Corrida Maluca

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Março será dedicado a uma verdadeira corrida entre os pré-candidatos com o emblema governista. Estão no páreo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e acabam de entrar mais dois: o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, e… o próprio Temer. Afif entrou na roda com o aval de empresários que viram nele a capacidade de articulação com o Congresso, depois de liderar a campanha pela derrubada do veto do Refis para pequenas e microempresas. O presidente Michel Temer sempre esteve.

Em tempo: dos quatro, Maia e Temer são considerados os finalistas nesta etapa de pré-campanha. Isso porque não precisam deixar os respectivos cargos em abril para concorrer em outubro. Temer, aliás, tem dito diversas vezes que não é candidato e espera que um dos aliados decole e ganhe ares de “senti firmeza”. Porém, se nenhum decolar, o presidente será o escolhido para defender o governo. Coloque nessa lista também Geraldo Alckmin, do PSDB, que é visto como um aliado, mas nem tanto. Esse é o trio dos partidos de dentro que chamará a atenção nos próximos 30 dias.

Acordo sob risco

Quem conhece do traçado militar avisa: a chegada do general Joaquim Silva e Luna ao cargo de ministro da Defesa dificulta concessões à Boeing.

Vai que é tua, Jungmann

Anunciado ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann ficará com a gestão do Fundo Penitenciário, mas, de quebra, terá que fazer com que o Congresso aprove a nova pasta. O fato de sair por medida provisória é visto como um complicador, mas não deverá dar tanto trabalho.

Investigado por investigado…

O PT não vai tirar Jaques Wagner da lista de possíveis candidatos a presidente só por causa das investigações da PF. O partido, aliás, se prepara para dizer que quase todos os políticos hoje têm esse problema.

Já vem tarde

O mercado viu com bons olhos o movimento da CGU, da AGU e do Ministério Público no sentido de padronizar os acordos de leniência. O ex-ministro da CGU e do Planejamento Valdir Simão, que atualmente está trabalhando para as empresas interessadas em firmar esse tipo de acordo, avalia que o novo formato dá mais segurança jurídica, facilita a operacionalização da Lei Anticorrupção e reparação de danos aos cofres públicos. Até dezembro de 2017, só 23 empresas foram multadas por órgãos federais, a maioria delas micro ou de pequeno porte. As penalidades totalizam pouco mais de R$ 12 milhões.

Festa no PSB/ Depois da saída de quatro deputados federais do partido, o PSB recebe dois hoje, com direito a solenidade de filiação na sede nacional: Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR), ambos da Rede, de Marina Silva.

Apressado come cru/ Quinta-feira, aliás, os socialistas abrem sua convenção nacional. O presidente do partido, Carlos Siqueira, avisa que não pretende tratar de nomes para a Presidência da República no evento desta semana. “Não podemos tomar decisões apressadas para que a realidade não revogue”, diz ele, coberto de razão. Afinal, diante de um quadro tão nebuloso, há quem diga que o 2018 eleitoral ainda não começou.

Vai ali e já volta/ A próxima viagem internacional do presidente Michel Temer será para a posse do novo presidente do Chile, Sebastián Piñera (foto), em 11 de março.

Por falar em Michel Temer…/ Desde que o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, falou sobre a investigação envolvendo o presidente Michel Temer e a empresa Rodrimar, o Planalto não consegue tirar o caso da roda. Até para dizer que Segóvia não manda em inquérito, a procuradora-geral, Raquel Dodge, concordou com mais 60 dias de prazo para a apuração.

Façam o que eu faço

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Brasília-DF

Quem trabalha no governo federal e completou um ano de recebimento do auxílio-moradia em janeiro e fevereiro tomou um susto este mês. É que a folha de pagamento traz o desconto de 25% no valor do benefício, conforme previsto na Medida Provisória nº 805. No ano que vem, virão mais 25%, até zerar em quatro anos. Se o servidor comprovar que não tem imóvel no DF nem mora com alguém que já receba o benefício, voltará a ter direito ao auxílio.

