Rodrigo Maia recupera força política após pazes com Guedes

Rodrigo Maia
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Ao fazer as pazes com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), volta a ocupar espaço central no tabuleiro de forças com poder de comando. Há uma semana, o empoderado era o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Agora, o pêndulo do poder político volta para Maia.

Em tempo: na área econômica, a conversa também recoloca Guedes no centro das negociações com o Congresso, ao lado do ministro da Secretaria de Governo, Luís Eduardo Ramos. Nessas conversas congressuais, o espaço de Guedes começava a ser ocupado pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Agora, com Maia e Guedes em paz, o desafio é destravar a pauta das reformas cada vez mais enrolada pela disputa de poder entre as forças políticas no Congresso.

O nó das Comissões técnicas

Faltando menos de três meses para o recesso parlamentar, a disputa pelas comissões técnicas da Câmara ganha um novo ingrediente, uma vez que os deputados querem ser escolhidos agora e, de quebra, continuar no cargo por todo o ano de 2021. Logo, a confusão está criada.

Difícil desatar

Não há previsão para instalar sequer a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, considerada estratégica para o andamento das reformas e primeira escala de todos os projetos na Câmara, inclusive a proposta de emenda constitucional que abarcará o Renda Cidadã.

Oposição na lida

Os partidos de oposição deflagraram um movimento para que nada seja votado na Câmara até que Rodrigo Maia resolva colocar em pauta a medida provisória que baixou o valor do auxílio emergencial para R$ 300. A ordem é insistir nos R$ 600. Em ano eleitoral, o apelo é forte.

Luz amarela na popularidade

A pesquisa eleitoral do Ibope em várias capitais deixou o Planalto certo de que, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter recuperado a popularidade, será preciso montar um projeto com atenção especial aos centros urbanos.

É que as pesquisas mediram também a avaliação do governo. Preocupa, por exemplo, Salvador, onde o índice de avaliação ruim e péssimo foi de 62%, o mais alto entre as cidades pesquisadas.

Barrada pela pandemia/ Autor da proposta de emenda constitucional que estabelece a prisão em segunda instância, o deputado Alex Manente (Cidadania-SP) se desdobra em apelos para que a Comissão Especial retome seus trabalhos, uma vez que já estava tudo pronto para a emenda ir a votos. Até agora, nada.

Vou ali e já volto/ Rodrigo Maia tirou o time de campo na guerra entre Elmar Nascimento (DEM-BA) e Arthur Lira (PP-AL) pela presidência da Comissão Mista de Orçamento. Não fará movimentos contra a deputada Flávia Arruda (PL-DF), mulher do ex-governador José Roberto Arruda, que já foi do DEM.

Justiça & religião/ A fala do presidente Jair Bolsonaro, num templo em São Paulo –– “já pensou uma sessão do Supremo Tribunal Federal abrir com uma oração?” –– foi vista no meio jurídico como totalmente descabida. Afinal, a Bíblia do STF é a Constituição Federativa do Brasil. E ministros devem ser nomeados pelo notório saber jurídico e não por serem terrivelmente evangélicos, católicos, umbandistas, judeus ou muçulmanos.

Recesso branco, poeira baixa/ A ideia do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em fixar um recesso branco nesse período eleitoral é considerado o prazo final para que os líderes cheguem a um acordo sobre vários temas pendentes. Do financiamento do Renda Cidadã à presidência da Comissão Mista de Orçamento.

O adeus ao decano/ A emocionante sessão da Segunda Turma do STF, que marcou a despedida de Celso de Mello do colegiado, foi vista com alívio pelos políticos enroscados na Lava-Jato e com processos pendentes de julgamento ali. Agora, a esperança das excelências é que o futuro ministro Kassio Nunes Marques assuma logo para virar o jogo a favor dos parlamentares. Em tempo: o PT esperava o mesmo de Luiz Fux e Edson Fachin, e terminaram frustrados.

Quebra dos acordos para presidir comissões da Câmara preocupa

Quebra de acordo
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A Comissão Mista de Orçamento promete se transformar num centro de tensão entre os partidos liderados pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) e os demais, além de abrir um precedente grave na disputa pela presidência das comissões técnicas da Casa.

Até a noite de ontem, não havia um acordo que evitasse o voto a voto entre a deputada Flávia Arruda (PL-DF), candidata oficial do bloco capitaneado por Arthur Lira (PP-AL), e o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA).

