Vai levando

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Governo e oposição entraram no embalo da música de Tom Jobim, “mesmo com toda a fama (…) com toda lama, a gente levando essa chama”. A base não pretende fazer um movimento sequer para encher o plenário e votar a primeira denúncia contra Michel Temer. E, em princípio, nem o PT. Os petistas nunca foram tão felizes nesse período, desde a divulgação do encontro entre Michel Temer e Joesley Batista. Obviamente, a condenação de Lula quebrou o encantamento, mas o “fora Temer” é o que mantém o partido unido aos movimentos sociais.

A ordem, num primeiro momento, é deixar a denúncia pairando no ar. Para a base, Temer continua presidente. Para a oposição, mais seguro ficar com Temer desgastado do que encontrar um novo nome que poderá se viabilizar para 2018.

Problemas à frente

O governo faz chegar a quem interessar possa que não houve acordo para o fim gradual do imposto sindical. A extinção pura e simples, se mantida conforme previsto na reforma trabalhista, entretanto, promete ser mais uma pedra no caminho do presidente Michel Temer na hora de enfrentar o processo no plenário da Câmara.  Afinal, embora o presidente ainda tenha gordura para queimar, todo o cuidado é pouco.

Segurança na liderança

O Instituto Paraná Pesquisa foi saber quem eram os políticos preferidos do eleitorado do Rio de Janeiro para concorrer ao Senado. O entrevistado poderia escolher dois nomes, uma vez que a eleição do ano que vem é para dois terços da Casa. O quadro hoje beneficia a turma que capricha no discurso em prol de mais segurança pública, delegada Martha Rocha (PDT), 26,7%, e o vereador Carlos Bolsonaro, 23,3%, filho do deputado Jair Bolsonaro, que lidera a disputa presidencial por lá com 22,8%, Lula em segundo 17,7% e Joaquim Barbosa em terceiro, 10,3%.

Esquerda em segundo plano

Os outros nomes sugeridos pelos pesquisadores tiveram desempenho mais modesto na consulta. Em terceiro surgiram Alessandro Molon (Rede) e Bernardinho (Novo), com 15,5%, César Maia (DEM), 13% Chico Alencar (PSol), 10%. O Instituto Paraná ouviu 2.020 eleitores entre 6 e 10 de julho.

Se continuar assim…

Aliados do presidente Michel Temer consideraram o silêncio do ex-deputado ontem, durante depoimento sobre desvio de recursos na Caixa Econômica, um sinal de que a delação pode demorar. Aliás, desde que Temer entrou nessa rota de desgaste, em maio, muitas expectativas negativas para o governo não se confirmaram até o momento, incluindo a renúncia do presidente e a a cassação da chapa Dilma-Temer.

A regra/ Quem está acostumado a acompanhar a capacidade de mobilização do PT avisa que os movimentos de rua terão mais força nos estados onde o partido é governo, caso da Bahia, ou onde o governador é aliado, caso do Maranhão governado por Flávio Dino, do PCdoB. Nos demais, será mais difícil.
A exceção/ No Ceará, essa amizade do governador Camilo Santana com Lula enfrenta problemas na família de Ciro Gomes (foto). Enquanto Ciro quer ser candidato a presidente da República com apoio do PT, seu irmão mais novo não poupa Lula nas redes sociais.

O incômodo/ Ivo Gomes, o irmão de Ciro, é direto quando menciona o PT: “ (…)Quem colocou Temer no lugar em que está foi Lula. Quem prestigiou a alta bandidagem brasileira foi Lula. A volta de Lula ao poder representa a revanche, o ódio, a intolerância, o flaflu despolitizado e medíocre, além de continuidade da guerra política. Tudo o que o Brasil não precisa”, diz Ivo.

Esse cara sou eu/ Terminada a votação da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) aborda a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e comenta: “Viu? Vocês precisam de um cara valente como eu para defender vocês!”. Foi uma risada geral.

