Categoria: coluna Brasília-DF
Depois que a ministra do Supremo Tribunal Federal Carmem Lúcia fatiou a operação Zelotes remetendo o nome de Lula para investigação na primeira instância, ampliaram-se no Planalto as suspeitas de que o ministro Teori Zavascki pode fazer o mesmo com o ex-presidente no que se refere ao processo da 24ª fase da Lava Jato, entregando Lula ao juiz Sérgio Moro.
Conforme antecipou a coluna na semana passada, o Planalto teme que as investigações sobre o ex-presidente ainda estejam no STF por causa da presidente Dilma. Nesse caso, o ministro Teori, tratado no meio jurídico como um dos mais técnicos do tribunal, analisaria se a presidente Dilma Rousseff cometeu algum crime, na hora em que nomeou Lula ministro. E é aí que, avaliam alguns, mora o perigo.
Novo discurso
O governo vai bater bumbo com o recuo da inflação de março para ver se consegue convencer parte dos congressistas dos partidos de esquerda de que ainda é possível consertar a economia sob o governo da presidente Dilma Rousseff. A investida da semana será sobre o PSB, antigo parceiro petista. Ali, havia até quinta-feira apenas três votos contrários ao impeachment. É nos socialistas que o PSDB também pretende investir para não perder votos favoráveis ao impedimento.
Apostas
Os governistas estão convictos de que, se a presidente Dilma Rousseff perder por pouco na comissão especial, é sinal de que pode vencer no plenário. Na madrugada, entretanto, muitos estavam meio descrentes dessa hipótese por causa dos 39 pronunciamentos pró-impeachment, com apenas 19 favoráveis ao governo.
Oráculo
Do alto de quem viveu muitas crises governamentais, o ex-presidente José Sarney tem dito a amigos que não acredita no impeachment. A um dos interlocutores reagiu assim: “Estou aqui desde Getúlio. Não vai ter impeachment”. Na hora, o sujeito que garante ter ouvido essa frase de Sarney pensou em Jorge Bornhausen, ministro da Casa Civil de Fernando Collor famoso à época por ter declarado que a CPI de PC Farias ia dar em nada.
MST, a vingança
Bastou o PMDB deixar o governo para que, na semana passada, o movimento dos Sem terra, o MST, invadisse a fazenda Santa Mônica, do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. O líder é hoje um dos que tenta servir de ponte às alas do partido no Senado, cobrando serenidade daqueles mais afoitos.
Encolher para respirar
A mistura explosiva crise econômica com reflexos da Lava Jato levou a Mendes Júnior, uma das maiores empresas do país, a demitir mais de 10 mil pessoas. É a volta aos tempos em que a família começava um pequeno negócio. As empreiteiras estão na linha de “recomeçar para tentar sobreviver”.
CURTIDAS
#NãovaiterPaolla I/ O diretor, Sérgio Rezende, e parte do elenco do filme “Em nome da lei”, estrelado por Matheus Solano e Paolla Oliveira, vão dar o ar da graça no Congresso esta semana. Não, eles não vêm tratar do impeachment da presidente Dilma,
#NãovaiterPaolla II/ O filme conta a história do juiz Odilon de Oliveira, que desbaratou várias quadrilhas de tráfico de drogas e armas no Mato Grosso do Sul e até hoje anda com escolta policial. A pré-estreia em Brasília, na próxima quinta-feira, será acompanhada de um périplo do diretor e atores pelo Congresso para pedir celeridade na votação do projeto que combate o contrabando.
#NãovaiterPaolla III/ Paolla Oliveira não virá a Brasília. Ela, que já tirou a concentração de muitos com a cena em que Danny Bond,aparece numa loungerie fio dental em Felizes para Sempre?, a minissérie filmada em Brasília, prefere não provocar tumulto num momento em que as excelências precisam se concentrar na votação do processo de impeachment.
Por falar em impeachment…/ Passava da 1h30 da matina de sábado na comissão especial, quando Marcos Feliciano, em tom de pregação, diz que quem votar contra o impeachment é um “Judas, deve se enforcar e não poderá olhar nos olhos dos filhos”. Chico Alencar, do PSol, contrário ao impeachment, não se conteve: “Isso é apelação baixa de quem se julga dono da verdade e usa a religiosidade em proveito próprio. Meus filhos continuam orgulhosos do pai”. Feliciano retrucou e foi a senha para que quase começasse uma discussão. Na saída, Alencar fez o sinal da Cruz para Feliciano e brincou: “É a benção de Judas!” A resposta: “Essa eu aceito!”
