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Bolsonaro espera que Aras tenha atuação mais voltada para os interesses do governo
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
Apesar de afirmar que o procurador-geral da República não é governo, o presidente Jair Bolsonaro acredita que Augusto Aras será ministro da Esplanada. O capitão reformado foi cirúrgico nas palavras, num discurso poucas vezes tão estratégico, ontem, no Planalto.
Por mais que tenha se preocupado em afastar a proximidade com Aras, Bolsonaro espera que o procurador tenha uma atuação mais voltada para os interesses do governo, principalmente na área ambiental — a mesma expectativa é compartilhada por ministros mais voltados para pendengas jurídicas, como embargos de obras em áreas. O problema para Bolsonaro e a vantagem de Aras é que o procurador é indemissível. Ou, pelo menos, a saída dele tem de ter a aprovação do Senado.
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O artigo 128, II, §2º da Constituição deixa claro que a destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado. Resta a Bolsonaro, agora, torcer para que Aras cumpra o que prometeu. Mas há uma questão importante: como as promessas não foram em público, ninguém sabe quais são, e também não adianta Bolsonaro reclamar.
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A expectativa de integrantes do Ministério Público é de que Aras mantenha o poder da força-tarefa da Lava-Jato. Uma das principais indícios foi a indicação do procurador José Adonis Callou de Araújo Sá para coordenar a operação na Procuradoria-Geral da República. Assim, as dúvidas estão relacionadas às áreas de meio ambiente, minorias e direitos humanos.
A mancha I
As autoridades ambientais de Brasília parecem finalmente terem despertado para as manchas de óleo que atingem 105 praias do Nordeste brasileiro. A coluna entrevistou especialistas no ambiente marinho que está sendo impactado. Ontem, o volume de óleo chegou a Sergipe em extensões quilométricas , iniciadas no Maranhão, passando por cartões-postais como Carneiro (PE), Pipa (RN) e João Pessoa (PB).
A mancha II
As primeiras análises mostram um óleo cru, não refinado, o que descarta, no primeiro momento, vazamentos vindos de refinarias brasileiras, mas o DNA de mostras aponta para petróleo. É possível saber que o material não veio da lavagem de taques de navios, dado o volume de piche encontrado nas praias. Uma das poucas ações das autoridades, até agora, têm sido orientar as comunidades atingidas a informarem animais “oleados” pelas manchas. Fotos mostram tartarugas, aves e peixes com manchas de óleo, em várias praias do país. Uma das equipes de investigação é do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.
Berço petista I/O Partido dos Trabalhadores iniciou um movimento consistente em busca das prefeituras no ABC paulista. Na campanha de 2016, os dois únicos candidatos petistas na região perderam a disputa pela reeleição, deixando o partido sem nenhum representante nas cidades consideradas berço do lulismo.
Berço petista II/A derrocada petista na região foi o primeiro sinal efetivo da fragilidade do discurso dos representantes nacionais do partido para se contrapor às denúncias de corrupção e à volta dos altos índices de desemprego. Os desgastes, localizados em 2016, acabaram refletidos
na vitória de Jair Bolsonaro.
Berço petista III/A campanha de 2016 quebrou uma hegemonia petista que se repetia desde 1982. Os eleitores das principais cidades que formam a região — Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema — escolheram adversários tradicionais do PT à época, quando o bolsonarismo ainda estava longe de ser um fenômeno.
Berço petista IV/Analistas mais atentos aos movimentos na região avaliam que as chances de eventual retorno de eleitores tradicionais ao PT estarão associadas à continuada crise econômica e à frustração sobre a retomada do emprego.
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
Parte dos diplomatas até tentou suavizar o discurso de Jair Bolsonaro, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), mas o presidente preferiu falar para os eleitores convertidos, que representam um percentual de votos hoje suficientes para levá-lo a um segundo turno.