“Casou” direitinho

Publicado em coluna Brasília-DF

Deputados da base do governo têm encontro marcado para amanhã à noite em Curitiba. Calma, pessoal! Não é na carceragem da Polícia Federal. É o casamento de Maria Victoria, filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros, que acabou coincidindo com a data prevista para votar, no plenário da Câmara, a autorização para que Michel Temer responda a processo por suspeita de corrupção passiva. A cerimônia serviu como uma luva àqueles deputados que estão com o presidente, mas não querem mostrar a cara na hora de registrar o voto no painel, ou seja, vão registrar presença, mas não votarão. Ontem, uns 20 disseram à coluna que “faltar ao casamento seria uma desfeita muito grande com o ministro”.
O quórum, aliás, é hoje o maior obstáculo para o governo resolver de vez essa primeira denúncia. Chegou ao gabinete do presidente Michel Temer um parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, de 1992, que considera terminada a votação de uma emenda constitucional apenas se houver, pelo menos, 302 votos registrados no painel (na época, três quintos eram 302, hoje são 308). No caso da denúncia, a votação só será considerada concluída depois que pelo menos 342 (dois terços da Casa) parlamentares registrarem o voto. Logo, para votar agora é preciso que 342 se manifestem. Se a oposição resolver obstruir, caberá ao governo colocar número no plenário da Casa para assegurar o pleito. Se depender da turma que vai ao casamento, adeus votação nesta semana.

Enquanto uns querem separar…

Depois das juras de fidelidade do PMDB e do PSD a Michel Temer, deputados e senadores contavam ontem à tarde com a sobrevivência do governo e começavam a trabalhar o pós-votação e não o pós-Temer. É preciso aproveitar julho para encontrar mecanismos capazes de proteger a recuperação econômica das turbulências políticas. Essa é, por exemplo, a conclusão do PPS.

… Outros querem unir

Falta combinar com Michel Temer e com os peemedebistas. Hoje, na solenidade de sanção da reforma trabalhista, o presidente planeja lembrar, mais uma vez, que a economia só se recuperou um pouco graças ao seu governo. E, para usar uma expressão que ficou famosa, é preciso manter isso, viu?

Ruim para todos

A condenação de Lula vai dividir o esforço do PT, que estava todo concentrado em atacar Michel Temer. Porém, avaliam os governistas, no médio prazo, isso não beneficia ninguém, porque só acirra o clima de ódio entre os atores políticos.

Menos pressão sobre o governo

Com Geddel Vieira Lima solto, avaliam alguns petistas, o procurador Rodrigo Janot perde mais um candidato à delação. E com Raquel Dodge já confirmada pelo plenário do Senado, a procuradoria vai se dividir.

Enquanto isso, nas ruas…
Parte da turma que apoiou o impeachment ocupou as calçadas para comemorar a condenação de Lula. O PT promete sair para apoiar seu maior líder. Talvez esteja aí o embrião de novas manifestações. Enquanto isso, Michel Temer vai levando o governo de fininho.

Janot “de boa”/ O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não tem muito do que reclamar da vida. Ontem, já passava das 15h e ele continuava no almoço, tomando um bom vinho tinto num restaurante português.

(Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press – 8/3/17)

Feira livre I/ Os deputados precisam tomar cada vez mais cuidado quando fazem perguntas em seus discursos. A deputada Érika Kokay (foto), do PT-DF, ao mencionar as mazelas do país, indagou, “quem é o culpado?” Na hora, o plenário respondeu: “É o PT!”, “é o Lula!”, “é a Dilma!”.

Feira livre II/ O PT deu o troco quando o deputado Darcísio Perondi foi à tribuna defender o presidente Michel Temer. “Temos um novo produto para a cara de pau: óleo de Perondi!”, gritou um petista.

Cristovam & Rollemberg/
Em conversa em seu gabinete com o governador Rodrigo Rollemberg,
o senador Cristovam Buarque foi direto quando comentou sobre 2018: “Fique tranquilo, que eu não serei candidato no ano que vem”. Eis que Rollemberg, com um sorriso, respondeu: “Se você fosse, teria o meu apoio”

 

Condenação de Lula enfraquece ataques do PT a Temer

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A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu como uma bomba no partido, que, nesse primeiro momento, parte para o ataque ao juiz Sérgio Moro, com argumentos muito parecidos com aqueles que o PMDB usa hoje para defender Michel Temer. O líder do PT, Carlos Zarattini, foi enfático ao dizer que não há provas de que o triplex é de Lula, a não ser a delação de um empresário que está preso e diria qualquer coisa para se livrar da cadeia. Da mesma forma, os peemedebistas afirmam dia e noite que não há nada que ligue o presidente Michel Temer aos R$ 500 mil recebidos pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, a não ser a delação de um empresário que recebeu o direito de viver nos Estados Unidos e ficar livre da cadeia, depois de gravar o presidente.