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A nova regra foi colocada em destaque na mensagem presidencial encaminhada ao Congresso este ano. Tudo para mostrar que, se dependesse do Poder Executivo, estaria liquidada essa mamata de auxílio-moradia para quem tem imóvel próprio ou mora com quem já recebe o benefício. Aliás, reza a norma: no Executivo, o auxílio só vale para quem veio de fora e não tem imóvel no DF.

Vem mais

Depois de a Fitch rebaixar a nota do Brasil, o mercado aposta que a Moody’s virá na mesma batida. Porém, não haverá tanto estresse. Esses movimentos não vão afetar muito os investidores, porque o cenário externo é favorável e já são esperados em função do pé no freio em relação à reforma da Previdência.

Lá e cá

Outro fator que ajuda o Brasil em relação aos investidores é o favoritismo de Andrés Manuel Lopez Obrador, no México. O ex-prefeito da Cidade do México lidera as pesquisas para a eleição presidencial de julho e, se vencer, aumenta a incerteza no país, fazendo com que muitos operadores voltem seus olhos ao mercado brasileiro.

O perigo é outro

Os investidores estão de olho mesmo é na eleição presidencial. Dizem que, enquanto um candidato reformista se apresentar com chances de vencer a eleição, o país estará seguro. Para 2019, entretanto, a previsão é de nervosismo total: o Brasil terá que decidir se fará a reforma para evitar virar uma Grécia ou se viverá um cenário grego para, depois, fazer uma PEC da Previdência muito mais dura.

Mau começo

A forma como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, desistiu da prévia para presidente da República pode até parecer um alívio para os aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mas arrisca ser um grande problema no médio prazo. Os amazonenses têm problemas em apoiar paulistas por causa da disputa em torno da Zona Franca de Manaus. Para completar, nenhum dos partidos com assento por lá se colocou na linha pró-Geraldo.

Revival?/ Ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante (foto) sugeriu dia desses, numa reunião fechada do partido, que, se fosse para o PT ter um plano B, esse nome deveria ser o da ex-presidente. Os presentes, em sua maioria do grupo Construindo um Novo Brasil (CNB), fizeram ouvidos de mercador para a proposta.

Por falar em plano B…/ Lula, avaliam seus amigos, não está tão animado quanto parece. Sua maior preocupação hoje são os processos envolvendo os filhos.

Enquanto isso, em Minas…/ Tem gente no PT defendendo a seguinte conversa com os tucanos: o PSDB lança o nome que for mais fraco para o governo estadual, deixando Fernando Pimentel navegar com bons ventos. Em troca, os petistas põem um nome mais fraco para o Senado, de forma a dar uma ajuda a Aécio Neves. Pode parecer maluquice, mas, quando se trata de política, e, ainda mais nesta era de incertezas, ninguém está descartando nada.

O “quadradinho” tem seu charme/ O comando nacional do PDT quer o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, candidato a governador do Distrito Federal para dar a Ciro Gomes um palanque na capital federal. O eleitorado é pequeno, 2 milhões, mas é caixa de ressonância para todo o Brasil.

E o Temer, hein?/ Entre os aliados dele, a história de dizer que não é candidato em entrevista na Bandeirantes não colou. Eles continuam apostando na candidatura.

E Alckmin perde um aliado

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O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, desistiu de participar da prévia para escolha do candidato tucano a presidente da República. A notícia, embora seja comemorada pelos aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, representará um problema a médio prazo. É que Alckmin não tem hoje um grande leque de alianças no Amazonas. Partidos como o PSD do senador Omar Aziz, por exemplo, hoje estão dispostos a fazer campanha para o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Existe no Amazonas uma grande disputa comercial em relação a São Paulo. Os amazonenses consideram que os paulistas são contra a Zona Franca de Manaus, pólo industrial importante para geração de empregos no Norte do país. A desistência de Virgílio pode ter tirado do governador paulista a oportunidade de apresentar aos eleitores do Amazonas uma visão diferente em relação à Zona Franca. Um debate franco e aberto poderia servir de aquecimento para Geraldo fora das divisas do estado de São Paulo. Além da oportunidade, Geraldo Alckmin perdeu um aliado importante para repicar a campanha no Amazonas. Terá agora que buscar outros aliados por lá, fora do PSDB. É um mau começo da pré-campanha na região Norte.

