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Coluna Brasília-DF
O clima entre o presidente Jair Bolsonaro e os militares ficou ruim por causa das críticas públicas do presidente da República ao ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. A situação já não estava das melhores desde a exoneração do porta-voz, general Rego Barros.
Agora, chegou a ponto de outro general, Hamilton Mourão, vice-presidente da República, recomendar inclusive ao presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que mantivesse a reunião com o governador de São Paulo, João Doria, visto por Bolsonaro como maior adversário político do governo.
O constrangimento ao qual Pazuello terminou exposto foi considerado desnecessário. Os militares já se acostumaram aos rompantes de Bolsonaro. A relação tem, na avaliação de alguns, mais altos do que baixos, mas colocar briga política na produção de vacina não dá. Bolsonaro não pode desautorizar ministro diante de qualquer irracionalidade de seus apoiadores nas redes sociais.
Holofotes na Anvisa
O receio dos governadores agora é que, diante da recusa de Bolsonaro em assinar o protocolo com o Instituto Butantan para a aquisição da CoronaVac, o governo federal acabe atrasando o registro dessa vacina por razões políticas.
Daí, a corrida ao Supremo Tribunal Federal (STF). Afinal, não foi apenas a manifestação nas redes sociais que levaram Bolsonaro a agir. Tem, ainda, a proximidade com o governo dos Estados Unidos e a vontade do presidente de não dividir qualquer palanque com Doria.
CURTIDAS
Fiel da balança, mas nem tanto/ Depois da sabatina, é essa a função que os senadores atribuem ao novo ministro do STF, Kassio Nunes Marques, mas não como Celso de Mello. Na Segunda Turma, a aposta é a de que Kassio se juntará aos “garantistas” Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
Estranho no colegiado/ Apontado como um dos padrinhos para a indicação de Kassio ao STF, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que já vem sendo chamado de 05, dada a proximidade atual com Bolsonaro, foi o único a chegar sem máscara à sala da Comissão de Constituição e Justiça. Ao perceber, puxou logo o acessório do bolso.
STF/ O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, abrem, hoje, o seminário Cortes Supremas, Governança e Democracia, com apoio da Organização das Nações Unidas e da Universidade de Oxford. Durante dois dias, o STF ouvirá especialistas nacionais e internacionais, além de representantes da sociedade civil, em temas relativos à governança e novas tecnologias aplicadas ao Judiciário.
Enquanto isso, na Comissão Mista de Orçamento…/ O período de esforço concentrado vai chegando ao fim e nem sinal de acordo entre o DEM e o Centrão sobre quem vai presidir o colegiado. A tendência é deque esse nó sobre a Presidência da comissão mais importante do Congresso só seja desfeito depois do primeiro turno da eleição municipal –– ou seja, a partir de 16 de novembro.
Eleição de 2022 está por trás do veto de Bolsonaro à vacina chinesa
Nem sabatina, nem operações da Polícia Federal. O que pega fogo agora pela manhã na politica são as declarações do presidente Jair Bolsonaro, desautorizando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no acordo para compra da Sinovac, a vacina chinesa contra covid-19.
Há constrangimento no Ministério da Saúde e já tem algumas autoridades inclusive em consultas ao Congresso e à Justiça, uma vez que, se a vacina for eficaz e aprovada cientificamente, não há motivos para toda essa reação por parte do presidente da República.
O ministro Pazuello afirmou, nessa terça-feira (20/10), que a vacina do Instituto Butantã será a “vacina do Brasil”, numa tentativa de zerar a guerra ideológica envolvendo a vacina produzida inicialmente na China e dar segurança para que o país possa começar a vacinação já primeiro semestre do ano que vem.
O constrangimento no Ministério da Saúde, diante das declarações do presidente Jair Bolsonaro, que, em letras garrafais, respondeu a apoiadores no Facebook que a vacina chinesa não será comprada. O presidente falou a apoiadores, que lhe cobraram explicações sobre a compra da vacina chinesa. O presidente, então, partiu para cima do ministro, disse que a vacina era de João Dória e que a população brasileira não serviria de cobaia.
O receio agora entre os técnicos é que o presidente não permita que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) certifique a Sinovac. Bolsonaro considera que Dória quer usar a vacina como plataforma eleitoral para 2022 e, daí, dizem aliados do presidente, a reação ao acordo fechado por Pazuello.