 

É nesse pé que a política chega a esta tarde de quarta-feira, o primeiro dia de debates da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A cada dia, a cena politica fica mais conturbada, sem sinais de clima ameno para ninguém.  Da parte do governo, continua a busca de votos. Certamente, o fato de o PMDB e o PSD fecharem o apoio a Michel Temer dá fôlego para o presidente enfrentar essa primeira denúncia, uma vez que o PP e o PR devem seguir pelo mesmo caminho.

 

Nesse momento, o principal obstáculo é o tempo. O governo vai forçar a votação esta semana, mas há um grupo interessado em deixar para agosto, quando outras denúncias virão. Na verdade, os deputados não querem ter que colocar a cara agora no microfone para votar a favor do presidente e ter que repetir o gesto em agosto. Preferem esperar as próximas denúncias e fazer tudo de uma vez só, no mês que vem. Temer, entretanto, prefere  votar logo e joga para isso. A ordem é, com o fôlego dessa primeira denúncia, aproveitar o recesso para se organizar a fim de enfrentar as novas turbulências. Quer viver a cada dia, ou melhor, a cada hora a sua aflição. Aliás, o país não tem feito outra coisa nos últimos anos. Vejamos as próximas horas, o que nos reservam. De tédio, como disse certa vez o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, não morreremos.

A decepção de Temer

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De seu gabinete no Planalto e com poucos ministros na sala, o presidente Michel Temer acompanhou a leitura do relatório do deputado Sérgio Zveiter na Comissão de Constituição e Justiça. Ele esperava esse desfecho, ou seja, o voto pela autorização ao STF para processar o presidente por corrupção passiva. Porém, dizem seus aliados na Câmara, não imaginava que o relator praticamente repetiria a denúncia de Rodrigo Janot em seu parecer. Até por ser do PMDB, Zveiter, na avaliação dos amigos do presidente, deveria ter, ao menos, buscado uma neutralidade, dando respaldo a algum argumento da defesa. O relator, porém não teve essa “sensibilidade” e, na visão de aliados de Temer, ainda ultrapassou  os limites da Comissão, ao sugerir que o plenário da Câmara acolha o seu voto, antes mesmo de a CCJ decidir. Por essa, o presidente Michel Temer não esperava.

O presidente tem consciência de que a gora a sua batalha ficou mais difícil, uma vez que muitos podem aproveitar o voto de Zveiter para se afastar do Planalto e ainda tem a reunião do PSDB agora em São Paulo. O encontro promete ser mais um “jab” no queixo de Michel Temer, apesar da carta do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.  A carta aliás, foi o único alento que o presidente da República obteve nesta segunda-feira.

Arthur chama o partido a uma reflexão. Insiste que o tema agora não é a Lava Jato “que deve existir” e sim a “decisão tucana de manter _ ou não _ o compromisso de prosseguir dando suporte ao governo que interrompeu o mais longo processo recessivo da história econômica, domou a inflação, colocando-a abaixo do centro da meta; aprovou a tão necessária reforma do ensino médio e está a um passo de consolidar a inevitável reforma das leis trabalhistas (…)”. E prossegue: “A força do PSDB sempre residiu no compromisso com o país, a preço de quaisquer sacrifícios”. “O PSDB nunca foi o partido de mocinhos forjados artificialmente em horas de crise”, diz Virgílio, que termina afirmando que desembarcar do governo não soaria como um ato de coragem.  Abaixo, a íntegra da carta:

 

 

 

 

“MENSAGEM AO PSDB

Fiquei sem entender os critérios de convocação para a reunião de hoje, segunda feira, em São Paulo. Tempo de militância e lealdade ao PSDB? Número de mandatos parlamentares e executivos? Passagem por estratégico ministério, por liderança de governo e por oito anos consecutivos de liderança de oposição encarniçada ao presidente mais popular de nossa história republicana? Direção do partido por três anos inteiros? Solidariedade a tantos companheiros, alguns certamente presentes à sessão desta noite, em momentos delicados de suas vidas políticas, cercados pelo barulho ensurdecedor da omissão, sempre cômoda, de tantos?

Mas que meus companheiros sejam sábios e corajosos em hora de desafio tão exigente. E é nesse sentido que lhes dirijo estas linhas.

O PSDB precisa entender que a política, tal qual se a praticou, da redemocratização até aqui, simplesmente morreu… sem deixar saudades. O Congresso se apequenou, instituições como, por exemplo, o Ministério Público, se agigantaram a partir da desmoralização da instituição parlamentar. O Judiciário, igualmente, assumiu certos protagonismos que, em condições normais de temperatura e pressão, não lhe caberia empalmar. Tudo porque a política morreu, levando com ela os partidos, as velhas práticas e muitas biografias.