A disputa no voto, se confirmada, deixará em aberto a perspectiva de disputa nas demais comissões. Aí, avaliam alguns, a Câmara dos Deputados promete virar um salve-se quem puder. E com o presidente da Casa em fim de mandato, o descontrole promete tomar conta.

Maia empoderado

O governo está ciente do problema que a briga pelas comissões técnicas pode gerar na condução de votações. Por isso, não quer ter Rodrigo Maia (DEM-RJ) enfraquecido a ponto de não conseguir mais colocar ordem na Casa.

Afinal, se quiser aprovar alguma coisa antes de janeiro, terá de ter uma boa convivência com todos os partidos, e não só com o Centrão.

Onde mora o perigo

A maior preocupação, hoje, do governo é chegar a dezembro sem o Renda Cidadã. Já está certo que, se não tiver condições de aprovação, o jeito será prorrogar o auxílio emergencial no início de 2021, algo que o governo resiste neste momento, até para forçar o Congresso a votar uma proposta.

Novo mutirão para salvar vacina

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já estuda meios de acelerar as votações dos indicados para as agências reguladoras. A de vigilância sanitária (Anvisa) vai ficar com dois diretores a partir desta semana, ou seja, sem quorum para aprovar nada. Ou o Congresso agiliza essas votações — e o governo as indicações que faltam — ou a aprovação da vacina da covid-19 ficará embarreirada.

Outros encontros virão

O café da manhã de ontem com a presença de Maia, no Alvorada, e o jantar entre o presidente da Câmara e o ministro da Economia, Paulo Guedes, foram apenas o início de uma relação que tem de se manter firme por mais alguns meses a fim de garantir o bom andamento da pauta.

Lei do gás e só

A depender dos palpites de 174 parlamentares ouvidos pela XP Investimentos, apenas a Lei do Gás tem alta chance de ter sua votação concluída, na Câmara e no Senado, este ano: 53% classificaram as chances como altas. Já a privatização da Eletrobras ficou em 12% em termos de alta chance de aprovação este ano. O Renda Cidadã, 32%.

Ali tá dominado/ O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) relaxou em relação ao seu mandato de senador. Sabe que, com o governo em fase de “paz e amor” com os congressistas, não terá problemas no Conselho de Ética.

Ali também/ O máximo que pode ocorrer é alguma provocação dos oposicionistas em plenário. Porém, com as sessões virtuais, esses ataques não têm tanta virulência quanto nas sessões presenciais.

Joice, a ecumênica/ Candidata a prefeita de São Paulo, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) mencionou em sua propaganda eleitoral seus “irmãos em Cristo”. Há alguns meses, ao comparar o presidente Jair Bolsonaro a Adolf Hitler, disse que, enquanto “judia”, não compactuava com ditadores.

“Sambarilove”, Pix!/ Viralizou a resposta de Bolsonaro sobre o sistema Pix de pagamentos, que entrará em vigor no mês que vem. Sem saber do que se tratava, Bolsonaro falou da carteira de aviação, da área de infraestrutura, de Tarcísio de Freitas, e por aí foi. Lembrou o personagem da Escolinha do Professor Raimundo, Armando Volta. Que começava sua fala com um “somebody love” pronunciado assim: “sambarilove”.

Pesquisa XP: Bolsonaro recupera popularidade; Sergio Moro cai, mas ainda está à frente

Bolsonaro e Sérgio Moro
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A pesquisa da XP Investimentos de setembro indica que a estratégia do presidente Jair Bolsonaro, de criticar o isolamento social lá atrás, deu certo. Ele se diferenciou dos governadores, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, depois da popularidade presidencial ter despencado em maio, agora, com as pessoas cansadas do isolamento, ele se recupera. Mas, em relação à pandemia, 49% consideram que ele tem uma atuação ruim e péssima.

Em maio, a pesquisa indicava 25% de ótimo bom para o governo. Hoje, essa avaliação está em 39%. O regular continuou estável, em 24%, e o ruim e péssimo caiu para 36%. Em maio, oscilou entre 49% e 50%. De quebra, Sérgio Moro continua com uma nota maior do que a do presidente.

