Paulo Guedes sob novo ataque

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Com o aumento dos preços de setembro, os políticos voltam a balançar Paulo Guedes para ver se ele despenca do Ministério da Economia. É nesse sentido, por exemplo, que surgiram parte das cobranças do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reclamando do preço da gasolina e, especialmente, do gás de cozinha, que afeta toda a população mais pobre. Esta semana, até José Luiz Datena, que é citado como um potencial candidato ao Planalto, saiu-se com esta: “Por que Bolsonaro não tira esse Paulo Guedes? É só no nosso! Menos arroz e feijão no seu prato. Por que mantém esse cara com tudo aumentando? É uma calamidade”.

Enquanto os políticos não perceberem junto ao seu eleitorado que a economia está se recuperando, Guedes pode falar à vontade que tudo está melhorando, que há retomada do emprego e por aí vai. E com o ano eleitoral logo ali, o estresse da base tende a aumentar.

Interino forte

O diretor que assumiu interinamente a presidência do BNB, Anderson Possa, teve seu nome comemorado por deputados do PP. É que, segundo as excelências, Anderson é alinhado ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

E com pressa
Valdemar da Costa Neto tem pressa na nomeação do novo presidente do BNB. É que, nessa reta final de 2021, o banco elenca os projetos beneficiados com os recursos de fundos de desenvolvimento, que somam quase R$ 30 bilhões. Esse dinheiro, num ano eleitoral, é disputado nas bases dos deputados.

No pacote
A fim de acalmar o líder do PL, Wellington Roberto (PB), a indicação do novo presidente do BNB pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, incluirá a manutenção de um assessor, Bruno Roberto, filho do líder. Bruno assessora Romildo Rolim.

Lula e o MDB
O jantar que Lula fará com senadores do MDB que apoiaram o governo foi visto com muita desconfiança pelos emedebistas do Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Pelas contas da cúpula do partido, Lula tem a simpatia do Nordeste e de um pedaço do MDB do Norte.

Ministros trabalham para separar governo das falas presidenciais

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Os ministros de Jair Bolsonaro passaram as últimas 48 horas tentando separar as estações. Uma é o governo, que segue no ritmo de tentar aprovar reformas estruturais. A outra são as frases de efeito do presidente, quase que diariamente defendendo que a população compre armas. Paulo Guedes foi claro, no almoço da Frente Parlamentar do Brasil Competitivo, ao mencionar que “fizemos uma completa transição na política, temos democracia e imprensa livre, mesmo que haja um ator ou outro que esteja se excedendo”. E frisou que, em relação à economia, o governo fará “reformas até o último dia”.

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Outro que entrou em campo nesse sentido foi o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, mostrando que o governo está trabalhando e que as frases de Bolsonaro não devem ser lidas como sinais de ruptura institucional. Ele tentou, inclusive, ajudar no Supremo Tribunal Federal (STF), em relação ao marco temporal. Estão todos trabalhando para dissipar as tensões em torno do Sete de Setembro e buscar a normalidade para o dia seguinte.

Salvaram a lavoura

A votação do projeto do Imposto de Renda, depois de muita conversa entre governo e oposição, é vista como a prova de que deu certo o esforço de ministros e parlamentares para separar o governo das tensões provocadas por bolsonaristas radicais. Embora o texto não seja o ideal para alguns setores, a votação é vista como a prova de que o Congresso está dedicado ao trabalho, a fim de evitar um novo PIB abaixo do previsto.

Se naufragar…
Diante do apoio da oposição ao texto-base da reforma do Imposto de Renda, o governo não conseguiu saber exatamente o tamanho da sua base. Só se tem uma certeza: se a economia não deslanchar, não poderá culpar nem a oposição, nem a Câmara dos Deputados.

… culpa outro
Com a votação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chega às vésperas do Sete de Setembro como patrocinador de acordos e alguém que “entregou o que foi pedido” e “fez a sua parte”, ainda que o governo não saiba ao certo com quantos votos poderá contar quando não houver acordo com os oposicionistas. O Senado, porém, ainda não tem uma definição fechada sobre a proposta.

Não se afobe, não…
… Que nada é para já. O relatório do ministro do STF Edson Fachin sobre o marco temporal de demarcação de terras indígenas tem mais de 100 páginas. Logo, ninguém acredita num desfecho ainda esta semana.

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Viu no que deu?/ Em conversas reservadas, autoridades têm dito que a suspensão das demarcações de terras indígenas por parte do governo ajudou a judicializar o assunto. Agora é tarde.

