A coluna desta segunda no Correio Braziliense

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Às vezes, ser bom não é suficiente. É preciso ser o melhor em sua geração. Veja o caso do centroavante Ricardo Oliveira. Convocado aos 35 anos pelo técnico Dunga para as partidas contra o Chile e a Venezuela, em 8 e 13 de outubro, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, o artilheiro disparado do Campeonato Brasileiro — e do país em 2015 — não é um mau jogador. Ao ser chamado com idade avançada para vestir a amarelinha, parece até que o cara é ruim. Só que não. Ricardo Oliveira deu o azar de ter surgido numa época em que sobravam camisas 9 à altura da Seleção. E os técnicos se davam ao luxo de deixar o matador do Santos na fila de espera.

Ricardo Oliveira nasceu em 1980. Quatro anos antes dele, veio ao mundo um tal de Ronaldo Nazário de Lima, dono da camisa 9 da Seleção em três Copas do Mundo (1998, 2002 e 2006). Quando o Fenômeno tirava folga em torneios menos expressivos, como a Copa América, o treinador canarinho tinha à disposição Adriano, Luis Fabiano, Fred, Luizão, Vagner Love… Poucos lembram, mas Ricardo Oliveira foi campeão da Copa América de 2004. Aquela do golaço de Adriano contra a Argentina, que levou a final para os pênaltis. Luis Fabiano e Adriano eram os titulares. Vagner Love e Ricardo Oliveira — inscrito com a camisa 21 no elenco de Carlos Alberto Parreira —, amargavam a reserva.

Ricardo Oliveira foi convocado pela primeira vez em 2004. Lá se vão 11 anos. Na estreia, mostrou que era bom. Fez gol no massacre por 5 x 2 sobre a seleção da Catalunya. Parreira lançou o então jogador do Valencia, da Espanha, no intervalo, no lugar de Ronaldinho Gaúcho. O centroavante precisou de nove minutos para balançar a rede do goleiro Victor Valdés, ex-Barcelona. O suficiente para, aos 24 anos, confirmar o nome na lista dos convocados para a Copa América de 2004.

Poupado, Ronaldo não foi ao Peru. Parreira escalou o ataque titular com Luis Fabiano e Adriano. Ricardo Oliveira entrou em campo em apenas três partidas da Copa América. Substituiu o Imperador na vitória por 1 x 0 sobre o Chile, entrou no lugar de Kleberson na derrota por 2 x 1 diante do Paraguai e foi lançado na vaga do Fabuloso nos 4 x 0 em cima do México.

Parreira gostava de Ricardo Oliveira. O centroavante começou como titular da Seleção Brasileira duas vezes, em um amistoso contra Hong Kong e contra o Uruguai, em Montevidéu, no empate por 1 x 1  pelas Eliminatórias para a Copa de 2006. Cheio de moral, formou dupla de ataque com Ronaldo no Estádio Centenário. Parreira chamou Ricardo Oliveira para a Copa das Confederações de 2005, na Alemanha, mas o deixou fora da lista para o Mundial do ano seguinte. Preferiu levar Ronaldo, Adriano, Fred, Ronaldinho Gaúcho e Robinho. Em 2007, Ricardo Oliveira voltou a ser chamado duas vezes por Dunga, mas entrou durante a partida nas vagas de Rafael Sóbis e depois de Vágner Love.

O mundo deu voltas. Nunca antes na história desse país fomos tão carentes de centroavantes. A ponto de Dunga convocar Ricardo Oliveira, de 35 anos! Quem chegou a ser o último da fila, hoje é o primeiro e único especialista da posição na convocação de Dunga. Ricardo Oliveira entrou no grupo por acaso, é verdade. Foi preciso Roberto Firmino se machucar. Fazer o quê? Em terra de cego, quem tem 17 gols no Campeonato Brasileiro nem sempre é rei.

Ricardo Oliveira nas Eliminatórias   30/3/2005 – Uruguai 1 x 1 Brasil Dida Cafu, Lúcio, Luisão e Roberto Carlos Émerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho Ricardo Oliveira e Ronaldo Técnico: Carlos Alberto Parreira (4-4-2)   De volta… Ricardo Oliveira só foi titular em um jogo oficial da Seleção Brasileira: o empate por 1 x 1 com o Uruguai, em 2005, nas Eliminatórias para a Copa de 2006. A primeira partida à vera que ele participou foi em 8 de julho de 2004, na vitória por 1 x 0 sobre o Chile na Copa América do Peru. O centroavante entrou no lugar de Adriano, ex-Imperador.

…Para o futuro Ricardo Oliveira não defende a Seleção Brasileira desde a vitória por 1 x 0 sobre Gana no amistoso de 27 de março de 2007. A tendência é que Hulk seja o falso camisa 9 na estreia do Brasil contra o Chile nas Eliminatórias para a Copa de 2018, mas a presença de um centroavante de ofício pode até mesmo deslocar Hulk para a ponta direita, onde prefere atuar.   Como Ricardo Oliveira pode ser útil 8 e 13/9/2015 – Chile x Brasil, Brasil x Venezuela Jefferson Fabinho, Miranda, David Luiz e Marcelo Luiz Gustavo e Elias Hulk, Oscar e Douglas Costa Ricardo Oliveira Técnico: Dunga (4-2-3-1)