A cabeça do capitão reformado funciona de maneira simples desde a campanha, por mais constrangimentos que possa causar à imagem internacional do Brasil — na prática ele não está preocupado com tal coisa, principalmente com a informação manjada de que Donald Trump emendaria outro discurso agressivo na sequência.
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A expectativa do corpo diplomático, menos voltado para a política eleitoral e mais preocupado com a imagem do país, era de que Bolsonaro fizesse um discurso contundente, mas sem agressividades. O curioso é que o presidente usou tais adjetivos para qualificar a própria intervenção depois de deixar o prédio da ONU.
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Mas não foi o que aconteceu. Bolsonaro, mais uma vez, embaralhou opinião com fatos, chegando mesmo a dar falsas informações sobre a qualificação dos médicos cubanos, por exemplo.
Roteiro I
Do roteiro original preparado pelo corpo diplomático, seguiu a defesa da soberania da Amazônia e atribuiu as queimadas a uma questão sazonal, por causa da seca em alguns estados brasileiros, como antecipou este Correio.
Bolsonaro também condenou o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela; reforçou o alinhamento com o norte-americano Trump; e exaltou a relação com Israel. Mas cruzou a linha da contundência, como temia o pessoal mais técnico do Itamaraty.
Roteiro II
O texto final foi fechado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Felipe Martins. Bolsonaro não apenas fez referências a um socialismo inexistente nos últimos tempos na história brasileira, como não deixou de fazer referências religiosas. Pregou para convertidos, frustrando quem esperava um papel maior para o presidente. Será assim até a campanha oficial de 2020.
Vale lembrar
Como antecipou o Correio, ontem, Bolsonaro fez referências a países, mas não a mandatários, no caso de França e Alemanha. Eis o trecho: “O receio é que Bolsonaro avance sinais de maneira agressiva, criticando diretamente chefes de Estado — algo que deve ocorrer, talvez não nominalmente”.
CURTIDAS
Se não pode vencê-los… // A equipe econômica deve abrir mão de apresentar uma robusta reforma tributária e compor com as matérias em tramitação no Congresso, as Propostas de Emenda à Constituição (PEC) 45, da Câmara, e a 110, do Senado. Uma das poucas contribuições que o governo deve sugerir é a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), a unificação entre o PIS e o Cofins.
Junte-se a eles // O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, é o mais cotado para liderar as articulações da equipe econômica e costurar uma reforma única. Qualquer novidade, no entanto, ainda será alinhada com Bolsonaro, que retorna somente hoje a Brasília. O martelo precisa ser batido por ele, uma vez que a ideia é atribuir novas funções a Marinho, cujo cargo poderia ter até outro nome.
Foco nos empregos // O que o governo não abrirá mão é de discutir a desoneração da folha de pagamentos. Estão nas análises propostas como redução de valores pagos pelos empresários para o sustento do Sistema S, a tributação de fundos exclusivos e a reoneração de alguns setores para a discussão da desoneração aos maiores empregadores da indústria, do comércio e dos serviços.
Imprensa // A ACT Promoção da Saúde — com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Joio e o Trigo e a Campaign for Tobbaco-Free Kids — promoveu ontem, em São Paulo, uma oficina para repórteres com foco no comércio de cigarros. O Correio foi um dos participantes.
Colaborou Rodolfo Costa
Bolsonaro diz que foi “objetivo e contundente, sem ser agressivo” na ONU
Nova York — Numa rápida entrevista ao sair do hotel onde estava hospedado, antes de sair para o almoço, o presidente Jair Bolsonaro avaliou o próprio discurso na Assembleia-Geral da ONU como “objetivo, contundente, não agressivo e buscando restabelecer a verdade das questões que estamos sendo acusados no Brasil”. Nas entrelinhas, deixou claro ainda que a não-citação de Emmanuel Macron, da França, e Angela Merkel, da Alemanha, de forma proposital. “Não citei Macron e Merkel, citei a França e a Alemanha como países que têm mais de 50% do seu território usado na agricultura, no Brasil é apenas 8%, tá ok?”
