Categoria: coluna Brasília-DF
A oposição quer deflagrar na segunda-feira a missa de réquiem das reformas. O canto de entrada vem de viva-voz pelo deputado Sílvio Costa. “O governo vai jogar em prol da reforma trabalhista. Ocorre que a sociedade quer a pauta da ética e, o governo está acuado nesse campo. Um governo com nove ministros sob suspeita não tem legitimidade para entoar as reformas. Isso é coisa séria. Eles não podem ajudar nesse processo. Se o presidente Michel Temer, que só não está na roda por causa do cargo, quer as reformas, precisa antecipar o afastamento dos ministros para que eles se expliquem”, diz o deputado, ensaiando o discurso para o início da primeira semana de trabalho do Congresso pós-divulgação da lista de políticos que vão responder a inquéritos dentro da Lava-Jato.
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Em tempo: o governo, reservadamente, falará aos deputados o inverso. A ordem é dizer que, sem reformas, a Lava-Jato será tema único nos debates do Parlamento.
E Lula ganhou
um salvo-conduto
Aliados do ex-presidente Lula já têm, na ponta da língua, o refrão para levar às ruas e à porta da Justiça Federal em Curitiba, quando o petista for apresentar depoimento ao juiz Sérgio Moro, em 3 de maio: se for para prender Lula, tem que prender todo mundo.
Olha um banco aí, gente!
Em um dos depoimentos, Luiz Eduardo Rocha Soares, que cuidava do departamento de propina da Odebrecht até a eleição de 2012, é direto: “Não gostávamos de fazer muitos pagamentos lícitos porque chamava muito a atenção. Daria algo em torno de US$ 100 milhões de doação eleitoral da Odebrecht. Em 2010, fizemos R$ 70 milhões. É pouco. Bradesco, Camargo Corrêa, Andrade fizeram mais”, diz ele. O braço financeiro até agora está praticamente abaixo da linha d’água.
Alhos + bugalhos = Lei do Abuso
Conforme dito aqui nesta coluna na última quarta-feira, a lei do Abuso ganhou fôlego. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA), por exemplo, tem dito a colegas de partido que começa a rever a posição em relação ao projeto sobre esse tema que tramita no Senado. Ela tem um pedido de abertura de inquérito por falsidade ideológica eleitoral, acusada de não declarar recursos recebidos na campanha.
Sexta nada Santa // Num café praticamente deserto, ontem no início da tarde, dois homens de bermudas chamavam a atenção. Um deles dizia em voz alta, falando ao telefone: “Temos que ir lá dar uma satisfação para o cara que ligou chorando, com medo de ser preso. Estudei o processo, não há esse risco. Vou até o fim sem delação”.
Por falar em delação… // Em um dos depoimentos de Luiz Eduardo Rocha Soares, do departamento de propina da Odebrecht, o procurador pergunta: “Não é arriscado demais cometer um ilícito só para não mostrar o nome?”. A resposta do executivo: “Na minha opinião, sim, mas a decisão não era minha”.
Justo para o PSDB!? // Nas planilhas da Odebrecht, o PSDB foi batizado de… Corinthians. Petistas do tipo que perdem o amigo, mas não a piada, brincavam ontem: “Pô! Quanta injustiça. Foram colocar logo o time de Lula para os tucanos???”
Fachin é inocente! // À exceção daqueles que atacam Sérgio Moro, a maioria dos enroscados na Lava-Jato se esmera em elogiar os ministros do Supremo Tribunal Federal: o senador Romero Jucá (foto), do PMDB-RR, por exemplo, saiu-se com esta ontem no programa Moreno no Rádio, da CBN: “Não tem lista do Fachin, tem lista do Janot”, e dá-lhe a elogiar o ministro, enquanto fechava com a frase: “São ficções premiadas para alguém ir para casa”.
O vídeo em que Marcelo Odebrecht diz que “no Brasil não existe eleito sem caixa dois” deixou 90% dos congressistas de cabelo em pé. É que faltam os termos de colaboração premiada das outras empreiteiras ainda não foram divulgados oficialmente. Há ainda operações da Polícia Federal que investigam outros setores, tais como a Carne Fraca, que, apesar dos pesares, começou a desvendar os negócios da JBS Friboi. Assim como a Lava-Jato mirou na lavagem de dinheiro e chegou a Marcelo Odebrecht, há quem diga que a trapalhada da carne embrulhada em papelão vai desaguar no caixa dois do setor de alimentos.