O Brasil tem outras três vacinas em testes, a da AstraZeneca (Universidade de Oxford), a da Pfizer e a Jansen. O problema é que a está mais adiantada hoje no Brasil é a Sinovac, em parceria com o instituto Butantã.
Pesquisa XP: Bolsonaro recupera popularidade; Sergio Moro cai, mas ainda está à frente
A pesquisa da XP Investimentos de setembro indica que a estratégia do presidente Jair Bolsonaro, de criticar o isolamento social lá atrás, deu certo. Ele se diferenciou dos governadores, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, depois da popularidade presidencial ter despencado em maio, agora, com as pessoas cansadas do isolamento, ele se recupera. Mas, em relação à pandemia, 49% consideram que ele tem uma atuação ruim e péssima.
Em maio, a pesquisa indicava 25% de ótimo bom para o governo. Hoje, essa avaliação está em 39%. O regular continuou estável, em 24%, e o ruim e péssimo caiu para 36%. Em maio, oscilou entre 49% e 50%. De quebra, Sérgio Moro continua com uma nota maior do que a do presidente.
A expectativa para o restante do mandato também melhorou. Hoje, 40% acreditam que será ótimo e bom; e 35% acreditam que será ruim e péssimo. Regular, ficou em 22%. Em maio, as expectativas eram o inverso, 48% consideravam que seria ruim e péssimo e 27% ótimo e bom.
Governadores e Congresso
A avaliação dos governadores, que registrava índices de ótimo e bom na faixa dos 44% em maio, hoje está em 34%, sendo 27% de ruim e péssimo e 36% de regular. O melhor período de avaliação para os governadores foi no início de abril, quando o país erva no auge do isolamento social.
Os congressistas, por sua vez, também viveram dias melhores em abril. Lá, o ótimo e bom dos congressistas chegou a 21%, a melhor desde 2018. Hoje, está em 13%. A avaliação ruim e péssimo chegou a 32% em abril e hoje está em 38%. Já o regular subiu de 42% para 44%.
Economia
A amostragem indica que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vive seus melhores dias: 48% dos entrevistados consideram que a economia está no caminho errado e 38% no caminho certo. Em dezembro do ano passado, 47% viam o caminho da economia como o correto e 42% consideravam o caminho errado. Daqueles que estão empregados, 52% se mostram confiantes na perspectiva de manter o emprego, enquanto 39% considera essa chance pequena.
Quanto à confiança de volta da renda ao patamar anterior à pandemia, as dúvidas persistem. A amostragem indica que 49% consideram que voltará ao normal e 44% acham que não. Quanto à manutenção do auxílio emergencial até o final do ano, mas com um valor de R$ 300, 47% consideraram ótima e boa e 20% classificaram como ruim e péssima.
Pandemia
A percepção da pandemia de covid-19 também vem mudando. Em fevereiro, 49% não estavam com medo do vírus. Hoje, são apenas 29%. O medo, entretanto, tem duas variações. 40% estão com um pouco de medo. Em fevereiro eram 29%; enquanto 30% estão com muito medo e, em fevereiro, eram 21%. Esses números já foram maiores. Em abril, por exemplo, 48% estavam com muito medo do vírus. Hoje, 60% acreditam que o pior passou e apenas 32% consideram que o pior ainda está por vir.
Quanto à atuação do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia, 49% consideram ruim e péssima, 19% regular e 28% ótima e boa. Essa percepção, porém já foi pior. Em maio, 58% achavam a atuação do presidente ruim ou péssima e 21% ótima e boa e 19% regular.
Moro versus Bolsonaro
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro obteve este mês sua pior avaliação na série de pesquisa XP, sinal de que a desconstrução patrocinada pelo bolsonarismo teve efeito. Ele recebeu nota 5,7. No mês passado, era 6,5. O presidente Jair Bolsonaro, que no mês passado registrou 4,7; este mês aparece com 5,1. o ex-presidente Lula, que no mês passado, tinha 4,3, hoje tem 4,5, ou seja, abaixo do presidente Bolsonaro.
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, está no mesmo patamar de Paulo Guedes, 5,5 — também acima de Jair Bolsonaro. Moro, ainda é, dos adversários do presidente, quem tem a nota mais alta.