O presidente confirmou que pretende ir, hoje à noite, ao coquetel do presidente Donald Trump aos chefes de Estado. E fez mistério sobre onde iria almoçar. Diante da insistência, brincou: “”ou comer num podrão aí fora”. O presidente ainda está sob dieta e não pode se dar ao luxo de comer em qualquer lugar ou qualquer tempero.
O presidente deve retornar daqui a pouco ao hotel para o encontro com o ex-prefeito de Nova York, Rudolf Giulianni, que pretende lhe entregar um presente. Depois, Bolsonaro sai para o coquetel de Trump às 19h, no hotel Lotte. De lá, seguirá direto para o aeroporto.
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
Depois de um início conturbado — com ataques aos parlamentares e à “velha política” —, o presidente Jair Bolsonaro parece ter, finalmente, se convencido de que a guerra aberta com o Congresso só prejudicava a ele mesmo. Assim, o capitão reformado recolheu as armas contra o Parlamento nos últimos dois meses, ao contrário do que ocorreu em relação a setores da sociedade civil e da imprensa.
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A mudança de tom coincide com a atuação mais efetiva do secretário de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos — que substituiu Carlos Alberto dos Santos Cruz e praticamente engoliu Onyx Lorenzoni. A atuação do ministro-militar com líderes partidários tem se mostrado eficiente, pelo menos é este o clima geral dos aliados no Congresso. Tais ações podem explicar um aumento no índice de governabilidade, verificado pela consultoria Prospectiva, que mostra a fidelidade dos parlamentares ao Palácio do Planalto.
Alta fidelidade
Em agosto, o índice de governabilidade chegou a quase 75% das votações. Os melhores resultados apareceram nas pautas econômicas, como liberdade econômica (MP nº 881/19, emenda aglutinativa n° 1); pagamento de peritos do INSS (PL nº 2999/2019); reforma da Previdência (PEC nº 6/2019, segundo turno); e repasse da União à Eletrobras.
Telefonemas
Por falar no general Ramos, ontem pela manhã, ele recebeu uma série de telefonemas estridentes de Bolsonaro sobre a operação da Polícia Federal. Na quarta ligação, o ministro interrompeu a agenda, deixou o gabinete no Planalto e foi se reunir pessoalmente com o presidente.
Curtidas
Decisão confirmada / O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou integralmente a decisão do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Antônio Souza Prudente, que mandou a Vale pagar um salário mínimo para cada indígena, independentemente de idade, das tribos Xikrim e Kaiapó. Os valores referem-se a danos causados aos ecossistemas sócio-ambientais.
Na pauta / O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse a parlamentares que vai pautar, na próxima semana, um projeto de lei que revoga a Lei Kandir. Representantes de cooperativas entraram em alerta e começaram uma peregrinação no Congresso com o argumento dos riscos para a balança comercial, pois taxar a exportação pode aumentar o preço de determinados produtos no mercado internacional e, com isso, levar à queda de produção.
Vingança / O pé de uma nota do grupo “Muda, Senado”, formado por 21 parlamentares independentes, mostra que a não recondução de dois integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (Lauro Machado Nogueira e Dermeval Farias) não pegou nada bem. “Eles foram aprovados por unanimidade na CCJ, sem qualquer tipo de questionamento. Isso aponta, para uma repetição do passado triste onde o Senado funcionava como instrumento de vingança de investigados”, diz a nota, lida por Alessandro Vieira, do Cidadania.
Vetos à Lei de Abuso de Autoridade estremecem relação entre Bolsonaro e Congresso
Coluna Brasília-DF
Os congressistas querem aproveitar a semana que vem para tentar — e tudo indica que vão conseguir — derrubar os vetos à Lei de Abuso de Autoridade. Cumprido esse script, dizem alguns políticos, ficará claro que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, não dispõem de uma maioria sólida na Casa para fazer cumprir a visão do governo sobre a proposta.