A expectativa para o restante do mandato também melhorou. Hoje, 40% acreditam que será ótimo e bom; e 35% acreditam que será ruim e péssimo. Regular, ficou em 22%. Em maio, as expectativas eram o inverso, 48% consideravam que seria ruim e péssimo e 27% ótimo e bom.

Governadores e Congresso

A avaliação dos governadores, que registrava índices de ótimo e bom na faixa dos 44% em maio, hoje está em 34%, sendo 27% de ruim e péssimo e 36% de regular. O melhor período de avaliação para os governadores foi no início de abril, quando o país erva no auge do isolamento social.

Os congressistas, por sua vez, também viveram dias melhores em abril. Lá, o ótimo e bom dos congressistas chegou a 21%, a melhor desde 2018. Hoje, está em 13%. A avaliação ruim e péssimo chegou a 32% em abril e hoje está em 38%. Já o regular subiu de 42% para 44%.

Economia

A amostragem indica que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vive seus melhores dias: 48% dos entrevistados consideram que a economia está no caminho errado e 38% no caminho certo. Em dezembro do ano passado, 47% viam o caminho da economia como o correto e 42% consideravam o caminho errado. Daqueles que estão empregados, 52% se mostram confiantes na perspectiva de manter o emprego, enquanto 39% considera essa chance pequena.

Quanto à confiança de volta da renda ao patamar anterior à pandemia, as dúvidas persistem. A amostragem indica que 49% consideram que voltará ao normal e 44% acham que não. Quanto à manutenção do auxílio emergencial até o final do ano, mas com um valor de R$ 300, 47% consideraram ótima e boa e 20% classificaram como ruim e péssima.

Pandemia

A percepção da pandemia de covid-19 também vem mudando. Em fevereiro, 49% não estavam com medo do vírus. Hoje, são apenas 29%. O medo, entretanto, tem duas variações. 40% estão com um pouco de medo. Em fevereiro eram 29%; enquanto 30% estão com muito medo e, em fevereiro, eram 21%. Esses números já foram maiores. Em abril, por exemplo, 48% estavam com muito medo do vírus. Hoje, 60% acreditam que o pior passou e apenas 32% consideram que o pior ainda está por vir.

Quanto à atuação do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia, 49% consideram ruim e péssima, 19% regular e 28% ótima e boa. Essa percepção, porém já foi pior. Em maio, 58% achavam a atuação do presidente ruim ou péssima e 21% ótima e boa e 19% regular.

Moro versus Bolsonaro

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro obteve este mês sua pior avaliação na série de pesquisa XP, sinal de que a desconstrução patrocinada pelo bolsonarismo teve efeito. Ele recebeu nota 5,7. No mês passado, era 6,5. O presidente Jair Bolsonaro, que no mês passado registrou 4,7; este mês aparece com 5,1. o ex-presidente Lula, que no mês passado, tinha 4,3, hoje tem 4,5, ou seja, abaixo do presidente Bolsonaro.

Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, está no mesmo patamar de Paulo Guedes, 5,5 — também acima de Jair Bolsonaro. Moro, ainda é, dos adversários do presidente, quem tem a nota mais alta.

Bolsonaro indica que não há mais superministros dentro do governo

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A suspensão temporária do novo programa Renda Brasil, dentro dos moldes apresentados pela equipe econômica, representa, na avaliação dos aliados do presidente, um recado claro ao país, ao mercado e até aos políticos: não há mais superminsitros no governo de Jair Bolsonaro, nem equipe blindada em qualquer assunto.

O da Justiça, Sergio Moro, é página virada. O da Economia, Paulo Guedes, chegou a ter a posição reforçada pelo presidente há alguns dias, mas se não entregar a conta redondinha para um Renda Brasil no valor de R$ 300, vai ficar difícil se segurar no cargo. Se ficar, terá que se sujeitar ao que deseja o presidente.

O mercado está de olho em cada movimento de Bolsonaro e do ministro. E até onde a vista dos especialistas deste setor alcança, não tem saída: ou o presidente cortará benefícios, ou terá que se conformar com um valor menor do Renda Brasil, próximo dos atuais R$ 190 do Bolsa Família, estourando R$ 250.

Sucessão de Ibaneis na roda

O périplo de deputados federais e senadores do DF para reforçar o pedido de abertura da CPI da Saúde na Câmara Legislativa do Distrito Federal foi visto no Congresso Nacional como o primeiro gesto dos adversários do governador Ibaneis Rocha (MDB) em busca de espaço. Quem conseguir se destacar e liderar esse processo terá condições de sair.

