Autor: Denise Rothenburg
Dois movimentos começaram a ser formar assim que o Supremo Tribunal Federal concedeu um salvo-conduto para que o ex-presidente Lula não seja preso na semana que vem, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região termina o julgamento dos embargos apresentados pela defesa do ex-presidente. O primeiro vem do próprio PT, no sentido de colocar seus militantes na rua a fim de pressionar a Suprema Corte a conceder o habeas corpus depois da semana santa.
O outro movimento vem dos advogados, ávidos por obter para seus clientes o mesmo direito concedido a Lula. O STF, dizem alguns, abriu a porta da esperança para todos que estão presos ou na iminência de enfrentar a cadeia. Que o diga o ex-ministro Antonio Palocci, preso há um ano e cinco meses. Até hoje, seu pedido de habeas corpus não foi julgado. Não por acaso, dizia ele a outros detentos na carceragem da PF em Curitiba, Lula “furou a fila”. Agora, o STF está exposto e terá que organizar a vida dos demais.
A ordem dos fatores eleitorais
O próximo grande ato rumo à eleição presidencial de 2018 será o julgamento do habeas corpus de Lula, em 4 de abril. Se ele conseguir o HC, continuará percorrendo o país com sua campanha. Se for preso, a grande aposta da esquerda será Ciro Gomes, do PDT, que terá mais espaço para angariar apoios na esquerda antes da campanha propriamente dita.
Pelo jeitão…
A ministra Rosa Weber continuará como o centro das atenções até votar no HC de Lula. As apostas ainda são de que ela votará contra a concessão do HC, porque o entendimento tirado pela maioria do Supremo na última votação sobre a prisão em segunda instância validou essa possibilidade.
Casimiro nos Transportes
O atual diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), Valter Casimiro, assumirá o Ministério dos Transportes a partir de 7 de abril, quando o ministro Maurício Quintela sai para disputar eleição em Alagoas.
“O MDB tem que estar dentro do debate de 2018. Fizemos muita coisa em pouco tempo para nos omitirmos do debate eleitoral. Se o candidato será Michel (Temer) ou outra pessoa, a decisão será do Michel”
Do presidente do MDB, senador Romero Jucá
Autoridades na área I/ A internação do senador Edison Lobão (MDB-MA), 81 anos, no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, tem causado alvoroço. Palavra de ordem é privacidade. Há cinco dias hospitalizado, por causa de fratura do fêmur esquerdo, o político já recebeu visitas de correligionários ilustres, como a do ex-presidente presidente José Sarney (foto) e do presidente do Senado, Eunício Oliveira.
Autoridades na área II/ Para restringir o acesso a Lobão, ele foi transferido de um quarto no 3º andar do hospital para uma suíte máster no 5º andar — com direito a artigos de luxo e mimos. A segurança no local foi reforçada e até a entrada de funcionários é controlada. O quadro clínico dele é estável e a recuperação é considerada pelos médicos “um sucesso”.
Jucá é tetra/ O senador Romero Jucá está no “aquecimento” para assumir a relatoria do Orçamento de 2019. Significa que o próximo presidente, seja quem for, terá que conversar com o senador, que tem o apelido de relator-geral da República.
Lula e Marielle/ A mobilização registrada na porta do Supremo Tribunal Federal foi menor do que esperavam tanto os petistas quanto os movimentos que defendem a prisão do ex-presidente. O debate foi grande nas redes sociais. Presença física mesmo, nos últimos tempos, só em protesto pela morte da vereadora Marielle. O discurso do fim da violência ganha de todos os demais temas.
A decisão de hoje no Supremo Tribunal Federal, seja a favor seja contra a prisão do presidente Lula na segunda instância, não vai arrefecer o clima de guerra na Suprema Corte. O fato de a presidente Cármen Lúcia obrigar os ministros a se posicionarem sobre Lula, sem levar as ações que questionam a tese da prisão em segunda instância sem “fulanizar” só acirrou mais os ânimos. Quem não tira os olhos do STF e conhece os meandros da Suprema Corte aposta que Lula corre o risco de perder o habeas corpus por um placar de 6 a 5, de forma a manter a pressão para que os ministros avaliem a tese da prisão em segunda instância nas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) relatadas pelo ministro Marco Aurélio Mello. Cármen Lúcia já avisou que não vai ceder.