Essa leitura, feita pelos parlamentares, não prevalece no Planalto. Ali, a visão é a de que o presidente Jair Bolsonaro fez a sua parte ao acolher os vetos sugeridos pelo ministro. Quanto ao mérito da proposta — restrição ao uso de algemas, fim da condução coercitiva, e outros dispositivos vetados —, os parlamentares que respondam perante a população.
O vereador que responda
É assim que aliados do governo se referem às investigações sobre o vereador Carlos Bolsonaro e à suspeita de emprego de funcionários de fachada em seu gabinete. Carlos é maior de idade, não tem cargos no governo, nem poderá, garantem amigos de Jair Bolsonaro, envolver o pai nessa história.
Ceder aqui…
Antes de viajar aos países árabes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi ao Congresso e pediu encarecidamente aos deputados que pensem duas vezes antes de derrubar o decreto presidencial que ampliou a quota de importação de etanol de milho dos Estados Unidos sem tarifa. Conseguiu segurar a votação, pelo menos, por duas semanas.
… para ganhar ali
O discurso de Tereza é música nos ouvidos dos produtores. Os Estados Unidos têm acenado com aumento da importação de açúcar e ajudaram o Brasil no G-7, na questão ambiental. Para completar, a China se mostra interessada no etanol brasileiro.
A guerra de CPIs
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá que usar toda a sua diplomacia para evitar uma guerra entre CPIs da Vaza-Jato. Por causa dos diálogos divulgados pelo site The Intercept, a oposição protocolou um requerimento para apurar a conduta do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e dos procuradores. A ala aliada ao ex-juiz Moro quer outra para investigar o vazamento das conversas.
“Sabemos todos que regimes autocráticos, cidadãos corruptos e autoridades impregnadas de vocação tendente à desconstrução da ordem democrática temem o Ministério Público. Longe de se curvar aos desígnios do poder político, econômico ou corporativo, ou ainda religioso, o Ministério Público tem a percepção superior da preservação da ordem democrática, fora da qual não há salvação”
Do decano do STF, Celso de Mello, na última sessão com Raquel Dodge no papel de procuradora-geral da República
CURTIDAS
Ajuda aí, Davi/ Com o novo representante da missão brasileira nas Nações Unidas sabatinado na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o governo coloca como prioridade aprovar logo o nome de Ronaldo Costa Filho em plenário. A ideia é correr para ver se dá tempo de Costa Filho voar para Nova York antes de 24 deste mês, quando o presidente Jair Bolsonaro discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU.
A volta de Fraga/ Inocentado pelo Tribunal de Justiça do DF, o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) é considerado peça certa na equipe do presidente Jair Bolsonaro no ano que vem.
Tempo esgotado/ A Câmara correu para tentar aprovar algumas mudanças na lei eleitoral, mas os senadores não parecem tão interessados. Se nada for votado na semana que vem, a avaliação geral é a de que não haverá tempo hábil para aprovar mais nada.
Sig e Grossi/ A Câmara dos Deputados fará uma homenagem póstuma ao ex-deputado Sigmaringa Seixas e ao advogado José Gerardo Grossi em 1º de outubro, terça-feira. A sessão, pedida pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), está marcada para as 9h. Grossi faleceu em maio do ano passado e Sigmaringa Seixas, em dezembro. Ambos foram referência na luta pela redemocratização do Brasil.
Ações mais diretas e incisivas na economia preocupam Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro nem pestanejou com o resultado da pesquisa Datafolha que indicou queda na popularidade. Afinal, se a economia melhorar, a recuperação virá. O que tira o sono é a falta de ações mais diretas e incisivas na economia.
A pesquisa da XP Investimentos indica que 12% atribuem a atual situação econômica do país ao atual governo. É o percentual mais alto destes oito meses de gestão. Em maio, 5% atribuíam a crise à administração Bolsonaro, 14% à gestão Michel Temer, 20% à ex-presidente Dilma e 34%, ao ex-presidente Lula. Agora, 16% atribuem a Dilma, 30%, a Lula, 13%, a Michel Temer.