Graças aos comunistas/ Um dos que mais ajudou a formatar o acordo para votação do projeto de lei do Imposto de Renda foi o líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PE), irmão do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Renildo foi, inclusive, chamado de “príncipe dos líderes” pelo relator da proposta, deputado Celso Sabino (PSDB-PA).

Entre Guedes e Flávia…/… Deputados escolhem a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Muitos saíram ainda enquanto o ministro da Economia falava na reunião da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo para chegar na hora marcada com a ministra. É lá que se resolvem os problemas paroquiais.

Cunha na área/ Eduardo Cunha passou esses dias por Brasília. Ajuda diariamente na análise de saídas para as crises que envolvem o Parlamento.

Ranking dos Políticos e a administrativa/ O instituto Ranking dos Políticos está dedicado a ajudar na construção do debate sobre a reforma administrativa. E considera que essa proposta é para lá de necessária. Fez, inclusive, um café esta semana com deputados para discutir o tema. Porém, a aposta no Congresso é a de que ainda falta muito para se fechar um acordo como o do IR.

Sete de setembro: Bolsonaro muda tom de discurso para tentar mais apoio

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O manifesto da área financeira e empresarial, embora adiado, expôs aquilo que o governo mais temia: a falta de apoio tanto da Faria Lima quanto dos empresários. Isso porque, conforme circula nos bastidores dos associados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em prol da democracia e da harmonia entre os Poderes, o presidente Jair Bolsonaro está perdendo densidade. E, de quebra, começa a ser malvisto por parte do agronegócio, que até recentemente estava fechado com a reeleição.

Aliás, a mudança de tom do presidente, ontem (30/8), ao dizer que as manifestações de Sete de Setembro serão em defesa da liberdade de expressão, foi vista como uma tentativa de recuperar esses segmentos. Muitos no governo já sabem que se Bolsonaro continuar esticando a corda contra o Supremo Tribunal Federal (STF), com frases sobre vislumbrar um futuro que se resuma a ser “ou preso, ou morto ou a vitória”, os investidores vão embora.

Vai sobrar para Paulo Guedes e…

Se a reforma tributária for para o sal, a cobrança principal será em cima de dois personagens: o primeiro é o ministro da Economia, Paulo Guedes, que rejeitou as propostas mais amplas, que já estavam em curso na Câmara e no Senado.

… para Lira
O outro personagem que terá problemas é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele tirou a proposta das mãos de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que apoiou Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara. Preferiu zerar o jogo defendendo a proposta de Paulo Guedes.

À mesa com Mourão
Antes da palestra para o Lide Mulher do Distrito Federal, ontem (30/8), o vice-presidente Hamilton Mourão recebeu do empresário Paulo Octávio a sugestão de que os bancos públicos, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, mantenham suas agências nos rincões. É que, muitas vezes, as pessoas sem muita instrução não conseguem fazer esses microcréditos via internet.

Plano A, B e C
Os líderes estão organizando o jogo para o pós-Sete de Setembro. Se houver muita confusão na rua ou invasão a prédios públicos, Bolsonaro vai desidratar mais um pouquinho. Se conseguir reunir muita gente, numa manifestação de apoio, sem brigas ou armamentos, continuará no jogo. Se ficar no meio-termo, tudo permanecerá travado.

Conta aí!/ O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), tem sido procurado tanto por bolsonaristas quanto por petistas. Ambos querem saber como está a tal da terceira via engendrada por Gilberto Kassab.

Unidos com Bolsonaro/ O presidente foi um dos primeiros a se manifestar contra a quarentena para juízes, procuradores e policiais. Esta semana, será grande a movimentação na Câmara contra a proposta, por parte de todas essas categorias, e ainda os líderes do governo.

E quem será o Darth Vader?/ Hamilton Mourão começou sua palestra na Lide Mulher citando Mike Tyson e encerrou citando… Mestre Yoda. Obviamente, tratou de colocar a frase na ordem direta, algo incomum para o simpático personagem de Star Wars: “O medo gera raiva, a raiva gera ódio e este gera ressentimento”.

Por falar em ressentimento…/ Mourão reagiu assim quando a coluna quis saber o que ele achou da frase de Bolsonaro sobre o futuro “preso, morto ou a vitória”, dita em Goiás: “Ah!, devia estar fazendo charme”.