Em tempo: a corda está tão esticada que ninguém apostava ontem em pedido de vistas em relação ao habeas corpus. E o resultado, seja qual for, vai se refletir nas ruas, porque, assim como o PT mobiliza em favor de Lula, o movimento Vem pra Rua e outros jogam no time da prisão do ex-presidente. É a conflagração do impeachment da presidente Dilma Rousseff de volta em outro enredo.
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Uma coisa e outra coisa: vale lembrar que a decisão de hoje nada tem a ver com a candidatura. Esse assunto será tratado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 15 de agosto. Ou seja, a novela ainda tem muitos capítulos.
Chapa M-M
O presidente Michel Temer e o titular da Fazenda, Henrique Meirelles, tiveram “aquela conversa” olho no olho, em que o ministro disse que é Michel e não abre. Fará o que o presidente quiser. Foi a senha para que Temer passasse a auscultar muitos sobre as perspectivas de fazer do ministro seu vice. Moral da história: se Temer já pensa em vice, é sinal que a decisão de ser candidato está tomada, ainda que ele, no momento, diga apenas que não é “improvável”.
Melhor não
Meirelles na vice é considerado arriscado demais. Como ministro, representa a segurança de que a política econômica não muda. Como vice, nem tanto. Além disso, deixa a vaga na chapa aberta a quem agregue mais votos.
Depois de Alberto Fraga e a desembargadora…
Calado na execução de Marielle, Jair Bolsonaro age para segurar votos. Afinal, se abrir a boca, dizem os aliados dele, periga provocar uma onda contrária que nem o seu comando tático das redes sociais conseguiria conter.
Discretíssimo/ O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, nunca foi tão reservado quanto nestes tempos. Não quer brigas nem polêmicas e evita entrevistas. Preservado, será a voz da serenidade a partir de setembro, quando assume o comando da Suprema Corte.
E o DEM caminha/ Em 2014, o DEM teve dois palanques para governos estaduais, um na Bahia e outro no Acre. Agora, tem pelo menos 10 pré-candidatos a governador.
Acalma aí/ Diante da formação dos blocos partidários, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (foto), decidiu não esperar o fim do troca-troca de partido para colocar as comissões da Câmara em funcionamento. Assim, tirou um ingrediente do leilão para filiações que impera hoje na Casa.
E o Jungmann, hein?/ Chegou ao WhatsApp dos amigos do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, uma carta em que ele deixa o PPS indignado com as mudanças de comando na legenda.
Lobby do bem/ O ex-ministro Milton Seligman autografa hoje o livro Lobby desvendado — democracia, políticas públicas e corrupção no Brasil contemporâneo. A partir das 19h, na Leitura, do Pátio Brasil.
A decisão da ministra Carmen Lúcia, de levar o julgamento do Habeas Corpus do ex-presidente Lula para o plenário amanhã, expõe os ministros do Supremo Tribunal Federal ao que muitos não queriam: Discutir o caso específico do petista antes de tratarem em tese da questão da prisão em segunda instância.
Cármen Lúcia, aliás, preferente seja assim: A discussão caso a caso. Afinal, lembram aliados da presidente do STF, há detentos de alta periculosidade que, condenados em segunda instância, devem ser levados ao regime fechado. Lula, por sua vez, é réu primário, tem endereço fixo e, portanto, na visão de alguns, cumpre o requisito para permanecer em liberdade, até o julgamento nos tribunais superiores. Resta saber se esse será o entendimento do plenário amanhã.
A decisão dela, portanto, não acaba com o clima ruim entre os ministros, haha visto o pronunciamento do ministro Marco Aurélio Mello tão logo Carmen Lúcia anunciou sua decisão a respeito da análise do HC de Lula. Marco Aurélio, como o leitor do blog já sabe, considera que ela precisa ouvir mais os colegas para definir a pauta de julgamentos do plenário. Até aqui, Cármem tem evitado essas reuniões. E, assim, segue o baile e o descompasso.
Com a marcação do julgamento dos embargos de Lula para a próxima segunda-feira, 26, os petistas passaram a planejar os atos em protestos pela prisão do ex-presidente. Eles calculam que Lula será preso na semana que vem. No Supremo Tribunal Federal, a discussão da segunda instância só se dará se o ministro Marco Aurélio Mello insistir em levar o tema à sessão plenária de hoje. Os demais ministros, ainda que sejam relatores de habeas corpus que tratam da prisão em segunda instãncia, não pretendem levar o assunto à baila justamente para não acirrar os ânimos na Suprema Corte. O STF tem uma reunião administrativa prevista para logo depois da sessão desta tarde, porém, a pauta não inclui esse tema. Pelo andar da carruagem, Lula enfrentará mesmo o cárcere. Por quanto tempo e que reflexo eleitoral isso trará são perguntas ainda sem resposta.
