Autor: Denise Rothenburg
DEM acredita que veto a Izalci no MEC por causa do suplente foi pretexto
Coluna Brasília-DF
Empossado o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente Jair Bolsonaro terá que correr para tentar apaziguar novamente o partido do seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Os demistas consideram que o veto dos evangélicos ao senador Izalci Lucas (PSDB-DF) por causa do suplente, Luiz Felipe Belmonte, não passou de uma desculpa para que o ministro Onyx pudesse emplacar seu número dois no primeiro escalão do governo e, de quebra, recuperar a estrutura ideológica de Olavo de Carvalho na pasta.
As desconfianças cresceram quando os deputados do DEM souberam das mensagens trocadas por parte dos evangélicos chamando os adeptos da União do Vegetal de “maconheiros”. O Centro Espírita União do Vegetal (UDV), do qual o advogado Belmonte faz parte, não tem nada a ver com maconha. Seus rituais são feitos a partir de um chá aprovado nos Estados Unidos e no Canadá e que já passou por testes toxicológicos nos quais a presença de drogas em sua composição foi totalmente descartada. Belmonte não é, nem nunca foi “maconheiro”, como os evangélicos tentaram fazer colar na imagem do suplente de Izalci. Agora, diante disso, o climão está criado. Já tem gente dizendo que Bolsonaro pode até conseguir aprovar a reforma da Previdência. Mas montar uma base para o que der e vier vai ser difícil.
Bolsonaro 2022
Na conversa com os partidos, o presidente Jair Bolsonaro tratou de tirar de cena a história de que “não nasceu para ser presidente” e colocou uma pulga atrás da orelha dos políticos. Na reunião com o PR, por exemplo, um dos presentes perguntou “E para frente?”, referindo-se aos planos. O presidente, com o jeito simples que lhe é peculiar, foi direto: “Há muita pressão para que eu seja candidato à reeleição aí”. Para bons entendedores, o recado está dado.
#Fica adica I
O ex-presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, embaixador Mário Vilalva, caiu porque foi falar mal do chefe, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em entrevista à Folha de S.Paulo. No governo, há quem diga que ele, detentor do apoio dos militares, apostou na queda dos dois outros diretores e do próprio chanceler Ernesto Araújo.Perdeu
#Fica a dica II
Com Bolsonaro é assim: quem desrespeita a hierarquia, passando por cima do ministro da área, ainda mais em entrevista, pode providenciar caixas para limpar as gavetas e retirar seus objetos pessoais. O ministro Ernesto Araújo mostrou que continua forte.
Por falar em Araújo…
Agora, caberá ao ministro escolher o novo presidente da Apex-Brasil. Há quem defenda que se use a vaga para fazer uma composição entre os indicados para o cargo de embaixador em Washington. Assim, nomeia-se um sem desprestigiar outros. No Itamaraty, entretanto, há pressão para que Vilalva seja substituído por um diplomata de carreira.
Previdência passa
A inversão da pauta aprovada por 39 votos na Comissão de Constituição e Justiça, votação que garantiu a leitura do relatório do deputado Marcelo Freitas (PSL-MG) sobre a nova Previdência, indica que o governo terá maioria para aprovar o texto ali. E sem qualquer alteração, dentro do acordo fechado entre os partidos. A briga vai ficar para a Comissão Especial.
A professora I/ A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (foto), conseguiu deixar o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) meio sem graça. Quando ele perguntou sobre agrotóxicos em uso no Brasil, ela foi direta, dizendo que os defensivos citados haviam sido aprovados pela Anvisa no período em que Padilha era ministro da Saúde.
A professora II/ Ao final, ela terminou aplaudida por representantes de todos os partidos. Alguns parlamentares brincaram: “Deveria dar uma aula para o Paulo Guedes”. O ministro da Economia saiu da Câmara, na semana passada, batendo boca com o deputado Zeca Dirceu (PT-SP). Ambos foram alvo de dezenas de memes nas redes.
A capa do Correio/ A publicação da foto de Arthur Weintraub, em vez de Abraham, na capa da edição de ontem, terminou por provocar uma brincadeira de Abraham em sua posse como ministro da Educação. “Às vezes, sou confundido com meu irmão, Arthur, mas é fácil saber quem é quem. Eu sou o mais bonito. Mamãe sempre falava isso”. Bolsonaro, que discursou em seguida, não deixou barato: “Não sei quem é o mais bonito, mas numa disputa do mais feio, ia ser difícil decidir por um dos dois. Tem que manter a linha. Discurso e prática”, brincou.