Virgílio disse ao repórter Paulo de Tarso Lyra que não sairá do PSDB, porém, não fará campanha para Geraldo. O governador paulista não se pronunciou. Nos próximos 40 dias, diz, estará dedicado a governar São Paulo. Talvez esse afastamento do prefeito faça com que Geraldo Alckmin tenha mesmo que correr atrás de mais votos em seu estado para compensar a falta do trabalho de Arthur Virgílio em prol da sua campanha.

O “posto Ipiranga” do Brasil

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A ida do presidente Michel Temer à reunião do Conselho Militar de Defesa não foi um mero convescote, como quis fazer crer o governo, e sim uma tentativa de acalmar as Forças Armadas. Há um desconforto
generalizado entre os militares com o fato de o Exército ser usado para tudo, de construção de rodovias, pacificação de morros e até acolhimento aos venezuelanos. O pessoal da ativa é mais fechado ao se referir a esse tema. Porém, consideram que não dá para desvirtuar o papel das Forças Armadas, como foi desvirtuado. Na avaliação de alguns, o Exército acabou virando “posto Ipiranga”, uma referência ao premiado anúncio que faz sucesso na tevê.

Os militares da reserva, que têm mais liberdade para dizer o que pensam, não escondem as preocupações. Do alto de quem comandou o Estado-maior Conjunto das Forças Armadas nos tempos da ocupação das favelas do Alemão, em 2010, e, mais tarde, do complexo da Maré, o general José Carlos De Nardi, alerta: “Estão desvirtuando o emprego do Exército. Para o momento, a intervenção foi um mal necessário, mas não
é a solução definitiva. E tem que dar os meios para atuar, sociais e jurídicos”, disse o general à coluna.

A receita do general I
O ex-comandante do EMCFA general José Carlos De Nardi lembra que, no período em que forças militares ocuparam as favelas do Alemão, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, montou um local na base do morro com delegado e juiz de plantão, apoiando as ações. “O apoio político o presidente já deu, que foi decretar a intervenção. Agora, falta o jurídico”, diz De Nardi.

A receita do general II
O ex-comandante De Nardi lembra que “para dar certo é preciso algo mais. No Alemão, em 2010, ficamos um ano e pouco, depois, ficamos mais tempo na Maré. Saímos e, com o tempo, voltou ao que era. Sem a
presença do Estado, apoio da Justiça e do governo do estado, elaborando projetos sociais, dentro de um ano, seis meses, há o risco de voltar a ser o que era antes da intervenção”, alerta o general
gaúcho, que hoje acompanha a intervenção à distância, de seu estado natal.

E Roraima, hein?
De Nardi não esconde sua insatisfação com o uso do Exército no apoio aos venezuelanos: “O que o exército tem a ver com isso? Será que os serviços sociais e Relações Exteriores não poderiam cuidar dos
venezuelanos?”

A novela da ira
Depois de Rodrigo Maia ficar irado com os cortes no Orçamento das Cidades, foi a vez do Planalto fechar a cara para o ministro Alexandre Baldy. Hoje, Baldy vai ao Ceará para anúncio de investimentos ao lado do governador Camilo Santana e do presidente do Senado Eunício Oliveira. Camilo é do PT e Eunício já tem dito que prefere apoiar Lula. Os ministros palacianos avisam que, se Michel for mesmo
candidato, Baldy terá que rever suas companhias, ou, pelo menos,
aproveitar os discursos para ressaltar o presidente da República.

Requião e o PT I/ Ao encontrar com o colega Renan Calheiros (MDB-AL) no Congresso, ontem, o senador Roberto Requião (MDB-PR), saiu-se com esta: “Renan, eu vou sair do PT. Botar a nova carta aos brasileiros para ser escrita por (Fernando) Haddad, Paulo Bernardo, e (Aloizio) Mercadante não tem a menor chance de dar certo”.