Depois da delação da Andrade Gutierrez colocando a campanha de 2014 na mira, voltou a crescer no PMDB o receio do dia seguinte ao processo em curso na Câmara. Há a sensação entre senadores e deputados do partido de que, se aprovado o impeachment, o vice-presidente Michel Temer não conseguirá governar. Por isso, antes mesmo de divulgado o teor da delação da Andrade, o presidente do Senado, Renan Calheiros, colocou em campo a proposta de novas eleições. Temer não gostou.
O vice-presidente viu na atitude do senador mais um ataque. E, assim, o PMDB voltou à velha divisão, com seus maiores caciques em campos opostos e o grupo de Renan atribuindo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a correria pelo impeachment e o desembarque antecipado do governo. Tudo isso chegou ao ponto de aliados de Cunha ontem comentarem nos bastidores que é preciso encontrar algo para “detonar” Renan. É o bastidor do PMDB em chamas justamente quando o partido precisava estar unido.
O escalão que conta
Um pedaço do PMDB acredita que a antecipação do desembarque deixou Dilma livre para demitir os 600 apadrinhados do partido em cargos de segundo escalão. Como falta algo em torno de 50 votos para o governo consolidar os 171 necessários para escapar do impeachment, os cargos seriam suficientes para resolver. Por isso, essa ala do PMDB acredita que ela escapará.
Quem fala o que quer…
Depois do inflamado discurso essa semana, o senador Romero Jucá ouviu poucas e boas da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) num jantar do partido: “Não foi para isso que colocamos você lá (na presidência do PMDB), quando você foi votar no Aécio, ninguém exigiu que você apoiasse o Michel”. A cobrança foi no sentido de evitar o fechamento de questão em torno do impeachment, o que promete criar mais confusão na bancada peemedebista. É a nova batalha.
Reforço
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, vai chamar a Força Nacional para ajudar a evitar confrontos entre manifestantes no dia da votação final do parecer do impeachment no plenário da Câmara. Está prevista presença de 150 mil pessoas na Esplanada.
“Esse cara não tem a menor credibilidade para comandar um processo de impeachment”
Do deputado Sílvio Costa, escudeiro de Dilma, referindo-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
CURTIDAS
Em tempos de crise econômica…./ “Se houver o impeachment da presidente Dilma, é bom marcar uma reunião de troca de faixas: os ‘mortadelas’ ficam com as do “impeachment já” e os ‘coxinhas’ pegam as ‘não vai ter golpe’. Assim, pelo menos, haverá economia de papel”, comenta o deputado Daniel (PCdoB-BA).
Vacina tucana/ O presidente do PSDB, Aécio Neves, reúne hoje o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e governadores filiados ao partido para avaliar o quadro e tentar fechar uma posição de não-participação na hipótese de governo Michel Temer.
“O mestre mandou”/ É assim que muitos peemedebistas respondem quando alguém pergunta por que Henrique Eduardo Alves deixou o governo antes que todos os outros. O “mestre”, respondem, é Eduardo Cunha, que ordenou a saída de Henrique para puxar os demais. Não deu certo.
Enquanto isso, no Planalto…/ O encontro das mulheres com Dilma estava tão barulhento e confuso que o cerimonial pediu calma, em vez de pedir silêncio, quando uma moça simpática ao impeachment foi retirada. Foi uma vaia geral. E a presidente Dilma, acostumada aos pedidos de silêncio do cerimonial, deu corda: “O cerimonial também precisa ter mais calma!” É… O país precisa de muito suco de maracujá…
Ao mesmo tempo em que fechou as portas para uma reforma ministerial, o governo abriu as comportas de cargos e emendas para atender os políticos dos partidos aliados. Entraram no rol o Dnocs, diretorias do Banco do Nordeste, do Banco do Brasil, regionais da Codevasf e outros. A estratégia ajuda a conquistar um ou outro voto contra o impeachment, mas não garante que os partidos fechem questão em favor da presidente Dilma Rousseff. O PR, por exemplo, recebeu dez deputados no período em que vigorou a janela para mudança de partido. Muitos lá chegaram com posição fechada em favor do impeachment e não vão mudar. O PP, idem. Logo, as bancadas ficarão liberadas para escolher como votar.
Moral da história: se o governo quiser obter algum sucesso, será no pinga-pinga e não no atacado.
