O maior risco para o PT

Publicado em coluna Brasília-DF

Em suas reuniões mais reservadas sobre cenários sem Lula, os petistas lançaram um alerta vermelho para todos os estados: quem não seguir com o candidato do partido a presidente da República ficará sem legenda para concorrer. Há o receio de que, com a condenação, candidatos a governos estaduais e ao Senado busquem uma aproximação com outros presidenciáveis, deixando o PT na mão. Num desses encontros, muitos lembraram o caso do governador do Ceará, Camilo Santana. Candidato à reeleição, Camilo esteve em São Paulo, por esses dias, em defesa de Lula, mas é ligado a Ciro Gomes (PDT).

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O aviso vem a calhar. Afinal, é a primeira vez que o PT periga ter o seu maior líder longe dos palanques. Mesmo quando Dilma foi candidata, era Lula quem encerrava os comícios e encantava o povo. Vale lembrar que na única vez em que Lula cogitou não ser candidato, em 1998, o PT insistiu por causa da capacidade dele de alavancar o partido nos estados. Agora, se Lula estiver preso, além da dificuldade de arregimentar aliados, terá o desafio de segurar os seus.

Alarmou geral

O pedido de retenção do passaporte do ex-presidente Lula deixou o PT de cabelo em pé. Há o receio de que o juiz da 10ª Vara Federal do DF, que apura os caças, tenha novas informações sobre as negociações dos aviões. Em 2009, Lula anunciou que compraria os caças franceses. Três anos depois, já na gestão de Dilma, o governo fechou com os suecos por causa da transferência da tecnologia.

Vai ou racha I

De volta ao Brasil, o presidente Michel Temer combinou com o comandante da Câmara, Rodrigo Maia, que a reforma da Previdência será votada mesmo em 19 e 20 de fevereiro, seja para ganhar ou perder. Assim, se não tiver votos, o governo terá tempo para tentar encontrar outras saídas para manter o curso positivo da economia.

Vai ou racha II

Caso o governo não encontre alternativas e a economia pare de responder com números positivos, o discurso estará pronto: a culpa foi dos congressistas que preferiram agradar aos servidores de altos salários e as corporações em detrimento dos mais pobres, que não têm suas aposentadorias afetadas pela reforma.

Pelas beiradas

Enquanto os tucanos se dividem em busca de um nome para concorrer à sucessão de Geraldo Alckmin em São Paulo, o vice-governador Márcio França vai conquistando os prefeitos tucanos, em especial os que têm estreita relação com Alckmin. Paulo Alexandre Barbosa, de Santos, não esconde sua preferência: “O Márcio demonstrou ser um grande aliado do governador, fiel, correto. E eu não tenho dúvidas de que vai dar sequência ao bom trabalho que o Geraldo fez. O esforço que eu, pessoalmente, vou fazer é para a manutenção dessa boa aliança, que foi boa para São Paulo e será importante para o país”, comentou.

CURTIDAS

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Olhar de Marina/ Marina Silva (foto) é vista internamente no PT como a maior herdeira dos votos de Lula, por causa de sua história parecida com a do petista. A ala mais lulista, entretanto, não quer ver a ex-ministra do Meio Ambiente nem pintada. Ela, por esses dias, reafirmou o respeito às decisões judiciais e à Lava-Jato. Deixou claro que…Não se mistura.

A postos/ O MDB pode até querer esperar mais um tempo para lançar candidato a presidente da República, mas seus filiados, não. O superintendente da Sudeco, Antonio Carlos Nantes de Oliveira, esteve ontem com o presidente do partido, Romero Jucá, e, numa longa conversa, avisou que apresentará seu nome à convenção.

E Michel vai para a galera…/ Este fim de semana marcará a presença do presidente Michel Temer em programas populares. Amaury Júnior, Ratinho, Silvio Santos. Tão logo termine, o MDB colocará pesquisadores na rua para verificar como a população recebeu o presidente.

Lá e cá/ Em sua passagem pelo Fórum Mundial Econômico em Davos, o presidente Michel Temer explicava a um empresário norte-americano sobre a tentativa de aprovar a idade mínima para as aposentadorias. O sujeito foi direto: “Nossa, vocês ainda estão nessa discussão de idade mínima?”