Pós-covid, Bolsonaro retorna com o velho discurso de culpar os outros pelas crises
A contar pela primeira declaração depois do período de confinamento por causa da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro vai atirar o discurso de jogar para os governadores toda a crise econômica que vão no rastro do novo coronavírus. Ao dizer a seus apoiadores que precisava voltar ao trabalho, o presidente afirmou que “tem muitos problemas para resolver, que outros fizeram para botar no meu colo. Acabaram com o emprego no Brasil, tem que trabalhar para recuperar isso aí”
A declaração foi vista como o retorno do presidente à velha estratégia política, de culpar os governadores e prefeitos pelas mazelas decorrentes da pandemia. Assim, ele tenta tirar de cena a situação de risco de colapso ao sistema de saúde, situação que levou os governadores a adotarem o distanciamento social, seguindo a orientação dos infectologistas para preservar a vida das pessoas.
A aposta de muitos políticos é a de que a volta de Bolsonaro ao trabalho virá junto com o retorno da tensão entre os entes federados e a União, o que respingará no Congresso. Ciente disso, o próprio presidente tratou de manter os seus apoiarem fiéis mais próximos e fez um gesto a eles, visitando a deputada Bia Kicis no último sábado. Só tem um probleminha: Se sair do estilo paz e amor, o presidente não terá apoio para levar adiante as reformas do jeito que deseja. Aí, sim, terá um problema no seu colo.
Mourão minimiza pandemia e diz que brasileiro “não tem medo” da covid-19
Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
Ao afirmar que o brasileiro médio “não tem medo” da pandemia de covid-19, o vice-presidente Hamilton Mourão caiu na tentação de teorizar sobre o chamado “povo”. É mal frequente nos gabinetes de Brasília lançar interpretações vagas sobre a realidade nacional, sem o respaldo de estatísticas nem de dados reconhecidos. No contexto da pandemia, trata-se de uma temeridade. Ainda está recente na memória a declaração do presidente Bolsonaro sobre a nossa inata resistência imunológica ao novo coronavírus.
“O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali, sai, mergulha, tá certo? E não acontece nada com ele”, disse em março, em uma das inúmeras ocasiões em que minimizou a doença que já matou mais de 73 mil compatriotas. Ontem, em um raciocínio arriscado, Mourão sustentou que o brasileiro não teria receio da covid porque já se habituou a outras calamidades nacionais, como a violência, a pobreza, o transporte público.
Nesse sentido, a covid seria apenas outra desgraça do dia a dia, um novo normal dessa tragédia. Não há como evoluir nessa argumentação. Ontem Bolsonaro reafirmou que a “desinformação foi largamente utilizada” no enfrentamento do coronavírus e que “os números da verdade perseguirão para sempre aqueles que pensaram mais em si do que na vida do próximo”. Segundo os dados oficiais do ministério da Saúde, 733 brasileiros morreram nas últimas 24 horas por covid-19. Com medo ou sem medo.
Sem provas
Abraham Weintraub, antes de sair às pressas para os Estados Unidos, também era conhecido por generalizações e teorias não comprovadas sobre a sociedade brasileira. No final do ano passado, o ex-ministro foi convocado na Câmara para explicar a existência de “plantações extensivas de maconha” nas universidades. Não apresentou prova das acusações.
Azul e rosa
Também ficou conhecida a generalização da ministra Damares Alves de que “menino veste azul, e menina veste rosa”. Em seguida ela tentou se emendar: “Fiz uma metáfora contra a ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores.”
Na mira
Abatido em combate pelo chefe durante a batalha contra a covid-19, o ex-ministro Mandetta se juntou às fileiras com Gilmar Mendes e criticou a presença ostensiva de militares na pasta que comandou. Segundo ele, Pazuello e seu batalhão são especialistas em “balística”, e não em “logística”. Mandetta criticou, ainda, a postura do Planalto à época. “O Presidente da República nunca deixou de saber quais eram os cenários reais (da pandemia). Não foi por desconhecimento. Foi por opção de não seguir orientações do Ministério da Saúde.”
Voto na ciência – O Tribunal Superior Eleitoral terá consultoria da fundação Fiocruz e dos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein para adotar a melhor prevenção durante as eleições municipais de novembro. Um protocolo de segurança deverá ser seguido por eleitores, mesários e colaboradores da Justiça Eleitoral em todas as seções eleitorais. O presidente do TSE, ministro Luís Barroso (foto), agradeceu a ajuda “patriótica” das instituições de saúde, sem custos aos cofres públicos.