Praga interminável

Este ano, 296 servidores já foram afastados por corrupção, segundo levantamento da Controladoria-Geral da
União (CGU). E ainda estamos em agosto.

A troca não vai colar

As conversas com Bolsonaro têm revelado menos preocupação com a reforma tributária e mais com a prorrogação do auxílio emergencial em valores que mantenham sua popularidade em alta.

Prioridades

A contar pelas reclamações dos técnicos da área de fiscalização, o governo está baixando o orçamento deste setor para 2021 –– de barragens a agrotóxicos. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), por exemplo, que fez a CPI das Barragens no Parlamento, lembra que não é possível deixar esse tema de lado e correr o risco de repetir o desastre de Brumadinho, que matou 300 pessoas.

Água e óleo/ Pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSB, o ex-governador Márcio França vai reunir em seu palanque Ciro Gomes e… Bolsonaro! Pois é. Há quem diga que o presidente é até capaz de se aliar a um candidato de centro-esquerda para derrotar Bruno Covas (do PSDB, partido de João Doria), Joice Hasselmann, a ex-aliada, e, de quebra, o PT.

Por falar em PT…/ A ideia de punir petistas que decidirem apoiar Guilherme Boulos (PSol) está a cada dia mais consolidada.

Muita calma nessa hora/ Líderes governistas se apressaram ontem em dizer que Paulo Guedes está firme no cargo e que rusgas são normais. Ocorre que deputados experientes respondiam com um lacônico “sei”.

O que vem por aí/ Depois da notícia de que Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) estava num voo, semana passada, com a máscara no queixo, já tem deputado interessado em uma legislação para que as companhias aéreas estabeleçam uma multa para aqueles que insistirem em não usar o acessório de forma adequada.

Propostas da equipe econômica esbarram na vontade política

equipe econômica
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Se saúde e economia andam juntas, como o presidente Jair Bolsonaro costuma repetir — e justiça seja feita, até a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu recentemente —, o mesmo não está acontecendo com a política e a economia dentro do governo.

Até aqui, as sugestões apresentadas pela equipe do ministro Paulo Guedes esbarram nas críticas que o presidente receberá — seja o fim do programa Farmácia Popular, das deduções do Imposto de Renda de Pessoa Física, que aliviam a classe média na hora de acertar as contas com a Receita Federal.

Os congressistas já fizeram chegar ao Planalto que é preciso buscar outras saídas. Essas aí, ainda mais em ano eleitoral, não passam. Quanto às deduções de gastos com saúde, conforme já avisou à coluna recentemente o ex-secretário da Receita, Everardo Maciel, será uma festa para aos advogados tributaristas.

No início do mês, ele alertou que isso é não é renda. “Saúde é um direito social, previsto na Constituição. Se o governo mexer aí, trocará um problema por dez”. Para alívio do contribuinte, Bolsonaro tem dito a alguns interlocutores que pensa da mesma forma. Ou seja: aí não dá para mexer.

O foco de Bolsonaro

Embalado pelo auxílio emergencial de R$ 600, o presidente avisou aos técnicos que não dá para perder para a oposição essas pessoas que agora foram atendidas. O governo, aliás, comemora o estudo da Fundação Getulio Vargas a respeito da redução da pobreza no Norte e Nordeste.

Seguuura, peão

Todo o esforço do governo é no sentido de evitar que a redução do auxílio leve junto a popularidade do presidente.

Banho de loja e de esperança

Com o Casa Verde e Amarela, que modifica o Minha Casa Minha Vida lançado por Lula, o governo Bolsonaro espera conseguir alavancar a indústria da construção civil, que ajuda na geração de empregos. Há um consenso de que, sem reabrir vagas de trabalho, o motor da reeleição pode engasgar ali na frente.

Dallagnol respira, mas…

Ao ter o processo sobre o Power Point com o nome de Lula no centro arquivado no Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador Deltan Dallagnol ganhou uma batalha antes de o procurador-geral, Augusto Aras, decidir se vai mantê-lo no comando da força-tarefa em Curitiba. Porém, quem conhece Aras garante que essa decisão não afeta a sua convicção de que algo precisa mudar em Curitiba.