Hoje, não existe mais a disputa PSDB X PT. Temo que nem um e nem outro tenham percebido isso. O PSDB foi a estrela da derrubada da presidente Dilma Rousseff e o PT, em lamentável amnésia cívica, supõe purificar-se investindo contra o governo Michel Temer, que tem a missão essencial de recompor a economia e entregar um país reorganizado a quem se eleger no pleito de 2018.

O presidente Fernando Collor caiu em 1992, sendo depois absolvido, por unanimidade, pelo STF. A presidente Rousseff foi apeada do poder, em 2016, menos pelas “pedaladas “, tão fortemente usadas como argumento definitivo e saneador, e mais, muito mais, porque perdeu as condições, parlamentares inclusive, de prosseguir governando o país. Pretendem agora interromper o mandato de Temer, sem provas concretas de crime, numa campanha obsessiva de certos setores da imprensa livre e, muitas vezes, positivamente instigante que, modestamente ajudei a erigir, nas pelejas de 21 anos contra o regime de exceção constituído, pela força, em 1964.

Resumindo: exatamente 25 anos entre Collor e a investida sobre Temer. Se exitosa essa intenção, teremos a média de pouco mais de 8 anos entre o impeachment de um mandatário e outro. Recibo de imaturidade política. Imagem de república de bananas. Teatro bufo, que abre espaço para os heróis de uma “resistência” inglória, mesmo se os antecedentes desses heróis de ocasião não forem claros e límpidos como a água de puras nascentes.

O PT se porta como se 2016 não tivesse existido. E, neste estranho Brasil, não se critica quem se traveste de “honrado” da hora. A ordem é delenda Temer… a qualquer custo. Delatores “premiados” são efetiva e muito discutivelmente premiados. A instituição saudável da prisão preventiva é usada abusivamente, em moldes psicologicamente semelhantes às torturas físicas empregadas pela ditadura de 1964. O senador Aecio Neves é retirado do exercício do seu mandato pela decisão de um ministro da Suprema Corte…para ser devolvido às suas funções não pela soberania da Casa a que pertence,  mas pela decisão, pura e simples, de outro membro dessa mesma elevada corte de justiça.

A operação Lava Jato, com sua destinação saneadora e alguns exageros, será bem reconhecida pela história. Se existe e subsiste é porque há razões sobejas para tal. Logo, deve prosseguir sim, limitada pela Constituição e pelo conjunto de leis que sustentam a democracia neste país.

Condenações derivam e derivarão do papel que a Lava Jato necessariamente cumpre. E as instâncias da Justiça estão aí mesmo para sanear eventuais e inevitáveis equívocos.

Mas o tema agora é a decisão tucana de manter – ou não – o compromisso de prosseguir dando suporte ao governo que interrompeu o mais longo processo recessivo da história econômica; domou a inflação, colocando-a abaixo do centro da meta; aprovou a tão necessária reforma do ensino médio e está a um passo de consolidar a inevitável reforma das leis trabalhistas; insiste em votar a reforma previdenciária, em meio, em meio a uma tempestade de acusações e demagogia; aponta para crescimento positivo ainda neste ano e crescimento bem mais vigoroso em 2018, abrindo um ciclo de expansão, que poderá ser virtuoso, nos anos imediatamente seguintes.

Comecei dirigindo-me aos companheiros, opinando que a luta não é mais PSDB X PT e sim a luta para evitar a morte inglória da própria política e, por consequência, da democracia. A força do PSDB sempre residiu no compromisso com o país, a preço de quaisquer sacrifícios. O PSDB nunca foi o partido de “mocinhos” forjados artificialmente em horas de crise. E nem sobreviveria ou cresceria encarnando esse papel.

Mais ainda: não existe essa dicotomia entre “cabeças brancas” e “cabeças pretas”. E nem é possível que o PSDB se “purifique”, migrando do governo Temer, ao qual servem quatro ministros tucanos competentes e valorosos, para alguma “solução” simplória em torno de alguma outra “bola da vez”, contra a qual nossos “brios” terminariam por se voltar em algum outro momento dessa tragicômica história que estamos presenciando ser descrita.

Minha definição pessoal é clara: “desembarcar” do governo, a pretexto de continuar apoiando as reformas – na verdade abrindo espaço real para o impedimento do presidente – não soaria como ato de coragem. Sinceramente, não! Definitivamente não!

A história não nos privilegiaria por isso. Nem o Brasil tampouco, no máximo a médio prazo.

