Categoria: coluna Brasília-DF
Por Denise Rothenburg — Depois da operação que teve o ex-presidente Jair Bolsonaro e militares de alta patente como alvos, o próximo grupo a ser detalhado no organograma da tentativa de golpe de Estado é o núcleo dos grandes financiadores. Até aqui, vieram a público apenas os pequenos. Nas 135 páginas da decisão do ministro Alexandre de Moraes aparece apenas o pedido de dinheiro feito pelo major Rafael Martins a Mauro Cid. O ex-auxiliar de Bolsonaro não diz, nessa conversa, de onde viria o dinheiro. Mas a Polícia Federal está mapeando e chamará novamente o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros investigados para falar sobre isso e sobre a parte secreta de reuniões que ele acompanhou.
Em tempo: embora novas operações da PF dificilmente ocorram nestes dias de carnaval, é certo que vem muito mais por aí.
Conta aí, vai
Com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso — e ele não é mais réu primário —, a expectativa dos investigadores é que ele conte o que sabe. Nos tempos do Mensalão, não funcionou. Ele recebeu um indulto, em 2016, do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
Muito além de Ramagem
No meio político, crescem as preocupações sobre o futuro dos deputados mais ligados ao bolsonarismo. Até aqui, poucos apareceram nas investigações e não foram muitos os que defenderam o capitão publicamente. O grupo vai trabalhar para sobreviver politicamente.
Lula e Lira
As últimas operações da Polícia Federal sobre Bolsonaro e seus aliados ajudaram na construção para chegar à trégua entre o presidente Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No PT e no Centrão há quem diga que não é hora de criar mais confusão na política. Já chega a que promete tomar conta do Congresso, na volta do feriado.
A “dica” de Anderson Torres
O vídeo da reunião de 5 de julho de 2022 mostra que a tentativa de evitar eleições já havia sido objeto de outros encontros mais restritos, sem a maioria dos ministros presentes. Se havia outros enfronhados na tentativa de golpe, nessas reuniões menores serão chamados a prestar esclarecimentos.
Oito meses/ Esse foi o período entre a operação Tempus Veritatis desta semana e aquela que prendeu Mauro Cid e apreendeu o computador em que estava o que ficou amplamente conhecido nestes dias como o “vídeo do golpe”. Desta vez, com muito mais material apreendido, a análise também deve demorar.
Meu querido diário/ A Polícia Federal (PF) tem “ouro em pó” em mãos. O diário que o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno (foto) é apontado por seus amigos como algo “bastante revelador”.
Carnaval da política/ O governo já pediu aos seus ministros e assessores que não tripudiem sobre a operação da Polícia Federal e mantenham a postura republicana do direito de defesa. Porém, depois de 2018, quando os bolsonaristas tomaram as ruas com bonecos de Lula vestido de presidiário — os “pixulecos” —, aliados de Lula não veem a hora de colocar nas ruas o “golpicho” — o nome ainda não está definido —, um boneco de Jair Bolsonaro com o
mesmo uniforme.
No Congresso, operação acirra polarização e mexe no tabuleiro
Por Denise Rothenburg — A operação Tempus Veritatis, que teve o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo de busca e preensão, com ordens e ações para que ele não saia do país, ameaça turvar a visão de todos os partidos e respingar no bom andamento da pauta neste semestre. Nem é tanto por causa do ex-presidente. O que vai “pegar” é o pedido de cassação de registro do PL, apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), considerado “fogo no parquinho”.
Essa ação proposta por um senador petista pode surtir efeito num palanque, mas, para quem precisa de tranquilidade institucional para administrar o país, não representa a melhor saída. É algo que, na avaliação de muitos senadores e deputados, amplia o ódio e reforça o discurso de calar a direita, a fim de comprometer a sua participação nas eleições deste ano e de 2026.
Centrão vai surfar nessa história. E, se o PL começar a perder força enquanto agremiação para disputar eleições, já tem gente pensando em isolar quem estiver envolvido nas operações da PF e atrair a maioria dos deputados do PL para outras legendas de direita, na janela para troca de partidos.
———
O que falta
Os bolsonaristas estão convictos de que o próximo passo dessa operação será um pedido de prisão tendo como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal, porém, não está com pressa e vai, primeiramente, avaliar tudo o que foi apreendido nesta semana.