Colaboraram Luiz Calcagno e Rodolfo Costa
Intrusos foram barrados no hospital enquanto Bolsonaro se recuperava de facada
Coluna Brasília-DF
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de começar a percorrer o país nos próximos meses virá acompanhada de um reforço na segurança. Isso porque pessoas próximas a ele não estão convencidas de que o atentado contra o então candidato do PSL, em setembro do ano passado, se tratou de um ato isolado, ainda que essa tenha sido a conclusão do primeiro inquérito sobre o caso. O que leva alguns bem próximos do presidente a essa inconformidade com o desfecho são as notícias de que, durante a campanha, por duas vezes, em horários fora do expediente, pessoas não autorizadas tentaram acesso à área onde o candidato estava internado. Porém, foram barradas pela segurança, porque seus nomes não constavam na lista de profissionais de saúde autorizados a tratar do candidato.
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Esses “intrusos” poderiam ser apenas fãs, curiosos ou apoiadores interessados em chegar perto dele. Mas não está descartada a hipótese de que poderiam ser ligados a Adélio Bispo, o autor da facada. Há especulações de que esse teria sido, inclusive, um dos motivos da ida de Bolsonaro à CIA, no mês passado. Coincidência ou não, no mesmo dia em que o presidente foi à agência norte-americana, a PF de Belo Horizonte soltou nota para informar que havia pedido a continuidade das investigações sobre os advogados de Adélio. Num cenário desses, todo o cuidado com a segurança é pouco.
É por aí
As apostas de quem conhece o jeitão dos integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) são as de que o ministro Felix Fisher pedirá pauta para o julgamento do caso do tríplex de Lula dando aos advogados de defesa o direito à sustentação oral. A outra forma, considerada improvável, é a análise dos ministros, sem sustentação oral da defesa.
No varejo
Do saldo da conversa com os partidos, o governo tirou a seguinte conclusão: Há campo para aprovar a reforma. Mas, para isso, é preciso evitar novas trombadas. Bolsonaro está tentando adotar o estilo paz e amor.
E o PSDB, hein?
A resistência de João Doria à proposta de rodízio no comando tucano era esperada. Entre os aliados dele, tudo isso não passou da busca de um discurso para, mais à frente, os inconformados que perderem o embate deixarem a legenda.
“Trouxeram para a política a linguagem das redes sociais. Têm-se hoje a profundidade de um WhastApp e a extensão de um Twitter. Assim, fica difícil construir convergência”
Do senador Eduardo Gomes (MDB-TO), segundo secretário do Senado
CURTIDAS
Na bronca/ Que ninguém duvide se o PSL for tirar satisfações da deputada Norma Ayub (DEM-ES) sobre o fato de o irmão dela ter sido identificado como o servidor da Receita que acessou os dados do presidente Jair Bolsonaro. O discurso da deputada a Sérgio Moro, de que foi por “pura curiosidade”, não colou entre os colegas dela de Parlamento.
Sem bronca/ O ex-deputado Geddel Vieira Lima agora chora na cadeia sem ser incomodado. Antes, o ex-senador Luiz Estevão, que agora passa o dia fora, lhe passava um pito.
DF na roda dos negócios I/ O secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Ruy Coutinho, embarca para a Cidade do Panamá, palco do Global Business Forum, em 9 e 10 deste mês.
DF na roda dos negócios II/ Coutinho viajará a convite da organização do evento, que tem como carro-chefe o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Dubai Chamber, a Câmara de Comércio e Indústria dos Emirados Árabes Unidos. Sem ônus para o DF, apenas o bônus de ter um representante nas rodadas de negócios.
O presidente Jair Bolsonaro se fechou em copas e adiou todas as conversas a respeito do Ministério da Educação. Ele quer refletir mais sobre o nome que deve assumir o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Velez, e afastar as pressões. Nesse sentido, adiou também qualquer conversa com o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), um dos nomes indicados para o cargo.