Medidas extremas

Publicado em coluna Brasília-DF

Obviamente, Lula não cogita sair do país em busca de asilo político. Nem poderá, agora que seu passaporte será recolhido por ordem da Justiça do Distrito Federal. Porém, petistas e outros aliados que passaram pela dura vida no cárcere comentam, em conversas reservadas, que estão prontos a aconselhar o ex-presidente a fugir do Brasil caso a prisão seja inevitável. Em Cuba, por exemplo, cogitam alguns, Lula será muito mais útil ao PT do que atrás das grades. De lá, poderá manter o discurso de perseguição política, gravar vídeos e continuar mobilizando o seu partido e influenciando na eleição, ainda que a distância e sem poder pisar no país.

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A direção do PT e aqueles que estão todos os dias com Lula sugerem outros caminhos. O primeiro deles é promover uma onda de fora do país para dentro, com a vinda de juristas estrangeiros em defesa de Lula, de forma a criar um desconforto à Justiça brasileira por deixar o petista fora do pleito. O segundo vem do MST, que espera reunir 100 mil no Maracanã. Por fim, o próprio Lula percorrerá o país tentando mobilizar militantes e população em geral. Se nada disso der certo para garantir a candidatura — até porque não caberá à Justiça Eleitoral analisar o mérito da condenação, e sim se houve uma condenação em segunda instância —, Cuba não deixa de ser um destino.

Lula & Arruda

O advogado Francisco Emereciano, que acompanhou o processo da candidatura do ex-governador José Roberto Arruda em 2014, aposta num desfecho semelhante para o ex-presidente Lula. Condenado na Caixa de Pandora, logo em seguida, o registro terminou indeferido. Em 13 de setembro, o ex-governador passou o bastão da campanha ao vice, Jofran Frejat. É por aí que o PT terá que seguir se não quiser correr o risco de ter votos não computados.

“Se o PT continuar a passar a mão na cabeça do Lula, vai virar uma Farc”
Avaliação do ex-deputado Paulo Delgado, um dos fundadores do PT, dizendo que a pior coisa que aconteceu com a esquerda na Colômbia foram as Farc. A avaliação dele é de que não dá para partir para a desobediência civil

Se a conta fechar, texto muda

O governo fez chegar aos deputados e senadores de partidos aliados que mudanças no texto da Previdência só serão aceitas se houver a certeza de que virão acompanhadas de votos que completem os 308 necessários à aprovação do texto. Caso contrário, o governo não aceitará mexer na proposta atual, que, aliás, já está bem mais amena do que a original.

Segóvia e Marun

Um dos primeiros a receber essa notícia do governo nem é parlamentar, e sim o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia. Ele esteve com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, em apelos para uma transição no caso de policiais que estão a um passo da aposentadoria e, com a reforma, terão que esperar alcançar a idade mínima. Marun não se fez de rogado: “Traga uma proposta acompanhada dos votos para aprovar, que nós podemos negociar”.

CURTIDAS

Magistrados na lida/ Representantes do Ministério Público e da magistratura vão aproveitar a próxima quinta-feira, véspera da abertura dos trabalhos do Congresso, para dar a largada no movimento antirreforma. Serão, pelo menos, 500 representantes dessas carreiras mobilizados no Congresso. De lá, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) planeja seguir em caminhada para entregar um manifesto à ministra Cármen Lúcia.

Fim do discurso/ Jair Bolsonaro cresceu, até aqui, defendendo a prisão de Lula e criticando o PT. Agora, com a condenação do petista, terá que mudar o repertório.

Temporada de pesquisas/ Todos os partidos colocaram seus entrevistadores nas ruas para saber os primeiros reflexos da condenação de Lula na cabeça do eleitor. Se prevalecer a ideia de que a turma não quer “perder o voto” apostando num candidato sub judice, o PT ficará sozinho na defesa do ex-presidente.