O calvário de Temer
O presidente Michel Temer aproveita esses dias de feriado para percorrer todas as estações do Congresso em São Paulo, de forma a preparar o terreno para a segunda-feira pós-Páscoa. A avaliação do Planalto é a de que neste feriadão, com tudo parado em Brasília, só vai dar Odebrecht.
A Páscoa de Temer
Para a segunda-feira, entretanto, o governo quer ter outros temas para disputar o espaço de noticiário. Vai apostar especialmente nas reformas, que agora estão na seguinte ordem: primeiro trabalhista, depois previdenciária. Por isso, o encontro neste domingo com ministros, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e outros.
Água mole em pedra dura…
O contrato PAC SMS da Petrobras com a Odebrecht, de US$ 825 milhões, esse que os delatores apontaram como origem do pagamento de propina a partidos, foi levado a seis reuniões de diretoria da petroleira em 2010, à época presidida por José Sergio Gabrielli. Só na sexta reunião é que os diretores decidiram pelo contrato, com o voto favorável inclusive de Graça Foster, então diretora de Gás.
Porta arrombada
Graça, na presidência da empresa, em 2013, cortou o valor pela metade e todos os envolvidos, inclusive a Odebrecht, negaram a existência de irregularidades. Há quem diga que foi para cortar os recursos do PMDB e não do PT. Mas aí muito dinheiro já havia sido distribuído. Se alguém tivesse tido a coragem de revelar tudo no início, a história de muita gente hoje seria diferente. Que, nesta sexta-feira santa, tempo de reflexão, esse caso sirva de lição para o futuro.
E o dinheiro sumiu!
Esse contrato do PAC SMS teve um adiantamento de US$ 80 milhões para “mobilização”. E ninguém sabe onde o dinheiro foi aplicado.
Delatores preferem as loiras/ Os apelidos que os delatores da Odebrecht deram à senadora Gleisi Hoffmann (foto), do PT-PR, — “amante” e “coxas” — é porque muitos da empresa tinham verdadeira adoração pela ex-ministra da Casa Civil de Dilma. Alguns deles diziam, em conversas reservadas, nos áureos tempos: “Ah, se ela me desse bola…”
Virou moda/ Depois dos vídeos dos delatores, agora chegou a vez dos vídeos dos políticos. Estão todos se apresentando nas redes sociais para se explicar, inclusive o presidente Michel Temer.
Barroso em NY…/ O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso vai abrir a primeira conferência de estudantes brasileiros na Faculdade de Direito da Universidade de Columbia — a Columbia Law School Brazilian Association. A 2017 CLS Brazil Forum: Challenges and Perspectives vai discutir a conjuntura atual sob a perspectiva jurídica.
… para acalmar os aflitos/ O encontro vai discutir medidas anticorrupção, compliance, ambiente de resolução de disputas, fusões, reestruturações.
O país assiste já meio anestesiado aos desdobramentos da Lava-Jato. Porém, nessa “missa de réquiem” da classe política, de uma forma geral, há alguns aspectos que os citados vão reclamar assim que forem chamados a falar a respeito. Por exemplo, a validade das provas. Há quem esteja convicto de que o acordo de colaboração premiada da Odebrecht, cuja lista de 108 políticos sob investigação começa a surgir, foi feito mediante o compromisso dos 78 colaboradores de não questionem a validade das provas.
Os políticos, entretanto, não têm essa obrigação e se preparam para, logo na largada, pedir que se anule tudo o que tiver sido obtido por debaixo dos panos. E há quem diga inclusive que, se a Odebrecht foi obrigada a concordar em não questionar as provas, logo, há algo a esconder por parte dos investigadores. Essa novela vai começar em breve.
Se não votar a reforma…
Presidentes de partidos da base aliada do governo têm chamado seus parlamentares com a seguinte conversa: se quiser acesso ao fundo partidário, é melhor votar a reforma previdenciária.
… adeus tudo!
No tête-à-tête entram também os cargos que cada um mantém na administração pública. E ainda a tese de que, se não houver uma reforma capaz de recuperar a economia, não haverá discurso para a eleição da própria base.
E o Renan, hein?
Enquanto a lista de Edson Fachin circulava, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), estava em Alagoas, em reuniões com prefeitos e o governador Renan Filho. A preocupação dele é com as bases eleitorais. Afinal, Renan não tem saída: ou ele é candidato ao Senado ou estará fora de qualquer disputa eleitoral. É que, com o filho candidato à reeleição, o senador está legalmente impedido de concorrer a outro cargo que não o que ocupa atualmente.