Requião e o PT II/ Os emedebistas não esquecem que Haddad perdeu a prefeitura de São Paulo, Paulo Bernardo está sob investigação e Mercadante fracassou na tentativa de montar uma engenharia política
que garantisse os votos para permanência de Dilma Rousseff no poder.

Por falar em Haddad…/ Hoje, com as novas declarações de Pedro Corrêa, sobre o sítio de Lula, e os e-mails de Marcelo Odebrecht sobre o terreno para o instituto do ex-presidente, Haddad voltou a ocupar o posto de plano B do PT. É que o PT da Bahia não abre mão de Jaques Wagner (foto) para o Senado. Os baianos petistas dizem que não dá para contar com a incerteza de uma campanha presidencial, sendo que uma vaga de senador para Wagner hoje estaria “garantida”.

Enquanto isso, no Planalto…/ Deputados que passam por lá quase que diariamente para despachar com o ministro da secretaria de Governo, Carlos Marun, têm dito que, se Rodrigo Maia continuar nessa rota de
críticas ao presidente Michel Temer, vão “jogar o Marun pra cima dele na campanha”, como candidato em nome do MDB. O ministro ouve e apenas sorri. Sabe como é, quem cala, consente.

Um candidato, dois objetivos

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Com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disposto a manter uma certa distância do presidente Michel Temer, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, delimitando espaço na tentativa de não se misturar com o governo, os aliados do Planalto começam a querer impulsionar uma candidatura de Temer para deixar o MDB ser PMDB: ficar com um pé em cada canoa para, num segundo turno, negociar um lugar ao sol com o candidato de centro que passar à segunda rodada.

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A candidatura ajuda o partido em duas frentes: a primeira, evitar que aconteça com o governo Temer o que houve com o então presidente José Sarney, em 1989. Naquele ano, a eleição foi “solteira”, ou seja, sem disputa para governador, senador e deputados federais e estaduais. Sarney apanhou de todos os candidatos e ficou sem ninguém que defendesse o governo. Diante desse raciocínio, os emedebistas consideram que não têm nada a perder: Temer teria, enquanto candidato, condições de defender o seu legado e, de quebra, em caso de derrota, aumentaria o cacife para o segundo turno. Mais MDB do que isso, impossível.

O toma lá dá cá parlamentar

Começou um movimento de bastidores no plenário da Câmara para antecipar a janela partidária. É que algumas excelências estão interessadas em leiloar a
candidatura. Funciona mais ou menos assim: o deputado se filiaria ao partido que lhe garantir mais dinheiro para a campanha eleitoral. Os lances estão variando
de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões.

Muita calma nessa hora

O assunto foi levado em tese, sem nomes aos bois, à reunião do PSDB com Geraldo Alckmin ontem. O comandante tucano pediu paciência aos seus filiados. Haverá dinheiro para a campanha. Dentro do PSDB, muitos deputados receberam convites, propostas de financiamento de campanha em outras legendas, mas temem comprar gato por lebre. Geraldo Alckmin escutou todas as queixas e garantiu a todos que haverá dinheiro para a campanha. A maioria dos tucanos gostou do que ouviu.

Enquanto isso, nos
partidos de esquerda…

O encontro entre o ex-prefeito Fernando Haddad e Ciro Gomes traz à tona a ideia de que não se deve manter a tese da imolação, ou seja, da manutenção unicamente da candidatura de Lula até agosto ou setembro. Essa é uma nova linha de atuação dentro do PT e do leque de partidos que gravitam em seu entorno: PDT, PCdoB e um pedaço do PSB. A ordem para unir é buscar um programa de governo e uma frente com esses partidos. Falta, entretanto, combinar. A cúpula do PSB, por exemplo, tem resistências em seguir com o PT no plano nacional.