Michel na lida
A oferta de cargos a parlamentares não se restringe ao atual governo. O vice-presidente Michel Temer tem recebido muita gente interessada num naco futuro de poder. Quem tem levado parlamentares para conversar sobre esse tema com o vice é ex-deputado Sandro Mabel, do PMDB de Goiás.
Tarde demais
Alguns deputados que receberam cargos do governo estão com o seguinte raciocínio: como o pedido é antigo e só foi atendido agora, vale por votações passadas. Para o impeachment, é outra história. A nomeação de Ricardo Bezerra para diretor da Agencia Nacional de Aviação Civil e de João Maia para uma diretoria do Banco do Brasil são exemplos. Carlos Henrique Gaguim, do Tocantins, tido como padrinho da indicação da Anac, é contado no rol de favoráveis ao impeachment.
E os novos partidos, hein?
O sistema do Tribunal Superior Eleitoral para registro de novos partidos ficou fora do ar três meses, depois das novas regras do Tribunal para registro de agremiações partidárias. Só ontem voltou a funcionar. Agora, novas legendas virão para se somar as dezenas.
O intocável…
O governo não pretende mexer nas Docas do Ceará que são atribuídas a indicações do senador Eunício Oliveira, líder do PMDB. E por um único motivo: Eunício é considerado um dos mais equilibrados e pode promover a paz entre as bancadas no dia seguinte, se não houver impeachment.
… Termômetro
Foi para Eunício que a presidente telefonou a fim de saber os reflexos sobre o pronunciamento do senador Romero Jucá (PMDB-RR) em prol do impeachment. Eunício, segundo aliados, desconversou, dizendo que está focado no Senado, onde o processo não chegou.
CURTIDAS
Jefferson, campeão/ Ao chegar à sala de café do plenário da Câmara, Roberto Jefferson recebeu cumprimentos efusivos de diversos parlamentares e jornalistas. “Não tem um defensor do governo como você foi do Collor. Quem mais se parece com você é o deputado Silvio Costa, de Pernambuco, mas não tem a metade do seu talento na tribuna”, comentou o deputado José Carlos Aleluia
Ainda é cedo para contagens/ Aleluia era deputado nos tempos do impeachment de Fernando Collor e avisa aos navegantes: “Eu era indeciso em relação ao impeachment de Collor. Antonio Carlos Magalhães era o todo poderoso e cobrou votos em favor do presidente. Eu, três dias antes, avisei a Luís Eduardo Magalhães que não tinha como votar em favor de Collor”. Isso vai ocorrer aqui.
Walfrido, o contador/ Ex-ministro de Relações Institucionais de Lula, é Walfrido dos Mares Guia quem mais está ajudando o governo na contagem dos votos em favor da presidente Dilma Rousseff. Grande conhecedor da base aliada, identifica os indecisos e os leva para conversar com o ex-presidente Lul. Só não tem tido muito sucesso no PTB ao qual pertenceu por décadas.
Pensando bem…/ O fato de Jovair Arantes ser dentista provocou piadas ontem: “Ele é um Tiradentes às avessas: Tiradentes foi esquartejado. O Jovair está esquartejando. É a vingança dos dentistas!”, comentou um socialista.
Ao dizer ontem que não pretende mudar ministros antes de votado o processo de impeachment na Câmara, a presidente Dilma Rousseff pode ter assinado a carta para o seu afastamento. Afinal, o governo é conhecido entre os parlamentares como “aquele que não cumpre acordos”. Portanto, das duas, uma: Ou a presidente já tem votos suficientes e pode prescindir dos indecisos que sonhavam com nacos de poder, ou voltou a adotar aquela postura que deputados classificam como “arrogante”. Se for a segunda hipótese, problemas virão.
O que pode atrapalhar isso planos da presidente nesse quesito são as várias vezes em que seu governo fechou acordos que terminou não cumprindo, seja na apreciação de projetos de lei, seja na cessão de cargos. No caso de Michel Temer, todos o vêem como alguém que cumpre acordos.
Contagem diária
O balanço do grupo do PMDB pró-impeachment indicava 323 votos contra a presidente, 40 indecisos. O governo tem 150, porém, certos mesmo, essa contabilidade registrava apenas 126. Os 27 restantes são aqueles que, na avaliação dos peemedebistas, ainda podem mudar para o voto a favor do impeachment. O grupo não cogita mudança naqueles que hoje votam em favor do impeachment.