Resta um
Com a inclusão do ex-prefeito do Rio Janeiro Eduardo Paes na lista de investigados, o partido volta os olhos para o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, como um provável candidato a governador pelo partido. Se nada acontecer com ele até 2018, é o nome.
Corujão
O listão do ministro Edson Fachin mudou a rotina dos deputados com voos marcados para horários nobres. Não foram poucos que, antes de deixar o plenário ontem à tarde, pediam às secretárias por telefone: “Me põe no último voo ou no primeiro da madrugada”. Tudo, menos ter que enfrentar o eleitor no aeroporto.
CURTIDAS
Ação & reação/ O Senado nem piscou diante da lista do ministro Edson Fachin. Continuou em sessão como se nada tivesse acontecido. Na Câmara, o plenário esvaziou na hora. Ninguém quer ser obrigado a ficar dando explicação. Foram todos comer chocolate, que é considerado antidepressivo.
Ora…/ Voo 6232, da Avianca, do Santos Dumont para Brasília, 11h10. Passada meia hora da decolagem, o comandante pergunta se havia algum médico a bordo. Nada. O jeito foi voltar ao Rio para socorrer uma jovem com falta de ar.
…Pois!/ Diante do retorno, os passageiros quiseram saber se o avião não tinha um kit de primeiros socorros. Sim, tinha. Porém, os comissários só podem abri-lo na presença de um médico.
Imagine o resto…/ Até o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), da base fiel ao presidente Michel Temer, tem dito em conversas reservadas que está com dificuldades em votar a reforma da Previdência.
Ciente das dificuldades dos aliados na região onde o ex-presidente Lula tem os maiores índices de aprovação, o presidente Michel Temer deflagra uma série de ações para tentar acelerar a percepção da melhora na economia pelos nordestinos. Uma das primeiras medidas foi subsidiar o milho, que, a partir de segunda-feira, chegará aos balcões da Conab pela metade do preço.
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A forma que o governo escolheu para anunciar essa medida foi um simples telefonema ao senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) para que ele faturasse a boa nova nos jornais e blogs da região. Afinal, o senador havia sido um dos primeiros a alertar o governo para a necessidade da medida. Agora, Bezerra vai poder passar o fim de semana no Nordeste dizendo que ajudou a baixar o preço do milho. Outras medidas virão.
A lista e o dim-dim I
No início do governo Lula, em 2003, o então deputado Aldo Rebelo foi acionado pelo presidente para ajudar a convencer o presidente do PSB, Miguel Arraes, a aceitar a lista fechada nas eleições — aquela em que os partidos elencam os candidatos e os primeiros têm mais chances de angariar o mandato. Arraes ouviu toda a exposição. Ao final, apenas perguntou: “Posso fazer uma pergunta: Quanto vai custar o lugar na lista?”
A lista e o dim-dim II
Nos bastidores da Câmara e do Senado, há quem tenha o seguinte raciocínio: se hoje os partidos negociam tempo de tevê em busca de alianças — essa foi inclusive uma das explicações para o caixa dois do mensalão —, imagine o que não fariam com o poder de indicar quem tem mais chances de ser eleito.
Sérgio Cabral e o TCU
Quem conhece bem os meandros do Tribunal de Contas da União (TCU) acredita que, se o Ministério Público e a Polícia Federal pesquisarem a fundo, vão encontrar relações políticas entre o ex-governador presidiário Sérgio Cabral e o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz.
Só na primavera
Muito foi dito sobre os cenários para 2018 nos últimos dias, inclusive, por causa dos movimentos rebeldes do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Porém, dentro do governo, a ordem é só passar a considerar qualquer desenho para o ano que vem a partir de outubro. A expectativa no Planalto é a de que, até lá, a reforma da Previdência já terá sido aprovada e a gradual recuperação da economia estará mais nítida para a população.
Muito além da Odebrecht
Com tantos acordos de leniência na fila, alguns correm o risco de ficarem esquecidos, entre eles, o que envolve a Aceco TI, empresa de instalação de data-centers e salas-cofres. A Aceco é acusada de pagamento de propinas a autoridades federais e paulistas para obtenção de contratos. O deputado Hugo Leal (PSB-RJ) anda preocupado com a segurança de informações governamentais enquanto esse acordo não sai. A empresa tinha contrato inclusive com a Dataprev, guardiã dos dados previdenciários.
Renegociação em risco // Depois de fracassadas tentativas de votar a renegociação das dívidas dos estados, o tema volta à pauta amanhã à noite. Porém, a aposta geral é de que votação só ocorra mesmo na terça. E olhe lá. É a janela que tem antes da Semana Santa.