Izalci, por sua vez, entende que independente dos apoiamentos de amigos, a escolha nomes para qualquer cargo no governo federal vem por critérios técnicos, por competência e afinidade com as bandeiras do presidente da República. O que ele tem em comum, acima de tudo, com o presidente Bolsonaro é o desejo de “despetizar o MEC”, como tem dito em conversas com amigos.
Militares & civis
Os políticos já repararam que, até aqui, é assim no governo: deu problema num setor, chama um general, que ele resolve (leia notas ao lado). Os parlamentares, entretanto, esperam que, agora, depois das conversas desta semana, o presidente Jair Bolsonaro pare de demonizar a classe política, da qual ele também faz parte, e passe a ter uma relação realmente republicana com seus antigos pares. Prova disso é a indicação do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e do deputado João Roma (PRB-BA) para possíveis substitutos de Ricardo Vélez no Ministério da Educação.
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João Roma, entretanto, não tem tantas chances, segundo fontes do Planalto. É que o deputado é muito ligado ao prefeito de Salvador, ACM Neto. Há quem diga, inclusive, que seria um quarto ministro do Democratas no governo, uma vez que os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina; e da Saúde, Luiz Mandetta, são todos da legenda.
O interventor
É assim que muitos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) se referem ao general Roberto Escoto, gerente de gabinete do presidente da agência, embaixador Mário Vilalva. Ele assumiu em meados de março, com um salário de R$ 34.127,25. Dia desses, o general enviou mensagem a um dos diretores dizendo que deveria “impreterivelmente” retomar o convênio com o Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, a fim de garantir a participação brasileira no Festival de Cannes.
Currículo I
O embaixador justificou a remuneração proposta correspondente “ao limite da tabela salarial vigente do Plano de Cargos, Carreiras e Salários — PCCS”, por se tratar de “profissional multidisciplinar, com ampla experiência, inclusive na condução da gestão de temas afetos a comércio exterior e negócios internacionais”.
Currículo II
O general não está ali para brincadeira. Mantém uma caveira sobre a mesa, não admite atrasos quando convoca alguém para uma reunião. E experiência ele tem. Participou das missões de paz no Haiti, no Chipre e em Kosovo e foi adido do Exército nos Estados Unidos e no Canadá. Foi ainda chefe da divisão de inteligência do Centro de Inteligência do Exército (CIE), sigla que provocava tremores a muitos políticos no período do governo militar.
Chegou para resolver
A ida do general Escoto para esse posto é atribuída ao vice-presidente Hamilton Mourão, diante da guerra aberta entre Vilalva e a diretora Letícia Castelani. A briga chegou ao ponto que sobrou para o outro diretor, Márcio Coimbra, que trabalhou com o hoje presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Frutos/ O líder do MDB, Eduardo Braga, saiu do encontro com o presidente Jair Bolsonaro, nesta semana, com uma reunião da bancada do Amazonas agendada para a próxima quinta-feira de manhã no Planalto.
Izalci festeja/ Quem chegasse ao gabinete do senador Izalci Lucas (foto), do PSDB-DF, poderia até imaginar que o parlamentar estava comemorando a indicação para o Ministério da Educação. É que os funcionários prepararam uma festa surpresa pelo aniversário dele. Izalci completa 63 anos amanhã. Ele deve ir ao Alvorada, ainda hoje, conversar com o presidente Jair Bolsonaro.
E o Cabral, hein?/ Atirou para todos os lados, disse que “a corrupção prejudicou o Rio de Janeiro”. Faltou dizer que um dos autores desse prejuízo foi ele mesmo. E não só no Rio, mas também no Brasil.
Enquanto isso, nas ruas…/ O PT faz sua caravana no Sul do país neste fim de semana pela liberdade de Lula, enquanto outros movimentos se organizam para a manutenção da prisão em segunda instância. A aposta dos especialistas é de que nenhum dos dois grupos atrairá grandes multidões.
Cotado para a Educação, senador Izalci Lucas é chamado para reunião com Bolsonaro
Cotado para ministro da Educação, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), terá um encontro com o presidente Jair Bolsonaro neste Sábado. Ele foi indicado por um grupo expressivo de deputados evangélicos, inclusive Bispo Rodovalho, que já foi deputado federal por Brasília. O PRB, braço da bancada evangélica, tentou indicar o deputado João Roma (PRB-BA), ex-secretário de governo da prefeitura de Salvador. Roma, entretanto, é visto como um nome muito ligado ao prefeito ACM Neto, presidente do DEM, que já tem três ministros no governo, Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Luiz Mandetta (Saúde).