Apostas em Michel
Os políticos têm certeza de que o plenário do Supremo Tribunal Federal não respaldará a decisão do ministro Marco Aurélio Mello — de determinar à Câmara que abra uma comissão especial para proceder a análise do pedido de impeachment contra Michel Temer. “Não será a primeira vez que Marco Aurélio ficará isolado no pleno”.
Enquanto isso, no TSE…
Nos bastidores da solenidade ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o assunto era o pedido de impeachment de Michel Temer. O ex-presidente José Sarney, que vive auscultando todos os Poderes da República, foi até lá sentir o pulso da Justiça, durante entrega da medalha Assis Brasil.
…os processos caminham
O resumo da ópera foi o de que a hipótese de cassação da chapa Dilma/Temer não está tão morta como gostariam os peemedebistas ligados ao vice-presidente.
Eles queriam
Líderes partidários cogitaram ontem apensar o pedido de impeachment de Michel Temer ao de Dilma Rousseff em tramitação na Câmara. O presidente da Casa, Eduardo Cunha, não quis nem conversa sobre isso.
CURTIDAS
Jucá repaginado/ Há tempos o senador Romero Jucá não se referia a um governo brasileiro na terceira pessoa. Desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso, ele tratava os governos como “nós”. Ontem, no histórico pronunciamento sobre a crise no país tratou a administração Dilma Rousseff de “eles”.
É a Zika!/ Fiel escudeiro de Dilma, o deputado Sílvio Costa respondia assim àqueles que ironizavam a história de parlamentar adoecer para não comparecer ao Congresso no dia em que o impeachment estiver em pauta:”No meu Estado tem muita Zika, o sujeito não pode adoecer, é?”
Dias melhores virão!/ amigos do senador Álvaro Dias (PV-PR) tentam ver se emplacam esse slogan para a campanha presidencial do senador.
Royalties/ A turma da Rede não gostou de ver o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) como o protagonista da proposta de antecipar as eleições, que, aliás, cresce em apoios. O senador Randolfe e o deputado Miro Teixeira discutem essa saída há pelo menos um mês.
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Sds
Denise Rothenburg
(61) 9987-1610
Enviada do meu iPad
Advogados e juízes consideram que talvez setores do governo tenham comemorado antes da hora o fato de o julgamento de Lula ter sido mantido no Supremo Tribunal Federal. É que começa a se formar no meio jurídico a concepção de que não foi por causa do ex-presidente que o ministro Teori Zavaski pensou em atrair a competência de foro para o STF e sim em função da presidente Dilma Rousseff. Embora ela não esteja sob investigação direta, as citações da presidente Dilma devem ser apuradas no Supremo.
Lula, dizem os juízes, continua no rol dos mortais. E, em que pesem algumas convicções em contrário até na Suprema Corte, o caso do ex-presidente pode voltar em breve para as mãos do juiz Sérgio Moro, cindindo-se os processos: um para Lula e outro para Dilma, este sim sob foro no Supremo Tribunal Federal, se houver algo a ser apurado. Não é à toa que ministros do governo e defensores da presidente não tiram os olhos do STF.
Cortes em estudo
Os estrategistas do vice-presidente Michel Temer estão convictos de que, na hipótese de aprovação do impeachment, não restará ao presidente em exercício outra saída que nao cortar todos os repasses a sindicatos e movimentos sociais. Acredita-se no grupo de Temer que, sem recursos, esses movimentos perderão parte da capacidade de mobilização contra o futuro governo. Esse é mais um motivo que tem levado muitos movimentos às ruas em favor de Dilma.
Por falar em Dilma…
Os cabeças do movimento pró-impeachment acreditam que, na comissão especial, o troca-troca de ministro não surtirá efeito, mas, em plenário a movimentação do governo pode ter resultado. Analistas e estatísticos entendem que Dilma pode ter de 20 a 40 votos de margem para evitar o impeachment.
Viraram cisnes
No rol de políticos do PMDB, há quem diga ter sido apressada a reunião de afastamento do governo. É que, nos partidos médios, onde há maior número de indecisos, o desembarque peemedebista abriu um portal para que os partidos de centro (médios e nanicos) antes tratados como os “patinhos feios” da aliança, ganhassem tapete vermelho no Planalto. Esses partidos viviam reclamando que o PMDB não votava com o governo, mas controlava altos cargos.
Defesa preventiva
Ao encerrar o seminário luso-brasileiro em Lisboa, o ministro Gilmar Mendes lembrou que a criação do Ministério da Defesa no governo Fernando Henrique Cardoso ajudou a evitar que surgissem novas lideranças na caserna e, assim, desestimular ambições de retomada do poder pelos militares.