Só quem é do quadradinho sabe a alegria que os pingos de chuva trazem. Obrigado, Senhor!

Planalto pega receita para evitar processos de impeachment

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Ao nomear Carlos Henrique Sobral para número 2 da Secretaria de Governo, a ministra Flávia Arruda leva para dentro do Palácio do Planalto um dos poucos que acompanhou, de dentro, todos os processos de impeachment e de denúncias contra presidentes da República que tramitaram na Câmara, neste século. Carlos Henrique tem a memória das votações do impeachment de Dilma Rousseff e das duas denúncias contra Michel Temer. E, nos três casos, atuou do lado vitorioso.

Nos tempos de Dilma, era braço direito do todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Depois, nos tempos de Michel, era chefe de gabinete da mesma Secretaria de Governo em que está agora. Chegou com Geddel Vieira Lima e ficou com os ministros Antônio Imbassahy e Carlos Marun. Dadas as investigações que correm no Supremo Tribunal Federal, a ordem é se preparar para o caso de Jair Bolsonaro ser submetido a algo parecido pelo STF. Temer venceu a primeira denúncia por 263 votos a 227, em 2 de agosto de 2017, e a segunda por 251 a 233, em outubro do mesmo ano. E sabem como é: com esse novo inquérito envolvendo o presidente, todo cuidado é pouco.

Paulo Guedes perde mais uma

Depois de ver a área de Trabalho e Previdência sair da sua pasta, o ministro da Economia está prestes a perder mais uma: é voz isolada dentro do governo a favor do Bolsa Família de, no máximo, R$ 300, enquanto a área política pretende elevar para R$ 400. O programa, como o leitor da coluna sabe, é visto como o passaporte para melhorar a popularidade de Bolsonaro.

Mas não entrega os pontos
A equipe de Guedes tem dito que, para ter um programa social robusto, será preciso demonstrar capacidade de controle do gasto publico. Não adianta aumentar os valores de auxílios e benefícios sociais se o mercado entender que a proposta é eleitoreira e não tem sustentação fiscal. O resultado será inflação, queda da bolsa e dólar nas alturas. No mínimo, será preciso garantir o parcelamento dos precatórios de R$ 89 bilhões que vencem em 2022, um valor que compromete o teto de gastos.

E o voto impresso, hein?
O relator da PEC do voto impresso na comissão especial, deputado Felipe Barros (PSL-PR), anunciou que vai procurar o ministro Ciro Nogueira em busca de apoio para tentar salvar a proposta. O titular da Casa Civil, porém, tem outras prioridades. Como garantir as bases que possam levar o presidente a recuperar popularidade.

Segura aí
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pisou no freio para a reforma tributária. Se colocasse para votar hoje, a perspectiva de derrota era grande.

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O quarteto/ Os quatro ministros que aparecem na foto à porta da residência oficial do Senado, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o da Câmara, Arthur Lira, mostram quem está com a responsabilidade política de comandar a relação entre Congresso e Parlamento: Ciro Nogueira, Flávia Arruda, João Roma (Cidadania) e… Paulo Guedes, o detentor da chave do cofre.

Looks em sintonia/ A calça com listras brancas e pretas de Flávia Arruda estava em sintonia com a gravata de Pacheco, enquanto Ciro, Roma, Guedes e Lira desfilaram de gravatas azuis.

Chuva de processos/ Advogados do ex-presidente Lula avaliam processar quem repassou vídeos com áudios adulterados com a entrevista do petista de 20 de julho. A velocidade da gravação foi alterada para sugerir embriaguez. O vídeo foi compartilhado, por exemplo, pelo cantor Roger Moreira, da banda de rock Ultraje a Rigor.

Agosto começa em alta-tensão/ Bolsonaro deu a largada dizendo que Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, não pode presidir o processo eleitoral depois da soltura de Lula pelo STF. O presidente do STF, Luiz Fux, falou que diálogo e harmonia entre os Poderes não implica impunidade. De quebra, o TSE instaurou inquérito para investigar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral sem provas. O clima não está para bandeira branca.

O “exército” de Bolsonaro já está nas ruas virtuais

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Desde que ficou líquido e certo que o governo não teria maioria na comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid-19, aliados do presidente Jair Bolsonaro acionaram “o mecanismo”. Consiste em procurar em todas as redes sociais vídeos e declarações que ajudem a diluir os problemas que o governo terá no colegiado. Entre o que já foi encontrado consta uma entrevista do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), dizendo que a polêmica sobre a hidroxicloroquina era desnecessária e que o medicamento poderia, sim, ser receitado pelos médicos. A imagem já foi, inclusive, enviada aos integrantes da CPI.
A aposta dos governistas é de que essa CPI será diferente das outras, porque a estrutura da informação — e, por tabela, a da desinformação — mudou. Sendo assim, a perspectiva de a comissão se transformar numa guerra de versões e narrativas já está no
radar do governo.