ARTHUR VIRGÍLIO NETO”

 

 

A tese da hora

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Nos bastidores da Polícia Federal, circula a suspeita de que o desmanche da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba foi uma troca do diretor-geral, Leandro Daiello, com seus superiores. Assim, ele assumiria o desgaste de desfazer a equipe que promoveu a maior operação policial contra a corrupção no país e, em contrapartida, recebe a senha para influenciar à escolha de seu sucessor no comando da corporação.

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Ninguém mais fala na lista tríplice da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, que, nos moldes da Associação Nacional dos Procuradores da República, elencou os preferidos para o cargo de diretor-geral quando se cogitou a substituição de Daiello no ano passado. No topo, estava Érika Marena, a delegada madrinha da Lava-Jato, que integrou o primeiro time de investigação.

Nesse ritmo…

Começaram a sair liminares judiciais suspendendo o pagamento de tributos fixados na Medida Provisória 774, que reonera setores da economia em plena crise. Rodrigo Maia tem defendido que a MP perca a validade, enquanto o Ministério da Fazenda pede empenho em prol do texto.
É a primeira rusga entre o atual presidente da Câmara e a equipe econômica do presidente Michel Temer.

… Ficará difícil

Se as diferenças ficarem só aí, ok, será entendido como algo pontual. Se as divergências começarem a se ampliar, Maia terá dificuldades em convencer o mercado de que não mudará a equipe econômica.

E aí, vai encarar?

A pergunta acima tem sido feita a aliados de Rodrigo Maia por aqueles que jogam todas as fichas na sobrevivência de Michel Temer. É que, se Rodrigo assume em litígio com o PMDB ao centro, e com a oposição (PT) à esquerda, um hoje hipotético governo do democrata não sai do lugar.

Tucanos versus tucanos
A bancada do PSDB aliada a Michel Temer se reúne nesta segunda-feira a fim de preparar um manifesto de apoio, desautorizando os senadores Tasso Jereissati e Cássio Cunha Lima a falarem em nome dos deputados. Não dá para empurrar o governo no abismo nesse momento em que ainda nem se sabe o que virá da Comissão de Constituição e Justiça. Há quem diga inclusive que Ricardo Tripoli deixou de ser líder de todos.

Ministros convocados

Responsável por grande parte da estratégia de comunicação do presidente Michel Temer, o publicitário Elsinho Mouco pediu a cada ministro do governo que envie ao Planalto vídeos com um resumo das realizações da respectiva pasta. A peça deve terminar com uma mensagem de apoio e solidariedade ao presidente da República. A ideia é inundar as redes sociais com o material.

 

A leveza do ser// O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é só sorriso por esses dias no interior de Alagoas, entregando tratores adquiridos com recursos de emendas ao orçamento da União. Sem a responsabilidade de liderar a bancada, está cuidando da vida e dos votos, ao lado do filho governador do estado.

O peso do ser// Renan e Jader Barbalho passaram os últimos quatro anos brigando dentro do PMDB para reduzir a influência de Eduardo Cunha no partido. Perderam essa briga lá atrás. Agora, com os filhos candidatos a governador — Renan Filho, à reeleição; e Hélder, a um mandato no Pará — fazem parte do grupo dos que dormem tranquilos à espera dos detalhes da delação do ex-presidente da Câmara.

Em partido dividido// “O João votou a favor do Aécio!”, comentou um político na reunião do PSB. “Como é que o Capi faz isso?!!”, pergunta outro. “Foi o João Alberto que votou!”, explica o primeiro. “Ah, mas o Capi também é João Alberto”. Eis que um terceiro arruma a casa: “Então, para que ninguém mas confunda: O João Alberto, aliado de Sarney, fica João Alberto. E o João Alberto Capiberibe, do PSB, vira Capi. E o Capi votou contra o Aécio no Conselho de Ética, ok?”. Foi o único consenso da última reunião do PSB.

A galera pede// Se dependesse apenas dos eleitores paranaenses, Deltan Dallagnol (foto) seria senador. Ele lidera um levantamento da Paraná Pesquisas com 29%. Só tem um probleminha: Deltan tem dito que não é candidato. Os colegas dele no Ministério Público pressionam. Dizem que é preciso alguém de dentro e com moral na opinião pública para defender os procuradores no Parlamento. Seria um Demóstenes com final feliz, apostam os colegas de Deltan.

