Bitencourt A Comissão Nacional de Clubes é liderada pelo presidente do Fluminense, Mário Bitencourt. Foto: CBF A Comissão Nacional de Clubes é liderada pelo presidente do Fluminense, Mário Bitencourt.

Indiferença ou desprestígio? A falta de representatividade de Gama e Brasiliense nas discussões da Comissão Nacional de Clubes

Publicado em Esporte

Representantes do futebol do Distrito Federal na Série D do Campeonato Brasileiro deste ano, o atual campeão candango Gama e o vice, Brasiliense, não participaram de nenhum dos encontros por videoconferência que discutem temas como férias coletivas, redução dos salários dos jogadores e o calendário em meio à pandemia do novo coronavírus. A presença dos dois clubes que, em diferentes momentos, chegaram a peitar decisões da Confederação Brasileira de Futebol no início do século, pode até não mudar nada, mas ambos precisam ter representatividade nos debates, no mínimo participar das discussões. Ou depois não reclamem das decisões tomadas nos bastidores…

O blog apurou que Gama e Brasiliense não foram sequer convidados pela Comissão Nacional de Clubes (CNC). Um dos documentos distribuídos à imprensa sobre as negociações com a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) deixa claro que a CNC é um “órgão estatutário e independente da CBF representando os clubes das séries A, B, C e D do futebol brasileiro”. Gama e Brasiliense estão na quarta divisão, mas não manifestaram interesse de participar do debate nacional. Além do Candangão, os dois clubes disputarão nesta temporada a Série D e a Copa Verde, ou seja, ambos são impactados financeiramente e esportivamente pela paralisação das competições. Contatado, o presidente da CNC, Mário Bitencourt, não respondeu sobre as ausências dos clubes do Distrito Federal.

A reunião de quinta-feira intermediada pela CBF, que definiu por férias coletivas de 20 dias para os jogadores e deixou pendente a questão da redução salarial, teve a participação de 30 dos 168 clubes que disputaram as quatro divisões do Campeonato Brasileiro, ou seja, apenas 17,8% das equipes. Alguns times foram representados por presidentes de federação. Não foi o caso, por exemplo, do Distrito Federal.

Uma nova reunião está agendada para terça-feira. O presidente do Gama, Weber Magalhães, afirmou ao blog que não recebeu convite da CNC e disse que entraria em contato para saber como participar da audiência da próxima terça-feira.

Presidente do Brasiliense, Luiza Estevão, filha do ex-senador Luiz Estevão, também disse ao blog que o clube não foi convidado. “Ao meu ver, está sendo tratado majoritariamente com clubes das séries A e B. O Brasíliense, por enquanto, não recebeu convite para a participação, mas parece que, como não conseguiram chegar a um acordo, a CBF deve abordar os casos dos clubes individualmente. O que nos resta é aguardar algum update”.

Gama e Brasiliense ainda não aderiram às férias coletivas de 20 dias, em abril, determinadas pela reunião da última quinta-feira. Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Gama suspendeu as atividades esportivas e administrativas por tempo indeterminado. O Brasiliense aguarda informação sobre a duração do período de pandemia.

A falta de representatividade e até certo desinteresse de Gama e Brasiliense surpreende se comparada ao espírito dos clubes no início do século. Há 20 anos, o Gama, campeão da Série B em 1998, peitava a CBF no “Caso Sandro Hiroshi” e impedia a entidade liderada à época por Ricardo Teixeira de organizar o Brasileirão. Em meio ao impasse, a saída para salvar a Série A foi a criação da Copa João Havelange 2000.

Vice da Copa do Brasil em 2002 e vencedor das séries C (2002) e B (2004), o Brasiliense também teve seus anos rebeldes ao vender ingressos na estreia do Brasileirão 2005. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) havia determinado portões fechados no velho Mané Garrincha. O tempo passou e os dois times mostram enfraquecimento nos bastidores. Ambos passam longe do principal debate do momento na indústria do futebol.

Os capitães dos clubes da Série C do Campeonato Brasileiro, por exemplo, se manifestaram nesta sexta-feira e exigiram atenção especial da CBF. “Os impactos financeiros desta paralisação serão terríveis para o mundo do futebol, contudo, para os clubes e atletas que disputam a Série C serão ainda mais graves, pois são muito mais suscetíveis aos danos causados pelas perdas geradas pela suspensão e pelo ônus de arcar com seus compromissos durante a paralisação”.

Dirigentes da terceira divisão também se reuniram nesta sexta por videoconferência e prepararam um plano emergencial para os clubes e a competição. “Esse novo momento vai contar também com a participação de representantes dos atletas e com a CBF. Vamos entregar o projeto emergencial para a captação de recursos e também vamos deliberar questões como datas e alguma possível mudança no formato de disputa. Essa reunião ainda vai ser marcada, mas deve acontecer, no máximo, até quarta-feira”, disse o presidente do Treze-PB, Walter Júnior, ao globoesporte.com.

Onde estão Gama e Brasiliense para liderar o movimento da Série D?

 

 

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