A aposta do governo é de que as pessoas, daqui para frente, tenderão a aumentar a cobrança de cumprimento das promessas de melhoria do cenário econômico. Aliados do Planalto acreditam que, se o PSL quiser ter sucesso eleitoral, terá de apresentar melhoras mais significativas que o 0,4% do PIB.
Quem parte e reparte…
Parlamentares apostam na mudança de eixo do “pires na mão” do Executivo para o Congresso. É que a liberação obrigatória para emendas de bancada fará com que deputados e senadores digam para onde vão os recursos.
… fica com a melhor parte
Assim, avisam alguns, estará dinamitada a ponte entre o presidente Jair Bolsonaro e os prefeitos.
E refeita a ligação direta desses administradores municipais com os congressistas.
Nem tanto
A turma do Congresso está comemorando cedo demais esse trunfo das emendas. Não falta muito para o governo começar a colocar no Congresso a culpa pelos cortes. Ontem, foram as bolsas de estudo. Outros bloqueios virão. E estará feito o jogo de empurra entre Legislativo e Executivo.
Por falar em cortes…
Tem muita gente dizendo que hoje é mais fácil o governo parar de pagar as contas do que não aprovar a reforma da Previdência.
Moro, o conformado/ Depois da conversa com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, jantou com um grupo de senadores, na semana passada, e demonstrou tranquilidade quando alguns lhe perguntaram sobre o corte de recursos: “O problema é que o país vive dificuldades, e todos os setores têm cortes. Faz parte”.
Por falar em cortes…/ Vem aí uma grande briga entre os Três Poderes por causa do Orçamento de 2020, nos moldes que ocorreu no Rio Grande do Sul. Lá, o governador Eduardo Leite propôs reajuste zero para todo mundo, por causa da falta de recursos. O Ministério Público e o Tribunal de Justiça não aceitaram.
Direto ao ponto/ Quem tentou pedir audiência ao senador Tasso Jereissati sobre a cobrança de contribuição previdenciária das filantrópicas com capacidade de pagamento, ouviu o seguinte: “Olha, eu te recebo, mas não vou mudar o parecer”.
Ato na Esplanada/ Servidores vão quebrar hoje a palavra “Previdência” em protesto contra a reforma, e entregar os cacos aos senadores. Mal a notícia circulou na internet, a turma do ministro da Economia, Paulo Guedes, ironizava, dizendo que a imagem tem tudo a ver com o que pensa parte da equipe — os supersalários estão quebrando a Previdência. É a tentativa de transformar a manifestação em limonada.
Coluna Brasília-DF
Os assessores palacianos, ministros e líderes do governo estão aliviados. É que as polêmicas declarações do presidente Jair Bolsonaro perderam o potencial explosivo junto ao mercado financeiro. Porém não dá para comemorar, porque derrete a olhos vistos o apoio desse segmento ao governo. Os expoentes do mercado querem saber é de “entrega”, ou seja, o que o governo fará para ter PIB, isto é, de onde virá a base para o crescimento econômico. Até aqui, eles não sabem.
A reforma da Previdência é mais um ajuste fiscal do governo que ajuda, mas não resolve. Enquanto o PIB não der sinais de melhora, o ânimo dos investidores não voltará. São as atitudes que preocupam, e não as palavras. Por exemplo, o mercado, de forma geral, considerou um erro estratégico incluir a indicação de Eduardo Bolsonaro a embaixador nos Estados Unidos no palco em que deve prevalecer a reforma previdenciária e a tributária. O porto governamental, avisam os políticos e os integrantes do mercado, não tem profundidade nem espaço suficiente para abrigar tantas embarcações pesadas.
Renan, o retorno I
No papel de ex-líder do MDB e ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) não está tão convencido a aprovar a reforma previdenciária sem modificações. “O Senado precisa exercer o seu papel e modificar o que precisará ser modificado”, diz ele, que tem dúvidas em relação às mudanças no regime geral.