———
Prepare aí
O bolsonarismo quer se antecipar a essa prisão. O movimento, agora, é lançar nas redes a narrativa de que tudo isso está sendo feito num ano eleitoral para tirar o ex-presidente dos palanques.
———
Militares constrangidos
Pelo menos uma parte expressiva das Forças Armadas está para lá de desconfortável com as 135 páginas da decisão de Alexandre de Moraes. Não está fácil para muitos saber que um major do Exército organizava manifestações, um coronel monitorava um ministro do Supremo Tribunal Federal e outro buscava apoio entre os generais para um golpe de estado.
———
No embalo da prisão
Já tem gente no PL pensando em aproveitar a prisão de Valdemar da Costa Neto para tentar catapultá-lo do comando do partido. Só tem um probleminha: ele ainda manda na Comissão Executiva e, com Bolsonaro na mira da PF, não há liberdade de ação para tirar Valdemar.
———
Curtidas
Por falar em registro…/ No mesmo PT que pretende cassar o registro do PL, tem gente dizendo que é melhor não mexer com isso. Afinal, com Valdemar da Costa Neto preso por porte ilegal de arma e por ter uma pepita de ouro em casa, há quem diga que está aí um ponto a ser abordado para desestabilizar qualquer adversário num debate.
… restam elas/ Em toda a confusão que envolve o PL, as mulheres do partido — em especial, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro — surgem como aposta para acompanhar os candidatos Brasil afora neste período eleitoral de 2024. É o aquecimento. Ontem, aliás, depois de falsas notícias de que ela teria ido para a Disney, Michelle gravou um vídeo na sede do partido, em Brasília.
Suspense do carnaPF/ Na política, há uma aposta para ver quanto tempo levará para que venha a público o vídeo da reunião do presidente Jair Bolsonaro em 5 de julho de 2022, que a PF trata como uma discussão da “dinâmica do golpe”, ainda antes das eleições. Há quem diga que será em plena folia.
Premonição/Também há quem destaque a fala de Mauro Cid na conversa com o coronel Sérgio Cavaliere, que também foi alvo da operação de busca de apreensão. Em 4 de outubro, o coronel manda a seguinte mensagem no Whatsapp: “Espero que vocês saibam o que estão fazendo”. Eis que Mauro Cid responde: “Eu também. Senão, estou preso”.
Pacheco vai avisar a Lula que líderes tendem a apostar na devolução da MP da reonerou da folha
Por Denise Rothenburg — O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pretende aproveitar a viagem de hoje a Belo Horizonte para avisar ao presidente Lula que a maioria dos líderes tende a apostar na devolução da medida provisória que reonerou a folha de salários e mexeu no Perse, o programa criado na pandemia para atender o setor de eventos. Também há pressão para que se avalie logo os vetos ao Orçamento. Se o governo insistir em manter tudo, ainda que transforme a reoneração em projeto de lei, algo vai escapar pelos dedos de seus articuladores políticos. A avaliação geral, no Parlamento, é a de que Lula criou embates demais para este início de ano.
O presidente Lula sempre ouve as ponderações dos congressistas, mas costuma fazer o que o seu instituto político recomenda. Há quem diga que Lula, escolado e experiente, vai contar com a “virada da ampulheta” do poder de Arthur Lira para negociar tudo. Ele sabe que os líderes do Centrão se sucedem ao sabor dos cargos que ocupam. E vai apostar nisso.
Nem vem
O que “pegou” para os deputados foi o governo começar a vazar suspeitas sobre os benefícios do programa do setor de eventos. A toada do Parlamento é deixar claro que, se houve algum erro, a culpa é de quem não fiscalizou o programa, e
não o programa em si.
Caso a caso
Entre os congressistas, prevalece a visão de que, se fosse para extinguir todos os projetos que apresentaram problemas, nenhum ficaria de pé. Até no Bolsa Família já houve casos de pessoas receberem o benefício sem atender aos critérios. Esses foram cortados.
Juntos chegaremos lá
Líder do PP no Senado, Tereza Cristina (MS) esteve com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para conversar sobre a eleição em seu estado. Ela defende que o PP feche com o PL “onde for possível”.
