Palmeiras novo Dois membro da família Batista não vingaram no Palmeiras: Nelsinho e Eduardo. Foto: César Greco/Palmeiras

A segunda queda da família Baptista: Eduardo deixa o Palmeiras com aproveitamento superior ao do pai

Publicado em Esporte

Vinte e cinco anos depois, a família Baptista deixa o Palmeiras. Novamente pela porta dos fundos. Em 1991, Nelsinho Baptista era a aposta do presidente Carlos Facchina e do gerente da parceria com a multinacional Parmalat, José Carlos Brunoro. Durou 82 jogos no cargo e saiu com 60% de aproveitamento. Em 2017, a aposta do mandatário alviverde, Maurício Galiotte, e do diretor executivo, Alexandre Mattos, foi no herdeiro de Nelsinho, Eduardo Baptista. A passagem do filho pelo alviverde foi mais breve do que a do pai. Demitido nesta quinta-feira após a derrota por 3 x 2 para o Jorge Wilstermann, da Bolívia, na última quarta, ele durou 21 jogos oficiais no cargo, com 14 vitórias, 2 empates e cinco derrotas. Aproveitamento de 70%.

Nelsinho Baptista chegou ao Palmeiras mais jovem que o filho. Tinha 41 anos. Exibia no currículo um vice-campeonato paulista à frente do Novorizontino na final caipira de 1989 contra o Bragantino. Em 1990, deu ao Corinthians o primeiro dos seis títulos do Timão no Campeonato Brasileiro. Havia um peso enorme sobre as costas de Nelsinho. O Palmeiras não conquistava nada havia 16 anos. O trabalho começou a ruir no quadrangular semifinal do Paulistão de 1991. O alviverde foi eliminado pelo timaço do São Paulo, de Telê Santana.

Veio 1992. Nelsinho foi se estressando. Afastou por indisciplina Evair, Jorginho Cantinflas, Ivan e Andrei. Solidários, Edu Marangon e Betinho se afastaram do elenco. Nelsinho não suportou três derrotas consecutivas – para Portuguesa, São Paulo e Bragantino – e um empate diante do Noroeste no Paulistão de 1992. No 0 x 0 com o time de Bauru, ouviu gritos de “timinho” no velho Parque Antártica. Não aguentou e pediu demissão.

 

 “Saio para não atrapalhar. A cobrança da torcida é pessoal sobre mim, é desonesta, feita por covardes. Acho que a minha saída vai dar mais tranquilidade ao grupo. Fiz o que pude para vencer. Só que no Palmeiras, quem não ganha título, vira um derrotado”

Nelsinho Baptista, pai de Eduardo, ao deixar o Palmeiras em 1992

 

Nelsinho Baptista comandou o Palmeiras em 82 jogos. Foram 43 vitórias, 18 empates, 21 derrotas, 100 gols pró, 55 contra e 60% de aproveitamento, ou seja, faltou título. “Saio para não atrapalhar. A cobrança da torcida é pessoal sobre mim, é desonesta, feita por covardes. Acho que a minha saída vai dar mais tranquilidade ao grupo. Fiz o que pude para vencer. Só que no Palmeiras, quem não ganha título, vira um derrotado”, disse Nelsinho Baptista em entrevista à Folha de S. Paulo, em 21 de agosto de 1992.

Eduardo Baptista conhecia bem a história do pai. Assumiu o cargo aos 46 anos. Cinco anos a mais do que Nelsinho em 1991. Eduardo tem no currículo um título do Campeonato Pernambucano e a Copa do Nordeste, ambos em 2014. Bem menos do que o pai, que havia sido campeão brasileiro aos 40, à frente do Corinthians. Ao contrário de seu velho, Eduardo Baptista não teve “sangue de barata”. Partiu publicamente para o confronto com os críticos de seu trabalho depois da épica virada sobre o Peñarol, em Montevidéu.

Estava escrito que a pressão seria enorme sobre Eduardo Baptista. E o técnico tratou de alimentá-la com a eliminação nas semifinais do Campeonato Paulista diante da Ponte Preta, vitórias no sufoco na Libertadores e a derrota para o Jorge Wilstermann. O planejamento era outro. A essa altura do torneio continental, o time deveria estar classificado para as oitavas. E na final do Paulistão. O investimento pesado da patrocinadora em Felipe Melo, Guerra, Michel Bastos, Borja, Luan… foi para isso.

A última declaração de Nelsinho Baptista ao deixar o Palmeiras, em 1992, foi esta: “No Palmeiras, quem não ganha título, vira um derrotado”. Vinte e cinco anos depois, a história se repete. A família Baptista deixa o alviverde mais uma vez pela porta dos fundos. Agora, provavelmente sem deixá-la aberta. Há quem queira de volta Cuca, o técnico do último título brasileiro. E quem tire do fundo do baú o nome de Vanderlei Luxemburgo, mentor do bi na Série A em 1993 e 1994.