Coluna post Coluna publicada na última segunda-feira no Super Esportes

A coluna da última segunda-feira no Correio

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Há 65 anos, em 7 de dezembro de 1950, o Atlético-MG encerrava, na Europa, a excursão que virou até um trecho no hino do clube. “(…) Nós somos campeões do gelo/O nosso time é imortal (…)”.

Quando o presidente Daniel Nepomuceno anunciou no Twitter, na última sexta-feira, o nome de Diego Aguirre como novo técnico do Galo, embarquei no DeLorean, do filme De volta para o Futuro, e descobri que a relação do Galo com técnicos uruguaios é antiga. Aguirre é o sexto em 107 anos. Começou com Felix Magno, de 1946 a 1948, mas ganhou estrofe depois do sucesso de Ricardo Díez — comandante alvinegro na primeira turnê de um time brasileiro à Europa.

Ricardo Díez teve quatro passagens pelo Atlético-MG. Na primeira, conquistou o título simbólico de Campeão do Gelo, referência ao sucesso na turnê durante o rigoroso inverno europeu. Não houve um torneio formal. O Galo jogou 10 partidas em cinco países, entre 1º de novembro e 7 de dezembro de 1950.

Na Alemanha, venceu o Munique 1860 (4 x 3), Hamburgo (4 x 0), Schalke 04 (3 x 1) e do Saarbrücken (2 x 0); perdeu para o Werder Bremen (3 x 1) e empatou com o Eintracht Braünschweig (3 x 3). A Federação Alemã chegou a entregar um troféu simbólico ao Galo. Na Áustria, perdeu para o Rapid Viena por 3 x 0. Na Bélgica, triunfo sobre o Anderlecht (2 x 1). Na escala em Luxemburgo, empate por 3 x 3 com a seleção local. Na despedida, 2 x 1 em cima do Stade Français, em Paris.

Sob a batuta de Ricardo Díez, o Galo venceu seis jogos, empatou dois e perdeu outros dois. Marcou 24 gols e sofreu 18. Na segunda passagem pelo cargo, de 1954 a 1956, Ricardo Díez faturou o tri mineiro. Um dos títulos foi dividido com o Cruzeiro. O uruguaio esteve no cargo em 1958, 1959 e 1960, mas sem o mesmo êxito.

O último dos 10 técnicos estrangeiros do Galo havia sido o uruguaio Dario Pereyra. Em 1999, o ex-zagueiro levou o time ao título mineiro. Entretanto, não durou no cargo. Em 1985, Walter Oliveira deu ao clube um Estadual. Famoso por ser o maquinista do Expresso da Vitória do Vasco, Ondino Vieira faturou apenas um Torneio Início, em 1954.

De volta ao presente, acho que o presidente Daniel Nepomuceno acertou ao contratar Diego Aguirre, vice da Libertadores em 2011, pelo Peñarol; e semifinalista à frente do Inter em 2014. Diego Aguirre é o sexto técnico uruguaio na história do Galo. Depois da relação fria com dirigentes, torcida, jogadores e a imprensa brasileira, Aguirre volta ao Brasil, sob influência argentina, com a missão de quebrar o gelo.

Depois de ser demitido pelo Inter, fez reciclagem na Espanha com um xará. “Eu fui para a Europa, havia planejado visitar o Atlético de Madri. Convivi com o Diego Simeone mais de uma semana. Vi coisas que me ajudaram a trocar experiências. Foi bom para mim. Voltar ao Brasil é algo que eu queria muito. Precisava desse oportunidade”, afirmou.

No país que sonha com a verticalidade do Barcelona, de Luis Enrique; e com a troca de passes do Bayern de Munique, de Guardiola; é bom ter alguém pensando diferente. Gostem ou não, o estilo de Diego Simeone também é vencedor. Ganhou um Espanhol, uma Copa do Rei, uma Supercopa da Espanha, duas Ligas Europa e foi vice da Champions League. O Atlético, que há 65 anos influenciava a Europa pós-guerra na excursão Campeão do Gelo, sob a batuta do uruguaio Ricardo Díez; está pronto para ser influenciado pelo que há de melhor na Europa depois da troca de figurinhas entre Aguirre e Simeone. Mas só quebrará o gelo se conseguir se tornar o primeiro estrangeiro campeão  de um torneio nacional no Brasil. E isso jamais ocorreu no Brasileirão (a contar de 1971), nem na Copa do Brasil.

 

TATICAMENTE FALANDO…

 

A excursão à Europa…

A formação que, há 65 anos, vencia o Stade Français por 2 x 1, em Paris, na despedida do Atlético-MG da excursão à Europa. Sob o comando do uruguaio Ricardo Díez, foram quase dois meses de turnê em gramados enlameados pela neve e temperatura de até -15ºC. A Federação Alemã deu uma taça simbólica ao Galo e a extinta revista O Cruzeiro também reconheceu o feito. Oficialmente, não existe uma taça de Campeão do Gelo.

Atlético-MG

Campeão do Gelo – 1950

Kafunga

Afonso e Oswaldo

Haroldo, Zé do Monte e Barbatana

Lucas, Mauro, Alvinho, Vaguinho e Nívio

Técnico: Ricardo Díez (Uruguai)

Sistema tático: 2-3-5

…E a reciclagem no Velho Mundo

Na entrevista coletiva da última sexta-feira, o técnico uruguaio Diego Aguirre contou que passou uma semana acompanhando todos os treinos do xará, Simeone, à frente do Atlético de Madrid. A organização tática, a marcação forte, os contra-ataques e, principalmente, as jogadas de bola aérea, podem ser o forte do Galo em 2016 depois do período de estágio de Diego Aguirre nos bastidores de outro Atlético, o de Madri, do amigo argentino.

Atlético de Madrid-ESP

Uma das referências de Aguirre

Oblak

Juanfran, Giménez, Godín e Filipe Luís

Koki, Gabi, Tiago Mendes e Carrasco

Griezmann e Jackson Martínez

Técnico: Diego Simeone (Argentina)

Sistema tático: 4-2-3-1