Rodrigo Maia bem que tenta se desvencilhar do governo para fazer uma carreira solo, mas antes mesmo da campanha começar, seus aliados avisam: sem o apoio do MDB, Maia dificilmente sairá do lugar. Isso porque os partidos que ele pretende contar — o PP, por exemplo — vão jogar de forma pragmática. Se Rodrigo Maia não apresentar viabilidade eleitoral em breve, os pepistas vão buscar outras paragens. Se não encontrarem abrigo seguro em nenhum candidato vinculado ao governo do presidente Michel Temer, apostarão em Ciro Gomes.
Moral da história: todos jogam agora o que consideram ideal. Mais à frente, jogarão para sobreviver. O sonho do PP hoje é ser o MDB amanhã, indispensável a qualquer governo.
Não vai ser por falta de banco
A advogada-geral da União, Grace Mendonça, encaminhou ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o número da conta para depósito de valores referentes à delação de João Santana e de Mônica Moura. Os ex-marqueteiros de campanhas petistas se comprometeram a devolver R$ 71 milhões desviados dos cofres públicos.
Por falar em Grace…
Ela participou ontem do Café com Autoridade, da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais, e fez o que pôde para fugir da discussão da segunda instância. “O que o STF decidir e como decidir será bom. Divergências fazem parte da democracia”, afirmou. ( Atualização: A ministra participaria hoje do CB.POder, mas uma audiência com o presidente Michel Temer fez com que ela fosse obrigada a cancelar a entrevista. Não faltarão oportunidades)
É guerra
A sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) promete pegar fogo, com a perspectiva de o ministro Marco Aurélio Mello levar a prisão em segunda instância para debate no plenário. O clima por lá, conforme o leitor da coluna sabe há tempos, não está nada bom. Há mais de 10 dias, Marco Aurélio revelou aqui que “estava tudo muito ruim”, que Cármen Lúcia não reunia os ministros e decidia a pauta de forma monocrática.
Rodou e acabou sozinho
O deputado Rodrigo Pacheco passou as últimas horas meio frustrado. Ele jurava que Antonio Anastasia (PSDB-MG) não seria candidato. Foi para o DEM a fim de garantir a candidatura a governador e buscar aliados. Agora, o senador tucano não só vai disputar o governo de Minas Gerais como periga levar os aliados.
Tem jeito
Há quem diga que só Geraldo Alckmin pode resolver o drama de Pacheco: basta convidá-lo para integrar a chapa como candidato a vice-presidente da República. Assim, Geraldo atrai o DEM, leva o partido para o palanque de Anastasia com direito a lugar de honra. Falta combinar, é claro, com o pré-candidato à Presidência da República Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Amigos, amigos…/ Os primeiros petardos de Márcio França contra o prefeito de São Paulo, João Doria, levaram o alcaide paulistano a telefonar para o vice-governador: “Márcio, apesar da campanha, somos amigos, nossas famílias são amigas, temos que deixar um canal aberto” e coisa e tal. França foi direto: “Mas só tem uma vaga e, a partir de agora, somos adversários. Eu tenho que fazer minha campanha. Nada pessoal”.
…campanhas à parte/ Doria, então, disse ao prefeito que iria “liberar o seu pessoal” (entende-se para bater em França). “Pode vir, tenho casca dura. Críticas são do jogo. Daqui a pouco, você perde a caneta e eu pego.” O prefeito entendeu o recado. Daqui para frente, tudo vai ser diferente.
Por falar em João Doria…/ A contar pelo pé d’água que alagou São Paulo ontem, a brincadeira em solo paulistano é que São Pedro é contra a candidatura do prefeito. As hashtags #traidoria, #dorianóquio, #prefake e a frase “socorro, o prefeito sumiu” dominaram as redes sociais depois do temporal.
Aposta aí!/ Ao sair do plenário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é cercado por prefeitos para tirar fotos. Um deles diz: “Posso chamar de presidente do Brasil?”. Maia, com o sorriso montado para a foto, responde, sem largar a pose: “Pode, vai torcendo”.