Bolsonaro é o Trump de amanhã

O discurso de Donald Trump, de culpar os governadores e adversários pelas adversidades e a gravidade da pandemia nos Estados Unidos, é um ensaio do que o Brasil viverá em 2022, apostam brasileiros da oposição e até da situação. Ambos negaram a pandemia no início e disseram que o vírus ia passar logo.

A diferença é que Bolsonaro ainda tem tempo para se refazer e aposta nos programas sociais e na recuperação econômica para alavancar sua campanha lá na frente. Trump não tem esse tempo para buscar musculatura político-eleitoral.

Nas mãos do STF/ O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem dito em conversas reservadas que sua reeleição está, hoje, nas mãos do Supremo Tribunal Federal. Se puder ser candidato, disputará e, avaliam seus aliados, ganhará fácil.

Muitos líderes para uma vaga/ Caso a tese da reeleição seja derrotada, o problema será encontrar um nome de consenso. Só no MDB há três: o líder da bancada, Eduardo Braga (AM, foto), e os dois líderes do governo, Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE).

Enquanto isso, na Câmara… / A falta de sessões presenciais na Casa tem tirado o termômetro da preferência dos deputados para a eleição do ano que vem. Nesse tipo de pleito, as conversas no plenário, as rodinhas na sala de café sempre davam alguma pista aos pré-candidatos. Agora, por telefone, é aquela história do “conte comigo, viu?”

Marimex responde/ A propósito da nota publicada ontem sobre a autuação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), “a Marimex esclarece que a infração sobre a movimentação de cargas inflamáveis foi descartada, posteriormente, pela própria Agência. A empresa foi advertida pela Codesp, apenas, para que providenciasse melhor nitidez nas demarcações no pátio de descarga. É preciso ressaltar ainda que a Marimex, por ser um Terminal Retroalfandegado, atua no desembaraço de cargas conteinerizadas até a conclusão do despacho aduaneiro. Portanto, não é comparável a situação transitória de dois contêineres aos riscos da circulação e armazenamento de produtos perigosos de forma permanente em zona portuária”.

Vem aí a contribuição social sobre serviços digitais

contribuição social
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O almoço do presidente Jair Bolsonaro com parlamentares e ministros abriu as portas da esperança do governo em torno de uma brecha para ampliar a arrecadação. É a contribuição social sobre serviços digitais, apresentada nesta semana ao Parlamento pelo deputado Danilo Forte (PSDB-CE).

O projeto de lei complementar atinge as grandes empresas de tecnologia que tenham uma receita bruta igual ou superior a R$ 4,5 bilhões por ano. E o texto menciona, com todas as letras, que a arrecadação seria, exclusivamente, aplicada na renda básica (que o governo chama de Renda Brasil). O novo projeto de renda mínima entra na agenda do Congresso ainda neste ano.

Bolsonaro gostou do que ouviu e logo chamou um assessor para que marcasse uma conversa do deputado com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na área econômica, os técnicos têm dito que tudo o que puder ser feito para ajudar a arrecadação será bem-vindo.

A la Temer

Os encontros do presidente Jair Bolsonaro têm reunido os influencers do Parlamento, ou seja, deputados que conseguem convencer os colegas. Além dos projetos, a ordem é criar um compadrio, capaz de evitar tiroteios futuros. Michel Temer ficava, dia e noite, em conversas com deputados e senadores. E passou por todos os problemas que enfrentou em seu mandato.

Sempre ajuda

O senador Flávio Bolsonaro, obrigado a se explicar no escândalo das rachadinhas que levou seu ex-assessor Fabrício Queiroz para a cadeia, aliás, participou do almoço no Planalto com líderes, deputados, senadores e ministros. E nem foi o pai que chamou. Quem lhe telefonou convidando para o Planalto foi o deputado Fábio Ramalho, que levou a comida.

O duro recado

O voto da ministra Cármen Lúcia, pela suspensão dos supostos dossiês contra servidores no Ministério da Justiça, dizem os técnicos, foi um divisor de águas. Resta saber se os órgãos de inteligência vão cumprir a determinação de suspender esses relatórios, caso o STF feche posição nesse sentido.

Ficamos assim

Nas conversas dos deputados e senadores com o presidente Jair Bolsonaro, já foi avisado que os movimentos da turma da agenda de costumes em favor de projetos, como armas e escola sem partido, não terão muito
espaço para aprovação. Agora, na pauta econômica, estão juntos.

