Segurança e os limites

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo vai aproveitar a iminente criação do Ministério da Segurança Pública para deixar bem definidas as atribuições de cada nível de governo nessa seara. A minuta da medida provisória já está com o presidente Michel Temer. À União caberá o suporte financeiro, técnico e a coordenação-geral. No entanto, a responsabilidade sobre os presídios continuará como está hoje. Cada um que cuide dos seus. E nunca é demais dizer que, em todas as reuniões com os governadores, é lembrado que dinheiro o governo já forneceu. Porém, não foi usado. Para a nova pasta, por exemplo, vai o Funpen, o Fundo Penitenciário, que este ano tem R$ 590 milhões. O valor pode parecer pouco, porém é muito, se comparado ao R$ 1,2 bilhão destinado aos estados para melhorias das penitenciárias em 2016 e quase nada foi feito. De 2008 a 2016, das 42 mil vagas previstas, foram construídas duas mil. Essa atribuição continuará com os estados.

A largada de Dodge

Aqueles que tinham alguma dúvida sobre o comportamento da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, colocaram as barbas de molho. A abertura da temporada de 2018 envolvendo políticos começar justamente pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE), foi um sinal que deixou a base de Michel Temer de cabelo em pé.

“O dia em que o trabalhador brasileiro se der conta de que trabalha para pagar aposentadoria de servidor público, ele derruba a Bastilha”

Torquato Jardim, ministro da Justiça, referindo-se à necessidade de reformar a Previdência.

Serviço não falta

O Ministério da Justiça é tão grande que a saída da área de segurança pública será um alívio. A pasta ainda cuidará do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do direito do consumidor, dos índios, migração e do combate às drogas. É problema para mais de metro. Isso sem contar a relação com os tribunais superiores.

Cobertor curto

O presidente Michel Temer disse, dia desses, que não faltarão recursos para atender os venezuelanos que chegam a Roraima em busca de vida nova. Porém, está difícil fechar a conta e a fonte para isso. Só as ações sociais custarão algo em torno de R$ 15 milhões. Pode parecer pouco, mas, num orçamento apertado, remanejar qualquer verba é sacrifício.

Aguenta aí, Palocci

Preso em Curitiba, o ex-ministro Antonio Palocci bem que pediu um novo depoimento. Foi recusado. Falaria sobre Lula. Porém, conforme já foi adiantado aqui na coluna, há quem receie que ele fale sobre os barões do sistema financeiro. Parece que a cadeia será mesmo maior do que qualquer coisa que Palocci possa dizer para tentar sair da prisão rapidinho.

Pânico na Flórida/ Alunos de uma escola nos arredores de Parkland passaram por momentos de tensão ontem pela manhã. Um professor achou ter ouvido tiros. Na hora, soou o alarme e os alunos foram colocados em lockdown, ou seja, não podiam sair das salas. A escola foi toda revistada e nada foi encontrado. Porém, o susto foi grande. Vai demorar para que a região volte a viver sem medo de que a tragédia se repita.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro…/ Depois da guerra na Rocinha, descobriu-se que os dois únicos prédios sem marcas de balas são da Igreja Universal. Eis que uma pessoa comenta com o prefeito Marcelo Crivella (foto): “A nossa igreja não tem bala”. E ele responde: “Pois, é. Deus está conosco”. Deveria estar com toda a população, né?

Campanha pró-reforma/ Nos dias 20 e 21, um grupo chamado “Força Tarefa”, formado por mais de 30 entidades civis ligadas aos novos movimentos políticos, estará em Brasília para fazer um corpo a corpo com os parlamentares em favor das mudanças no sistema previdenciário. A ideia é conscientizar as excelências de que, sem a aprovação da proposta, não haverá garantia do pagamento das aposentadorias no futuro próximo e que o momento é de se assumir a responsabilidade e não apenas pensar em um possível desgaste eleitoral.

Discurso na ponta da língua/ Renato Dias, porta-voz do Ranking dos Políticos, uma das entidades que organiza a mobilização, é direto: “A reforma da Previdência é necessária para acabar com os enormes privilégios que o atual sistema proporciona para pequenos grupos, inclusive os próprios políticos”.