Há um desconforte entre os partidos de centro por causa da quantidade de cargos que o DEM tem no governo. Conforme antecipou a coluna Brasília-DF hoje, o DEM aproveita esses espaços para ampliar sua base nos municípios, atraindo prefeitos. O movimento provocou tanta ciumeira que ajudou a tirar o ex-deputado Mendonça Filho (DEM-PE) da lista de possíveis ministros da Educação.
Com poder na Esplanada, DEM atrai prefeitos e causa irritação
Coluna Brasília-DF
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro conversa com os partidos em busca de apoio, o DEM aproveita a estrutura que já tem montada no Executivo para conquistar postos estratégicos em troca de recursos federais. Esta semana, o partido integrou aos seus quadros os prefeitos de Curitiba, Rafael Grecca, de Chapecó, Luciano Buligon, e o de Imperatriz, Assis Ramos, que vem do… MDB. Aí, o “bicho pegou”. O comando do MDB, leia-se o grupo do ex-presidente José Sarney, está uma fera. E essa briga é apenas o começo.
Assis não esconde o que o levou a trocar de partido. Nas redes sociais de emedebistas maranhenses, avisou que estava saindo da legenda e do grupo de WhastApp, com a seguinte mensagem “(…) Como governar Imperatriz sem a ajuda do governo federal? Antes, eu tinha dois senadores que me ajudavam muito, (Edison) Lobão e João Alberto, com isso a cidade não sentia tanto a falta de apoio do governo estadual. O DEM é um partido forte e independente, possui vários ministros, inclusive o da Saúde, nosso principal gargalo. Vocês acham que consegui os recursos para reformar o socorrinho de forma tão rápida como? Claro, através do ministro da Saúde, que é do DEM. Enfim, penso mesmo é na cidade”, escreveu.
Feitiço & feiticeiro
O chororô do MDB pelo fato de o DEM atrair seus prefeitos não preocupa o Democratas. Seus caciques consideram que, no passado, o MDB e outros cresceram cooptando o pessoal do DEM. O antigo PFL já teve 104 deputados. Hoje, o Democratas tem 30. E vai usar o que estiver ao seu alcance para a construção de um projeto político para o futuro. Ao que tudo indica, esse projeto está apenas começando.
Diferenças I
Quem acompanha os movimentos do presidente do Democratas, ACM Neto, em Brasília sabe que ele tem evitado reuniões com os comandantes dos demais partidos do Centrão (PP, PTB, PR, PSD, entre outros). A intenção é deixar bem claro que seu partido não vai entrar no apoio ao governo em troca de emendas ao Orçamento ou cargos no Poder Executivo. Comentário da coluna: não precisa, já os tem.
Diferenças II
Dos partidos chamados ontem para conversar com o presidente Jair Bolsonaro, apenas o DEM acenou com a perspectiva de fechar questão a respeito da reforma previdenciária. Os demais serão atraídos “no varejo”, ou seja, demonstram boa vontade para aprovar a nova Previdência, mas já avisaram que não vislumbram fechamento de questão.
Lula lá
Conforme antecipou a coluna na terça-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, adiou o julgamento da constitucionalidade da prisão em segunda instância. Com isso, o ex-presidente Lula permanecerá mais tempo na cadeia, e, de quebra, outros políticos devem ter o mesmo destino.
CURTIDAS
No final, deu certo/ Todos os presidentes de partido levaram testemunhas para a conversa. Estavam com medo de serem gravados ou que Bolsonaro dissesse que pediram cargos. Saíram todos mais tranquilos e garantindo que o gelo foi quebrado. Agora é esperar para ver os próximos passos.
Movimentos coordenados/ Os tucanos emitiram dois sinais ontem: Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizia em entrevista à BBC que o governo Jair Bolsonaro está sem rumo, o presidente do partido, Geraldo Alckmin (foto), se reunia com o presidente da República. Alckmin foi quem mais ressalvas apresentou à reforma previdenciária do governo, em especial, as mudanças no Benefício de Prestação Continuada e na aposentadoria rural.