Espremido, mas…
A movimentação do PL e do PP deixa o ministro do Esporte, André Fufuca, no meio do fogo cruzado entre governo e oposição. Na Câmara, quem conhece o ministro, que já foi líder da bancada, não tem dúvidas: ele jogará para os candidatos do PP.
O samba de Randolfe/ Líder do governo no Congresso, o senador pelo Amapá Randolfe Rodrigues (foto) — ainda sem partido —, fez questão de colocar em suas redes o samba de Zé Paulo Sierra, da Mocidade Independente, que traz na letra o seguinte verso: “Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio”. No vídeo, Randolfe emenda: “Se até Zé Paulo, o intérprete, está dizendo, quem sou eu para contestar?”
Espaço reservado/ Quem costuma fazer o trajeto Brasília—São Paulo já notou que, quando tem algum evento jurídico na capital paulista, alguns voos saem rumo a Brasília com a área “conforto” ou “premium” tomada por ministros ou ex-ministros do Supremo, mais a segurança de cada um deles.
Todo cuidado é pouco/ Desde que Alexandre de Moraes foi agredido em Roma, no ano passado, a segurança pede que os ministros sejam os últimos a entrar nas aeronaves e os primeiros a sair. Embora Moraes não tenha sido atacado dentro do avião, a prevenção é o melhor remédio.
Todos em movimento/ Lula nas capitais, Jair Bolsonaro no interior de São Paulo. Até a eleição, ambos não saem das ruas. É o esquenta para 2026 começando mais cedo do que o esperado.
No embalo de Gonet, Frente Parlamentar do Agro tentará pautar PEC das decisões monocráticas do STF
Por Denise Rothenburg — A Frente Parlamentar do Agro fará apelos ao presidente da Câmara, Arthur Lira, no sentido de colocar para tramitar a proposta de emenda constitucional que limita as decisões monocráticas dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A FPA está para lá de incomodada com as determinações sobre titularidade de terras. O pedido da Frente vai ganhar o apoio daqueles que consideram ser preciso dar um basta no perdão de multas decorrentes de acordos de leniência fechados no rastro de operações que investigaram — e acharam — malfeitos pelo país afora.
Aliás, o recurso do procurador-geral da República, Paulo Gonet, à decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, foi visto como um passo nesse sentido, de impor limites às monocráticas. Em dezembro, Toffoli havia decidido sobre a suspensão da multa da J&F instituída no âmbito da Operação Greenfield, que investigou desvios de recursos de fundos de pensão. Há anos, existe um mal-estar com as decisões monocráticas de ministros do STF em vários casos.
Depois a gente conversa
O presidente Lula não ficou nada satisfeito com os recados do discurso de Arthur Lira na reabertura dos trabalhos do Congresso. Porém, avisou a aliados que “já passou por muita coisa para se estressar por isso”. Preocupado com a agenda país afora, soltou a um aliado que não falaria com Lira esta semana. A intenção é colocar a turma do “deixa disso” em campo e organizar um encontro entre os dois no pós-carnaval.
A onda de Lula
Nas viagens pelo Brasil, Lula tem chamado os deputados do Centrão, de forma a criar uma relação direta com o grupo. No Rio de Janeiro, por exemplo, convidou o deputado Doutor Luizinho (PP-RJ), aliado de Arthur Lira e simpático ao governo de Jair Bolsonaro.
E vem mais
A ordem é tentar neutralizar a influência de adversários do governo sobre essa bancada. No geral, muita gente tem citado o bolsonarismo, mas o alvo
principal é Lira.
Ninguém sai
Quem conhece o presidente Lula avisa que ele não vai tirar nenhum ministro por pressões políticas. Isso significa que, por mais degastada que esteja a relação dos partidos do Centrão com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, os líderes terão que se entender com ele.
É assim mesmo/ Outros ministros que ocuparam o cargo, hoje sob a batuta de Padilha, consideram que esse posto é o mais problemático. Tem a interlocução direta com os congressistas, mas não tem a caneta para resolver os problemas.
As andanças de Geraldo/ Nos bastidores do CB.Poder de ontem, o ex-governador Rodrigo Rollemberg, atual secretário de Economia Verde do Ministério da Indústria e Comércio, contou que seu chefe, Geraldo Alckmin, se brincar, já conhece mais padarias em Brasília do que ele. Alckmin sempre foi adepto do cafezinho no balcão das padarias paulistas e transferiu esse hábito para os fins de semana em que permanece na capital da República.