Nem vem // O PT começa a rechaçar a aproximação de políticos que eram aliados dos governo Lula-Dilma, apoiaram o impeachment e, agora, tentam fazer o caminho de volta. Em Pernambuco, por exemplo, o senador Humberto Costa já fez chegar a Lula que não há condições de reacomodar o senador Fernando Bezerra Coelho (foto), do PSB-PE.
Nem vou // O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, não tem motivos para deixar a base do presidente Michel Temer. Aliás, no Planalto, não são poucos os elogios ao jovem ministro, filho do senador Fernando Bezerra Coelho. Entre os tucanos aliados de Geraldo Alckmin, há, inclusive, quem aposte que pode sair dali o candidato a vice em uma chapa presidencial. Sabe como é: a quase dois anos da eleição, todos os cenários estão na roda.
Orações & despedidas // A comunidade política e diplomática do Brasil tem encontro marcado nesta segunda-feira, às 19h30, na Catedral de Brasília. Missa pelo 7º dia do falecimento da eterna embaixatriz Lúcia Flecha de Lima.
Os deputados respiraram aliviados com a concordância do governo em mudar alguns pontos da reforma da Previdência, em especial, a aposentadoria rural. Porém, é preciso saber como a população vai receber essas propostas e se elas serão suficientes para aplacar as insatisfações. Se for assim, a reforma passa. Caso contrário, as dificuldades para conseguir os 308 votos permanecerão.
Em sentido contrário, o governo tenta tirar a temperatura do mercado e dos investidores. Afinal, se Temer ceder demais, o efeito será zero. “As mudanças previstas até agora não alteraram os humores. Afinal, se for para garantir força à aprovação, ok. Agora, quando a mudança é por fraqueza, desespero, aí sim é razão para se preocupar”, diz Richard Back, da XP Investimentos, de olho no andar da base aliada nos próximos dias.
Sinais
A revisão da meta fiscal de 2018, de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões, tirou o humor do mercado, que esperava
R$ 11 bilhões a menos. Se não vier uma reforma da Previdência a contento, a chapa vai ferver.
Entre a cruz e a espada
O presidente Michel Temer vem sendo aconselhado a cortar os cargos do líder do PMDB do Senado, Renan Calheiros, da mesma forma com a qual o parlamentar está podando os espaços daqueles que o enfrentam no Senado. Quem conhece o estilo do alagoano procura fazer com que o presidente não enfrente Renan assim. Reza a lenda que ele não pode abrir guerra a Renan, como Dilma Rousseff abriu contra Eduardo Cunha. Especialmente, nessa temporada de reformas.
Temer, o pêndulo
O presidente, considerado um craque na política, faz gestos de aproximação para os dois extremos. Ao mesmo tempo em que chama o governador de Alagoas para dizer que não haverá retaliação, deixa nas entrelinhas um recado de que isso pode acontecer. Há quem diga que quem começa a ficar perdido com esses sinais é Renan.
“Quem quiser se posicionar agora pode estar comprando gato por lebre”
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE),
senador, ao comentar os resultados das pesquisas que traçam cenários sobre 2018
Turismo na luta
Responsável por milhões de empregos no país, o setor de turismo não vai ficar quieto com o corte de 68% nos recursos do Ministério do Turismo, valores destinados à promoção do Brasil no exterior. A primeira ação do presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, Felipe Carreras, foi divulgar um manifesto em protesto contra o corte de recursos. O documento considera que um setor responsável por movimentar a economia nacional não poderia ter o Orçamento reduzido a menos da metade.
De golpes & vices I/ Essa semana, num jantar na casa do deputado Weverton Rocha (PDT-MA), Jandira Feghali, Orlando Silva, Alice Portugal e Alessandro Molon comentavam a reforma política e a necessidade de acabar com os vices. Todos acreditam que vice gasta demais e só fica conspirando.
De golpes e vices II/ Foi nessa hora que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), presente ao jantar e que não perde uma resposta, brincou: “Vocês, hein?! Acusaram a gente de dar um golpe e agora querem mudar a lei só para proibir que o PMDB chegue ao poder. Isso é que é golpe!”
De golpes e vices III/ Diante da gargalhada geral, Orlando Silva (foto) fez as contas: o PMDB só chegou à Presidência pela vice. José Sarney era vice de Tancredo Neves; Itamar Franco, de Fernando Collor (embora ainda não estivesse filiado ao PMDB quando virou presidente, entrou logo depois). E Michel Temer, de Dilma Rousseff.