CURTIDAS
Passado presente/ No lobby de um hotel em Lisboa, um político baiano falava numa roda para quem quisesse ouvir que, nos tempos de Collor, Renato Baiardi, da Odebrecht reclamava da cobrança de propina no valor das obras, mas dizia: “Eu danço confirme a música. Se a gente não dançar conforme a música, não tem obra”. Essa é, na visão de muitos, a realidade do setor da construção civil em solo brasileiro.
Por falar em Collor…/ Deputados que participaram da sessão da Câmara que, em 29 de setembro de 1992, autorizou o processo de impeachment contra Collor, recomendam muito cuidado ao governo na hora de contabilizar votos. O deputado Átila Lins, do Amazonas, comentava dia desses: “Naquele dia, muitos iam para a fila de votação dizendo que eram a favor do governo e, na hora, votaram contra”.
O que é bom para o Brasil…/ Uma comitiva do Tribunal de Justiça da União Europeia virá ao Brasil em setembro para estabelecer um programa de relacionamento entre as cortes brasileira e europeia. Um dos interesses dos europeus é o principio da súmula vinculante, aquela que, quando aprovada por mais de dois terços dos ministros do STF, deve ter o seu entendimento seguido pelas outras instâncias.
Aplicado/ Presidente da Comissão Especial do Impeachment, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), tem passado os fins de semana estudando todas as atas das sessões de votação de todos os processos de impeachment que já passaram pela Casa. Quer se preparar para esfriar os ânimos no dia da votação.
Enviada do meu iPad
Números à parte, a mobilização pró-governo de ontem foi expressiva e não pode ser desprezada, conforme avaliaram até os oposicionistas. O PMDB tirou dali um recado claro: quem assumir o Planalto na hipótese (hoje provável) do impeachment de Dilma Roussef __ leia-se o vice presidente Michel Temer __ terá que lidar com uma oposição ferrenha à porta. O primeiro grito ensaiado pelos petistas é o: “Fora, Cunha”, em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Começa a cristalizar a opinião de que, mesmo com o impeachment, a política não vai acalmar.
Por falar m PMDB…
Parte da cúpula peemedebista voou hoje cedo para São Paulo. Vai acertar os próximos passos diante das manifestações da semana e os ponteiros para a reunião do diretório nacional pós-Páscoa e o que virá a ser, na avaliação de muitos, as bases de um futuro governo Michel Temer. A avaliação é a de que o PMDB, no fundo, já desembarcou. Só falta oficializar.
E o Delcídio, hein?
A delação do senador “fase dois” sai neste fim de semana, numa entrevista à revista Veja. Ele não poupou ninguém e disse que o governo vazava operações da Lava-Jato sob a senha “ventos frios” e “questões indígenas”.
Apostas
Os socialistas apontam hoje pelo menos três candidatos a presidente da República. Em ordem alfabética: Geraldo Alckmin, José Serra e Marina Silva. Outro apontam Ciro Gomes e o próprio Lula.
Serra em movimento I
A saída de Andrea Matarazzo do PSDB foi vista por muitos tucanos como uma indicação de que o senador José Serra pode seguir o mesmo caminho para garantir uma candidatura a presidente da República por outro partido. Aliás, muitos políticos planejam aproveitar o aniversário do senador para dar aquele telefonema de praxe aproveitar para sondar o que representa essa saída de Matarazzo.
Serra em movimento II
O fato de Matarazzo sair antes da prévia demonstra ainda que o senador, candidato a presidente da República por duas vezes, não quis deixar explícito seu tamanho dentro do partido. Matarazzo deve seguir para o PSD de Gilberto Kassab, que, embora atualmente não seja parceiro de José Serra, nunca esteve distante do senador.
Conta de chegada/ Há quem diga que Eduardo Cunha abrirá as sessões para contagem de prazos na comissão do impeachment para que a presidente Dilma Rousseff seja obrigada a entregar sua defesa em 1º de abril, Dia da Mentira.
Por falar em Dilma…/ As olheiras ontem indicam as noites mal-dormidas que ela tem tido ultimamente.
Questão de segurança/ Nos últimos dias, o governador Rodrigo Rollemberg (foto) só foi dormir depois que a Polícia Militar lhe informou que a Esplanada estava vazia. Nesses dias, quase toda a PM ficou mobilizada na Esplanada e o governo local se prepara para avisar ao Planalto que o restante da cidade não pode ficar sem policiamento por causa dos manifestantes.