O périplo da Eletrobrás

Rodrigo Maia pode até reclamar do pacote das 15 medidas anunciadas pelo governo para tentar segurar a melhoria do ambiente econômico, mas já recebeu alerta de que algo precisa ser feito. O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, por exemplo, foi dizer a ele que, sem privatização e sem dinheiro, a tendência é a empresa encolher. O número mais explorado por Ferreira Júnior é o de que a empresa terá que investir
R$ 50 bilhões nos próximos cinco anos apenas para manter sua posição no mercado.

PP dividido/ Enquanto o presidente do PP, Ciro Nogueira (foto), joga em favor de Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesta temporada de pré-campanha presidencial, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, diz para uma plateia com os pesos pesados do campo nacional que Geraldo Alckmin saberá cuidar do Brasil.

Dois na roda/ Blairo fez o afago a Alckmin em discurso, na festa da posse da nova presidente da Frente Parlamentar de Agricultura, deputada Teresa Cristina (DEM-MS), na noite de terça-feira. No palco, estavam o governador, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, entre outros.

Um jogando parado/ Nas conversas que teve, Geraldo Alckmin avisou que, nos próximos 40 dias, estará mais focado em inaugurações e entrega de serviços no estado. Depois é que terá mais liberdade para caminhar.

Um palanque, dois candidatos/ Geraldo, aliás, tem dito também que dificilmente terá apenas um candidato ao governo de São Paulo. O PSDB quer ter um nome para chamar de seu, e o PSB já tem o vice-governador Márcio França. Se houver união, só mais à frente. Não por acaso, Michel Temer diz que só trata de candidatura em maio. É quando o jogo passará a ficar mais claro.

A vida como ela é

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Enterrada a reforma da Previdência, o governo vai jogar no seguinte campo para não passar a ideia de que a proposta zera desnecessária: quem quiser um recurso extra terá de dizer de onde vai tirar a verba. Só tem um probleminha. O remanejamento de recursos, até agora, tem irritado e muito os aliados de Michel Temer. Ontem, por exemplo, foi aprovada na Câmara a destinação de R$ 2 bilhões para administrações municipais. Parte do dinheiro saiu dos ministérios da Educação (R$ 650 milhões) e das Cidades (R$ 600 milhões), o que provocou a ira do presidente da Casa, Rodrigo Maia.
E tem mais: os aliados de Maia descobriram que não saiu um centavo dos ministérios da Integração e do Turismo, comandados, respectivamente, pelos emedebistas Helder Barbalho (PA), filho de Jader Barbalho, e Max Beltrão (AL). Em tempos de aprovação de medidas provisórias no Congresso, não dá para fazer cortes seletivos beneficiando ministros do MDB.

Câmara vai chamar Dallagnol

O procurador Deltan Dallagnol será convocado ao Congresso para explicar por que mencionou que em vez de mandados coletivos de busca nas áreas controladas pelo tráfico no Rio a ação deveria ser feita “nos gabinetes do Congresso”. Quem vai chamar é o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG): “Ele que respeite esta Casa. Chegamos aqui pelo voto popular. Esta Casa tem muita gente honrada”, diz o deputado.

Lavou a alma

A reação de Fábio Ramalho veio em boa hora. Não foram poucos os deputados e senadores que reclamaram da falta de uma boa chamada em Dallagnol por parte dos comandantes das duas Casas. Houve quem dissesse que seria bom cobrar busca e apreensão também em gabinetes como o de Marcelo Miller, o ex-procurador que ajudava a JBS enquanto ainda trabalhava com Rodrigo Janot.

Maia caminha…

Ciente da máxima “é caminhando que se faz o caminho”, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já se reuniu com o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, e com o presidente do PP, Ciro Nogueira, que acenaram com apoio a um projeto presidencial encabeçado pelo deputado.

… e tenta juntar

Paulinho saiu da conversa tão animado que foi atrás de Aldo Rebelo. Quer convencer o ex-comunista a assumir o papel de vice numa chapa do DEM. Aldo, que hoje está no PSB, não disse nem que sim nem que não.