Aqui, não!/ As más línguas dizem que a sintonia entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e o do Senado, Davi Alcolumbre, sofreu um abalo recentemente. Naquele almoço dos chefes de poderes na casa de Maia, Alcolumbre chegou cedo e sugeriu cobrar do presidente Jair Bolsonaro acelerar a liberação das emendas do Orçamento impositivo. “Faça isso na sua casa. Na minha, não!”, avisou Maia.
E o Paulo Guedes, hein?/ Os políticos tarimbados consideram que o ministro da Economia, Paulo Guedes, errou ao partir para cima do PT na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e fazer uma longa exposição. Deveria ter guardado munição para a comissão especial, onde o embate promete ser longo. “Ali, não era o palco para ganhar no discurso e sim para dizer que foi”, comentou um cacique que deseja ajudar.
Um dos primeiros partidos a ser recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro hoje, o PSD considerou a conversa “fácil”, conforme definiu o presidente do partido, Gilberto Kassab. “É fácil, porque não somos base, nem tampouco oposição”, diz ele, reforçando o que havia sido antecipado pela a coluna Brasília-DF na última terça-feira. “Nossa postura é de independência, apoiamos a reforma, mas não vamos fechar questão”, comunicou Kassab ao presidente.
Os tucanos form mais críticos em relação ao projeto. Geraldo Alckmin avisou de antemão que seu partido não apoiará qualquer benefício abaixo de um salário mínimo., O PSDB também não pediu participação no governo. Logo, também pretende se manter “independente”. Até aqui, Bolsonaro obteve boa vontade, mas nada fechado em relação aos partidos com que conversou. Ele almoça com o presidente do DEM, ACM Neto, cujo partido tem ministros no governo, mas nenhum indicado pela legenda.
Se governo quiser aprovar Previdência, terá que abrir diálogo com oposição
Coluna Brasília-DF
Se o governo quiser aprovar a reforma previdenciária com poucas mudanças, terá que abrir o diálogo com parte da oposição, como fizeram Lula e Dilma, em 2003 e em 2013, quando aprovaram o fim da paridade e integralidade nas aposentadorias do funcionalismo e a inclusão de futuros servidores públicos no regime geral do INSS, com a criação do fundo de previdência para quem quisesse um valor superior. Com o governo de Jair Bolsonaro não será diferente. As contas dos partidos governistas indicam que o presidente poderá contar potencialmente com 332 votos nos partidos de centro, incluídos aí o PSL e o Novo. Ocorre que, deste total, uma parcela não aceita a proposta da Nova Previdência.
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O maior problema do governo será com os deputados reeleitos que sobreviveram ao tsunami da renovação. Desse grupo, uma parte está traumatizada com esse tema e credita a desidratação de seus votos ao projeto da reforma previdenciária do governo Temer, um texto mais “light” do que o apresentado agora. Outra, acostumada ao toma lá dá cá, vai pressionar o governo até o último minuto. Logo, se Bolsonaro quiser mesmo uma folga, terá que conversar com a oposição extra-PT. Resta saber se terá espaço para isso. Afinal, se já está difícil para o governo conversar com os partidos de centro, imagine com os de centro-esquerda.
Tchau, Crivella
Quem acompanha com lupa o processo envolvendo o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, considera difícil ele escapar desse processo de impeachment. Antes da campanha eleitoral, o prefeito quis pedir uma licença de 45 dias para se dedicar exclusivamente à campanha do filho. Recebeu à época o seguinte recado: “Se você sair, não volta”. O prefeito desistiu da licença.
A nova tropa de choque
O PSL não está tão sozinho quanto parece. O Partido Novo já fechou questão em favor da reforma da Previdência apresentada pelo governo e, por incrível que pareça, foram os deputados do Novo — e não do PSL — que defenderam a reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ontem. São oito deputados. É uma gota no oceano de votos que o governo precisa. Porém, vale lembrar que o governo Fernando Henrique Cardoso perdeu sua reforma, na década de 1990, por um único voto.