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Presença de Manuela/ Até aqui, de fora do PT, a única que, na avaliação de alguns, se habilitou para receber potenciais votos de Lula foi Manuela D’Ávila (foto), que desfila ao lado do ex-presidente. Porém, os petistas querem é apostar nos seus na chapa pura.

E o fogo no plenário da Câmara…/ Até parece prenúncio do que vem por aí ao longo de 2018.

E o PT vai pagar para ver e transferir

Publicado em Eleições

Uma reunião do PT hoje em São Paulo reafirmou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um novo mandato presidencial. Ou seja, não tem essa de buscar um novo candidato a toque de caixa. O encontro do partido contou com a presença de todas as frentes em que o PT atuará no sentido de garantir a candidatura de seu maior líder. O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, ao que tudo indica, ajudará a cuidar da defesa nessa nova fase, de evitar a execução da sentença tão logo termine o período dos embargos de declaração dentro do TRF-4. Enquanto isso, o representante da central dos movimentos populares em São Paulo, Raimundo Bonfim, falava em rebelião e desobediência civil.

Na área penal, o PT seguirá os conselhos de Eugênio Aragão, que fez carreira no Ministério Público. Porém, as palavras de Raimundo Bonfim não ecoam entre todas as alas do Partido dos Trabalhadores. Os petistas sabem que não dá e nem querem seguir no caminho proposto por Bonfim. O partido tentará criar um movimento nas ruas para arregimentar os seus e levar Lula no papel de candidato até quando for possível. Mas não pretende __ e considera que nem pode __ se embrenhar na desobediência civil.

A estratégia de seguir com Lula é porque, no momento, o partido não enxerga alternativa. Lula deixou claro que deseja ser candidato. E seguirá nessa batida para tentar agregar votos no papel de vítima e, depois de reunir esses votos, jogará na transferência desses eleitores para o nome que o PT escolher. O tempo de Lula na linha de frente será ainda aproveitado para verificar quem tem mais condições de agregar, seja o governador da Bahia Jaques Wagner, seja o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

A esperança do PT

Publicado em coluna Brasília-DF

O PT pode começar a colocar as barbas de molho e a pensar logo num plano B para ser candidato em outubro. É que, publicado o acórdão da condenação no TRF-4 e esgotados os embargos, o relator no Superior Tribunal de Justiça será o ministro Felix Fischer, responsável pelos processos da Lava-Jato na Quinta Turma do tribunal e visto como “carne de pescoço” pelos acusados. O colegiado, composto por Fisher, Jorge Mussi, Reynaldo da Fonseca, Joel Paciornik e Ribeiro Dantas também não é considerado uma “sopa” pelos advogados. Ali, no STJ, já tem gente apostando que Lula não terá vida fácil no processo penal. Restará o Supremo Tribunal Federal (STF).

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E no Eleitoral? Os próprios petistas já começam a analisar também a formação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um colegiado em que o PT não terá muito poder de fogo caso o STJ confirme a sentença do TRF-4 e não suspenda a execução da sentença. Mais uma vez, apostam os especialistas em direito eleitoral, o caso terminará no STF. Nesse cenário, os petistas a partir de agora planejam tomar as ruas dentro do raciocínio de que, se Lula continuar como o líder nas pesquisas, ficará mais difícil prendê-lo a fim de tirá-lo do páreo. Falta combinar com o Poder Judiciário e com o próprio eleitor.

Mensalão Reloaded 1

Advogados aliados do PT que acompanharam o julgamento do ex-presidente Lula não têm dúvidas de que os processos chegarão ao STF com a mesma linha de acusação que levou o
ex-ministro José Dirceu para a cadeia, ou seja,
a teoria do domínio do fato.

Mensalão Reloaded 2

Ontem, os desembargadores citaram votos da ministra do STF Rosa Maria Weber e do ministro Cesar Peluso na análise da Ação Penal 470, o mensalão. Amigos do PT dizem que a teoria do domínio do fato tornará mais difícil a defesa e exigirá um advogado mais calmo do que
Cristiano Zanin, o que, aliás, já foi antecipado
por esta coluna.