Renan, o retorno II
Experiente na tramitação de projetos e propostas de emendas constitucionais, ele avisa que, com um texto apenas sobre a Previdência dos Estados, corre o risco de morrer na praia. “Tem que ter ali algum ponto relacionado à reforma em si, se não, não anda”. Em tempo: ele não vê na capitalização um tema com fôlego suficiente para fazer valer a tal PEC paralela.
E o Eduardo, hein?
Renan é primeiro suplente de seu partido na Comissão de Relações Exteriores do Senado e não está disposto a aprovar a indicação de Eduardo Bolsonaro, caso precise votar. Ou seja, se o líder do governo necessitar de algum voto do MDB para substituir Jarbas Vasconcelos, não o terá no suplente.
O nó é na CRE
Aliados de Eduardo Bolsonaro estão em busca de um parecer que possa se contrapor ao solicitado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania -SE) à consultoria da Casa, que qualificou a nomeação de “nepotismo”. O receio dos senadores aliados ao governo é de que os indecisos quanto ao voto usem esse parecer como justificativa para votar contra a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador em Washington.
Caminha para o empate
Quem fez as contas na ponta do lápis considera que Eduardo Bolsonaro corre o risco de ganhar por um voto — o do presidente da Comissão, senador Nelsinho Trad.
Entrou com pé esquerdo/ Alexandre Frota mal chegou ao PSDB e já tem gente querendo vê-lo fora do partido. O ex-presidente do diretório estadual paulista Pedro Tobias e o ex-deputado José Aníbal entraram com um pedido de impugnação da filiação. Frota, no dia em que anunciou seu ingresso no ninho tucano, avisou em entrevista que apoiaria Joice Hasselmann para prefeitura. O atual prefeito, Bruno Covas, é tucano e candidato à reeleição.
O visitante…/ O senador Fernando Collor esteve, dia desses, com o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que entrou na campanha Eduardo embaixador. Collor é um dos integrantes da Comissão de Relações Exteriores que ainda não revelou como votará em relação à indicação de Eduardo Bolsonaro.
…exigente/ Vale lembrar que, quando presidiu a Comissão de Infraestrutura, Collor fez questão de cobrar dos indicados a agências reguladoras currículo e conhecimento na área, uma espécie de prova de títulos. Ou seja, havia, na gestão dele, uma análise de admissibilidade para depois sabatinar os indicados a essas agências.
Bem mineiro/ O senador Antonio Anastasia, que quase seguiu a carreira diplomática, não revelou seu voto, mas os amigos consideram que ele dificilmente votará a favor de Eduardo Bolsonaro.
Lei do Abuso de Autoridade: Assessores devem sugerir vetos a Bolsonaro
Assessores do presidente Jair Bolsonaro estão decididos a sugerir vetos parciais à Lei do Abuso de Autoridade, mas de forma a não desfigurar a proposta. Afinal, prevalece no Planalto a certeza de que Bolsonaro não pode passar a ideia de que concorda em tolher o trabalho dos juízes e promotores. Tudo o que estiver nesse sentido será retirado. No governo, prevalece a visão de que não dá para prender juiz que faz o seu trabalho de botar corrupto na cadeia.
Na área mais política, há quem diga que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, pode receber a senha para deixar o governo, caso o presidente não siga suas sugestões para veto ao projeto. Afinal, Moro, quando juiz, esteve no Parlamento e teceu diversas críticas ao projeto aprovado agora na Câmara.
Tem que ver isso aí, talquei?
Esta semana, o presidente Jair Bolsonaro foi com tudo para cima do ministro da Economia, Paulo Guedes. São necessárias medidas urgentes para aquecer a economia. O presidente sabe que é nessa seara que mora o perigo. E o estoque de distração do governo está acabando.