Enquanto isso, na residência do Senado…/ A primeira-dama do Senado, Mônica Paes de Andrade Oliveira, ofereceu um almoço de Páscoa a um seleto grupo de funcionárias da Presidência da Casa, entre chefes de gabinetes, de cerimonial, responsáveis pela obra na residência oficial, entre outras. Do alto de quem convive com a política desde a infância, o ex-presidente do PMDB, Paes de Andrade, dona Mônica, discretamente, ajuda o marido. Não se espantem se ela começar a chamar as mulheres dos senadores e as senadoras.
Enquanto o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, dizia de viva-voz no plenário que o presidente da República, Michel Temer, não tem para onde ir com a política econômica do governo, quatro senadores peemedebistas eram convidados para um jantar no Palácio do Jaburu. A ideia do presidente agora é reunir sempre pequenos grupos para explicar que sua política tem começo, meio e fim. Ontem, foram chamados Garibaldi Alves, Rose de Freitas, João Alberto e Valdir Raupp. Outros encontros desse tipo virão.
Certos & duvidosos
O presidente Michel Temer nomeará Tarcísio Vieira de Carvalho Neto para a vaga de Luciana Lóssio no Tribunal Superior Eleitoral. Assim como Admar Gonzaga, Tarcísio é ministro substituto e encabeça a lista tríplice. A ideia é não demorar com a escolha para que Tarcísio possa começar a tomar conhecimento dos detalhes do processo sobre a chapa Dilma-Temer. A dúvida agora no Planalto é se o julgamento será concluído antes da saída do ministro relator Herman Benjamin, em setembro.
Vem mais
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a proibição de greve na segurança pública arrisca ser ampliada para outros setores essenciais, tais como hospitais públicos e privados. É que até hoje o Congresso não definiu o que são serviços essenciais e, se brincar, depois da decisão de ontem, quem fará isso é o STF.
A hora do Judiciário
Ministros do Supremo Tribunal Federal e de outros tribunais superiores trabalham com um olho nos processos e outro na sociedade. É que virou voz corrente no meio político que o povo já avaliou o Poder Legislativo, o Executivo e só falta o Judiciário. Se os processos demorarem muito a serem julgados, não restará um Poder de pé.
“Só se convoca uma Constituinte quando a Constituição entra em colapso cardíaco. Não é o caso atual. No freio de arrumação, sempre quem não está com o cinto de segurança se machuca, mas o pior já passou”
Carlos Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ao comentar as crises que o país atravessa. Ele foi o entrevistado de ontem do CB.Poder, na TV Brasília.
Doria sai da toca
As afirmações do prefeito de São Paulo, João Doria, sobre lutar para evitar a volta de Lula foram vistas como um sinal de que ele entrou no jogo da sucessão de 2018. Falta combinar com o resto do PSDB.
A la Churchill/ O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) está se aprimorando na arte de ser o último a chegar. Apareceu com duas horas de atraso no jantar da senadora Kátia Abreu esta semana. Winston Churchill, o eterno primeiro-ministro britânico, gostava de entrar por último em eventos sociais e políticos (fez isso até no casamento da rainha Elizabeth).
Sobrou/ No jantar da senadora Kátia Abreu, o caranguejo foi secundário. Os martelinhos bateram pesado na Polícia Federal, nos procuradores e, para resguardar a tradição, na imprensa.
Terceirizaram a oposição!/ A imagem foi usada ontem pelo senador Lindbergh Farias (foto), do PT, logo depois do discurso de Renan Calheiros. “Ele foi terceirizado. Trabalha sem direito a férias e nem décimo terceiro!”, brincou.
E não é que… / …os petistas estão encantados com Renan? Ontem, enquanto o senador José Pimentel discursava, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) conversava animadamente com Renan e Jader Barbalho (PMDB-PA). Há tempos não se via o líder peemedebista tão à vontade.
Recuperado do baque pela morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, o ex-presidente Lula se volta à
pré-campanha presidencial levando a tiracolo o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, sempre citado nos discursos do pré-candidato. Para bons entendores, está clara a mensagem do eterno presidente de honra do PT: Haddad é nome para concorrer à Presidência da República em 2018 caso o próprio Lula esteja impedido de disputar. Aliás, a amigos, Lula tem deixado isso muito claro. Por que Haddad? Porque é um dos nomes que, pelo menos até aqui, está longe da Lava-Jato.