Por falar em Rosa Weber…

Os votos da ministra no mensalão não foram citados por acaso pelo desembargador Gebran Neto.
O auxiliar da ministra do STF no tempo do mensalão era o juiz Sérgio Moro (foto).

Eles têm medo

Políticos sob investigação passaram
o dia dando graças a Deus pelo foro privilegiado e preocupados com o futuro.
É que a maioria faz hoje o seguinte raciocínio: “Se condenaram até o Lula, ninguém mais escapa”.

Discurso das ruas…/ Lula aproveitou a manifestação de ontem para tentar manter acesa dos militantes ainda que, lá na frente, não seja candidato. “Podem prender o Lula, mas não as ideias”, afirmou.

… para segurar o eleitor/ O maior temor do PT hoje é que Lula despenque nas pesquisas dentro daquela lógica que predomina entre uma fatia do eleitorado que não vota em candidato sub-judice porque pode “perder
o voto”.

Livre informa/ O partido avisa que não está rachado, porém , não irá em bloco para o Novo. A ideia é lançar 30 candidatos distribuídos em, pelo menos, quatro partidos, Novo, PPS, Rede e também há conversas com o Podemos.

Cada um lê o que quer/ Lá em Davos, o presidente Michel Temer comemorou o recorde nominal do Ibovespa
de 83.680 pontos ao seu discurso no Forum Econômico Mundial.
Por aqui, os analistas creditavam pelo menos parte desse desempenho ao 3 a 0 do TRF-4.

Condenado, Lula tenta agora evitar execução da pena

Publicado em Política

Mal terminou o julgamento no TRF-4, juristas amigos do presidente Lula começaram a traçar estratégias para o Superior Tribunal de Justiça, no sentido de buscar uma medida cautelar para evitar a execução da pena de 12 anos e um mês tão logo esgotado o processo no TRF-4. “NO TRF, não temos mais esperanças”, comentam os juristas amigos de Lula. Portanto, é no STJ que os advogados do ex-presidente jogarão até a data de registro da candidatura, em agosto.

Os petistas, entretanto, saíram acabrunhados. O partido esperava pelo resultado de 2 X 1. Ou, no mínimo, diferenças entre os desembargadores na dosimetria da pena, de forma a ampliar a capacidade de recursos. Nada disso ocorreu. Agora, é bola para frente na Justiça.

NO campo político, os primeiros acordes serão dados pelo próprio Lula ainda hoje, no discurso que fará no ato em São Paulo. Até aqui, o partido não irá para o plano B, o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner. Lula, considerado aquele que tem o dom de falar diretamente ao coração das pessoas, está em campo e só sairá se não conseguir evitar a prisão. A expectativa, entretanto, e a de que a medida cautelar virá. Pelo menos, essa é a aposta do PT.

Passagem de bastão e de discurso

Publicado em coluna Brasília-DF

Em caso de condenação hoje no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente Lula planeja reforçar o time de advogados, contratando um “medalhão” para cuidar do processo nos tribunais superiores. O reforço periga tirar da linha de frente Cristiano Zanin, considerado meio centralizador e dado a enfrentamentos por vários petistas, como registrou ontem a coluna. A passagem de um tribunal para outro é vista por vários integrantes do PT como a janela para promover a mudança.

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Enquanto os juristas cuidarão do processo, Lula estará nas ruas e nas redes, exercendo o dom de falar diretamente ao coração do eleitor. Aos poucos, o discurso deixará de lado o mérito dos temas em julgamento e cuidará dos problemas que afligem o brasileiro, como o preço da gasolina, o Bolsa Família, a segurança, o preço da passagem de ônibus e por aí vai. Será uma campanha eleitoral travestida de defesa, ensaiada ontem em Porto Alegre, onde os petistas terminaram o ato comemorando o fato de ter resgatado seus militantes.

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Essa batida não mudará até a data de registro da candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É lá — e não no TRF-4 — que o PT jogará a batalha mais importante este ano. E o processo de hoje? Em caso de condenação, a última instância, o Supremo Tribunal Federal, só analisará o caso em 2019. Aí, já será outra história.