Aposta fina/ Já era alta madrugada quando o deputado Fábio Ramalho (foto) comentou, numa roda, que ia para casa tomar um Blue Label, presente do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. “Apostei com ele que a reforma não seria votada este ano. E ganhei!”

Jungmann pop star/ O ministro da Defesa, Raul Jungmann, perdeu a conta das selfies que fez ontem, especialmente com deputados do Rio de Janeiro. Sabe como é: depois da notícia de que a intervenção fez sucesso na população, muita gente que tirar uma casquinha.

Nem vem!/ Hoje, deputado não pode elogiar a performance eleitoral de outro que o sujeito já desconfia. Silvio Costa (Avante-PE) encontrou o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE) sentado ao lado do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) e comentou: “Esse Tadeu é o rei de Ouricuri. Tem um caminhão de votos por lá!”

Que não tá sobrando!!/ Tadeu, rápido no gatilho, respondeu: “Você pare de cobiçar a mulher do próximo! Deixe meus votos quietos lá”. É bem por aí. Em ano eleitoral, prevalece a máxima de que ciúme de político é pior do que ciúme de mulher.

Construção de vitórias para esconder derrotas

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A aprovação do decreto de intervenção na Câmara por 340 votos a 72 foi uma lufada de ar fresco no rosto de um governo que estava intoxicado com a fumaça provocada pela insistência em votar a reforma da Previdência. Seria derrotado na certa, se mantivesse o ambiente enfumaçado. Diante do risco, com o seu pessoal certo de que seria massacrado nas urnas, recuou. O que mais se ouvia na madrugada dos deputados da base governista que esperavam a hora de votar o decreto da intervenção era a sensação de alívio. Havia um grupo expressivo angustiado antes da decisão do governo, de desistir de votar a reforma. Ontem à noite, mais leves, admitiam aprovar o “mexido” da economia, os 15 itens que o governo apresentou como pauta prioritária, inclusive a autonomia do Banco Central.

Para o governo, o que interessa nesse momento é mais a simbologia de manter uma base coesa. Os 340 votos, diziam alguns, contra 72 do decreto presidencial pode até passar essa impressão (embora não seja uma matemática perfeita). É com a base aliada mais aliviada é que o governo tentará construir algum caminho eleitoral para atravessar em segurança a “pinguela” __ expressão que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou em 2016 para se referir ao governo do presidente Michel Temer. Com a pauta da Previdência mantida a fórceps, a pinguela corria o risco de ruir antes da hora, uma vez que a redução de apoio no Parlamento era visível.

A intervenção continuará a ocupar o noticiário, a Previdência continuará em discusão, mas sem muito estardalhaço. Enquanto isso, os congressistas acreditam que terão sossego para organizar o jogo rumo a outubro. O jogo começa agora. Sem a reforma e com uma pauta positiva do governo, apesar da Lava Jato. Até aqui, Temer conseguiu tirar um pouco do amargo do limão. Resta saber se a limonada vai continuar docinha até outubro, ou vai azedar no meio do caminho.

A tábua econômica

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

A lista de 15 propostas apresentadas ontem à noite pelo governo para
tentar compensar o adiamento da reforma previdenciária vem no sentido
de tentar preservar o discurso de continuidade de recuperação da
economia, a primeira aposta do presidente Michel Temer em busca de um
discurso eleitoral. Assim, com as medidas econômicas e a pauta da
segurança pública a partir da intervenção no Rio de Janeiro, o MDB espera construir uma plataforma para o lançamento de um candidato de centro que, se não for o próprio Temer, no mínimo renderá uma vaga de vice a alguém do partido. Sabe como é: nenhum governo com a possibilidade de concorrer a um segundo mandato presidencial pode ser desprezado. E Temer, embora o tempo seja curto, corre atrás dessa vantagem.

Olho nelas

As novas autoridades policiais estão orientadas a ficar de olho nas
igrejas neopentecostais, aquelas que são as únicas a não sofrerem um
arranhão na guerra do tráfico.