CPI internacionalizada
A situação global será parte integrante da estratégia do governo federal na comissão parlamentar de inquérito (CPI) para mostrar que a falta de vacinas ou atraso não é privilégio do Brasil. Uma prova disso é o processo que a União Europeia prepara contra a AstraZeneca, por causa do não cumprimento do contrato de fornecimento de 300 milhões de doses no primeiro semestre deste ano.

O que vem lá
Também entrará no rol do governo reações a algumas vacinas que apresentaram problemas em outros países. A avaliação do governo é de que, puxando percalços vividos em outras nações, será possível mostrar que a falta de vacinas não é culpa do presidente Jair Bolsonaro e, sim, um problema global.

Casamentos de conveniência
A CPI já tem como subproduto uma mexida nos blocos do Senado, que hoje são cinco. O Republicanos, do senador Flávio Bolsonaro, deixa o grupo com o MDB, mas não pretende ficar sozinho. O difícil será encontrar um bloco que acolha os dois senadores do partido.

O governo
A influência que Flávio Bolsonaro cobrou do MDB, por exemplo, uma consulta ao Republicanos sobre quem indicar para a CPI, não será levada em conta em nenhum dos blocos. Com dois senadores, o Republicanos será minoria em todos os grupos.

O final da fila
Se decidir formar um bloco com o PP de Ciro Nogueira, que tem sete senadores e também avalia abandonar o MDB, o novo grupo ficará menor que o PSD, partido de Gilberto Kassab, que tem 11 senadores e não participa de nenhum agrupamento na Casa.

Muda para aliviar / Há quem diga que não foi uma coincidência a conversa do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o presidente da Câmara, Arthur Lira, na segunda-feira, e o anúncio de mudanças na equipe que cuidou do Orçamento — o secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, e de Orçamento, Georges Soares. É para dar uma refrigerada. Há pressões pela substituição de Martha Seillier do comando do Programa de Parceria Privada de Investimentos (PPI), mas ela nega que esteja de saída.

Sai daí rapidinho!/ A participação de Flávio Bolsonaro na CPI foi considerada um desastre até por aliados do governo. Já tem senador disposto a pedir que ele fique calado e evite enfrentamento no colegiado. Afinal, a cobrança de isolamento social por quem defende a volta à normalidade com pandemia e tudo não cola.

Quem põe o guizo?/ Faltava definir, porém, quem ia dizer a Flávio Bolsonaro para ficar quieto, ou, pelo menos, não provocar e evitar declarações que passem uma certa arrogância. Os comentários em relação à combatividade das mulheres — “já foram mais respeitadas e indignadas” — e à ingratidão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, foram os piores momentos.

Explorar o passado/ O governo ainda planeja constranger a parceria entre o relator, Renan Calheiros; o presidente, Omar Aziz; e o vice, Randolfe Rodrigues. Há quem diga que o que os atuais governistas fizeram até hoje a Renan não foi 10% do que Randolfe “aprontou” com o alagoano no passado. Virão ainda tentativas de constranger o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, na terça-feira.

Por falar em parceria…/ Antes que venham dizer que ele é “negacionista” ou adversário da China, o ministro da Economia, Paulo Guedes, organizou uma coletiva para repor os pingos nos is e defender a parceria com a China. Ele explicou a “infeliz” frase de um “vírus da China” e pediu, inclusive, desculpas ao embaixador da China. Melhor assim. De confusão, já basta a tragédia da pandemia, a CPI, as dificuldades orçamentárias e por aí vai.

Nos bastidores, parlamentares avaliam que Guedes tenta montar discurso de saída do governo

O pulo de Paulo Guedes
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Ao dizer que “faltou coordenação” na área de orçamento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, bate de frente com três pessoas que trataram diretamente desse tema: o relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), bolsonarista de primeira hora; a ex-presidente da Comissão Mista de Orçamento guindada ao cargo de ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).
A avaliação de muitos dentro do governo é a de que Guedes se coloca contrário a um corte menor para montar um discurso de saída do governo. Algo na linha “fiz tudo o que podia, mas o Centrão não deixou”. Pode até não ser essa a intenção do ministro, mas é a imagem que ele está passando aos políticos.