Uma saída para os aliados

Publicado em coluna Brasília-DF

 

Integrantes do PMDB do Rio de Janeiro apostam que o parecer de Sergio Zveiter será no sentido de deixar a conclusão para juízo de cada deputado, sem mencionar claramente se deve haver arquivamento ou autorização para que prossiga a investigação contra o presidente. E, sabe como é, se com a letra da lei a interpretação dos juízes, invariavelmente, é divergente, imagine num parecer sem direcionar a decisão a tomar. Essa era uma das brechas desenhadas ontem e que dava a Michel Temer mais esperanças de se salvar, apesar de todos os movimentos de setores do PSDB e do DEM em sentido contrário.

O que não é de César

Nesse período de análise da denúncia contra Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça, os aliados de Rodrigo Maia aproveitam para tentar acalmar o mercado sobre uma possível influência do ex-prefeito do Rio César Maia na economia. “O pai de Rodrigo não vai apitar”, dizem, em alto e bom som, lembrando que a equipe econômica não muda. Até porque, se aprovada a investigação, Michel Temer será “presidente afastado”, por seis meses, para responder o processo. Portanto, a equipe não sofrerá alteração.
Marido da sogra é parente

A coluna publicou ontem, com exclusividade, que aliados de Rodrigo Maia carregam cópia da Súmula Vinculante 13, do STF, como argumento para provar que o deputado trocará a turma palaciana se assumir a Presidência da República. Pois bem. Ontem, Rodrigo afirmava que Wellington Moreira Franco não era seu “sogro” e sim casado com a sogra. Ocorre que a “súmula do nepotismo”, como é conhecida a 13, veda também a nomeação de parente por “afinidade”. Dizem os parlamentares especialistas em direito constitucional que é justamente esse o caso em questão.
Ponto de corte, visão tucana

A votação da reforma trabalhista no Senado é considerada a data-limite da parceria do PSDB com o governo do presidente Michel Temer. Se ele não tiver condições de mostrar capacidade para tocar as outras reformas — e uma parcela dos tucanos considera que não tem —, o partido deixará o governo.
Ponto de corte, visão governo

A seus mais fiéis escudeiros, o presidente Michel Temer tem dito que mantém o PSDB no governo porque os ministros têm ajudado nas reformas e, com a trabalhista prestes a ser votada, não há meios de criar mais agitação na base. Porém, a pressão para que o presidente troque logo os tucanos cresce por hora.
A bronca da presidente

A nova presidente do PT, Gleisi Hoffmann, mandou o seguinte recado aos integrantes do partido: não tem nada que negociar a troca de Michel Temer por Rodrigo Maia. “Isso é seis por meia dúzia”, tem dito a petista em todas as conversas. Ela está disposta a manter o partido no viés de esquerda, sem concessões.

CURTIDAS

No cravo…/ Os aliados do presidente Michel Temer viram como um gesto de lealdade a declaração de Rodrigo Maia sobre não ter recesso antes de a Casa decidir o futuro de Temer.

… Na ferradura/ Chamou, porém, a atenção o fato de o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) ter sido o único numa reunião da base aliada a defender que a Comissão de Constituição e Justiça deveria ouvir Rodrigo Janot antes de decidir se autoriza ou não o prosseguimento da investigação contra o presidente Michel Temer.

Por falar em Maia…/ Como já foi dito aqui, Rodrigo Maia tem que acender uma vela para Eduardo Cunha: não fosse a insistência do então presidente da Câmara em fazer de André Moura líder do governo no início da gestão Temer, Rodrigo não seria hoje presidente da Casa, com viés de alta para presidente da República. E agora tudo acontece, de novo, por causa da possível delação de Eduardo Cunha.

… E o Imbassahy, hein?/ Nos idos de novembro de 2016, o plano era fazer de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) presidente da Câmara. Maia se articulou para ficar no cargo e venceu. Resta a Imbassahy (foto), hoje ministro da Secretaria de Governo, lembrar aos netos, conforme dizia ontem um senador: “Vocês estão com o vovô que quase foi presidente da República”.

 

Passaporte para o poder

Publicado em coluna Brasília-DF

 

 

Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já avisaram aos partidos da coalizão de Michel Temer que, em caso de uma derrota do peemedebista na Casa, os ministros palacianos serão os primeiros a serem substituídos. Em relação ao titular da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, sogro de Rodrigo, esses aliados do deputado do DEM trazem em seus celulares uma cópia da Súmula Vinculante 13, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina a substituição. Diz o texto: “A nomeação de (…) parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante (…) para o exercício de cargo em comissão ou de confiança em função gratificada na administração pública (…) viola a Constituição Federal”.