Novo livro do Brito/ As fotos de Orlando Brito (foto) sobre o futebol resultaram em uma nova obra: Futebol no Brasil — sonho e realidade. Brito morreu em março de 2022 e, amanhã, faria 74 anos. Para marcar a data, sua filha, Carolina, fará o lançamento dessa nova coletânea, nesta quinta-feira, às 19h, na livraria Travessa, do CasaPark. “Foi a melhor forma que encontrei de homenageá-lo. Traduz meu mais profundo orgulho e a certeza de que seu olhar único sobre a vida jamais será esquecido”, conta Carolina.
Condecorada/ A presidente da Brazil Foundation, Rebecca Tavares, ex-diplomata da ONU, receberá a Ordem do Rio Branco em solenidade no consulado brasileiro em Nova York. Há 23 anos, a organização que Rebecca preside cria pontes entre investidores sociais e o segmento mais carente
da sociedade.
Lira abre o tabuleiro e diálogo do Planalto fica mais difícil
Por Denise Rothenburg — Os congressistas identificaram preferências a prefeitos mais alinhados ao governo federal, na hora de promover os repasses aos munícipios. Daí, o discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira, citando os 512 deputados e colocando o Parlamento como o elo entre o poder público e os municípios, uma vez que são os deputados que gastam sola de sapato visitando cada rincão do país.
O fato de o governo querer uma “linha direta” com as bases dos deputados e senadores, sem passar pelo Parlamento, está incomodando muitos. Por isso, os líderes e Lira vão forçar a porta e obrigar o Poder Executivo a cumprir o cronograma de liberação de emendas. Arthur não mencionou, mas um dos pontos em que os líderes vão apostar é a derrubada do veto que estabelece a liberação das emendas no primeiro semestre.
Em tempo: aliados de Arthur Lira citam que ele não se esquece da frase do presidente Lula em agosto de 2023, durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Rio de Janeiro. Lá, o presidente da República mencionou com todas as letras que Lira era adversário político, mas o Poder Executivo precisava do deputado. Com o período de Lira na Presidência da Casa entrado em contagem regressiva, a visão do governo sobre o presidente da Câmara como adversário vai ficando mais forte; e o diálogo, cada vez mais difícil. Até aqui, porém, quem tem a base na Câmara é Lira e não Lula.
Muita calma nessa hora
As denúncias de que uma “Abin Paralela” do governo de Jair Bolsonaro teria monitorado vários parlamentares levam muitos congressistas a ponderações. No Centrão, há quem diga que é preciso avaliar caso a caso, antes de aprovar qualquer norma que impeça uma operação da Polícia Federal, como aquela que teve como alvo o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Dinheiro & forma
Em troca das emendas, os congressistas até admitem alguma mudança na desoneração da folha. Mas jamais por medida provisória, como fez o governo. Se quiser reonerar, será num projeto de lei amplamente discutido nas duas Casas.
Enquanto isso, no STF…
O Supremo Tribunal Federal pautou para esta quinta-feira, véspera de carnaval, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pelo PSB e Podemos que trata do cálculo das sobras eleitorais. É mais um imbróglio, porque se for acolhida por maioria do STF, saem da Câmara aliados de Arthur Lira. No DF, sai Gilvan Máximo (Republicanos), e entra Rodrigo Rollemberg (PSB), secretário de Geraldo Alckmin na pasta de Indústria e Comércio. Rollemberg sempre teve uma boa relação com Lula.
Um felizardo
Os parlamentares ligados a Lira consideram que é interferência indevida do STF, um vez que o Tribunal Superior Eleitoral definiu a distribuição das sobras. Quem torce pela aprovação é Davi Alcolumbre, do União Brasil, que ganhará mais aliados na Câmara dos Deputados.
“Abstraia…/ Os aplausos do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante o discurso de Arthur Lira na abertura dos trabalhos do Congresso, eram motivo de risos no plenário. “Será que ele não está entendendo que o recado é para ele? “, perguntou um parlamentar.