A forma incomodou…
A Polícia Federal ficou para lá de chateada com o fato de o presidente Jair Bolsonaro, na prática, ter chamado o superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, de incompetente, ao dizer que o trocaria por “gestão e produtividade”. A PF tentou consertar o estrago divulgando uma nota para dizer que a substituição já estava decidida havia tempos.
… tal e qual a falta de recursos
Policiais dos mais diversos estados têm reclamado que a situação, hoje, está quase como foi num determinado período do governo Fernando Henrique Cardoso, em que não havia dinheiro para diárias e passagens para viagens em operações. Alguns estão sem verba até para abastecer os carros.
Tudo junto
Os senadores estão muito preocupados com o engarrafamento de reformas na Comissão de Constituição e Justiça. O receio é de que a reforma da Previdência termine em segundo plano, por causa das discussões da tributária e do pacto federativo.
Nada mudou/ A Subchefia de Assuntos Jurídicos continua na Casa Civil da Presidência da República. Quando o ministro Jorge Oliveira assumiu a Secretaria-Geral da Presidência, ficou definido que essa estrutura ficaria sob seu guarda-chuva.
Olho nele/ Em maratona de palestras pelo país, muitas devidamente estampadas no noticiário com críticas ao atual governo, o empresário e apresentador Luciano Huck (foto) entrou no radar dos políticos como uma promessa para 2022.
Previdência só depois/ A segunda-feira começa com uma várias exposições sobre a reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Nesse ritmo, vai ser difícil cumprir os prazos da previdenciária.
Não tem SUS para a família…/… Mas tem helicóptero para ir ao casamento. É esse o discurso que a oposição ensaia retomar para colocar novamente na roda o uso de um helicóptero para levar parentes do presidente ao casamento do deputado Eduardo Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Jair Bolsonaro mencionou a questão do SUS quando perguntado sobre o caso da avó da primeira-dama que ficou três dias internada no corredor de um hospital, em Ceilândia.
Movimentos da oposição são classificados como ‘Os sem-bandeira’
Os movimentos da oposição nos últimos dias foram classificados pelos próprios oposicionistas como erros, tanto na estratégia como na forma. A reclamação do trabalho aos domingos, por exemplo, levantada como bandeira na sessão que analisou a Medida Provisória da Liberdade Econômica, não obteve 75 votos, e é controversa, uma vez que, em viagens internacionais, a maioria desses deputados elogia o fato de tudo funcionar aos domingos em alguns países.
A Marcha das Margaridas, que tinha entre as reclamações a votação da reforma da Previdência, parou Brasília na manhã de quarta-feira, mas chegou na hora errada, uma vez que a reforma previdenciária já foi votada na Câmara e, no Senado, as discussões sequer esquentaram. Logo, houve muito esforço por nada. Nesse ritmo, ganham destaque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o governo.
Limites legais
Depois da Vaza-Jato, os tribunais redobraram a atenção com pedidos do MP. Em Brasília, um pedido do Ministério Público do Distrito Federal está deixando desembargadores e assessores do Tribunal de Justiça de cabelo em pé. Um dos endereços para busca e apreensão oferecidos pelos procuradores é de uma embaixada, que goza de inviolabilidade em razão da convenção de Viena (1961) e imunidade diplomática. A trapalhada gerou um desconforto geral.
E agora, Alcolumbre?
Quando conquistou a Presidência do Senado na polêmica disputa contra o senador Renan Calheiros, Davi Alcolumbre disse em alto e bom som que aquela seria a última votação secreta da Casa. Vários senadores mostraram seus votos. Agora, entretanto, em relação à escolha de embaixadores, uma parte da turma que defendia o voto aberto emudeceu.
Quem ganha
A avaliação, na ala mais governista do Senado, é a de que o voto secreto ajudará a guindar Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil em Washington. O sujeito pode perfeitamente dizer que deveria ser outro nome e coisa e tal, mas votar a favor do deputado, sem soar incoerência.