Pragmatismo em três atos rumo a 2022

A Secretaria de Governo entregue aos políticos, com Flávia Arruda; no Itamaraty, a ascensão de um diplomata menos ligado à ideologia bolsonarista; e, de quebra, Anderson Torres na Justiça, um amigo dos filhos do presidente, com troca de comando na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal. É uma guinada no governo que, a partir de agora, começa a se preparar para a reeleição.

A ministra da “transição”

É assim que muitos tratam da chegada de Flávia Arruda à Secretaria de Governo, até então ocupada apenas por militares na gestão de Jair Bolsonaro. Primeiro, o general Santos Cruz, depois, o general Luiz Eduardo Ramos. Agora, o cargo voltou às mãos dos civis. Por isso, avaliam os políticos, Flávia não pode falhar. Ela trabalhará em parceria com o ministro da Comunicação, Fábio Faria, com quem o presidente mais tem se aconselhado e a quem mais tem escutado nos últimos tempos.

Agora vai

Com o pagamento do auxílio emergencial, o governo espera melhorar os índices de popularidade de Bolsonaro. A avaliação é de que se a comunicação conseguir explicar que, diante do Orçamento apertado, não dava para pagar mais, a população entenderá, ainda que o valor não chegue à metade dos R$ 600 concedidos no ano passado.

Onde pega

Os filhos do presidente, porém, avisam amigos de Bolsonaro, precisam parar de ficar desfilando como milionários. A compra da mansão de quase R$ 7 milhões por Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é considerada por muitos políticos, inclusive por aliados do governo, um problema, especialmente nesse período de pandemia. Se colar em Bolsonaro a imagem de que seus filhos estão “enricando” enquanto o povo passa fome, vai ser difícil fazer com que essa versão se dissipe em 2022 — embora, digam os aliados, o presidente não tenha participação nesses negócios.

Por falar em filhos…

A troca na direção da PF não indica que haverá “alívio” nas investigações envolvendo os filhos do presidente. Naquela corporação, reza a tradição que quem tem amor à carreira não entra na investigação alheia. E se nenhum filho do presidente fez nada de errado, “a verdade vos libertará das perseguições”, dizem os policiais federais.
Ernesto Araújo
Mandel Mgan/AFP
O mais incomodado I/ Na posse dos novos ministros, o troféu de mais inconformado coube ao ex-chanceler Ernesto Araújo (foto), que já recebeu da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) o apelido de “ex-Ernesto”. A gestão dele era considerada tão ruim que, na visão da senadora, até o nome Ernesto perdeu.
 
O mais incomodado II/ Ernesto queria discursar em sua despedida para reforçar que havia saído por pressões políticas. Afinal, dos ex-ministros presentes, era o único que ainda não tinha um lugar ao sol — e dificilmente terá no curto prazo. É que uma indicação a qualquer embaixada dependerá de aprovação do Senado, onde o “ex-Ernesto” não fez aliados nem angariou simpatias.
Que sirva de lição/ A ideia do senador Flávio Bolsonaro de registrar boletim de ocorrência contra o deputado Ivan Valente (PSol-SP) é ver se consegue evitar com que outros parlamentares engrossem o coro em favor da investigação sobre o empréstimo para compra da mansão. O senador está rouco de tanto dizer que o negócio foi “redondinho”, “todo regular” e “dentro da lei”.
Em nome das filhas/ Maria Luísa e Maria Clara, filhas da ministra Flávia Arruda, foram destaque, ontem, no Planalto ao participar da posse da mãe, uma das primeiras solenidades que procurou respeitar, pelo menos em parte, as recomendações sanitárias dos tempos de pandemia. Muito diferente das posses de João Roma e de Onyx Lorenzoni, em fevereiro, quando a aglomeração foi grande.
Por falar em ministra…/ A relatoria do projeto da compra de vacinas pela iniciativa privada foi entregue à deputada Celina Leão (Progressistas-DF) como forma de compensar o fato de o presidente não criar o Ministério dos Esportes e de ter nomeado Flávia Arruda para a Secretaria de Governo. Durante a campanha de Arthur Lira, Celina era citada pelas colegas da bancada feminina como “ministra”. Não conseguiu e, agora, com dois ministros do Distrito Federal (Flávia e Anderson Torres, da Justiça), é que vai ficar difícil ela emplacar no primeiro escalão.