… e finja demência”/ Quem não conseguiu fazer a mesma coisa foi o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Sentado ao lado de Lira, ele não escondeu o desconforto. Entre os petistas, Costa é considerado um dos mais transparentes no quesito “o corpo fala”. Por isso, alguns não gostam dele.
Vem por aí/ O PL não abre mão de fazer da deputada Caroline de Toni (foto) presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, considerada bolsonarista radical. O PT não aceita. Ou seja, vem briga aí.
Parlamentares preparam exigências para o governo na volta do Congresso
Por Denise Rothenburg — Nos bastidores da posse de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça, o assunto entre os parlamentares era a volta do Congresso, na próxima semana. As informações que chegam da turma que tem conversado muito com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), são as de que as arestas entre o Centrão e o governo cresceram durante o recesso.
Diante dos problemas acumulados, a turma mais ligada a Lira vai chegar cobrando, prioritariamente, a devolução da MP da reoneração da folha de salários, a derrubada dos vetos às emendas orçamentárias e algum limite às “batidas” da Polícia Federal nos gabinetes dos parlamentares.
Porém, nem tudo será “tiro, soco e bomba”. A tendência é encontrar um meio termo no caso das operações da Polícia Federal no Congresso e negociar as questões orçamentárias. O mais difícil para o governo está na negociação da MP da reoneração. É que os líderes de centro se juntaram aos da oposição pela devolução da MP. O governo ganhou tempo, mas ainda não achou um meio de evitar uma derrota nesse campo.
————
Corrida de resistência
Os deputados estão convictos de que vencerá a eleição para presidente da Câmara aquele que criar menos arestas. O grid de largada apresenta os líderes Antônio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União-BA) e o vice-presidente da Câmara, Marcus Pereira (Republicanos-SP).
————
Questão de datas
O ex-presidente Jair Bolsonaro não perdoa o fato de o PSD de Gilberto Kassab, hoje secretário do governo de Tarcísio de Freitas, ter votado a favor do relatório final da CPI da Covid. Em entrevista ao canal da revista Oeste no YouTube, Bolsonaro disse com todas as letras que Kassab agiu assim para indicar ministros de Lula. Opa! A CPI terminou em 2021, um ano e meio antes das eleições.
————
Prerrô festeja
Com a chegada de Ricardo Lewandowski ao Ministério da Justiça, o grupo Prerrogativas ampliou espaço no governo do presidente Lula. Saiu dali a indicação de Jean Uema para a Secretaria Nacional de Justiça.
————
Eleição no TJ-MA
O desembargador José de Ribamar Froz Sobrinho foi eleito por unanimidade presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, para o biênio 2024/26. Na composição da nova Mesa Diretora, o desembargador Raimundo Moraes Bogéa assumirá a 1ª vice-presidência, enquanto o desembargador José Jorge Figueiredo dos Anjos ocupará a 2ª vice-presidência. A Corregedoria ficará sob a responsabilidade do desembargador José Luiz Oliveira de Almeida.
————
Curtidas
Marta, o retorno/ Deputados do Partido dos Trabalhadores estarão em peso, hoje, em São Paulo, para a festa de filiação de Marta Suplicy (foto) à legenda. A ideia é reforçar a polarização, uma vez que a presença de Marta na chapa de Ricardo Nunes à reeleição foi vetada por Jair Bolsonaro.
Dancinha de João Campos/ Candidato à reeleição, o prefeito de Recife, João Campos (PSB), tem inaugurado obras com uma dancinha. A última foi durante a entrega de escadarias na cidade. Já foram 800 escadarias, num total de R$ 44 milhões.
A história ensina/ Em 1989, Fernando Collor de Mello xingou o então presidente José Sarney ao longo de toda a campanha presidencial. Ainda assim, Sarney fez questão de lhe entregar a faixa presidencial, em 1990. Ontem, estavam novamente, lado a lado, na posse do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Não são amigos nem aliados. Mas respeitam e entendem os gestos e rituais da democracia.
Por falar em gestos…./ O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também marcou presença no Planalto. Na chegada, conversou com o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, sentado na primeira fila.