Em tempo: Ciro Gomes procurou Haddad para fazer dele vice na chapa do ano que vem. E o fez sem
onsultar Lula. O ex-presidente não gostou. E em várias conversas deixa transparecer a indignação.
Que ninguém se surpreenda se Haddad surgir ainda como o nome para presidir o partido. Seria a forma de o
ex-prefeito rodar o Brasil para se aproximar dos petistas e construir a plataforma presidencial.
Pato manco
O desfecho do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral ainda vai demorar, o que pode dar ao presidente Michel Temer tempo de terminar o mandato. Porém, muitos consideram que só o fato de o TSE cogitar cassar a chapa e o presidente ter de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer no cargo vai minar a força que resta para aprovar a reforma previdenciária. No PSB, a contabilidade interna aponta apenas seis votos favoráveis ao projeto do governo em tramitação na Casa. No PTB e no PSDB, os votos também estão minguando.
Cabral, onde mora o perigo
Interlocutores de Sérgio Cabral comentam nos bastidores que uma delação do ex-governador será direcionada especialmente ao Poder Judiciário no Estado. Há quem diga, inclusive, que os tentáculos do esquema vão muito além do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Pelo sim, pelo não, melhor aguardar o que virá de Cabral do que acusar as pessoas sem provas.
Comparações
Importantes observadores do cenário político consideraram um erro o presidente Michel Temer deixar Renan Calheiros lhe escorrer pelas mãos. “O gênio que o aconselha a enfrentar Renan deve ser o mesmo que recomendou a Dilma Rousseff que voltasse os canhões contra Eduardo Cunha.”
Enquanto isso, no PSDB…
Os paulistas ligados ao governador Geraldo Alckmin querem que ele pressione o presidente do partido, Aécio Neves, a indicar ainda este ano o candidato tucano à Presidência da República. Aécio, no entanto, vai no estilo do avô: deixa estar para ver como é que fica.
E o Doria, hein? // O prefeito de São Paulo, João Doria (foto), está adorando o fato de ser citado para concorrer à Presidência da República. Como Eduardo Campos fez em 2013, Dória hoje caminha de costas para a candidatura. Só tem uma diferença: Campos era dono do PSB. Doria não manda no ninho tucano.
Temer sentindo o terreno // O presidente Michel Temer aproveitou, ontem em São Paulo, para sentir o clima dentro do PSDB. Sabe como é. Quando as vaidades eleitorais afloram, eles não conseguem disfarçar as animosidades.
Dever de casa // O novo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Admar Gonzaga, estará hoje na plateia do julgamento da chapa Dilma-Temer anotando tudo. É que, se o julgamento se prolongar para depois de 16 de abril, ele tem de estar pronto para proferir o voto sem delongas.
Sob encomenda // A sessão destinada a ouvir o Poder Judiciário sobre a Lei de Abuso de Autoridade, à qual até o relator Roberto Requião faltou, foi vista pelos juízes como a prova de que as excelências estão decididas a aprovar a proposta com o claro objetivo de segurar o juiz Sérgio Moro e estancar a sangria da Lava-Jato
A oposição que o líder do PMDB, Renan Calheiros, faz à reforma previdenciária não é considerada tão ruim como muitos possam imaginar. Dentro do governo, há quem diga que o movimento do senador colocou o partido numa posição na qual o PT nadaria de braçada. Agora, com Renan na roda da oposição, o PMDB ocupa tudo, e as considerações dos petistas terminam em segundo plano. Renan também está gostando do jogo. Em Alagoas, seus índices de popularidade melhoraram no último mês.
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Vale registrar: enquanto a posição de Renan mantiver o PT num cantinho, o governo vai administrar essa situação. Mais à frente, porém, dará alguma vitória ao senador. Assim, ajuda ainda mais a melhorar os índices do peemedebista em Alagoas.
O troco
Depois da nota da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) em defesa do pagamento do Funrural pelos produtores rurais horas antes do Supremo Tribunal Federal concluir o julgamento, os agricultores que esperavam não ter que pagar planejam uma vingança. Vem aí uma chuva de ações contra o pagamento do imposto sindical que financia a entidade.
Por falar em Funrural…
A decisão do STF será mais um problema para a JBS-Friboi. É que a empresa não vinha recolhendo a contribuição. Agora terá que pagar tudo de uma lapada só. É conta para a casa dos milhões.
Meu foro, minha vida
Depois da condenação de Eduardo Cunha e da notícia do mensalão aos deputados do PP, ninguém quer saber de acabar com o foro privilegiado. E tem mais: o medo de muitos deputados agora é que Eduardo Cunha, ciente que o tempo de cadeia não será tão curto quanto imaginava, opte pela colaboração premiada.