Nas duas pontas

Enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, está bem próximo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, faz a ponte com o baixo e médio cleros. Hoje, alguns vão aproveitar e pegar uma “carona” na viagem do ministro ao Nordeste.

Aperitivo/ Pré-candidatos à Presidência da Câmara aproveitam os almoços do presidente Jair Bolsonaro para fazer o seu networking. Ontem, por exemplo, estavam Arthur Lira (PP-AL) e Fábio Ramalho, do MDB-MG.

Propaganda subliminar/ Obviamente, nem Lira nem Fabinho Ramalho mencionam as respectivas pretensões entre os comensais. Mas o recado está claro. Fabinho, por exemplo, avisa à coluna que é candidato em qualquer circunstância.

A bancada “sou eu”/ Fabinho Ramalho é direto: “Não sou candidato de nenhum partido, sou candidato do Parlamento. Se for ao segundo turno, eu ganho. Tive 66 votos da última vez, ou seja, a maior bancada, hoje, sou eu”, diz.

E a pandemia, hein?/ Os deputados já se referem ao Planalto como um ambiente quase livre da covid-19. Afinal, dos ministros “da Casa”, só Luiz Eduardo Ramos não teve exame positivo.

Enquanto isso, na Câmara Legislativa do DF…/ Pobre Michelangelo… Seu Davi jamais poderá ter sequer uma réplica exibida por aqui, se a proposta que veta nudez nas artes for aprovada. Meu Deus, quanta ignorância.

Guedes deve ficar até janeiro; mercado e Centrão divergem entre Marinho e Campos Neto

Paulo Guedes
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O mundo da política crê na permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo pelo menos enquanto o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) for presidente da Câmara. Ou seja, até janeiro. Afinal, Maia está fechado com a agenda econômica do ministro. Depois, a depender de quem vencer no Parlamento, tudo pode mudar.

Conta política não fecha

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, tem apoio no Centrão, e até dentro do governo, para assumir o Ministério da Economia. Porém, não é o nome do mercado. Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é o nome do mercado, mas é visto como um técnico fiel demais a Guedes. Logo, causa desconfiança ao Centrão.

Mas o presidente disse!

Pois é, Bolsonaro declarou com todas as letras que Guedes não sai. Só tem um probleminha: no início de abril, o presidente afirmou que não tiraria Luiz Henrique Mandetta no meio da guerra da pandemia. No caso do então ministro da Saúde, a validade da declaração foi menor do que a de um iogurte –– ele saiu em 16 de abril.

Guedes modula o discurso para ficar

Paulo Guedes
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A leitura dos políticos a respeito das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, depois da reunião com o presidente Jair Bolsonaro, é a de que o ministro age para permanecer no cargo. Ele foi mais cuidadoso nas declarações, disse que busca forma de abrir espaço para investimentos e, pelo menos até o próximo estresse na equipe, ele continua no comando da pasta da economia e do tamanho que o ministério tem hoje.

O estresse está nos detalhes, onde moram o diabo e a ambição política. Bolsonaro, para buscar a reeleição, terá de mostrar serviço e manter o auxílio emergencial, ou seja, projetos que pedem mais gastos orçamentários. Corre o risco para, nessa trilha, terminar num caminho populista, enquanto seu ministro da Economia defende a prorrogação de um auxílio que seja sustentável do ponto de vista fiscal, “sem populismo”.

O arrastão de Bolsonaro

O presidente faz um “strike” nos apoiadores do PT no Nordeste. Em Aracaju, por exemplo, uma parcela dos anfitriões era a mesma que fez uma caminhada com Fernando Haddad, em agosto de 2018.

Se tivesse escutado…

Quando o auxílio emergencial e outras medidas relacionadas à covid-19 foram aprovadas no Parlamento, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi aconselhado a fazer um pronunciamento para anunciar o trabalho do Legislativo. Não viu necessidade. Quem faturou tudo foi Bolsonaro. Agora, com a pesquisa do Datafolha apontando uma queda na avaliação do Parlamento, tem um grupo ensaiando um “eu avisei”.

CURTIDAS

Se é prisão domiciliar…/ A líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), liderou o movimento para que o Supremo Tribunal Federal revogue a prisão domiciliar de Sara Giromini, por causa da mobilização feita nas redes contra o aborto da menina de 10 anos vítima de estupro. “Sara obteve informações que estavam sob sigilo, como dados da menina e até mesmo o nome do médico. Como é que alguém de tornozeleira eletrônica mobiliza as pessoas contra uma decisão judicial e fica por isso mesmo?”