A hora dos interinos

Já na sua primeira reunião, o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal matou qualquer plano do governo de indicar novos vice-presidentes para o lugar dos três destituídos ontem. Porém, os políticos não perderam as esperanças. Como a seleção dos futuros titulares ficará para 2019, ainda há uma brecha para a política no período de interinidade deste ano eleitoral.

Latente

O julgamento de Lula tirou de cena o mal-estar entre a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, e o Poder Executivo. Em conversas reservadas, ministros de Michel Temer têm dito que, se estivessem no lugar do presidente, nomeariam Cristiane Brasil ministra e ponto. Aliás, essa é uma prerrogativa do presidente da República. O clima só não esquentou porque Temer é paciente.

E o Livres rachou

O movimento Livres não vai em bloco para uma legenda. Enquanto quatro de seus líderes já se decidiram pelo partido Novo, o presidente nacional do movimento liberal, Paulo Gontijo, e o vereador Lucas de Brito, de João Pessoa (PB), flertam com a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, e o PPS do ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Não mexeu comigo/ Com Lula sob julgamento hoje, a maioria dos pré-candidatos a presidente da República fez declarações protocolares e se manteve recolhida. Sabe como é, com decisão judicial não se brinca.

Mexeu com ele/ A repórter Simone Kafruni, do Correio, flagrou o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) em Porto Alegre, no meio da multidão, em apoio a Lula. Ex-ministro da Ciência e Tecnologia de Dilma, ele pretende deixar a legenda em março, quando haverá a janela para troca de partido.

Sem teste/ Não foi desta vez que Lula testou sua popularidade. Foi para Porto Alegre de jatinho e não de avião de carreira.

Maia, o discreto/ Por onde passa, o presidente em exercício, Rodrigo Maia (foto), ouve a pergunta: “E aí, você será candidato a presidente?” A resposta, que há alguns meses era não e ponto, agora sai assim: “Com 1% não, mas, se melhorar, posso pensar”.

Os recados não escritos

Publicado em coluna Brasília-DF

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, entregou ao vice, Márcio França, a última palavra na reunião de seu secretariado nessa segunda-feira, que deve ser a última a juntar todos, inclusive presidentes de estatais, antes de o tucano deixar o cargo. O fato de Alckmin entregar o encerramento do encontro a França foi para mostrar que ali não tem divisão. É um time só. Logo, Alckmin não perdeu o interesse em manter o PSB na sua órbita e nem a parceria com Márcio França.

O segundo ato do dia seria ontem à noite, na reunião do diretório estadual do PSDB. No encontro, discute-se a perspectiva de adiar a escolha do candidato a governador para maio. Para bons entendedores, é mais um sinal de que Alckmin não quer João Doria como candidato à sua sucessão. Assim, se ficar tudo para depois, Doria teria de deixar a prefeitura sem a certeza da candidatura. É um risco muito grande para quem tem hoje a gestão de um dos maiores orçamentos do Brasil, é jovem e pode, perfeitamente, agregar mais valor para, no médio prazo, buscar voos mais altos.

Uma certeza, duas estratégias
O PT caminha para Porto Alegre com a sua cúpula achando que Lula será condenado. Nesse sentido, todo o movimento hoje será para conseguir influenciar, pelo menos, um dos desembargadores. A avaliação é a de que, se o resultado der 2 a 1, o partido terá mais condições de jogo. Se for 3 a 0, ficará mais difícil pular essa fogueira e aí, o jeito será redobrar o movimento de rua.

Até aqui…
A ordem petista de ocupar o Brasil em defesa do ex-presidente não se cumpriu. Nem antigos aliados toparam largar seus afazeres para apoiar Lula nos atos programados para hoje.

PSB de olho em Jarbas
Depois que Fernando Bezerra Coelho ingressou de mala e cuia no PMDB, o deputado Jarbas Vasconcelos não descarta uma mudança de partido. E olha que, para ele mudar, é sinal que a convivência com os peemedebistas está mesmo insustentável. Afinal, Jarbas é do velho MDB de Ulysses Guimarães, e não desse que será criado agora.