Romaria
O anúncio do corte de R$ 42 bilhões no Orçamento levou vários deputados ao gabinete do ministro Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo. Estão todos preocupados com o futuro das verbas destinadas às bases eleitorais justamente agora, quando todos preparam o terreno para eleição do ano que vem.
Enquanto isso, no Ipea…
A previsão do grupo de conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que a inflação deste ano fechará abaixo do centro da meta e, para completar, o PIB fechará o ano com um aumento de 0,7%.
CURTIDAS
Tô chegando…/ Renan Calheiros deu um chá de cadeira de quase meia hora nos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Wellington Moreira Franco, na noite de quarta-feira. Esperaram calmamente. Sinal de valorização do senador. E de desconsideração de Renan.
…e de turma/ Renan demorou porque não queria conversar com os dois ministros longe dos demais senadores da bancada, como ocorreu na noite de terça-feira e resultou em especulações sobre a recriação do Ministério de Portos. Preferiu esperar que suas secretárias chamassem os demais. Só subiu depois que cinco deles tinham sido localizados.
A campanha de Osmar Serraglio/ O Ministério da Justiça inicia
neste domingo uma campanha publicitária para reforçar o plano nacional de segurança. O mote é a valorização da vida.
Muita calma nessa hora/ A coluna quis saber do senador Tasso Jereissati se ele concorrerá ao governo do Ceará em 2018 e em quem ele aposta para candidato do PSDB a presidente da República. A resposta: “Não sei o que vai acontecer na semana que vem e você querendo saber de 2018?!!!!”
Depois das farpas atiradas contra o governo em relação à reforma da Previdência, o líder do PMDB, Renan Calheiros, reabre sua artilharia contra o Planalto e, para isso, busca o apoio da bancada, o que terminou por causar desconforto em parte dos senadores do partido. Alguns parlamentares, como Simone Tebet, Waldemir Moka, Raimundo Lira, preferiam uma conversa direta com o presidente Michel Temer, em vez de uma nota, expondo as divergências em relação ao projeto da terceirização. Venceu, obviamente, a posição defendida por Renan e parte da bancada se sentiu usada pelo líder que procura se firmar numa posição de maior independência em relação ao governo.
Em tempo: o líder do governo, Romero Jucá, um dos maiores aliados de Renan, não compareceu à reunião dos peemedebistas convocados pelo comandante da bancada. Preferiu um tête-à-tête com Renan no início da noite. Sabe como é… Líder do governo, num movimento contra uma proposta que tem o apoio do Planalto, prefere ficar na encolha e resolver tudo nos bastidores.
Questão de prioridade
O Ministério das Cidades está reservando R$ 5 bilhões para asfaltamento de ruas pelo Brasil afora. Com R$ 1 bilhão, é possível deixar o Brasil com 3,3 mil quilômetros de faixa seletiva para ônibus, beneficiando 86 milhões de pessoas em cidades com mais de 10 mil habitantes. Não resolve o problema do transporte público, mas que ajuda, isso ajuda.
Ainda não acabou I
A dor de cabeça das grandes empreiteiras não acabará depois da delação de seus executivos. A exemplo do que foi feito com as empresas de Angra 3 (Technit, UTC, Queiroz Galvão e Empresa Brasileira de Engenharia), a Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez são as próximas que correm o risco de serem consideradas inidôneas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mesmo depois de todos os acordos que já assinaram.
Ainda não acabou II
“As empresas não são vítimas, são corruptoras. Há aí uma inversão de valores. Queremos prestigiar os acordos de leniência, mas é preciso ter mais uma cláusula dizendo que vão colaborar com o TCU e devolver o que roubaram”, diz o ministro Bruno Dantas à coluna.
Negócios diversificados
O mesmo Miguel Júlio Lopes, sócio da Advalor DTVM, tem ainda uma factoring com o mesmo nome e, em 2005, abriu uma empresa de serviços patrimoniais para compra e venda de imóveis próprios. A Advalor DTVM foi a empresa que, segundo a força-tarefa da Lava-Jato, movimentou R$ 6 milhões de alvos da operação. Miguel tem dito que está tudo dentro das normas legais.
CURTIDAS
Conselhos do mago/ Detentor de uma vasta experiência em pesquisas eleitorais, Carlos Montenegro (foto), do Ibope, almoçou ontem com um grupo de deputados na casa do líder do PTB, Jovair Arantes. “Vocês têm que reunir os políticos e reagir aos ataques, explicar que não são todos iguais e que o país precisa de políticos para sua boa condução.”