Bolsonaro quer que Guedes dê um jeito de prorrogar auxílio emergencial

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Coluna Brasília-DF

Durante a viagem a Santa Catarina, no início do mês, o presidente Jair Bolsonaro orientou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a dar um jeito de conseguir recursos para prorrogar o auxílio emergencial de R$ 300. Com o desemprego ainda num patamar bastante elevado, não dá para deixar as pessoas desassistidas, ou dependentes apenas do valor do Bolsa Família.

O problema é que todas as propostas de cortes para cobrir a elevada despesa foram descartadas pelo Planalto, pelo Parlamento, ou pela sociedade de um forma geral. “Não sabemos como resolver essa questão, mas o certo é que preciso prorrogar, sob pena de termos uma legião de pessoas sem renda”, diz o vice-líder do governo, senador Jorginho Mello (PL-SC). A equipe econômica, porém, não tem como fazer mágica. Ou corta, ou não tem como resolver.

A cada dia a sua aflição

O presidente Jair Bolsonaro avisou a aliados que não pretende trocar seus ministros. Nem agora, nem em fevereiro, depois da eleição do presidente da Câmara. Tem razão, o chefe do Executivo em não deixar esse tema prosperar agora. Se abre a porteira antes da hora, aumenta a pressão.

Mais dinheiro para o DF

Um alerta do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) garantiu, pelo menos, R$ 75 milhões a mais em recursos para Brasília, dentro do Projeto de Lei 3364, que destina R$ 4 bilhões a estados, ao Distrito Federal e aos municípios com mais de 200 mil habitantes para garantir o serviço de transporte público coletivo de passageiros em razão da pandemia da covid-19.

Questão de isonomia

O projeto distribui R$ 1,2 bilhão aos estados e R$ 2,8 bilhões aos municípios com mais de 200 mil habitantes. Logo, Salvador, por exemplo, receberá R$ 84 milhões, enquanto a Bahia ficará com R$ 53 milhões. O DF, como estava incluído apenas na partilha dos recursos aos estados, receberia R$ 31 milhões. Agora, incluído na divisão dos recursos municipais, vai triplicar o valor a receber dentro da proposta.

Bolsonaro investe no DEM/ A presença do presidente Jair Bolsonaro em Goiás, ao lado do governador Ronaldo Caiado (DEM), não é por acaso. Caiado representa uma ala do partido que tem votos e é aliada do presidente. Diante do distanciamento do DEM em relação ao chefe do Planalto, ele, agora, trata de amarrar aqueles que lhes são próximos.

Urnas em debate/ Na discussão sobre a segurança da urna eletrônica, ontem, na sessão da Câmara, o deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE) foi direto: “Olha, quem acha que tem fraude deveria renunciar ao mandato”, disse, referindo-se àqueles que criticam o sistema, mas não acham que a própria eleição teve problema.

A que ponto chegou o Parlamento/ “Antes, não tínhamos Orçamento. Agora, não temos Comissão Mista de Orçamento. Vamos ficar muito mal no início do ano, sem Orçamento”, afirmou o senador Esperidião Amin.

Todo o cuidado é pouco/ Recuperado da covid-19, o senador Eduardo Braga ligou para a senadora Kátia Abreu, diagnosticada nesta semana: “Senadora, cuide-se. É uma doença traiçoeira”, alertou.

“Rodrigo Maia e Arthur Lira ficam de mal, e o Brasil paga por isso. Parece que não existe um Brasil fora da Câmara dos Deputados. Falta grandeza de parte a parte para buscar soluções políticas”
Do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), referindo-se à disputa entre o presidente da Câmara e o líder do Centrão e à falta de debate para solução dos problemas econômicos, tais como teto de gastos e auxílio emergencial

Desoneração da folha pode parar na Justiça

O pulo de Paulo Guedes
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Coluna Brasília-DF

Ao dizer que o imposto sobre transações eletrônicas não existe e, ao mesmo tempo, afirmar que não apoiará a desoneração da folha de pagamentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deixou nos congressistas a sensação de que recorrerá à Justiça, caso o Congresso derrube o veto do presidente Jair Bolsonaro.

“Está muito claro que ele é a favor da desoneração da folha, é da Escola de Chicago, mas se não conseguir receita compensatória, vai reclamar e o caminho para isso é a Justiça. Ficou a dica”, relata o senador Esperidião Amin (PP-SC) à coluna.