Eterna rivalidade
Os socialistas pernambucanos podem até apoiar o ex-presidente Lula, se ele escapar de uma condenação. Porém, se o candidato do PT à Presidência da República for o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, a tendência é o PSB do governador Paulo Câmara buscar outros caminhos. É a velha briga entre Bahia e Pernambuco
pelo protagonismo no Nordeste. Se Jarbas entrar, aí é que o PSB ficará longe do PT.

Na trave/ O governo torceu como pôde para que a relatoria sobre a suspensão da posse da ministra Cristiane Brasil caísse nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Agora, rezam para que uma luz ilumine Carmem Lúcia, sobre a impropriedade de se o Poder Judiciário suspender uma ministra que cumpriu rigorosamente com as obrigações determinadas pela Justiça do Trabalho nos processos que respondeu. Para completar, nomeação de ministro é atribuição exclusiva do presidente da República.
Sobrou pra ele/ Aliados de Lula ensaiam colocar sobre os ombros do advogado Cristiano Zanin (foto) a responsabilidade sobre um resultado desfavorável no TRF-4. “Lula deveria ter contratado um medalhão”, e “Zanin é muito novo, não poderia ter confrontado Sérgio Moro”, é o mínimo que alguns dizem nos bastidores.

Pensa que acabou?/ Quem conhece o ex-presidente, entretanto, avisa que é melhor a turma parar de falar mal do advogado. Afinal, Lula tem um longo caminho de processos pela frente. Ou seja, a novela jurídica ainda está na primeira fase.

Collor, o retorno/ O senador Fernando Collor já está de volta a Brasília, cuidando da pré-campanha presidencial. Se Lula pode ser candidato, ele, também. Em conversas reservadas, analistas têm dito que Collor, hoje mais experiente sob o ponto de vista político, pode, inclusive, tirar votos de Jair Bolsonaro.

Sossega, leão!

Publicado em coluna Brasília-DF

Aos poucos o presidente Michel Temer vai apagando os holofotes em torno do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O primeiro movimento está nas entrevistas a programas de auditório em São Paulo. As imagens exibidas por Sílvio Santos, antes de chamar Temer ao palco não deixam dúvidas. Em 1990, coube à então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Melo __e não ao presidente Fernando Collor __ defender o plano econômico no programa Sílvio Santos. Nos tempos de lançamento do Plano Real, foi Fernando Henrique Cardoso, ainda no papel de ministro, o entrevistado
sobre as mudanças na economia e não o presidente Itamar Franco. No Programa Sílvio Santos, quem estará nos lares dos telespectadores apresentando os bons indicadores econômicos e a reforma previdenciária é o presidente Michel Temer, e não o ministro Henrique Meirelles.

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Para muitos, esse protagonismo do presidente reforça o que ele já havia dito na conversa com a colunista Eliane Cantanhede, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, onde deixou claro que prefere Meirelles no Ministério. O gesto de defender pessoalmente a economia vai mais além. Mostra que Temer não dará a Meirelles o mesmo tratamento que FHC recebeu de Itamar Franco num tempo em que não havia reeleição.

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Não é a primeira vez que Meirelles e Temer concorrem por visibilidade na política. O peemedebista foi escolhido candidato a vice-presidente na chapa de Dilma numa vaga em que o PT, inicialmente, cogitava colocar o ex-presidente do Banco Central de Lula. Lá atrás, Temer venceu. Agora, ao que tudo indica, mais uma vez, Temer sutilmente fecha a porta da esperança para Meirelles.

Vulcão ativo
Muitos políticos começam a desfilar como candidatos felizes da vida, como se a Lava Jato estivesse extinta. Na verdade, a equipe da procuradora Raquel Dodge apenas tirou de cena os efeitos especiais. Rodrigo Janot preparava armadilhas e não evitava o vazamento de apurações pela metade. Dodge estancou esse sistema, mas o trabalho interno está a mil por hora. Mais lava sairá de lá em breve. É ilusão achar que acabou.