Inspirado/ Nas redes/ A #VempraDemocracia ocupou o topo dos trending topics do Twitter no Brasil. Sinal de que os apoiadores do governo trabalharam firme para demonstrar força ontem e tentar angariar votos.
Enquanto o PMDB e os partidos tradicionais se preparam para a batalha do impeachment, a Rede, da ex-senadora Marina Silva, vai tentar trazer à baila uma proposta de antecipação das eleições de 2018. A primeira conversa da Rede se deu com o deputado Chico Alencar, do PSol. A ideia em curso é propor uma emenda constitucional para que se faça o recall do mandato da presidente Dilma Rousseff. Se ela for rejeitada pela população — e hoje tudo indica que será —, o país teria nova eleição em 90 dias. Diante da contaminação da linha sucessória, em especial, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha; e o do Senado, Renan Calheiros, a Rede considera que quem vier a assumir o poder no lugar de Dilma Rousseff tem que ter a chancela das urnas. Falta combinar com o PMDB, o maior partido da Casa; o PSDB; o DEM e quem mais chegar.
Cunha no comando
As indicações dos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) para presidir a comissão especial do impeachment e de Jovair Arantes (PTB-GO) para relatar foram obra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O fato de o governo não ter reclamado é sinal de que os aliados de Dilma estão com poder de fogo reduzido na Casa.
Fui…!
As ausências do vice-presidente Michel Temer e do presidente do Senado, Renan Calheiros, à posse dos ministros dissiparam as esperanças de quem considerava possível atrair uma parcela maior do PMDB contra o impeachment. Ficou cristalino que o vice e seus aliados já estão no aquecimento para assumir o poder.
E vou mudar!
Michel Temer tem maturado nos últimos dias que um futuro governo sob seu comando não poderá ser de continuidade, ou seja, terá de renovar propostas e projetos para tentar aglutinar apoios. “Se chegar propondo só a volta da CPMF não atrairá ninguém”, diz um experiente político da oposição.
Agora lascou
Os diálogos de Lula com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram considerados pelos próprios petistas como um tiro no pé. “Se Lula queria alguma tábua de salvação ali, perdeu”, comentavam os conhecedores do humor dos ministros da Suprema Corte.
Enquanto isso, no Planalto…
A presidente garante em discurso: “A gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo e colocar nosso povo de joelhos”. Mas, internamente, ministros avaliam que as manifestações de 16 de março e as de ontem foram bem mais preocupantes do que as de domingo, porque foram espontâneas. Estão todos inseguros.
[FOTO2]
O jeitão dele…/ O semblante do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (foto), mudou. Há tempos, ele não se mostrava tão feliz, desfilando com uma gravata verde-bandeira. Acredita que, enquanto o impeachment estiver em cena, poderá tratar de se segurar no cargo.
…Não nega/ A aposta dos aliados de Cunha é de que depois do impeachment vem a eleição municipal, e a Câmara ficará esvaziada. Assim, creem os amigos do presidente da Câmara, ele terminará seu mandato no comando da Casa.
Juiz & justiceiro/ Por mais apoios que Sérgio Moro agregue hoje, há uma sensação entre os políticos das mais diversas matizes que o juiz ultrapassou um limite ao expor o diálogo entre Dilma e lula, captado quando a ordem da escuta estava revogada. O estrago político, entretanto, está feito. Só resta ao governo reclamar às instituições competentes.
E o Mauro Lopes, hein?/ Adalclever Lopes, filho do novo ministro da Aviação Civil, não foi à posse ontem no Planalto. Dos ministros do PMDB presentes, o do Turismo, Henrique Eduardo Alves, fez questão de ficar “à paisana”, no meio dos convidados, sem ocupar um dos lugares de destaque. Senadores do PMDB faltaram. Um deles comentava ontem reservadamente que não queria fotos ao lado de Lula.
A luta de Lula
Que ministério que nada. O que o presidente Lula está disposto a discutir no momento é o tema Poder Judiciário. Por isso, reuniões intermináveis com advogados e juristas nos últimos dias. O debate que ele e o PT não enfrentaram no mensalão, quando viram a cúpula partidária na cadeia, o ex-presidente pretende fazer agora no petrolão. Sabe como é: pimenta nos olhos dos outros levou Lula a adiar o tema no passado, para não jogar luz sobre algo incômodo ao PT, especialmente, quando se tratava de temporada eleitoral. Entretanto, neste momento, em que ele próprio, Lula, entra no centro do debate e no risco da prisão, não dá mais para fugir. Ainda que seja um ano eleitoral, é aí que o ex-presidente pretende dispender sua energia.