Cientes de que essa briga será longa, os líderes do governo tentarão evitar que a sessão do Congresso, da próxima quarta-feira, alcance o quórum para a derrubada do veto. Até aqui, tem muita gente no Poder Executivo dizendo que é melhor evitar esse confronto agora. Falta convencer os congressistas, que prometeram derrubar o veto e sabem que não há acordo para substituição de impostos, nem tampouco para novos tributos.

O esforço das Forças

As Forças Armadas estão dedicadas a separar as estações, o seu papel de Estado e o lado político do governo, do qual quer manter distância regulamentar. Quanto mais separados, melhor. Assim, se o país enfrentar dificuldades de ordem política ou econômica, ninguém poderá apontar o dedo para os militares de um modo geral.

O esforço do governo

Desde o artigo do ex-porta-voz da Presidência general Otávio Rego Barros, publicado no Correio, na última terça-feira, o governo deflagrou movimentos para mostrar que, até aqui, as Forças Armadas tiveram um bom tratamento do governo do capitão: ganharam orçamento, melhoria salarial e uma previdência mais palatável.

Blinda aí

Com a exoneração do filho do Pastor Everaldo do governo do Rio de Janeiro, o governador em exercício, Cláudio Castro, espera tirar seu gabinete da linha de tiro em que o PSC entrou, com a prisão do religioso. Aliás, o governador fará tudo o que estiver ao alcance para ficar distante das confusões de Wilson Witzel e do escândalo que levou Everaldo à prisão.

Enquanto isso, no Ceará…

A notícia da conversa entre Lula e Ciro Gomes foi vista pelos petistas como uma forma de o ex-governador neutralizar a gravação que o ex-presidente fez para a campanha de Luiziane Lins à Prefeitura de Fortaleza.

Mais à frente, suspeitam os petistas, Ciro voltará ao “modo ataque” em relação ao Partido dos Trabalhadores. Eles não se esquecem de que, em 2018, Cid Gomes gritava para os partidários do ex-presidente “Lula está preso, seu babaca”.

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Exército responde I/ A propósito da nota “quem cala…”, que mencionava a falta de posicionamento público do comandante do Exército, Edson Pujol, o Centro de Comunicação Social da Força mandou a seguinte nota: “O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o comandante Pujol não ofereceu qualquer posicionamento a interlocutores em relação ao artigo do ex-porta-voz da Presidência general Otávio do Rego Barros”.

Exército responde II/ A manifestação do Exército segue dizendo que “é oportuno reiterar a postura institucional do Comandante do Exército em manter-se focado exclusivamente nos temas inerentes à Força Terrestre. Nesse sentido, a opinião do ex-Porta-Voz da Presidência da República é de sua única responsabilidade na condição de militar da reserva. O Comando do Exército repudia veementemente esse tipo de ilação, que de modo algum colabora para o aperfeiçoamento das instituições democráticas”.

Pior dos mundos/ A brincadeira de Bolsonaro, chamando os maranhenses de “boiola”, por causa da cor rosa do guaraná Jesus, deixou mal os candidatos ligados ao governo. Numa região considerada machista, quem não achou a piada do presidente homofóbica está com receio de ter problemas para explicar que ele não quis ofender os políticos nem os eleitores.

Por falar em Bolsonaro…/ O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) conversava dia desses com um amigo, quando, de repente, sai-se com esta: “Não dá para conversar aqui. Tem gente olhando!” Como se tratava de uma varanda, com uma mata próxima, o amigo não entendeu. Flávio, então, rindo, apontou para as árvores: um tucano acompanha tudo.

Guedes tenta privatizar Saúde após não conseguir entregar em áreas prometidas

Paulo Guedes privatização saúde
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A inclusão da atenção básica de saúde no programa de Parceria Público Privada de investimentos (PPI) foi vista como mais uma derrota para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que ainda se recupera da covid-19.

Porém, não será tão simples levar adiante a ideia de conceder essa parte primordial do atendimento à população, expressa em lei, à iniciativa privada e sem a obrigatoriedade de ouvir o setor.

Seja no Tribunal de Contas da União (TCU), seja nos partidos de oposição, a ideia é obrigar o governo a promover os estudos em parceria com a área da saúde.

Em tempo: a desconfiança de muitos aliados do próprio governo na área da saúde é a de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao não conseguir entregar o leque de privatizações e concessões que prometeu em setores como o de energia, volta-se agora para a saúde, onde acredita será mais fácil buscar essa parceria com congressistas, por causa da bancada ligada aos hospitais privados.