Ministro do Trabalho deve enfrentar negociação de trabalho nos feriados no Congresso
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, tiveram uma discussão para lá de ríspida numa reunião para discutir o trabalho nos feriados. Galassi queria saber por que os supermercados seriam obrigados a ter um acordo coletivo com sindicatos para abrir nessas datas e as lojas que vendem comida para pets estavam fora dessa exigência.
Ao ouvir do ministro, de forma incisiva e repetida, que ninguém havia ficado de fora, Galassi afirmou que resolveria o assunto no Congresso. O ministro, com cara de poucos amigos, perguntou: “Você está trucando comigo?” Foi um Deus nos acuda. O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA) e outros presentes conseguiram acalmar os ânimos, mas o mal-estar ficou. O governo, pelo visto, terá mais um entrevero no Congresso que, de perfil mais reformista, apostará num decreto legislativo para barrar mais essa portaria de Luiz Marinho.
******
Em tempo: os empresários estão convencidos de que o ministro fará de tudo para dar protagonismo aos sindicatos dos trabalhadores, uma vez que ele é sindicalista. Paralelamente à medida provisória da reoneração e aos cortes orçamentários, esse será mais um tema para desgastar a relação dos congressistas e o governo, tal e qual foi a portaria que tentou instituir o acordo coletivo para trabalho aos domingos e terminou revogada.
——————
O que eles suspeitam
A pescaria de Jair Bolsonaro e seus filhos no dia seguinte à live é tratada como uma mera coincidência por todos os seus aliados, mas os opositores duvidam e estão atônitos. Essa turma avessa aos bolsonaristas acredita que, se havia mesmo um serviço de informações paralelo dos Bolsonaro, o esquema continua ativo. Vêm mais afastamentos por aí. Na Abin e na Polícia Federal.
——————
Só aumenta
O que elevou o grau de suspeição dos opositores foi o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do ex-presidente, dizer que, pelo andar da carruagem, pode ser o próximo alvo da “PF paralela”.
——————
O silêncio dos líderes
Alvos de cobrança dos parlamentares em relação às emendas cortadas por Lula, os líderes partidários e o presidente da Câmara, Arthur Lira, terão que renegociar com o governo a forma de atender o baixo clero. Foi esse grupo o maior prejudicado com o corte das emendas. Até aqui, não houve acordo.
——————
Por falar em recursos…
Com a queda dos juros, começa a perder força o discurso do Poder Executivo que sempre que pode culpa o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelas mazelas na seara econômica. Agora que a renda média do brasileiro cresceu e os juros estão em queda, caberá ao Executivo tentar equilibrar as suas contas. É o que falta, na avaliação de muitos economistas.
——————
“Jair Bolsonaro confunde composição política com hierarquia militar. Ele indicou um general para vice dele e agora quer indicar um coronel para Ricardo Nunes”
Do presidente do PP de São Paulo, deputado federal Fausto Pinato, reclamando um lugar à mesa para discutir o candidato a vice na chapa de Ricardo Nunes à reeleição. Hoje, Bolsonaro quer indicar o coronel Ricardo Melo.
——————
Curtidas
Helder reeleito/ Os nove estados que integram o Consórcio da Amazônia Legal reelegeram o governador do Pará, Helder Barbalho (foto), para seu presidente. Helder, atendendo a um desejo do presidente Lula, foi um dos articuladores para que o Brasil seja o anfitrião da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em novembro de 2025, em Belém (PA).
Visibilidade/ A ideia é que a Região Amazônica aproveite a COP30 para ganhar mais protagonismo, aliados e recursos internacionais para a sua preservação.
“Telhado” novo/ Depois de receber uma série de telefonemas de amigos, perguntando se ele estava doente, o deputado Joaquim Passarinho (PL-PA) abriu o jogo na reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo esta semana: “Esta cabeça quase raspada não é doença. Eu aproveitei o recesso para recorrer à tecnologia e fechar o telhado”, comentou, referindo-se ao implante de sete mil fios de cabelo.
Projeto de regulamentação da reforma tributária deixará Receita só na fiscalização
Por Denise Rothenburg — A reunião das frentes parlamentares com o intuito de propor um projeto de regulamentação da reforma tributária, aprovada no ano passado, definiu que as novas leis terão de ser autoaplicáveis. Essa será uma espécie de linha mestra dos 19 grupos de trabalho que as frentes montaram, copiando o modelo adotado pelo Poder Executivo.