 

Cá entre nós: se a turma de Rodrigo Maia já anda com a cópia da súmula vinculante do STF, é sinal de que, embora o presidente da Câmara jure fidelidade a Temer, tem gente correndo léguas em nome de um novo ciclo de poder com a mesma base aliada que levou o PMDB ao comando do Planalto. E sem Moreira no primeiro escalão.

 

O que interessa

O fim da força-tarefa da Lava-Jato deixou os investigadores da Polícia Federal em alerta. Até agora,  ninguém disse, por exemplo, o que será feito com toda a papelada e arquivos digitais que ainda estavam em análise. Há muito material que precisa ser objeto de cruzamento com fases antigas da operação. Se esses documentos ficarem dispersos ou inacessíveis, aí sim, será real o risco de desmonte das investigações de parte das apurações ainda em curso, especialmente as que envolvem políticos.

 

Fiéis protegidos

A perspectiva de delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha deixou os deputados em alerta. Há quem aposte que o peemedebista protegerá aqueles que ele ajudou financeiramente e que não o abandonaram quando da derrocada.

 

Se correr, o bicho pega…

Aliados do antigo Centrão (PP-PR-PTB) comentam nos bastidores que Michel Temer está demorando demais para reorganizar o governo sem o PSDB. Ocorre que, no Planalto, há quem diga que, se Temer tirar os tucanos, aí sim, a ala que apoia o presidente não terá mais compromisso com o governo.

 

… Se ficar o bicho come

O caso é que, se a ala tucana que emposta a voz em nome do afastamento do governo continuar falando sem que nada aconteça, os demais partidos da base vão achar que podem encorpar esse movimento sem consequências.

 

Sintoma

Ministros que há duas semanas não tinham se mexido para tentar ajudar o presidente Michel Temer passaram os últimos três dias dedicados a parlamentares. Sinal de que a coisa não está tão tranquila.

 

Coincidências/ A primeira viagem de Michel Temer como presidente efetivo, em setembro de 2016, foi para o encontro da cúpula do G-20, na China. Ele embarcou horas depois de ser empossado. Agora, com o pedido de afastamento prestes a ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, ele volta ao G-20.

 

Chegou mal/ Recém-criado, com um discurso de renovação da prática política, o Podemos começa a deixar suas estrelas sujeitas a explicações sobre atos de filiados. Ontem mesmo, o senador Álvaro Dias (foto), uma aposta para a Presidência da República, almoçava tranquilamente no restaurante do Senado, quando um servidor se aproximou e disse: “E aí, senador, seu partido mal começou e já tem um preso?”

 

Saiu-se bem/ O preso foi o prefeito de Bayeux (PB), Berger Lima, do Podemos, afastado do cargo depois de ser flagrado recebendo R$ 4 mil de um empresário. “Vamos resolver isso, o partido não tolera esse comportamento”, disse o senador.  A ideia dos integrantes da legenda é expulsar o prefeito.

 

Se não correr…/ O Podemos brasileiro tem como base o PTN, que se aproveitou da popularidade do partido de esquerda espanhol e mudou de nome. Se demorar a afastar os enroscados da legenda, vai virar “prendemos”, isso para usar uma expressão que pode ser lida pelas crianças. Em conversas reservadas, os políticos têm usado expressões mais chulas… Por exemplo, citar o nome da legenda com “ph”, para se referir ao partido.

Renovação, que renovação?

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O Instituto Paraná Pesquisas quis saber como está o humor dos paraenses para definir o candidato a governador e ao Senado. Descobriu que o senador Jader Barbalho praticamente lidera a corrida para mais oito anos defendendo-nos interesses do Pará no Senado.  Em todos os cenários, Jader tem 30%. O unico com mais intenções  de vote do que ele é o deputado Éder Mauro (PSD), com 36%.

De quebra, ainda tem o filho, o ministro da Integração, Hélder Barbalho, liderando a corrida para o governo do estado. Na pesquisa estimulada, Hélder tem 34,4% das intenções de voto seguido pela ex-governadora Ana Júlia Carepa, do PT, que aparece com 15,3%, o que representa o renascimento do PT no Pará. Por enquanto, a renovação passa longe.

