-ataque ,à espera de uma bola.

 

Ela veio dos pés de quem (ainda) não se recuperou daquele erro gravíssimo na final da Libertadores do ano passado. Andreas Pereira jogava muito mal no primeiro tempo. Escapou, inclusive, de receber cartão vermelho no lance da cotovelada em que recebeu amarelo. Arriscou um chute bizarro de fora da área e quase mandou a bola fora do estádio. Paulo Sousa manteve o pior jogador rubro-negro em campo. Pagou caro justamente por um erro do volante.

 

Sete primeiros jogos de Arrascaeta

  • Com Jorge Jesus: 5 gols e 4 assistências
  • Com Paulo Sousa: 4 gols e 2 assistências

 

Andreas Pereira perdeu a bola e viu Gabriel Pec partir em disparada para cumprir o script armado por Zé Ricardo. Acertou uma bela finalização e decretou o empate. Dali em diante, Paulo Sousa começou a abrir mão das convicções. Partiu para o abafa. Tirou Andreas, Fabrício Bruno, Willian Arão, Andreas Pereira, Everton Ribeiro e usou o que o Vasco não tem.

 

O banco de reservas rubro-negro ajudou o Flamengo a sufocar o arquirrival em busca da vitória. Virou praticamente ataque contra defesa. Quando o jogo não flui coletivamente, a qualidade costuma fazer a diferença. Arrascaeta tirou da cartola mais um belo chute de fora da área. Foi o quarto gol do uruguaio na temporada. Início brilhante.

 

Apesar do gol de Arrascaeta, o Vasco poderia, sim, ter empatado. Inicialmente, achei que houve pênalti claro cometido por João Gomes. A minha impressão inicial foi de que a bola havia batido na mão do volante João Gomes, mas outro ângulo mostra que, na verdade, houve um toque no ombro do jogador rubro-negro. A arbitragem e a equipe do VAR, que para mim falharam, estão de parabéns pelo acerto no último lance de um clássico bem mais ou menos.

 

Polêmicas à parte, o Flamengo dava sinais de evolução nas últimas partidas. Regrediu pavorosamente contra o Vasco. Há muitos problemas a resolver. Hugo Souza segue inseguro. Paulo Sousa está minando Everton Ribeiro na função de ala-esquerdo. Andreas Pereira precisa sentar-se no divã. Faltam jogadas pelo lado direito. Marinho e Pedro não podem ser subutilizados. Do lado cruzmaltino, é preciso jogar mais futebol. Assim como nos tempos de Eurico Miranda, o Vasco segue se mobilizando para enfrentar o Flamengo. No entanto, a Série B, o que realmente importa ao Gigante da Colina, não oferece 38 confrontos com o arquirrival.

 

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