Por falar em PSL…
O andar da carruagem na Câmara indica que nem o PSL conseguirá liderar de fato a negociação da reforma previdenciária no Congresso nem o PT irá capitanear toda a oposição. Aliás, os deputados do PSL não tiveram qualquer protagonismo na sessão de ontem da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que recebeu o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Isolados
Embora o PT tenha feito barulho na sessão de ontem na CCJ, o partido hoje é meio refém do Lula-livre e dificilmente terá poder de fogo para liderar a oposição no Congresso. Chegou ao ponto, por exemplo, de não ter mais conversa com o PDT. E não é para menos. Desde que o ex-candidato Ciro Gomes se referiu à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, como “chefe de quadrilha”, o clima azedou. O PCdoB também adota uma distância regulamentar.
TCU e Zona Franca/ A Zona Franca será tema de um debate promovido pelo Correio Braziliense no próximo dia 11, no auditório do TCU, das 9h às 13h30. Em discussão o papel da Zona Franca, responsável pelo desenvolvimento regional e forte contribuição para preservação do meio ambiente e geração de empregos.
A importância do assunto/ O seminário reunirá as maiores autoridades sobre o tema, nesse momento em que se questiona os benefícios fiscais dado à região, gerando insegurança jurídica às empresas que lá se instalaram.
Ajuda do TCU/ Depois de aprovar a convocação do ex-ministro Antonio Palocci e do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho, a cúpula da CPI que investigará os empréstimos do banco nos governos petistas seguiu direto para o TCU em busca de apoio técnico e relatórios. “Eles vão nos ajudar muito, uma vez que alguns contratos do banco já passaram por duas auditorias. Esperamos que esta CPI tenha mais resultados que as outras”, diz a vice-presidente da CPI, deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).
Maratona / Na maratona de encontro com lideranças dos partidos, o presidente Jair Bolsonaro se encontrará, na próxima
terça-feira, com o presidente de honra do PR, Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes de Dilma e Lula, que responde a processo na Lava-Jato. Ele acompanhará os líderes da agremiação na Câmara, Wellington Roberto, e no Senado, Jorginho Mello.
PSL é o único partido a fechar questão na reforma da Previdência
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro ouvirá dos presidentes de partidos vozes de apoio à reforma previdenciária. Porém, não tem nem “fechar questão” nem apoio incondicional ao governo. Ou seja, nesses três meses, eles gostaram da tal “independência” em relação ao Planalto. A posição é semelhante no DEM, no PP, no PSD, no PSDB e no MDB. Esses encontros, dizem os políticos, valerão mais pelo simbolismo da abertura de um diálogo direto de Bolsonaro com os partidos, que ele tanto rejeitou até agora. Bolsonaro, por sua vez, sairá com a certeza de que a reforma será aprovada, obviamente, com algumas mudanças. E o tamanho dessas mudanças quem vai definir e negociar é o ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Por falar em Paulo Guedes, ele começa a pegar o “jeito” de negociar com o Congresso. Ontem, por exemplo, acenou aos deputados a possibilidade de passar a dividir com estados e municípios os R$ 39 bilhões da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Só tem um probleminha: para isso, precisa da reforma previdenciária
Nada é para já
O Supremo Tribunal Federal (STF) tende a adiar o julgamento da prisão em segunda instância, marcado para a semana que vem. Além de o tema ser objeto de desgaste, a intenção é esperar que o STJ julgue o caso do tríplex, processo que levou o ex-presidente Lula para a prisão.
Clima em Israel
As apostas de quem conversou com o presidente Jair Bolsonaro são as de que vem por aí uma dança das cadeiras assim que ele chegar de Jerusalém. Ninguém dá mais um vintém pela permanência de Ricardo Vélez Rodriguez na Educação.
Perfume de poder
O ministro da Economia, Paulo Guedes, nem precisará usar o perfume que comprou em Washington para acalmar os ânimos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Afinal, os deputados sabem que, no governo, ele tem o poder de dar ritmo às liberações das emendas parlamentares ao Orçamento da União. E a Casa costuma tratar bem quem tem essa caneta. Não será massacrado como foi Vélez Rodriguez.
De praxe
A oposição, entretanto, não vai estender o tapete vermelho para o ministro. O PT, por exemplo, pretende bater na tecla de que a reforma prejudica os mais pobres. Esse é o discurso que, segundo as pesquisas de alguns, mais chama a atenção do eleitorado.