Falta combinar, entretanto, com a parcela que defende o serviço público dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), em especial a atenção básica, que tem hoje uma bancada tão expressiva quanto a da iniciativa privada.

Fumaça & fogo

As últimas 24 horas serviram para que o Centrão tentasse balançar o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Embora não tenha reforma ministerial fechada, o bloco adoraria um cargo de primeiro escalão ainda este ano, antes da eleição para presidente da Câmara. Logo, dezembro promete muita animação nesta seara.

Antes de janeiro, tem a CMO

A Comissão Mista de Orçamento é, hoje, o principal nó entre os partidos na Câmara, e a tensão não caiu um milímetro desde o final de setembro. Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, é acusado de quebrar o acordo para que Elmar Nascimento (DEM-BA) comandasse o colegiado. Lira, por sua vez, tem dito que quem quebrou o acordo foi Elmar, ao se colocar como um dos nomes que pode concorrer à Presidência da Câmara.

Eleição curtíssima

Quem acompanha com lupa o interesse do eleitor pela escolha dos prefeitos tem um veredicto: as campanhas estão condenadas a só chamar a atenção dos brasileiros, de modo geral, depois do feriadão. Até aqui, a maioria dos eleitores está mais preocupada com a própria sobrevivência.

Tensão longa

O mercado começa a ficar indócil com a falta de respostas do governo para a situação econômica, e também ficou cabreiro com o decreto que listou cenários para o futuro, editado esta semana. Falta muito pouco para que parte dessa turma desista de Paulo Guedes.

O balão caiu, mas…/ A ideia de nova Constituição levantada pelo líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), foi tão bombardeada que o governo não vai levar isso adiante. Falta combinar agora com os congressistas a aprovação das reformas. Afinal, sem elas, o tema que gerou tanta confusão voltará à baila.

Questão de escala/ A confusão entre os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, jogou para segundo plano as divergências entre Paulo Guedes e ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. No Planalto, há quem diga que, se for para ter desavença, melhor que o vírus da discórdia fique onde está.

No Twitter, só o chefe/ A reunião ministerial desta semana serviu para deixar algo claro para todos os ministros: quem pode fazer críticas à equipe nas redes sociais é o presidente Jair Bolsonaro. Os demais não terão vez.

Suprapartidário/ O ex-ministro Aldo Rebelo continua sem partido e em plena atividade eleitoral. Ele apoia Márcio França (PSB), em São Paulo, mas, no interior, tem amigos candidatos pelo PP, PSDB e por aí vai. “Estou com os meus amigos”, esclarece.

Rodrigo Maia vira o porta-voz de Paulo Guedes

Paulo Guedes e Rodrigo Maia
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A fala do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em defesa da não prorrogação do estado de calamidade, a fim de não comprometer ainda mais as contas públicas, vai exatamente no sentido do que pensa a equipe econômica do governo.

A turma de Paulo Guedes sabe muito bem que vem por aí uma disputa entre as áreas política e econômica. A primeira, de olho na popularidade, quer manter o auxílio emergencial de R$ 300, sem cortar programas. A segunda tem certeza de que não dá para fazer esse omelete sem quebrar os ovos.

De todas as disputas que o Congresso terá até o fim do ano, essa é a de maior importância. E a defesa de Maia da não prorrogação significa que as pazes entre ele e Guedes foram para valer. Falta combinar com o Centrão.

Um cargo para dois

Os partidos fazem as contas e acreditam que, se o governo do presidente Jair Bolsonaro acolher o MDB no ministério, talvez seja possível um acordo entre o PP e o partido capitaneado por Baleia Rossi.

Custo & benefício

Só tem um probleminha: se Bolsonaro partir para esse campo, estará perdendo o trunfo de ter montado seu primeiro escalão sem se render aos partidos.

Colado em Lula/ O PT de São Paulo fez subir a hashtag #LulatemTatto. A estratégia é tirar de cena as pressões dos cariocas do partido para que Jilmar Tatto desista em favor de Guilherme Boulos em troca do apoio do PSol no Rio de Janeiro.

Pensando bem…/ A liderança de Eduardo Paes nas pesquisas para prefeito do Rio de Janeiro levou muitos políticos da cidade a se recordarem da frase do ex-senador Heráclito Fortes, do Piauí: “Em política, o fundo do poço tem mola”.