A malemolência do PMDB
Diante das incertezas sobre o futuro, o PMDB vai ficar hoje com uma pizza metade calabresa, metade mussarela. A ideia de deixar os pedidos de rompimento com o governo para votação daqui a 30 dias é sinal de que o partido ainda não tem segurança sobre o fim do governo Dilma, tampouco confia nos tucanos para lhe ajudar a reorganizar a economia, caso venha o impeachment e Michel Temer assuma o poder. Afinal, todos têm seus planos para 2018.
Por que 30 dias?
Daqui a um mês, calculam os peemedebistas, haverá mais clareza a respeito das conversas deflagradas essa semana com o PSDB sobre as saídas para a crise. De mais a mais, qualquer atitude agora dividiria um partido que quer se mostrar unido para tentar convencer as demais forças políticas de que consegue tocar o barco, se houver um impeachment de Dilma.
Ele sabe
A outra variável que deixa o partido de Michel Temer no lusco-fusco entre governo e oposição é a Lava-Jato. Os peemedebistas estão inseguros sobre o que virá nas delações em curso. Embora Delcídio do Amaral tenha dito a amigos que não mencionou os peemedebistas, outros delatores o fizeram. Ontem mesmo houve mais um pedido de abertura de mais um inquérito contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Risco
Depois de uma nota de promotores e procuradores com críticas ao que chamam de “banalização da prisão preventiva”, acendeu-se um pisca-alerta nos partidos de oposição. Há quem esteja preocupado com a hipótese de Lula se transformar em vítima nesse contexto.
Dilma falante
A entrevista da presidente Dilma Rousseff ontem vai se repetir mais vezes. Ela gostou de falar e voltará a fazê-lo em breve.
CURTIDAS
Walter, o recolhido/ Pouco tem se ouvido do senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, a respeito da crise política em plenário. Justifica-se: ele está a caminho do PSD do senador Otto Alencar (BA).
Sono difícil/ As olheiras de Dilma indicam que o batidão diário não está fácil, apesar das pedaladas matinais.
Por falar em pedaladas…/ Nos bastidores do Planalto, esse tema é visto como matéria vencida. Ou seja, na visão palaciana, não será por aí que se conseguirá o impeachment da presidente Dilma.
E o Beto Richa, hein?/ Com a abertura de inquérito para investigar o governador do Paraná, Beto Richa, que é do PSDB, os petistas se preparam para provocar os tucanos na semana que vem no embate congressual.
Diante do pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula, ficou em segundo plano a nova fornada de delações premiadas, capaz de pôr em xeque todas as conversas políticas da quarta-feira em Brasília — tanto as que o petista manteve no sentido de preservar o mandato da presidente Dilma Rousseff, tanto os ensaios feitos por tucanos e peemedebistas desenhando cenários sobre um hipotético afastamento de Dilma.
A contar que seja verdade o pouco que se sabe, virão à baila doações em caixa dois da campanha de 2014, o que reforçará a ação contra a presidente e seu vice, Michel Temer, dentro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Comprovada essa irregularidade, todos os movimentos para assunção de Temer estariam comprometidos. É a Lava Jato mandando no presente e deixando um mar de incertezas sobre o futuro.
Ele sabia
O ex-presidente Lula foi quem sugeriu que o presidente do Senado, Renan Calheiros, buscasse o PSDB para sentir o clima e começar a tentar construir cenários para sair da crise. Uma pergunta foi feita pelos peemedebistas: “Tem saída com Dilma? Se tiver, nos digam”.
Ele já sabia
A resposta dos tucanos, o “fora Dilma”, também já era esperada. A ordem agora é saber com quem se pode contar na hora da verdade, quando o processo de impeachment chegar ao plenário. O que o ex-presidente não esperava era uma prisão preventiva pelo Ministério Público paulista.
Enquanto Dima tiver caneta…
Jorge Picciani não faz segredo de que o filho dele, Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara, continua com Dilma até o fim, contra o impeachment, ainda que o PMDB desembarque. Mas na mesma hora completa que o governo Dilma não durará mais 90 dias.