A ideia é construir textos que não deixem espaço para que a Receita Federal edite portarias e sugira decretos presidenciais para complementar a legislação que sair do Congresso. A decisão segue a determinação dos congressistas de reforçar o poder do Parlamento em todos os temas. É o Legislativo cuidando de si.
————-
Contorne a Janja
Técnicos da Receita Federal entraram em contato com parlamentares pedindo ajuda para limitar compras que cada CPF pode importar com isenção de imposto no e-commerce. A ideia é montar um projeto que tenha a lavra do Parlamento e, assim, evitar bater de frente com a primeira-dama Janja da Silva, que foi contra a taxação
das “blusinhas”.
————-
A hora de Heleno
O fato de o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno ter sido chamado a depor na Polícia Federal sobre a “Abin paralela” não significa que ele esteja livre de ser alvo de alguma operação. Tem gente no Supremo desconfiada que o militar sabia de tudo o que se passava na alçada do então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem.
————-
Questão de tempo
Amigo de Lula, o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, entra em estágio probatório, conforme avaliação do Planalto. Se Lula se convencer de que deve demiti-lo, só o fará quando encontrar um novo lugar ao sol para acomodá-lo.
————-
E a corrupção, hein?
O governo vai jogar na transparência das contas públicas e das emendas para tentar melhorar de posição no ranking da corrupção divulgado esta semana, no qual o Brasil caiu 10 posições. Até lá, vai tentar empurrar tudo como herança maldita do governo
de Jair Bolsonaro.
————-
Curtidas
Quem comemora…/ …a demissão de Alessandro Moretti da cúpula da Abin é o senador Renan Calheiros (foto), do MDB-AL. O parlamentar foi o primeiro a alertar Lula sobre o fato de Moretti ter trabalhado com Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do DF.
Esse, não/ Os paulistas registraram a frase do ministro da Casa Civil, Rui Costa, na entrevista sobre o túnel submerso Santos-Guarujá, depois da conversa do presidente Lula com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas: “Muitos estavam céticos com os investimentos do PAC, nós estamos materializando”. Esse projeto não é exclusivo do PAC e tem
muitos padrinhos.
Sorrisos republicanos/ A obra que o governo pretende carimbar como um “sucesso” do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na verdade, será em parceria com o governo paulista. O projeto estava em análise antes do governo Lula, quando o atual governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, era ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro. Quando assumiu o governo de São Paulo, o ex-ministro colocou o empreendimento como prioridade de sua gestão.
Abin à própria sorte: servidores reclamam de falta de apoio à instituição
Em meio ao escândalo de monitoramento de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro, os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estão atônitos com a perspectiva de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a divulgação da lista de todas as pessoas monitoradas pelos seus agentes. É que, entre os 30 mil logs feitos com os equipamentos comprados em 2018 pelo governo Michel Temer, há uma miscelânea de espionagem ilegal e outras feitas mediante autorização, inclusive, de agências de outros países, no combate ao terrorismo internacional.
*****
Há quem esteja com receio, inclusive, de que essa divulgação ampla e geral provoque constrangimentos diplomáticos, uma vez que esses monitoramentos envolvem pedidos estrangeiros. Para completar, servidores da Abin que fazem um trabalho de Estado, muito distante da espionagem “paralela” sob os holofotes agora, reclamam que, até o momento, não surgiu nenhuma voz do governo para defender a instituição. Tampouco o seu diretor-geral, Luiz Fernando Correa. Quando ninguém defende uma instituição é sinal de que ela está à deriva. Integrantes do governo Bolsonaro consideravam a Abin petista. A turma de Lula vê a agência como bolsonarista. Falta quem a veja como um órgão de Estado, que serve ao país, e não ao inquilino de plantão no Palácio do Planalto.
Vai que é tua, Pacheco
A live do “eu avisei”
Sigam o chefe
Põe na conta dele
—————-
Curtidas
Moretti em contagem regressiva/ No Palácio do Planalto, assessores já foram avisados de que Alessandro Moretti não será mantido no papel de número dois da Abin. Será o próximo a sair. A ideia, aliás, é mudar tudo na agência e deixá-la com o papel de Estado para que foi criada.