Por falar em candidatos…
A candidatura presidencial de Fernando Collor de Mello periga não vingar. Isso porque, se Renan Calheiros, quando presidente do Senado, não poderia assumir a Presidência da República porque era réu num processo, Collor, outro réu, também não poderá, conforme avaliação de muitos juristas. E quem deu a primeira liminar tirando Renan da linha sucessória foi Marco Aurélio Mello, primo de Collor. Depois, o plenário do STF decidiu por 6 a 3 que Renan poderia presidir o Senado. Porém, o senador não estaria mais na linha sucessória do Planalto.

Agora vai
Mal o Superior Tribunal de Justiça liberou a posse de Cristiane Brasil no Ministério do Trabalho, o PTB se mobilizou para que ela assumisse antes que Michel Temer embarcasse para o forum econômico mundial, em Davos, Suíça. Sabe como é, Rodrigo Maia, pré-candidato ao Planalto e no exercício da Presidência, é visto com um certo desconforto, em especial, entre os petebistas, que o enfrentaram na disputa pela Presidência da Câmara. (Atualização: Nessa madrugada, os planos do governo e do PTB foram por água abaixo. A presidente do STF, Carmem Lúcia, concedeu liminar suspendendo a posse. Detalhes no site do Correio)

CURTIDAS

Cenário perfeito…/ … Para eles. Muitos investigados torcem pela condenação de Lula só para ter discurso na campanha. Entre as excelências sob a mira da Justiça, vale o seguinte: “Se Lula está
condenado e pode ser candidato, quem dirá eu, que estou ‘só’ sob investigação”.

O número só vai crescer/ Prepare-se, leitor, para um desfile de pré-candidatos a presidente da República daqui até final de março. É que, com a janela partidária de 30 dias em março, muitos candidatos vão aparecer a fim de tentar segurar deputados federais.

Ele inclusive/ Rodrigo Maia, por enquanto, é visto como um desses candidatos, que se apresenta na tentativa de aumentar o poder de atração do DEM. Porém, se a candidatura ganhar corpo, ele concorrerá.

Difícil/ O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, disputará a reeleição sem o apoio de três ex-ministros de Temer, Bruno Araújo (Cidades), que já saiu do governo, e, ainda, Fernando Filho (Minas e Energia) e Mendonça Filho (Educação), que saem em abril.

Governo corre com a posse de Cristiane Brasil

Publicado em Política

A posse da nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, está marcada para esta segunda-feira, 9h da manhã, no Palácio do Planalto. Será uma cerimônia simples, sem muita pompa e circunstância. A ideia é reunir o presidente Michel Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e a ministra e alguns poucos integrantes do PTB, como o pai dela, presidente do partido. Cristiane assina o termo de posse, atravessa a rua e começa a trabalhar. Sem festa. A data, horário e formato foram decididos há pouco, em conversa entre o presidente Michel Temer, e do PTB, Roberto Jefferson, assim que o Superior Tribunal de Justiça liberou a posse neste sábado, depois de uma série de idas e vindas na Justiça.

Politicamente, os petebistas não pretendem deixar a posse para o presidente em exercício, Rodrigo Maia, porque alguns receiam que ele queira postergar o assunto para a volta de Temer ao trabalho, prevista para quinta-feira, 25, quando o presidente chega do forum econômico de Davos, na Suíça. O receio pode até ser exaagerado, sem fundamento, porém, a precaução é porque o deputado Jovair Arantes, lider do PTB na Câmara, enfrentou Rodrigo Maia para presidir a Casa.

Em relação ao Ministério do Trabalho, os planos do PTB é que a ministra estude medidas que acabem por tirar a imagem de descaso no relacionamento com empregados. Na semana passada, em entrevista ao programa CB.Poder, o pai de Cristiane e presidente do PTB, Roberto Jefferson, defendeu Cristiane e disse que o alvoroço em torno dos processos que já haviam tramitado na Justiça era apenas para atingi-lo. Disse ainda que o advogado do rapaz que processou a deputada em busca de direitos trabalhistas era ligado ao PT.