Apostas do mago I/ Ele fez ainda cenários sobre 2018. Disse que Lula é figura certa num segundo turno da eleição presidencial do ano que vem, se estiver em condições jurídicas de concorrer. “Agora, ganhar a eleição é outra história.”
Apostas do mago II/ Em relação aos senadores José Serra e Aécio Neves, “não vejo na disputa”. Quanto ao prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin, é preciso clarear mais o ambiente para se ter uma ideia.
Apostas do mago III/ Alguém quis saber das chances de Jair Bolsonaro. Montenegro limitou-se a dizer: “Tem hoje entre 10% e 12%”. E o PMDB? “Não terá um representante”. Os deputados ficaram meio boquiabertos com as afirmações de Montenegro. Sabe como é… Com a Lava-Jato por aí, todos consideram muito difícil fechar hoje uma aposta para 2018.
O pedido do ministro Herman Benjamin para que o processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer seja colocado na pauta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) jogará luz sobre os movimentos dos personagens citados nos bastidores para assumir a Presidência da República, caso a Corte decida cassar a chapa. Nesse rol, entrou na lista o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vem fazer companhia ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, citado em primeira mão aqui nesta coluna há praticamente um mês, e ao ex-ministro Nelson Jobim. Os três têm algo em comum: consideram a necessidade de separar quem aplicou dinheiro de caixa dois em campanha daqueles que enriqueceram às custas de doações ou cobraram propina.
Renan na lida
O líder do PMDB, Renan Calheiros, tem trabalhado diuturnamente nos bastidores no sentido de mostrar aos parlamentares a necessidade de aprovar o projeto que trata do abuso de autoridade. Aliás, o discurso dele semana passada, à noite, criticando o trabalho dos investigadores, foi feito àquela hora justamente para servir de alerta ao
público interno.
Janela
A demora do ministro Edson Fachin em levantar o sigilo da delação da Odebrecht é outro ponto que aumenta o ânimo dos políticos em aprovar as leis de interesse deles o mais rápido possível. É que, quando tudo vier a público em detalhes, muitos perderão a força para fazer valer sua vontade no parlamento.
Herman Moro
Observadores do processo no TSE têm comparado o ministro Herman Benjamin ao juiz Sérgio Moro. Porém, lembram que o papel do TSE é auxiliar, secundário, e não pode se sobrepor ao principal, ou seja, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em suma, há quem diga que Benjamin não tinha nada que ouvir delatores, apenas analisar as contas de campanha. Os crimes de corrupção, se passiva ou ativa, são julgados em outras instâncias.
Se cochilar…
Os parlamentares querem aproveitar o fraco movimento nas manifestações de apoio à Lava-Jato para votar, o mais rápido possível, os projetos que tratam do abuso de autoridade. A ideia é tramitar paralelamente ao fim do foro privilegiado, no qual há quem planeje embutir a proposta de diferenciar o caixa dois de campanha ao uso do dinheiro para outros fins. A avaliação dos parlamentares é a de que o estrago político já foi feito e, portanto, a ordem agora é tentar reduzir os efeitos.
Previdência & tempo
O que o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) fala, em público, sobre não estar disposto a se suicidar politicamente para aprovar a reforma previdenciária, a maioria dos parlamentares
do PP fala nos bastidores. E quanto mais perto da eleição, pior será.
CURTIDAS
Amigos, amigos…/ O líder do PMDB, Renan Calheiros (foto), não perde uma oportunidade de lembrar ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que não dá para se afastar dele. Dia desses, Renan começou assim uma conversa telefônica com Eunício: “Meu presidente, não abandone seus aliados!”
Nem vem/ As críticas de deputados, senadores e empresários à presidente do BNDES, Maria Sílvia, não tiraram o sono do governo.
Campanha do bem/ A Frente Parlamentar de Combate ao Contrabando e o Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro, coalizão formada por mais de 70 entidades representativas de setores afetados pela ilegalidade, lançam amanhã a campanha nacional O Brasil que nós queremos.Tudo para ver se conseguem unir forças entre sociedade civil e legislativo para contribuir no combate que envolve o comércio de produtos ilegais.
Ministro do bem/ O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, será o anfitrião do lançamento da campanha. Vai aproveitar o evento para ver se gera alguma notícia positiva capaz de tirá-lo do enrosco da Carne Fraca.