Vai ter luta!/ A dissolução do diretório de Pernambuco não vai ficar barata. O deputado Jarbas Vasconcelos (foto), campeão de votos no partido, não dará paz ao senador Fernando Bezerra Coelho, o novo comandante do MDB no estado. Leia detalhes no blog da Denise, no site www.correiobraziliense.com.br.
Por 17 votos a seis, a comissão executiva nacional do MDB dissolveu o diretório do partido em Pernambuco. Conforme prometido pelo presidente do MDB, Romero Jucá, o comando da legenda será entregue ao senador Fernando Bezerra Coelho, que saiu do PSB e ingressou no MDB para continuar apoiando o presidente Michel Temer.
Jarbas Vasconcelos disse ao blog que não vai deixar barato: “Vou à Justiça. Vou recorrer e extravasar toda a minha indignação”, comentou.
Quem leu a coluna Brasília DF em 11 de março sabe que o clima no STF não ia bem. Ali, sob o título “Litígio Supremo”, a coluna trouxe com exclusividade declarações do ministro Marco Aurélio Mello expondo suas divergências com a presidente, ministra Cármen Lúcia.
De lá para cá os conflitos entre os ministros se agravaram. O STF continua em chamas por causa da prisão em segunda instância. E, ao que parece, já extrapolou esse tema. Se não houver a reunião hoje à noite para acalmar os ânimos, a sessão de ontem promete ser aquele capítulo da novela que as pessoas se programam para assistir. Vamis aguardar. O Supremo, de onde deveria vir a serenidade, parece ter virado um palco de fortes emoções.
A ideia do governo de usar os recursos oriundos da reoneração da folha para financiar a segurança pública cai como uma luva num momento em que o Planalto estava com dificuldades para aprovar a proposta. Agora, os líderes, com o discurso “do bem”, ou seja, equipar a polícia, conseguirão reunir os votos de quase toda a base parlamentar em torno de um tema impopular em pleno ano eleitoral.
A ideia não é nova. O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, em 1994, jogou o nome Fundo Social de Emergência (FSE) para aprovar a desvinculação de receitas da União quando do Plano Real. A iniciativa também foi vista com desconfiança e a estratégia deu certo. Agora, a ordem é repetir o mesmo feitiço com outro feiticeiro e outros ingredientes.
Ao pé do ouvido I
O governador Rodrigo Rollemberg aproveitou o momento reservado com o presidente Michel Temer no Fórum Mundial da Água para jogar “um verde”: “Vi aí que o senhor será candidato a presidente!”. Eis que Temer responde: “Não tem nada resolvido. O que eu quero é alguém que defenda o governo”.
Ao pé do ouvido II
Para bons entendedores, o recado está dado: Temer não tem ninguém no momento que esteja disposto a defender o governo. Haja vista a última entrevista do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dizendo que Temer quer quem defenda o passado.
Nem vem
Os petistas mais próximos a Lula vão defender que ele mantenha o PT distante da candidatura de Ciro Gomes (PDT). Consideram o pedetista “muito volúvel”, hoje fala bem do partido, amanhã fala mal. Os lulistas defendem candidato próprio: Nem que seja sem alianças. O PT quer defender seu legado e seu líder. E aposta que Ciro não vai querer fazer esse papel.
Anastasia disputado
O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), será oposição ao governo do presidente Michel Temer em Minas Gerais. O deputado Rodrigo Pacheco se filiará ao DEM e seguirá pelo mesmo caminho. Logo, é bom Geraldo Alckmin abrir o olho: se houver algum candidato ligado ao governo federal, leia-se o próprio Temer, haverá pressão para que Antônio Anastasia e Aécio Neves deem aquela ajudinha ao presidente.
Registrado/ A entrevista do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao Correio Braziliense, no último domingo, deu o que falar no Planalto. Aliados do presidente Michel Temer consideram que, enquanto pré-candidato à Presidência da República, Maia não terá chance sem reconhecer o “passado” de Temer. Maia disse com todas as letras que Temer quer um candidato para falar do passado e ele (Maia) é um candidato para o futuro.
Agendas frenéticas/ Os ministros estão suando para cumprir os compromissos deste último mês de governo. Muitos que pensaram em sair antes, meio que desistiram da empreitada. Ricardo Barros, da Saúde, por exemplo, quer fazer um evento com Temer no Paraná antes de deixar o cargo. Até aqui, o presidente não foi ao estado.
