Saiba quem sai perdendo com a crise no União Brasil

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF de 14 de março de 2024, por Denise Rothenburg

A briga interna no União Brasil tem como reflexo um enfraquecimento da candidatura de Elmar Nascimento (BA) à sucessão de Arthur Lira na Presidência da Câmara dos Deputados. Quem ganha tração na legenda é governador Ronaldo Caiado (GO) e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Nenhum dos dois têm força para fazer chover votos pró-Elmar na Câmara, nem no PT nem na ala mais à direita, hoje distribuída entre o Centrão e o bolsonarismo.

O enfraquecimento de Elmar, faltando ainda 10 meses até a eleição, levou o grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira, a tentar insuflar a candidatura do líder do PP, Doutor Luizinho, do Rio de Janeiro. Se empinar, tem tudo para ser o candidato de Lira, que não está nada satisfeito com essa antecipação dos pré-candidatos, um movimento que só desgasta os concorrentes, e o mais importante na visão do presidente da Câmara: encurta o mandato de quem está sentado na cadeira.

Em tempo: em meio a essa confusão, quem tem tudo para subir na bolsa de apostas é o presidente do Republicanos, Marcos Pereira. Aliás, de uns tempos para cá, ele tem sido visto como a ponte que pode levar Lula a uma aproximação com o eleitorado evangélico.

Sem chance

O governo estava interessado em marcar o golpe de 31 de março de 1964 com a aprovação da emenda constitucional que trata de passar para a reserva militares que disputarem eleições. A PEC, se, por um milagre, passar no Senado, vai para a gaveta na Câmara.

A pressão da PM

Os policiais militares, que representam um contingente de candidatos tamanho família, temem ser afetados por essa restrição às Forças Armadas. Logo, já começaram um movimento contra
essa PEC.

A volta de Dirceu

O ex-presidente do PT e ex-ministro José Dirceu comemorou seu aniversário de 78 anos com uma festa que reuniu todo o PT e aliados numa casa do Lago Sul em Brasília nesta quarta-feira. “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”, como cantam os petistas, sempre foi ovacionado no seu partido. E ainda é considerado uma grife em termos de estratégia político-partidária. Aos poucos, vai retomando espaço.

“Política é confraria”

O ex-deputado Silvio Costa, que integrou a tropa de choque de Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, encontrou o senador Hamilton Mourão no cafezinho do Senado (foto acima) e foi direto: “Vou levar você para tomar uma com o Lula e você sairá do Alvorada gostando dele”. “Ele é que vai gostar de mim”, respondeu Mourão.

Tudo junto e misturado

Pai do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o ex-deputado é do mesmo partido de Mourão: “Nós nos damos muito bem. Eu sou a esquerda do Republicanos, e ele, a direita”. E virando-se para Mourão, completou: “Sem querer, um dos acertos de Bolsonaro é você”.

Como fazer

No período em que permaneceu no cafezinho dos senadores, Silvio Costa chamou um para conversar, puxou outro. Nem Magno Malta escapou: “Você me abandonou, bora conversar”. O aliado do Planalto, no modo distensão, pareceu, para muitos políticos que observavam a distância, mais competente nessa tarefa do que os líderes do governo.

Até ele

Eis que, de repente, chega o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o 01. “Vamos conversar com Lula?” Eis que Flávio responde: “Se ele quiser… O Lula que está aí não tem nada de paz e amor”. Foi tanta conversa que o senador Esperidião Amin (SC), um dos mais espirituosos da Casa e com humor refinado, rimou: “Quando você não tiver razão, Silvio Costa é a solução”.

Pode sair da Bahia a alternativa contra os extremos entre Lula e Bolsonaro

Rui Costa governador da Bahia
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Uma entrevista do governador da Bahia, Rui Costa (PT), há quase um mês, acendeu as esperanças de parte do centro da política para formação, se não de um novo partido, de um grande conjunto de forças capazes de caminhar juntas em 2022.

Já tem gente que hoje faz oposição ao PT disposta a conversar com o governador. O que facilita essas conversas é o fato de Costa e o prefeito de Salvador, ACM Neto, cuidarem de manter uma postura de respeito mútuo e institucional no exercício do poder.

Hoje, ACM Neto não fala sobre 2022. Mas alguns trabalham nesse rumo. Sinal de que a política não está parada, nem ficará deixando o presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva sozinhos na avenida, interessados em manter a polarização na próxima temporada eleitoral.

Na entrevista, ao Poder em Foco, capitaneado pelo jornalista Fernando Rodrigues, Rui Costa disse com todas as letras que está disposto a conversar com João Doria, Luciano Huck e quem mais chegar em busca de algo que leve à união das forças políticas.

Quanto à candidatura do ex-presidente Lula, Costa tem sido bem comedido. Sempre reitera que não é o momento de pensar em nomes e sim em projetos e união de forças. A leitura dos políticos foi uma só: Lula que recolha os flaps, porque o bloco do “Eu sozinho” não terá vez.

Cargos cobiçados

Já está a pleno vapor a guerra no governo federal e nos partidos aliados para ocupar as vagas da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. O decreto publicado em agosto definiu cinco vagas do conselho diretor, a serem indicadas pela Casa Civil. Mas, dentro do Executivo, quem está ajudando nessa montagem é o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten.

“Não se agradece com toga”

Frase sempre repetida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. Em tempo de escolha de ministros para o STF, convém lembrar.

Por falar em toga…

Kassio Nunes terá facilidade na aprovação de seu nome dentro do Senado. Porém, com a esposa trabalhando por lá, será de bom tom se julgar impedido quando trata de casos relacionados às excelências. Pelo menos, processos relacionados a senadores piauienses.

Onde mora o perigo

Diante da disputa entre os ministros Rogério Marinho e Paulo Guedes, os bolsonaristas começaram a fazer contas eleitorais. O presidente Jair Bolsonaro já perdeu o discurso de defensor da Lava-Jato ao dispensar o ministro Sergio Moro, e de “nova política” ao se aliar ao Centrão. Resta a bandeira da responsabilidade fiscal e da recuperação econômica. Se perder essa, vai ficar mais do mesmo.

CURTIDAS

Déjà-vu?/ Nos idos dos anos 90, a Comissão Mista de Orçamento tinha um anexo especial, conhecido como “subvenções sociais”. Por ali, eram repassados recursos a instituições privadas e fundações de caráter social, que terminaram investigadas dentro da CPI do Orçamento. Muita gente terminou cassada por causa disso. Até aqui, qualquer semelhança daqueles casos com os repasses a instituições sociais de hoje é mera coincidência.

Salles nas queimadas/ A ida do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Mato Grosso do Sul, neste fim de semana, ajudou a aplainar as críticas que ele sofre no Congresso. Pelo menos, dentro da base aliada.

Pesquisas, sempre elas/ O PT odeia se pautar por pesquisas, mas o fato é que seus candidatos ficaram baqueados com os resultados da primeira rodada do Ibope. O que mais abateu foi ver Marília Arraes, como terceira colocada em Recife, perdendo para o primo João Campos (PSB) e Mendonça Filho (DEM).

É por aí/ O problema, avaliam os petistas, é que tem gente demais tirando a vaga de polarização com os partidos mais conservadores, posto que, por muito tempo, foi ocupado pelo PT. Ou seja, a perspectiva de a polarização acabar em 2022 é grande.