Melhor assim

Analistas de mercado financeiro já previam o adiamento da reforma
previdenciária. Eles têm dito que a reforma, não sendo derrotada, está
tudo certo. O importante é aprovar, ainda que seja em novembro, ou no
ano que vem.

Prepara-se

O descaso das autoridades com o Rio de Janeiro ao longo dos últimos
anos é uma conta que sairá do seu bolso e de todos os brasileiros que
pagam impostos agora e a partir de 2019. Seja quem for o governador
eleito, já está feito o pedido para que a União custeie as ações no
estado no ano que vem, de forma a dar sustentabilidade ao que vier a
ser recuperado a partir da intervenção.

“O Ceará tem números piores do que os do Rio. Quero intervenção. O
governador está cheio de pruridos. Não
é possível, num estado que não tem 50 helicópteros voando, matarem
traficantes atirando de dentro de um deles e ninguém saber quem foi”

Do deputado Danilo Forte (DEM-CE)

Discurso pronto

Pré-candidato ao governo do Rio e certo de que muitos emedebistas que
mandavam no estado passaram ou estão na cadeia, o deputado Índio da
Costa (PSD) desenha algo dessa ordem para tentar atrair eleitores: “A
situação do Rio só muda se houver alguém que não esteja comprometido
com o jogo do MDB”.

De saída/ Alessandro Molon (Rede-RJ) não vai esperar os últimos dias
da janela, início de abril, para mudar de partido. A decisão, dizem
seus aliados, deve ser anunciada em breve. O destino mais provável é o
PSB.

A rodada de Maia/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem
dito a amigos que, se for candidato à sucessão presidencial, já tem o
apoio do PP e do Solidariedade para a sua campanha. Se sentir
receptividade por parte do eleitor no périplo que fará pelo Brasil em
breve, ele vai.

Que sirva de lição/ Surpreendeu a muitos o fato de o ministro Luís
Roberto Barroso (foto), do STF, mandar incluir os esclarecimentos do
diretor da Polícia Federal nos autos do inquérito que investiga o
presidente Michel Temer. Para o governo, está claro que ninguém mais
deve abrir a boca sobre o caso.

E o PSDB, hein?/ Aos poucos, deixa de vez o governo. Com Luislinda
fora da pasta de Direitos Humanos, sobrou apenas o ministro de
Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, que sai em abril.

O tudo ou nada de Michel

Publicado em coluna Brasília-DF

A intervenção no Rio de Janeiro servirá como uma tentativa de resgatar alguma coisa para os partidos de centro no segundo estado mais populoso do país e, por tabela, no Brasil como um todo, sempre atento ao seu balneário mais famoso. Se der certo, os nomes vinculados ao governo do presidente Michel Temer terão alguma chance lá e projeção nacional. Caso contrário, adeus. Para que isso seja feito, o governo federal começou ontem o desembarque do governador Luiz Fernando Pezão, que se mantém governador porque o processo de cassação de seu mandato, aprovado há um ano pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), está pendurado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, se perder lá, ainda caberá recurso ao Supremo Tribunal Federal.
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Embora Pezão ainda continue com responsabilidade sobre outras áreas, na prática, seu governo se desmilinguiu. Edson Albertassi, líder do governo, e Hudson Braga, braço-direito, estão presos. As contas estaduais continuam em frangalhos. Não por acaso, quem acompanha atentamente os problemas estaduais, caso do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), se saiu com esta: “O correto seria a intervenção total, com a nomeação de um saneador de finanças, com revisão de benefícios fiscais. Joaquim Levy saiu da secretaria de Fazenda porque queria mais transparência. Seria um bom momento para trazê-lo de volta como interventor na área financeira”, diz Miro.
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Quem conhece o presidente Michel Temer, entretanto, garante que ele não vai intervir para terminar de vez com o governo de Pezão. Seria PMDB contra PMDB. Porém, se o governador quiser sair, ninguém vai se incomodar.