E o criminoso?/ A turma de Sara em nenhum momento se referiu ao criminoso, que estuprou uma criança de dez anos, ou revelou o nome do pedófilo. Realmente, os valores parecem invertidos.

A crença na ciência I/ Paralelamente à igualdade social, os Democratas vão incluir no discurso de campanha o respeito à ciência, dentro do tom abordado no discurso da ex-primeira-dama Michelle Obama. Ela foi incisiva ao dizer que o candidato Joe Biden seguirá a boa técnica. Como a convenção é virtual, Michelle fez questão de gravar a sua participação com antecedência, para evitar imprevistos ou problemas de conexão.

A crença na ciência II/ Os Democratas vão explorar a demora do presidente Donald Trump em reconhecer a gravidade da pandemia de coronavírus nos Estados Unidos. Por aqui, a oposição a Bolsonaro irá na mesma batida num futuro não tão distante.

Bolsonaro não garante o Aliança e fecha partidos para adversários

Bolsonaro
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Ciente de que tem popularidade para levar adiante uma campanha “reeleitoral”, o presidente Jair Bolsonaro trata de colocar todos os partidos sob seu guarda-chuva a fim de evitar que seus adversários tenham onde atracar candidaturas.

É essa a principal leitura política de seus aliados, quando perguntados sobre a declaração do presidente de que não investirá 100% no Aliança pelo Brasil, e que tem convites de quatro partidos, citando, inclusive, o PTB de Roberto Jefferson.

Na avaliação do presidente, o plano está traçado: recupera a economia, conquista votos no Nordeste, junta aliados na Câmara para aprovar suas propostas e evitar dissabores, e, ao abrir o leque de onde pode se filiar, fecha muitos partidos a seus opositores, ou, no mínimo, dificulta qualquer jogo mais ousado das legendas contra a sua candidatura ou ataques na campanha municipal.

Pior para quem apostou no Aliança como a única carta de valor de Bolsonaro para o futuro. Aliás, depois da declaração de ontem, que incluiu até mesmo a perspectiva de retorno ao PSL, a tendência é o novo partido perder força.

Braga Netto tem a força

Aos poucos, o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, conquista novas atividades do Planalto. A programação para divulgar os 500 dias de governo saiu pela Casa Civil. Antes, essa parte ficava a cargo da Secretaria de Comunicação, subordinada à Secretaria de Governo.

Olho no olho

A reunião dos ministros Braga Netto e Paulo Guedes foi para acertar o que é possível fazer sem comprometer o teto de gastos. A ordem de Bolsonaro é para que os ministros se entendam.

Tem que explicar isso aí

A versão sobre embalagens de frango brasileiro contaminadas em Shenzen ainda carece de maiores explicações, segundo as autoridades sanitárias brasileiras e também da área da saúde. Afinal, esses navios saíram do Brasil há mais de 60 dias. E as autoridades de saúde garantem que o vírus não sobrevive esse tempo todo em superfícies.

E o teto, hein?

Ao dizer que houve a discussão sobre furar o teto dentro do governo — ideia que, assegura, terminou descartada —, Bolsonaro se esqueceu de fechar a porta para que esse tema não volte à mesa. Ou seja, a tensão vai continuar aí.

Servidores, preparem-se

Vem aí a reforma administrativa para discussão, em conjunto com a reforma tributária. Esse é um dos projetos para mostrar que Paulo Guedes ainda tem a força no comando da economia dentro do governo.

CURTIDAS

Beirute ecoa em Santos I/ A propósito das preocupações e do pedido de esclarecimentos feitos pela seccional da OAB na região portuária santista, a respeito do nitrato de amônio usado em fertilizantes, a Santos Port Authority (SPA) esclarece que não se pode fazer uma correlação entre as condições existentes no Líbano e as verificadas nas operações e instalações com cargas deste gênero no porto de Santos.