Grupo anti-Cappelli/ De saída da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli tem dificuldades de ser nomeado para comandar a Abin. É que tem muita gente no Planalto dizendo que ele não é servidor de carreira de Estado. Ali, lida-se com informações confidenciais, típicas de carreira de Estado.
Por falar em Justiça…/ Foi o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre, quem levou os recursos do Ministério da Justiça para emendas parlamentares. Só tem um probleminha: quem libera é o Executivo. Portanto, nesse caso, se o novo ministro, Ricardo Lewandowski, quiser liberar as verbas, basta combinar com o presidente Lula. O problema será se quiser mudar a destinação.
Carnaval animado/ A Polícia Federal não vai parar toda a semana de carnaval, nem na semana que antecede a festa. Logo, tem muita gente por lá apostando em novas operações dentro dos inquéritos da “Abin paralela”.
Por Denise Rothenburg — Por mais que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tente evitar a antecipação da própria sucessão, os diversos atores não vão esperar que ele encampe uma candidatura. Todos estão em campo, em conversas e reuniões para traçar estratégias. Os deputados Antonio Brito (BA), do PSD; Elmar Nascimento (BA), do União Brasil; e Marcos Pereira (SP), do Republicanos, querem sedimentar a largada neste primeiro semestre, antes da eleição municipal. E nenhum deles vai deixar toda essa articulação nas mãos do presidente da Câmara.
Com pelo menos esses três nomes na roda, o risco de Lira escolher um candidato e terminar levando um “caixote” da onda é forte. O governo também não tem maioria para comandar esse processo. Por isso, nem o atual presidente da Câmara e nem o governo podem deter essa pré-campanha. O jeito é deixar caminhar e ter todo cuidado para não perder o controle total do processo.
Junção de interesses
Desde a época da Operação Lava-Jato que deputados e senadores planejam regulamentar operações da Polícia Federal (PF) sobre parlamentares. Agora, com as últimas ações de busca e apreensão nos gabinetes de Alexandre Ramagem e Carlos Jordy, ambos do PL do Rio de Janeiro, a avaliação é a de que os anti-lavajatistas vão se juntar aos bolsonaristas para discutir e tentar aprovar a proposta de emenda constitucional do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE).
Vetos em debate
Deputados de oposição e do Centrão fizeram diversas reuniões este ano, no sentido de traçar estratégias para a derrubada de vetos relativos ao Orçamento. O dia que entrar em pauta, esses vetos caem.
Dividir para reinar
Os petistas acompanharão a disputa para o comando da Câmara de olho em 2026. É que tem muita gente no partido de Lula convencida de que se conseguir dividir o Centrão agora, será bem possível angariar parte dele para apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no futuro.
Prioridade
De todos os movimentos, porém, o que mais interessa hoje ao PT é não dividir a esquerda. Por isso, embora haja uma divisão em São Paulo, com as candidaturas de Guilherme Boulos (PSol) e Tabata Amaral (PSB), a ideia é evitar que isso se repita país afora nas eleições municipais, de forma a construir pontes para a união mais à frente.
Difícil escolher
Com a posse marcada para quinta-feira, o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ainda não conseguiu fechar toda a equipe. A maior dúvida é a Secretaria Nacional de Justiça, onde a tendência do novo ministro é nomear uma mulher.
Estão em festa/ O grupo Prerrogativas, que reúne advogados de esquerda e engajados em movimentos sociais, estará em peso na posse do ministro Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça. Um sinal de prestígio e apreço à nova equipe da pasta.
Por falar no Prerrô…/ Conforme a coluna noticiou, o Prerrogativas pediu a publicação do rol de pessoas monitoradas pela “Abin paralela” do governo Bolsonaro. Há notícias de que nessa lista está o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que tem como clientes muitos políticos de centro.
A trava de Zema/ Em entrevista à CNN, o ex-ministro José Dirceu (foto) levantou dúvidas sobre uma possível candidatura de Romeu Zema à Presidência da República. O governador de Minas Gerais é de um partido pequeno e não tem um lastro político forte fora do estado.
Eles e ela/ Dirceu acredita que há nomes na fila, caso do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do governador do Paraná, Ratinho júnior (PSD). Ele também não “subestima” o nome de Michelle Bolsonaro (PL).











