A tábua econômica

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

A lista de 15 propostas apresentadas ontem à noite pelo governo para
tentar compensar o adiamento da reforma previdenciária vem no sentido
de tentar preservar o discurso de continuidade de recuperação da
economia, a primeira aposta do presidente Michel Temer em busca de um
discurso eleitoral. Assim, com as medidas econômicas e a pauta da
segurança pública a partir da intervenção no Rio de Janeiro, o MDB espera construir uma plataforma para o lançamento de um candidato de centro que, se não for o próprio Temer, no mínimo renderá uma vaga de vice a alguém do partido. Sabe como é: nenhum governo com a possibilidade de concorrer a um segundo mandato presidencial pode ser desprezado. E Temer, embora o tempo seja curto, corre atrás dessa vantagem.

Olho nelas

As novas autoridades policiais estão orientadas a ficar de olho nas
igrejas neopentecostais, aquelas que são as únicas a não sofrerem um
arranhão na guerra do tráfico.

Melhor assim

Analistas de mercado financeiro já previam o adiamento da reforma
previdenciária. Eles têm dito que a reforma, não sendo derrotada, está
tudo certo. O importante é aprovar, ainda que seja em novembro, ou no
ano que vem.

Prepara-se

O descaso das autoridades com o Rio de Janeiro ao longo dos últimos
anos é uma conta que sairá do seu bolso e de todos os brasileiros que
pagam impostos agora e a partir de 2019. Seja quem for o governador
eleito, já está feito o pedido para que a União custeie as ações no
estado no ano que vem, de forma a dar sustentabilidade ao que vier a
ser recuperado a partir da intervenção.

“O Ceará tem números piores do que os do Rio. Quero intervenção. O
governador está cheio de pruridos. Não
é possível, num estado que não tem 50 helicópteros voando, matarem
traficantes atirando de dentro de um deles e ninguém saber quem foi”

Do deputado Danilo Forte (DEM-CE)

Discurso pronto

Pré-candidato ao governo do Rio e certo de que muitos emedebistas que
mandavam no estado passaram ou estão na cadeia, o deputado Índio da
Costa (PSD) desenha algo dessa ordem para tentar atrair eleitores: “A
situação do Rio só muda se houver alguém que não esteja comprometido
com o jogo do MDB”.

De saída/ Alessandro Molon (Rede-RJ) não vai esperar os últimos dias
da janela, início de abril, para mudar de partido. A decisão, dizem
seus aliados, deve ser anunciada em breve. O destino mais provável é o
PSB.

A rodada de Maia/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem
dito a amigos que, se for candidato à sucessão presidencial, já tem o
apoio do PP e do Solidariedade para a sua campanha. Se sentir
receptividade por parte do eleitor no périplo que fará pelo Brasil em
breve, ele vai.

Que sirva de lição/ Surpreendeu a muitos o fato de o ministro Luís
Roberto Barroso (foto), do STF, mandar incluir os esclarecimentos do
diretor da Polícia Federal nos autos do inquérito que investiga o
presidente Michel Temer. Para o governo, está claro que ninguém mais
deve abrir a boca sobre o caso.

E o PSDB, hein?/ Aos poucos, deixa de vez o governo. Com Luislinda
fora da pasta de Direitos Humanos, sobrou apenas o ministro de
Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, que sai em abril.