Onde mora o perigo

O governo terá que amarrar a aprovação do decreto sobre a intervenção no Rio de Janeiro. É que técnicos da Câmara garantiram a deputados que o Congresso Nacional pode modificar o texto do governo. E, se começar a emendar demais, a aprovação pode demorar.

Chamem o Batman!

A criação do Ministério da Segurança Pública depende, hoje, apenas de se encontrar um nome que corresponda ao perfil de interlocução com os governadores e com o Congresso. Afinal, os mecanismos operacionais estão postos. Falta apenas a técnica de gerência, que será dada pelo novo ministro e discutida com os demais atores. Até aqui, o governo pensou em alguns nomes, porém, não conseguiu se fixar em nenhum que atenda a todos esses requisitos.

Se resta algum juízo…

…na cabeça do prefeito Marcelo Crivella, o melhor que ele tem a fazer é encostar no governo federal e colocar, pelo menos, a guarda municipal à disposição do general Walter Braga Neto para se incorporar ao esforço de resgate da segurança pública. Pelo menos, é nesse sentido que vêm os conselhos levados a ele nas últimas horas.

Traição, eu?!/ Na quarta-feira, no programa Frente a Frente, da Rede Vida de Televisão, o deputado Alberto Fraga (foto), do DEM-DF, reclamou que foi traído pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que lavou as mãos na eleição de líder da bancada. “A pior coisa do mundo é a dor da traição”. Ontem, Rodrigo reagiu: “Fraga é meu amigo e jamais prometi ajuda a ele para a liderança. Além disso, não tenho como trair ninguém. Estou muito observado”.

Por falar em Rodrigo Maia…/ Ontem, ele conversava com jornalistas quando o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, telefonou: “Oi, Marun. Você vai embora e deixa a confusão aqui?”. Marun queria saber se a reunião sobre Previdência estava confirmada. Pelo visto, embora não declare, nem ele acredita mais na reforma.

Tá explicado/ Rodrigo Maia continuará pregando a mudança na Previdência. Afinal, garante que seus eleitores apoiam a ideia.

Mal ou bem…/ No fim do carnaval, o governo se preparava para uma onda de notícias negativas — o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, se explicando ao Supremo Tribunal Federal sobre as investigações que envolvem Michel Temer, a novela da posse de Cristiane Brasil, a falta dos 308 votos para votar a Previdência. Agora, com a intervenção, essas notícias ficaram em segundo plano.

Rio terá dois governadores

Publicado em Política

Assim que for publicado o Decreto de intervenção no Rio de Janeiro, O estado terá dois governadores: Luiz Fernando Pezão cuidará da administração geral. O comandante militar do Leste, general Walter Braga Neto, ficará encarregado das áreas que abrangem a Secretaria de Segurança Pública e Penitenciária. Como “dono do pedaço”, nas palavras de um ministro, o general terá poder de demitir e nomear quem quiser nessa seara. Em caso de suspensão do decreto da intervenção, que será parcial, o general só não poderá demitir ninguém. Porém, para não interromper as ações, já está definido que a intervenção será transformada em GLO (Garantia da Lei e da Ordem) “expandida”. Em intervenção, ele pode demitir. Em GLO, não. Essa será a única diferença no desenho feito pelo Poder Executivo, conforme explicou um ministro ao Correio.

A intervenção começou a ser discutida no carnaval. Ali, disseram os ministros, chegou- se ao limite, com arrastões, tiroteios assassinatos na cidade vitrine do Brasil e as forças de segurança despreparadas, recomendando as pessoas que dispensassem o uso de celulares para evitar bandidos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que estava em Salvador na terça-feira, não participou de todas as discussões. Por isso, na reunião da noite de quinta-feira, gerou um constrangi,então, ao dizer que não iria nem discutir o tema, porque não havia sido chamado desde o inicio. A intervenção foi discutida inicialmente, entre o presidente Michel Temer, o governador Luiz Fernando Pezão, e os ministros da Defesa, Raul Jungmann; da Justiça, Torquato Jardim, e do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, além dos comandantes militares. A intervenção deve perdurar até 31 de dezembro.