ECA, 30 anos – O Estatuto da Criança e do Adolescente completou 30 anos ontem. A lei que busca proteger os direitos da infância foi tema de reflexão no Senado. Fernando Collor (Pros-AL), presidente da República quando a lei foi promulgada, disse que a proteção da infância e da adolescência passa necessariamente pela educação e pelo cumprimento dos princípios defendidos pela lei. “É mais escola, e não mais prisão”, defendeu. E completou: “A solução para o problema não é simples, não é barata, não é rápida e não é mágica, mas está aí, aos olhos da sociedade”.
Desafios – O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ressaltou os desafios que se impõem ao ECA. “Apesar de ser um marco na luta pela proteção da infância e da adolescência, ainda precisamos avançar muito para reduzir as desigualdades para que o estatuto alcance toda a parcela que representa”, observou. “É uma comemoração incompleta, infelizmente”, lamentou.
Do barulho – O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu o deputado federal Guilherme Mussi (PP-SP) de promover festas em sua residência na capital paulista. O desembargador Felipe Ferreira julgou procedente a ação movida por uma vizinha do parlamentar, inconformada com as baladas com som alto e aglomeração. Um dos agitos ocorreu em 23 de maio, durante um feriado decretado pelo governo estadual para forçar o isolamento social.
Aumento da covid-19 no DF preocupa Senado e Ibaneis, mas vira alívio para Flávio Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
Com poucas UTIs disponíveis no Distrito Federal em hospitais frequentados por senadores e o aumento de casos da covid-19, a cúpula do Congresso começa a cogitar a hipótese de só retomar as sessões presidenciais em agosto. A data inicial era 15 de julho, porém, com o crescimento no número de casos da doença, a administração da Casa está com receio de retornar com os trabalhos no plenário e nas comissões.
O problema é, de repente, um senador correr o risco de precisar de UTI e não encontrar um leito disponível. Na seara política, quem conversou com o governador Ibaneis Rocha, sempre atento aos números, disse que ele também está preocupado e não descarta voltar com medidas de maior restrição de circulação.
Flávio Bolsonaro
De acordo com o cronograma em debate no Congresso, o Conselho de Ética do Senado só deve voltar a funcionar quando a Casa retomar as sessões presenciais. Significa que o senador Flávio Bolsonaro ainda terá até agosto — o mês da “bruxa solta” na política — para administrar a crise deflagrada com a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz na casa do advogado Frederick Wassef, que atende ao filho 01 de Jair Bolsonaro.
Onde mora o perigo
O receio de experientes juristas em relação ao futuro do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é de que as investigações apresentem algo que caracterize obstrução de Justiça. É o único ponto que pode resultar em abertura de processo no Conselho de Ética, porque estaria diretamente relacionado ao período do mandato atual do parlamentar.
Inclua-o fora dessa, “talkey”?
Até aqui, o senador Flávio Bolsonaro não tirou o pai do olho do furacão do caso Queiroz. Ao contrário. O tempo todo tem dito que tudo é feito por perseguição política para atingir o presidente Jair Bolsonaro. O desconforto do governo com essa situação é grande. O momento é de proteger o presidente da República.
Contradições expostas
A oposição vai explorar: se não há nada de errado com a movimentação financeira de Fabrício Queiroz, e foi tudo mesmo decorrente de compra e venda de carros, não haveria motivos para a fuga da mulher dele.
Peça-chave
A presença da cúpula jurídica do governo numa reunião presencial com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em São Paulo, foi para criar uma outra ponte com aquele que pediu vista no processo que tramita no Tribunal Superior Eleitoral contra a chapa Bolsonaro/Mourão. Conforme alertou a coluna há alguns dias, Moraes é, hoje, o elo entre o processo das fake news e a ação no TSE.
Se quiser, multa/ Todas as imagens do advogado Frederick Wassef na posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, mostram que ele estava sem máscara num evento público. A ausência da proteção no DF está sujeita a multa de R$ 2 mil.
Por falar em Wassef…/ Nas rodas de Brasília, mudou o slogan. O tal “onde está Queiroz” agora é “onde está Wassef?” O advogado não deu qualquer declaração nas primeiras 24 horas
pós-prisão do ex-assessor.