Beirute ecoa em Santos II/ A SPA considera que “independentemente dos motivos que deflagraram a explosão no Líbano, ainda por esclarecer, temos uma realidade completamente diferente, tanto pela tecnologia implantada quanto pelas austeras condições de exigências, monitoramento e fiscalização. O armazenamento de Nitrato de Amônio Classe 5 no porto de Santos possui autorização do Exército e cumpre todos os protocolos de segurança”, afirma a SPA, esclarecendo que o nitrato de amônio Classe 5, por si só, não é inflamável ou explosivo. “É necessário haver uma combinação de vários fatores de riscos para causar um eventual acidente, por exemplo, alta temperatura, confinamento, existência de produtos inflamáveis no mesmo local”.

E o Queiroz, hein?/ A volta do ex-assessor Fabrício Queiroz à cadeia (desta vez também vai a mulher dele, Márcia Aguiar) deixa o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) novamente sob tensão. E também aumenta a pressão por explicações para os depósitos em favor da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Guedes reforçado. Pelo menos, até o próximo embate

Paulo Guedes
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Coube a Paulo Guedes defender a agenda econômica na reunião do Alvorada, com o presidente Jair Bolsonaro, o comando do Congresso, líderes e ministros. A sinalização de que o ministro da Economia continua com o poder de mando nesse campo foi clara — até o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, defendeu que não se deve quebrar o teto de gastos.

Porém, lembrou Marinho que é preciso buscar condições de concluir obras do governo. Como o diabo mora nos detalhes, o entendimento da classe política é a de que Bolsonaro obteve até aqui um equilíbrio entre as duas alas do governo — uma ávida pelas obras e a outra intransigente na defesa da responsabilidade fiscal e do teto de gastos, como forma de atrair investimentos.

Quanto tempo esse equilíbrio se mantém é outra história, que vai depender do andar da carruagem das reformas no Congresso e da capacidade de Bolsonaro de resistir às pressões pela ampliação sobre o gasto público. A poeira baixou, mas qualquer vento mais forte pode levantar tudo.

Reforço à Lava-Jato

A notícia de que Dario Messer, o doleiro dos doleiros, fechou a delação premiada e vai devolver R$ 1 bilhão deixou muita gente preocupada, em vários segmentos, e procuradores, esperançosos. Demonstra que a Lava-Jato ainda não terminou seu trabalho e há muito o que apurar.

Siga o dinheiro

Para se ter uma ideia, o valor devolvido por Messer é o dobro do que os parlamentares do Distrito Federal conseguiram emplacar em emendas orçamentárias para Brasília este ano.

Se é para mudar…

… que mude logo. Bolsonaro fechou tudo com Ricardo Barros (PP-PR), antes de avisar ao deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) que iria substituí-lo no cargo de líder do governo. Vitor Hugo, porém, nem piscou. Quando Bolsonaro lhe disse que, na semana seguinte, iria mudar, foi o líder quem tomou a iniciativa de anunciar logo a troca.

O corpo fala

Vitor Hugo fez questão de se sentar ao lado de Ricardo Barros, na reunião no Alvorada. Assim, tentou afastar qualquer rumor de mal-estar entre eles. O mesmo não se pode dizer da relação entre Vitor Hugo e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a quem aliados do ex-líder atribuem uma certa fritura.

Conversinha/ Chamou a atenção de muitos a conversa entre os ministros Guedes e Marinho enquanto caminhavam para o pronunciamento de Bolsonaro e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

Beirute ecoa em Santos I/ Depois da explosão que destroçou a capital do Líbano, o presidente da OAB-Santos, Rodrigo Julião, quer que a Presidência da República, o Ministério da Defesa, o Ibama e o Ministério Público Federal se posicionem sobre o transporte e armazenamento do nitrato de amônio. A preocupação é grande, porque, segundo ele, o Porto de Santos manipula dez vezes a quantidade do produto que destruiu a capital do Líbano e a fiscalização dos navios é insuficiente. Ainda não recebeu resposta.

Beirute ecoa em Santos II/ O PT vai aproveitar esse embalo para saber do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) se ele manterá o apoio ao novo plano de desenvolvimento e zoneamento do porto, que prevê um terminal de fertilizantes na região onde funciona o campus de uma universidade federal e residem milhares de pessoas. O pedido de explicações já foi feito pelo vereador Francisco Nogueira. Da parte do governo federal, as exigências de segurança prometem ser bem mais rigorosas.

Está bem assim/ Os aliados de Bolsonaro dizem que ele está tão “paz e amor” com os congressistas que só falta cantar Odara, de Caetano Veloso.