Manhã de ministra/ No mês da mulher, a ministra da Advocacia-Geral da União, Grace Mendonça (foto), é destaque hoje no Café com Autoridade promovido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).
Noite de livro/ O jornalista César Motta autografa, hoje à noite, o livro Até a última página — uma história do Jornal do Brasil. Foram três anos de pesquisa sobre o antigo JB, fundado em 1891. Ele estará a partir das 19h, na livraria Cultura, do Shopping Iguatemi. Segunda-feira, lançará no Rio, no restaurante La Fiorentina, no Leme, onde a velha guarda dos tempos áureos do JB se reúne para relembrar suas histórias.
Brasília-DF
por Denise Rothenburg » deniserothenburg.df@dabr.com.br
Vai sobrar para ele
Os pré-candidatos a presidente da República aguardam as próximas pesquisas de opinião para saber que reflexo a execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista terá sobre aqueles que já estão postos. A aposta dos políticos e dos profissionais acostumados a lidar com o humor do eleitorado é a de que Jair Bolsonaro, o único a adotar a estratégia do deixa estar para ver como é que fica, é quem mais perderá. Os aliados dele estão na linha do artigo do coronel Washington Lee Abe, comandante do 5º Comando Regional da Polícia Militar do Paraná: “Por que ‘tanta tentativa de transformar essa vereadora em mártir. Ela representa o povo? que povo? Qual segmento do povo? Do cidadão de bem?”
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E o coronel vai mais além: “E quando morremos em combate, tentando salvar uma vida inocente que clama pela nossa presença, vamos aguardar pacientemente os políticos, a imprensa, as autoridades que estão fazendo todo esse alarde pela morte dessa “pessoa” intitulada vereadora, promotora dos direitos humanos, mãe, homossexual (como ela mesma se apresenta) fazerem também o mesmo alarde exigindo respostas rápidas e firmes das autoridades?” Vamos aguardar o humor do eleitor.
Múltipla escolha
O fato de as cápsulas de bala que mataram Marielle pertencerem ao mesmo lote vendido à Polícia Federal abriu um leque de investigações e fez descartar a hipótese de crime racial ou de gênero, ampliando a hipótese de crime político. Desvio antes de chegar à sede da PF? Dentro da PF? Munição vencida e cápsula reutilizada para recarga? O caso de Osasco, que se utilizou da mesma série, tinha envolvimento direto de policiais militares.
Vai demorar…
Antes de chegar aos verdadeiros culpados, a Polícia investiga três diferentes linhas: tráfico, PCC ou milícia. Quando houver uma conclusão sobre qual desses segmentos do crime executou a vereadora, é que se conseguirá chegar aos atiradores. O fato de haver uma intervenção federal ajudará na apuração, porque hoje todo o sistema de segurança do Rio de Janeiro trabalha sob um único comando. Já é alguma coisa.
Ele que nos procure
Se depender do presidente do PSB, Carlos Siqueira, procurar o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa com apelos em prol da filiação partidária, é melhor o magistrado esperar sentado. Siqueira aguarda a resposta do ministro até 7 de abril, o último prazo. Sem estresse.
Cunha e a CNC
De Curitiba, onde está preso, Eduardo Cunha tenta convencer o Planalto a dar uma ajudinha ao deputado Laércio Oliveira (SD-SE) para o comando da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que tem ainda o apoio de Orlando Diniz, preso na Lava-Jato. Aliados de Temer, entretanto, fizeram chegar a Cunha que o presidente quer distância dessa disputa entre Laércio e Roberto Tadros, da Fecomércio do Amazonas. A ordem do governo é trabalhar com quem vencer.
CURTIDAS
PPS vai de Geraldo/ O PPS do deputado Roberto Freire fará um Congresso entre 23 e 25 de março, quando aproveitará para indicar o apoio ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República.
Nem tanto/ A indicação, entretanto, não tem a unanimidade do partido. Já tem gente defendendo que se deixe uma porta aberta para outros caminhos, como Ciro Gomes. Até aqui, o PTB foi um dos poucos que anunciaram o apoio ao governador paulista.
Pinda lidera/ O ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, tem apostado com amigos que o segundo turno da campanha presidencial será entre ele e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Se estiver certo, é bom combinar o debate final para Pindamonhangaba, porque será a primeira vez que uma cidade terá certeza de que um de seus filhos será presidente da República. Ambos nasceram lá.