Afastamento/ O presidente Jair Bolsonaro decidiu seguir o conselho de amigos e manter distância de Wassef. Isso significa, inclusive, buscar um novo advogado para Flávio. A avaliação é de que o defensor não conseguiu buscar provas capazes de levar a Polícia Federal a uma linha forte de investigação sobre a hipótese de que Adélio Bispo não agiu sozinho quando esfaqueou o presidente. E, agora, com a prisão de Fabrício Queiroz numa casa de Wassef, a relação se tornou insustentável.
Fato positivo e animador/ O Sistema de Saúde Hapvida comemora, com razão, a cura de quase 8 mil pacientes vítimas da covid-19, internados em várias de suas unidades, em todo o país, e que, agora, já estão em casa, em franca recuperação. De fato, há motivos para festejar. O sistema atende, em sua maioria, pessoas que vivem nas regiões Norte e Nordeste, locais mais afetados por esse vírus devastador.
Bolsonaro recua em medidas para não perder eleitorado ainda fechado com ele
Coluna Brasília-DF
Diante das críticas que começou a receber dos próprios aliados, e da queda de popularidade, o governo pisou no freio a fim de tentar retomar o ativo que mantém 30% do eleitorado fechado com o presidente Jair Bolsonaro: confiança. É quase um consenso na classe política, inclusive entre os fiéis escudeiros do governo, que o presidente não conseguiu acertar o passo na pandemia até este momento, e que isso tem corroído apoios entre a população.
Nas últimas 48 horas, foram três recuos. Primeiro, a divulgação dos números totais de casos da covid-19 registrados e de mortos –– algo que o governo informou nos bastidores, tão logo descobriu que o relator da ação sobre o tema, no Supremo Tribunal Federal, seria o ministro Alexandre Moraes. Depois, veio o retorno de R$ 83 milhões ao Bolsa Família. Por último, a reunião ministerial com transmissão direta pelo canal do YouTube da TV Brasil –– formato que Bolsonaro tinha dito que não faria mais, desde que o vídeo do encontro de 22 de abril foi aberto e o governo, mais uma vez, ficou na defensiva.
Até aqui, essas três iniciativas ajudaram a distensionar o ambiente político. A intenção é tentar reforçar o volume em favor do presidente para dar discurso a seus apoiadores nas redes e nas ruas. Aliados torcem para que a distensão “seja infinita enquanto dure”.
Pior impossível
Foi por água abaixo a intenção do governo de liquidar, esta semana, o julgamento da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além do placar de 3 a 2 a favor de novas investigações, quem pediu vistas foi justamente o ministro Alexandre de Moraes, guardião das informações a respeito do inquérito das fake news, no STF.
Quem com ferro fere…
A criação do Renda Brasil, anunciado por Paulo Guedes como o carro-chefe dos programas sociais do governo no pós-pandemia, será com um banho de loja no Bolsa Família, criado por Lula, e o ponto que falta para dar a Bolsonaro um discurso de atenção aos mais pobres. A ideia é, até o final do ano, tirar do mapa o nome Bolsa Família, marca das administrações petistas.
… com ferro será ferido
O plano do governo, de incluir no Renda Brasil os 38 milhões de “invisíveis” descobertos com a criação do auxílio emergencial, nesses tempos de pandemia, é usar a mesma ferramenta que os petistas lançaram. Dar uma repaginada, juntar programas e, assim, tirar de cena o governo anterior. Na época de Fernando Henrique Cardoso, era Bolsa Escola, na Educação; Vale Nutrição, na Saúde; e Vale Gás, em Minas e Energia.
Barulho geral/ O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Sérgio Banhos precisou interromper por alguns minutos a leitura de um parecer, por causa dos fogos que adversários do presidente soltaram em frente ao TSE, por causa do julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão. Os demais ministros simplesmente não conseguiam ouvi-lo na videoconferência. “São 20 pessoas, mas parece um réveillon no Rio de Janeiro!”, comentou o presidente Luís Roberto Barroso.
Ali, parece que o pior já passou/ Pelo menos no universo digital, a pandemia causada pelo novo coronavírus perdeu força. Há uma desaceleração na produção de conteúdos nas redes sociais, nos sites de mídia e nas buscas do Google, conforme levantamento da consultoria Bytes.