Moro pegou pouco
São, pelo menos, 172 offshores que abrigam recursos de brasileiros no exterior. Até aqui, as apontadas pela Lava Jato não chegam a 10.
CURTIDAS
Corrida da preventiva/ Os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato não engoliram o pedido de prisão preventiva de Lula pelo Ministério Público de São Paulo: “Pô, foram na frente da gente”, reagiu um procurador.
Suspense desfeito/ O delegado Márcio Anselmo, que integra a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, passou a semana em Brasília. Calma, pessoal! Ele não veio prender ninguém tampouco preparar uma nova condução coercitiva ou prisão preventiva. Estava num curso na Academia Nacional de Polícia.
Valdemar ainda manda/ De tornozeleira e tudo, Valdemar Costa Neto (foto) continua reinando no PR. Com a janela partidária aberta, tratou pessoalmente da filiação de dois deputados: Delegado Waldir, em Goiás, e Christiane Yared, no Paraná. Waldir saiu do PSDB. Yared, do PTN.
Por enquanto, tá pesado/ Os peemedebistas começaram ontem as conversas para a convenção de sábado, de olho na valorização das ações de Michel Temer para presidir o país. Ocorre que, enquanto a Lava-Jato estiver fervendo, difícil os grandes mastros da política içarem a bandeira de Michel, com Eduardo Cunha na garupa..
Que ninguém se surpreenda se, depois dos senadores, Lula vier a buscar a oposição. Seja dentro ou fora do governo, ele assumiu ontem o papel de coordenador da campanha contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, e as conversas com os oposicionistas são inevitáveis mais à frente, quando terminar o périplo pelos partidos da base aliada.
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A ideia é colocar sobre a mesa um programa econômico que possa ser usado como atrativo. O tema, aliás, foi mencionado num artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nada acontece, entretanto, antes do embate do 13 de março nas ruas.
Bala de prata
Integrantes da força-tarefa da Lava-Jato discutiram as consequências políticas da condução coercitiva do ex-presidente Lula. Apenas um deles foi contra e queria indícios mais fortes para pedir logo a prisão do petista. Foi voto vencido, mas deixou uma pista: a força-tarefa ainda não tem essa prova definitiva.
Pasadena, o retorno
Com a suspeita da delação premiada de Delcídio do Amaral, o Tribunal de Contas da União (TCU) volta ao foco por causa do processo de investigação sobre a refinaria de Pasadena. O relator é o ministro Vital do Rêgo, do PMDB de Renan Calheiros.
Herói da resistência I
Lula tem vários motivos para resistir ao tapete vermelho que lhe foi estendido em frente à rampa do Planalto para subir como ministro de Dilma. O primeiro deles é que a família está enroscada na teia da Lava-Jato e não há espaço para todos no gabinete presidencial. Outro é a proteção ao próprio governo: seria colocar a operação dentro do Planalto, que já tem problemas demais para resolver, haja vista a proximidade do processo de impeachment e a crise econômica.
Herói da resistência II
Além desses dois problemas, há um que Lula considera com carinho: seria o reconhecimento público de que ele teme ser preso. E, diz o ditado popular, quem não deve não teme. Se a força-tarefa da Lava-Jato requerer a prisão do ex-presidente, o risco de virar vítima é grande. Isso, aliás, já está no radar dos investigadores.
CURTAS
Coisa antiga/ Circula nas redes sociais reportagem do Jornal Nacional exibida em 2010 sobre a Bancoop, suspeita de desvio de dinheiro da cooperativa para o PT, e ainda reclamações dos mutuários sobre a paralisação das obras do condomínio no Guarujá. À época, Lula foi citado como dono do tríplex. Ao fim, aparece Fátima Bernardes dizendo que o Planalto não quis comentar o assunto.
Porteira aberta/ Aprovada ontem no TRE do Amazonas, a cassação do mandato do governador José Melo desaguará em breve no TSE. Será o primeiro grande teste das ações por abuso de poder político. Inclua-se aí a chapa Dilma-Temer.
Acredite se quiser/ O ex-senador Delcídio do Amaral (foto) mandou avisar ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ue não o citou na delação premiada. Mas a situação é tal ue a desconfiança prevalece diante da palavra.
É o bicho!/ No café da manhã com os senadores de vários partidos da base, Lula ouviu de um deles que ficasse tranquilo em relação ao PSDB: “O que mata jararaca é gavião, tuiuiu e carcará. Tucano só come frutinhas e, se estiver com muita fome, pega filhotes de outras aves”.