Enquanto isso, na Saúde…
O ministro Luiz Henrique Mandetta trouxe números alarmantes para o Seminário sobre Alimentação Saudável, no Correio.Debate: 12,9% das crianças de 5 a 9 anos são obesas no Brasil, e 18,9% da população adulta padecem do mesmo mal. Vem por aí uma briga para advertências em alimentos ultraprocessados. Tal e qual foi a de inclusão de advertências nas embalagens de cigarros.
Espiões
Cientes das possibilidades de uma nova onda em prol das advertências nos rótulos, grandes indústrias de ultraprocessados mandaram assessores ao seminário para acompanhar de perto as discussões e sugestões.
E o abuso, hein?
O clima na Câmara, no início da tarde de ontem, para a votação do projeto de abuso de autoridade, conforme antecipou a coluna Brasília-DF de ontem, era do tipo “vamos nos vingar” do Ministério Público.
Em família
Dedicado a cuidar dos votos para conseguir ver seu nome aprovado para embaixador nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro passou algumas horas reunido com o irmão, o senador Flávio Bolsonaro (foto): 01 será os olhos e ouvidos de 03
entre os senadores.
Ajuste de foco na economia
Enquanto a população se distrai com as citações polêmicas e escatológicas do presidente Jair Bolsonaro, a economia entra em recessão técnica, com queda da bolsa de valores e alta do dólar.
Maratona
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desceu do carro no Eixo Monumental, próximo ao Palácio do Buriti, e foi andando até a sede do Correio Braziliense para chegar a tempo de abrir o seminário e, de quebra, seguir
com o presidente Jair Bolsonaro para o Piauí.
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro e o da Câmara, Rodrigo Maia, começam a se entender. No último fim de semana, Bolsonaro ligou para o deputado e os dois ficaram de marcar uma “pizza” para os próximos dias. O presidente sabe que precisa de uma boa relação com o comandante da Câmara para empreender uma agenda positiva ao país. E Maia, homem de diálogo, sabe que a conversa ajuda na estabilidade política e, consequentemente, dá mais confiança aos investidores. A data da pizza ainda não foi marcada. Os agentes políticos que fizeram essa ponte entre os dois esperam que seja em breve, antes que novas declarações de um ou de outro azede a massa.
Promessas & compensações
Senadores que desejam votar a favor de Eduardo Bolsonaro para embaixador em Washington têm procurado o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para saber o que vão ganhar para compensar o desgaste junto à opinião pública. Por enquanto, a resposta tem sido: algo virá.
Por falar em Eduardo…
O senador Cid Gomes (PDT-CE) já avisou que não votará a favor da indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador. E não é pelo fato de Eduardo ser filho do presidente da República. É que o senador não considera o deputado preparado para a função, que, na avaliação do pedetista, exige conhecimentos que vão muito além da relação direta com o presidente Donald Trump.
Governar é solitário I/ O presidente Jair Bolsonaro tem reclamado a alguns amigos da “solidão do poder”. Quando está no Rio, não consegue caminhar na orla. E, em Brasília, também não consegue um espaço reservado para conversar com os amigos.
Governar é solitário II/ Nos últimos tempos, Bolsonaro tem recebido alguns numa sala reservada em seu closet no Alvorada. É a maneira de conversar sem ser interrompido e ou ter alguém em volta ouvindo a conversa.
Na área I/ Quem esteve ontem no Parlamento foi o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, que continua preso na Papuda. Mais magro e sem perder a fleuma. Foi visitar os amigos.
Na área II/ Outro que passou pelo Congresso foi o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), cada dia mais consultado sobre os temas que interessam ao país e ao governo. O senador Fernando Bezerra Coelho, aliás, foi seu vice-líder no passado.
E continua ouvindo os conselhos de quem sabe de cor e salteado como a banda toca no Senado.
CB. Debate/ Hoje tem seminário sobre alimentação saudável no auditório do Correio Braziliense. A saúde é o maior tesouro a ser preservado.