Só tem um probleminha/ Com o número de casos e de mortes em alta, o desinteresse vem cedo demais.
Bier Fass/ Mais um efeito colateral da pandemia na história de Brasília. O restaurante Bier Fass, do Gilberto Salomão, no Lago Sul, fechou as portas. Segundo os tradicionais frequentadores, é o único imóvel do centro comercial que não estava alugado a terceiros.
A divulgação dos casos de infecção e de mortes pela covid-19 após as 22h fez soar o alerta de risco de esconder números para forçar uma volta mais rápida da atividade econômica. A avaliação de especialistas é de que junho ainda será um mês para lá de delicado em vários estados e que sumir com os números, ou divulgá-los depois do horário comercial, é uma forma de tentar tirar a pandemia da agenda dos brasileiros, o que pode resultar num quadro ainda mais grave do que aquele que o país atravessa neste momento.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta está preocupado: “Diferentemente de uma guerra militar, em que o segredo é uma arma, contra um vírus não há segredo. Camuflar números é uma tragédia. Tira do indivíduo a capacidade de se defender. Informação é fundamental, por isso, eu fazia questão das coletivas à tarde, para dar tempo de as pessoas analisarem os números, e deixar a população atenta”, diz ele, sem citar o nome do ministro interino, general Eduardo Pazuello. Hoje, Mandetta dará uma aula magna virtual, às 16h, no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
Quem tem juízo avisa…
Do jeito que estava montado o Pró-Brasil, o governo não terá meios de levar o programa adiante. É que, quando acabar a pandemia, e, com ela, o estado de calamidade, o país voltará a ter de aplicar todos os fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
… e alerta
Da mesma forma que o governo errou ao desconsiderar a gravidade da pandemia da covid-19 e considerar as medidas de isolamento social um “ataque” ao presidente Jair Bolsonaro, errará se resolver financiar tudo com dinheiro público mais adiante.
A avaliação de economistas próximos a Paulo Guedes é de que quebrar paradigmas de ajuste fiscal levará por terra todo o projeto econômico, do qual restam poucos pilares hoje, diante da tragédia da epidemia.
Cada um no seu papel
Ainda não há um consenso no Congresso sobre a montagem de uma estrutura para acompanhamento e divulgação do balanço diário de casos da covid-19 e número de mortos. Alguns especialistas em regimento do Senado consideram que a melhor saída, no momento, é chamar o governo para que explique os atrasos e manter a pressão para que os dados sejam
conhecidos mais cedo.
Eleição em compasso de espera
Com a nova denúncia da Procuradoria-Geral da República envolvendo o líder do PP, Arthur Lira (AL), a eleição para presidente da Câmara perderá um pouco de força nos bastidores. A intenção de aliados e adversários do deputado é dar tempo ao tempo. Afinal, a eleição é apenas em 2 de fevereiro. Até lá, há outros problemas na agenda e, ainda, o pleito municipal.
Curtidas
Projetos na pandemia I/ Enquanto se recupera em casa da covid-19, o secretário-geral da Mesa Diretora do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, decidiu voltar a advogar. A lei permite, desde que não seja uma ação contra a União. Ele volta à Serur Advogados para se integrar à equipe responsável pela área de direito regulatório e administrativo.
Projetos na pandemia II/ Mesmo em casa, o secretário-geral continua na ativa e ajudando a planejar a volta aos trabalhos. A partir da semana que vem, quem for ao bunker do plenário virtual, por exemplo, responderá ao questionário de saúde mencionado, ontem, pela coluna.
Médico na hora/ Aqueles que frequentam a chamada “zona vermelha”, o comando do plenário virtual, e, porventura, apresentarem algum sintoma da covid-19 são, na mesma hora, direcionados a uma videoconsulta com o médico plantonista do Senado.
TRE em disputa/ A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal promove debate virtual entre os candidatos às duas vagas para juiz eleitoral, destinadas a juristas, no Tribunal Regional Eleitoral do DF. Vinte candidatos estão concorrendo. O evento será mediado pelo presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-DF, Rafael Carneiro, nesta segunda-feira, às 17h, com transmissão ao vivo pelo canal da seccional no YouTube.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra/ Na inauguração do hospital de campanha em Águas Lindas, nem uma palavra do presidente Jair Bolsonaro de solidariedade às famílias dos mais de 34 mil mortos pela covid-19, vítimas de um novo coronavírus que ainda não foi embora, é de rápida transmissão e pouco conhecido. Já passou da hora de quem segue o lema “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” encarar a realidade.