 

Um aviso chamado Geddel

Publicado em Política

A prisão do ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi vista como um aviso aos aliados do presidente Michel Temer. Se os governistas não tiverem  muito equilíbrio na hora de cabalar votos favoráveis a Temer na Câmara, ninguém está livre de ter o mesmo destino de Geddel.  Para aliados do governo,  Geddel ir para a cadeia por obstrução da Justiça foi um primeiro sinal de alerta para lembrar que o fato de o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures estar em casa, ainda que seja com um acessório no tornozelo, não significa que estão todos bem.  Embora o presidente tente passar a ideia de que está tudo muito bom, o momento é  para lá de delicado, dizem alguns.

 

A procuradora equilibrista

Publicado em coluna Brasília-DF

A futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tem dito a alguns que o antecessor Rodrigo Janot pode ficar tranquilo, porque ela não pretende fazer uma devassa no trabalho dele. Ela pretende, sim, marcar diferenças entre os resultados de um e de outro. Na Lava Jato, por exemplo, Sérgio Moro já procedeu 76 condenações. No Supremo Tribunal Federal, até agora ninguém foi condenado. Ela vai partir para a cobrança de investigações e julgamentos com mais celeridade.

Em tempo: Dodge trabalha também com a perspectiva de ter que mostrar muito serviço em dois anos. É que muitos avaliam que o fato de ter sido escolhida por um presidente investigado torna difícil a perspectiva de recondução ao cargo. Se agradar demais o PMDB, ficará exposta como uma “engavetadora-geral”. Se for com muita gana de condenar os políticos, pode assustar alguns tal e qual Janot assusta hoje o partido comandante do Planalto. Nos dois casos, adeus recondução. Por isso, ela não irá nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Apostará no equilíbrio.

Sem ato de ofício
A defesa de Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça do Senado terá como espinha dorsal o fato de não haver decisão administrativa do presidente que configure benefício direto ao grupo de Joesley Batista. Esse foi um dos temas que Temer tratou ontem com seus advogados. A outra frente, a política, será discutida hoje.

Furnas e CCJ, tudo a ver
Apesar de adiada, a substituição do presidente de Furnas, Ricardo Medeiros, virá, dizem aliados do presidente Michel Temer. Vai-se, entretanto, esperar mais alguns dias, para ver o que acontece na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. E o que uma coisa tem a ver com a outra? Furnas é ponto nevrálgico para o PMDB de Minas, do qual faz parte o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, encarregado de indicar o relator da denúncia contra Michel Temer.

A volta do sigilo I
Os adversários do procurador-geral, Rodrigo Janot, vão insistir para que Raquel Dodge passe a adotar é o sigilo das delações premiadas, conforme prevê a lei. Alguns têm dito que Janot levantou o sigilo da delação de Delcídio do Amaral, por exemplo, apenas para que ele não tivesse como voltar atrás no acordo. A lei prevê que o sigilo de uma delação só pode ser suspenso com a concordância do delator.

A volta do sigilo II
Há quem diga que a retomada dos sigilos pode terminar por deixar que a população vá no escuro na eleição de 2018, especialmente, a respeito das novas delações que estão na fila. Nesse rol, está a de Antônio Palocci, do PT de Lula.

Ele tem a força
Raimundo Lira passou os últimos dias ao telefone, consultando os colegas sobre sua vontade de assumir o cargo de líder do PMDB. Apontado como o nome mais forte hoje para liderar a bancada, Lira será mais um aliado do ex-presidente José Sarney com posição de destaque dentro do partido.

CURTIDAS

A la Gilmar Mendes/ Ao se referir à futura procuradora–geral da República, Raquel Dogde, um colega dela de procuradoria saiu-se com esta: “É um Gilmar de saias”, no sentido de expor suas opiniões sem constrangimentos.

Ainda incomoda/ Quem acompanhou com uma lupa na disputa na PGR semana passada apontou como uma “burrice” do procurador Rodrigo Janot ter investido seu prestígio em Nicolao Dino. Dino já estava queimado desde a rejeição para o Conselho Nacional do Ministério Público.

Sem saída/ A avaliação de muitos, entretanto, é a de que, se Janot não tivesse colocado seu peso para sustentar Nicolao Dino, Raquel Dodge teria sido a primeira da lista. E tudo o que o procurador-geral não queria era dar a Michel Temer o gostinho de ter a preferida do PMDB na pole position.

Aécio, o retorno/ O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fará um discurso na terça-feira para marcar a volta e apresentar sua defesa aos colegas. Voltará ainda às reuniões da bancada. Quanto à presidência do partido, foi aconselhado a não fazer nenhum gesto imediato e trabalhar para que a retomada do comando tucano seja algo natural.