Cristiane foi indicada ministra na primeira semana de janeiro, depois que o PMDB do Maranhão, base eleitoral do ex-presidente José Sarney, vetou a nomeação do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA). Fernandes tem um filho secretário do atual governador Flávio Dino, adversário dos Sarney. O nome de Cristiane foi sugestão do próprio presidente Michel Temer, conforme Roberto Jefferson afirmou em entrevista ao CB.Poder.

A expectativa entre integrantes do PTB é a de que Cristiane enfrente alguns dias de holofotes, mas o desgaste não será duradouro, diante do julgamento de Lula em Porto Alegre, e o retorno das atividades do Congresso daqui a duas semanas. Ao que tudo indica, o governo pulará mais essa fogueira.

Uma Caixa sem fundo

Publicado em coluna Brasília-DF

Nas coxias do Banco Central e do Ministério da Fazenda, o afastamento dos quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal está diretamente ligado à tentativa de evitar, pelo menos em parte, o aporte de R$ 15 bilhões do FGTS ao banco. O volume foi aprovado no fim do ano pelo Senado e, como as indicações dos comandantes da CEF são políticas, os critérios de liberação terminam direcionados. Esses R$ 15 bilhões, quando entrarem nos cofres do banco, serão usados para empréstimo a estados e municípios justamente no ano eleitoral.

E sabe como é: obras de infraestrutura e projetos habitacionais sempre fazem a alegria de empresas do setor que, por sua vez, costumam irrigar as campanhas. Ainda que atualmente o financiamento de empresas privadas esteja proibido, ninguém tem muita fé no fim do caixa dois. Até quem acredita na limitação do caixa dois diz que esses
R$ 15 bilhões, na CEF, darão a muitos a chance de se apresentarem como realizadores perante o eleitorado. É a máquina azeitando as campanhas. Essa história ainda vai render. Não é à toa que a oposição pretende direcionar suas baterias a esse afastamento.

Em tempo: foi na Caixa que, primeiramente, os auditores identificaram as pedaladas que levaram ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Há quem diga que foi no seu período no banco que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, hoje inquilino da Papuda, começou a juntar aquelas malas de dinheiro encontradas num apartamento em Salvador. Coisa para se investigar ali não falta.

Minas Gerais na área

O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Olavo Machado, ingressou na lista de cotados para ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). “O nome está no radar”, dizem assessores palacianos. A indicação é vista como uma forma de o presidente Michel Temer se redimir com a bancada mineira, que não tem um cargo no primeiro escalão no governo.

Se tiver juízo…

Aliados do presidente Michel Temer apelam para que Rodrigo Maia permaneça discreto nesses dias em que ocupará a Presidência da República. Sabe como é: seja para uma candidatura presidencial este ano, seja para uma reeleição ao comando da Câmara em 2019, o deputado precisará do MDB.

São Paulo em litígio

Enquanto o PSDB discute internamente para ver quem será seu candidato a governador, com muitos tucanos torcendo o nariz às pretensões do prefeito João Doria, o vice-governador Márcio França vai juntando aliados. França segue à risca o velho ditado de Eduardo Campos: quem chega cedo, bebe água limpa.

E o Collor, hein?/ Aliados do senador Fernando Collor (PTC-AL) consideram que ele não tem nada a perder concorrendo à Presidência da República. Tem mais quatro anos de mandato e, sabe como é, campanha sempre tem alguma arrecadação. De votos.

Dois coelhos/ Com a decisão, Collor (foto) se torna peça importante na disputa alagoana. Hoje, ele é aliado do governador Renan Filho, candidato à reeleição. Se Renanzinho não montar uma chapa que o agrade, Collor pode preferir outro desenho.

Nem vem/ Precavido, o pai do governador já reagiu. Mal Collor anunciou que seria candidato a presidente da República, o senador Renan Calheiros foi ao Twitter defender a candidatura de Lula. Para bons entendedores, está dado o recado.

E o Cabralzinho, hein?/ O deputado Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, passou a defender academia na cadeia. Já tem adversário dizendo que o parlamentar quer legislar em favor de sua família. Aliás, não faltou quem dissesse que Cabral foi humilhado por ser obrigado a usar algemas no translado ontem. Se fosse um preso desconhecido, ninguém reclamaria.