Coluna Brasília-DF
A demissão de Nelson Teich e a insistência do presidente Jair Bolsonaro no fim do isolamento deixaram toda a classe política com a sensação de que o capitão não baixará a guarda em relação à reabertura geral de todos os setores econômicos e manterá elevada a pressão sobre os governadores.
Mesmo que o país tenha aumento do número de casos e de mortes por causa da covid-19, ele seguirá nessa direção. O presidente mira no cansaço das pessoas com o isolamento social e nos movimentos que começam a ocorrer na Europa e nos Estados Unidos pela volta à normalidade em locais onde a reabertura segue a passos lentos para evitar sobrecarga no sistema de saúde.
A escolha de Bolsonaro é um caminho sem volta. Ele está convicto de que, quanto mais tempo houver desse distanciamento, mais as pessoas terão problemas econômicos e vão lhe dar razão. Daí, acredita ele, será possível recuperar até aqueles eleitores que se afastaram.
O cálculo de Bolsonaro, porém, não leva em conta que o novo coronavírus ainda está se espalhando sem que a população de muitos estados tenha a segurança, seja de um medicamento eficaz para todos os casos, seja de um sistema de saúde capaz de garantir o atendimento.
Vídeo, versão light
Com os aliados do presidente Jair Bolsonaro certos de que o ministro Celso de Mello tende a levantar o sigilo da reunião de 22 de abril para nivelar todas as pontas da investigação sobre tentativa de interferência na Polícia Federal, a ordem é agora agir para “contenção de danos”. A narrativa será no sentido de que falar palavrão não pode ser configurado crime e nem cobrar que a família esteja segura — no sentido de que todas as declarações seriam relacionadas à segurança pessoal e não à Polícia Federal.
Estrada esburacada e sem sinalização
Esse é o cenário para a política até as eleições presidenciais de 2022. E, nesse cardápio, a maioria dos partidos não inclui o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Apesar das incertezas, muitos colocam a vontade de não tratar de impeachment.
Mandetta compara Bolsonaro a Dilma e Lula
Na entrevista ao CB.Poder, o ex-ministro da Saúde e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta aproveitou para demarcar o terreno na arena do futuro: “Veremos agora uma tratativa do executivo que era como assisti ao PT fazer no final do (governo) Lula 2, Dima 1 e Dilma 2. A gente volta com aquela metodologia. Alguns vão manter a independência, como é o caso do Democratas”.
Te cuida, capitão/ Em conversas políticas recentes, o presidente Jair Bolsonaro foi alertado de que será a próxima vítima do Centrão, que hoje recebe no Planalto e no governo. Ele sabe. Porém, não dá para dispensar base política nesse cenário de crise.
Ele, não, outros atores/ Da mesma forma que houve a campanha “ele, não” da esquerda contra o então candidato Jair Bolsonaro, há setores dos partidos de centro entoando o mesmo bordão em relação ao governador de São Paulo, João Doria.
Incubadora de pré-candidatos/ Hoje, os partidos que poderiam apoiar o governador paulista olham mais para aqueles que Bolsonaro tirou do seu rol de apoios, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o da Justiça SErgio Moro.
A velha e boa W3/ Diante da dificuldade em reabrir os shoppings, empresários locais planejam sugerir ao governador Ibaneis Rocha que apresse e incentive a revitalização da Avenida W3 (Sul e Norte). A avenida foi o primeiro local de comércio da capital da República e é vista por muitos como um local simbólico para o recomeço pós-pandemia.
Teich desabafa: Está difícil conciliar os desejos de Bolsonaro com a realidade
Coluna Brasília-DF
O ministro da Saúde, Nelson Teich, desabafou com alguns amigos que está difícil conciliar os desejos do presidente Jair Bolsonaro — de uso da cloroquina e flexibilização do isolamento — com o que é possível fazer dentro dos recursos disponíveis no país e o que preconiza a ciência. Há quem diga que essa situação é a segunda temporada do seriado “Saúde na corda bamba”.