Pé na terrinha/ Perguntado se aproveitaria a viagem à Paraíba para comer buchada de bode, como fez Fernando Henrique Cardoso no interior do estado vizinho, Pernambuco, em 1994, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reagiu assim: “Tem nordestino no Rio e eu também tenho família lá (na Paraíba). Já comi muita buchada”.
O lançamento da pré-candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, à Presidência da República mudou a direção dos ventos na base governista. Ainda que seja “só para valorizar o passe”, conforme repetem alguns deputados do próprio DEM, o fato é que os movimentos de Rodrigo fizeram com que deputados fossem ao Planalto pedir um tratamento melhor, caso contrário, seguiriam o democrata. Daí, a ideia de chamar os líderes para aquela conversa olho no olho.
Há o receio de que, enquanto presidente da Câmara, Rodrigo dê uma guinada nos projetos da Casa, de forma a marcar o distanciamento do governo e a sensibilidade aos desejos do cidadão comum e do empresariado. Para esta semana, Rodrigo programou a continuidade da pauta relacionada à segurança pública. Mas, para as próximas, a tentativa de Rodrigo é descolar do governo e arriscar refletir nas combalidas contas públicas. É tudo o que o Planalto não quer. Rodrigo fez acender o alerta contra tempestades. Não se sabe, porém, se as ventanias virão seguidas de chuvas e trovoadas. No momento, todo o cuidado é pouco.
Ex-ministro sob os holofotes I
A Ordem dos Advogados do Brasil estará de olho hoje em um julgamento que tem o ex-ministro José Eduardo Cardozo como advogado. Ele foi contratado pelo interventor da Fecomércio-RJ, Luiz Gastão, para atuar no Superior Tribunal de Justiça, onde a 1ª Turma vai decidir se a entidade pode continuar comandada por um interventor ou deverá ser dirigida pelo vice-presidente eleito.
Ex-ministro sob os holofotes II
O ex-ministro foi contratado um dia depois de o STJ pautar o processo para julgamento, o que causou desconforto no tribunal. Dos cinco ministros, três foram nomeados por Dilma Rousseff quando Cardozo era ministro. O Sistema Sesc/Senac entrou na Justiça para que o vice-presidente assuma o comando da Fecomércio, depois que o presidente Orlando Diniz foi preso pela Lava-Jato. Porém, a CNC nomeou um interventor.
A rede furada
de Marun
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, não tem tido muito sucesso na empreitada de segurar os deputados no MDB. É que o próprio Planalto tratou tão bem os deputados de outros partidos para conquistar apoios a Michel Temer que as mágoas se acumularam entre os emedebistas.
A esperança é o tempo
O que anima os aliados do deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) é a proximidade das eleições. É que vem aí a Semana Santa, depois, o país engata na Copa do Mundo e o Congresso esfria até o recesso e as eleições. Nesse clima, qualquer processo de cassação de mandato terminará na gaveta.
O problema é o projeto Rodrigo
Os aliados do deputado baiano irmão de Geddel veem apenas um obstáculo à operação salvamento com base no tempo: a pré-campanha de Rodrigo Maia ao Planalto. Lúcio é considerado um nome emblemático para que Maia reforce o discurso de implacável em casos de suspeita de corrupção.
Silhueta // O ex-ministro José Eduardo Cardozo voltou à dieta Ravenna, aquela que deixou a ex-presidente Dilma Rousseff magrinha. O braço direito do ex-ministro foi visto no restaurante da clínica comprando a comida especialmente preparada para quem faz o tratamento.
Melhor comer em casa // Fora da cadeia, o empresário Joesley Batista ensaiou voltar à vida normal com um jantar no restaurante Barbacoa, em São Paulo, no domingo. Depois de um xingamento ostensivo e uníssono pelos clientes, saiu de fininho.
Michel na lida // O presidente Michel Temer é esperado nesta quarta-feira em Ribeirão Preto na abertura da safra de cana 2018-2019. Sabe como é, nada como um evento do agronegócio para testar a popularidade presidencial.
Além dos votos // Os motivos para o deputado paranaense Osmar Serraglio (foto) deixar o MDB vão além do espaço que terá no PP. É que ele não aguenta mais ficar sob o jugo do senador Roberto Requião, o patriarca emedebista no estado. Quando Serraglio foi eleito presidente do partido, Requião o apeou do comando com uma lista de assinaturas. Serraglio jamais o perdoou.