O pragmático Dirceu/ Quem conversa com o ex-ministro José Dirceu se impressiona quando ele diz que deve ser preso em maio. A certeza é tamanha que ele já listou 23 livros e séries de exercícios físicos, caso venha uma nova temporada.
E o Temer, hein? / O ex-presidente Michel Temer planejava ter um pouco de paz depois de deixar o Planalto. Aos amigos, entretanto, tem dito que agora é que seu calvário está começando. Esses mais chegados não descartam um novo pedido de prisão. E o ex-presidente não é tão pragmático e frio como Dirceu.
Decifra-me…/ Tem sido cada vez mais comum a formação de grupos de parlamentares para discutir cenários políticos e procurar entender o governo Bolsonaro. Na Câmara são, pelo menos, três. Todos capitaneados por ex-parlamentares ou aqueles mais experientes que voltaram à Casa depois de alguns mandatos fora.
O slogan de Tereza/ A deputada Jaqueline Cassol (PP-RO) esteve com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para tratar de assuntos de seu estado. Saiu de lá com a certeza de que tudo o que exigir recursos públicos precisa das reformas para que haja folga orçamentária necessária.
Coluna Brasília-DF/Por Denise Rothenburg
Com a liberação das emendas deste ano na ordem do dia do poder público, o governo terá um problemão para resolver quando for executar esses valores. É que uma instrução normativa fixa 12% do valor da emenda para a Caixa Econômica Federal (CEF) operacionalizar os convênios com as prefeituras. E a Lei de Diretrizes Orçamentárias definiu essa taxa em 4,5%. Logo, para cumprir os 12%, a União terá de bancar o restante e não há cobertura orçamentária para esse valor, que representa R$ 538 milhões.
Depois dos cortes anunciados na sexta-feira, essas emendas individuais ficaram em R$ 7,1 bilhões. Os 12% ficam na casa dos R$ 860 milhões. Porém, para seguir a LDO, são R$ 323 milhões. O ministro Onyx Lorenzoni diz que essas taxas à CEF serão revistas. “Não pode ficar nada (de dinheiro das emendas) com a Caixa. É absurdo”, afirma, anunciando que vêm mudanças aí. Os prefeitos e parlamentares agradecem.
A festa é deles
O PT nunca esteve tão quieto. É que, por ali, quem entende das coisas diz que o momento é de deixar todos os bolsonaristas sozinhos na cena principal para que as divergências entre eles possam aflorar. Afinal, o que une todos os grupos apoiadores do governo é o discurso anti-PT. Com os petistas fora de cena, a união dos segmentos que elegeram Bolsonaro não dura até julho. Essa é hoje uma das preocupações do próprio governo: manter todos unidos. Daí, o fato de o presidente sempre lembrar do inimigo comum em suas lives nas redes sociais.
Contas emedebistas I
A turma do MDB descobriu uma mudança de eixo no partido nos últimos tempos. Estados como Ceará e Rio de Janeiro perderam poder e influência para a composição da Executiva Nacional. O mesmo ocorreu com Minas Gerais.
Contas emedebistas II
O MDB hoje é Norte e um pedaço do Nordeste. Leia-se Jader Barbalho e Renan Calheiros, que têm os filhos governadores. Há ainda um lastro no Rio Grande do Sul: o ministro de Desenvolvimento Social, Osmar Terra.
Noves fora…
Se o governador do DF, Ibaneis Rocha, quiser algum futuro no comando da legenda, terá de se sentar à mesa com esses senhores. Só tem um probleminha: eles têm outros planos para o comando do partido.
CURTIDAS
Bah, tchê!/ Se tem algo que não falta no gabinete do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, são os apetrechos para o chimarrão — cuia, bomba, erva-mate e garrafa térmica sempre com água quente — e… camisa do Inter. Na sexta-feira, ganhou uma de presente dos dirigentes do clube.
Tereza ficou/ A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, está fora da agenda para Israel. Não é momento de provocar o mundo árabe que compra a proteína animal do Brasil.
Por falar em mundo árabe…/ A abertura de um escritório comercial em Jerusalém está exatamente no limite do que pode ser aceito pelos árabes, sem parecer provocação. É o equilíbrio entre a aproximação com Israel e a manutenção do comércio com outros países.
Enquanto isso, no Congresso…/ Depois do mal-estar e do desarmamento de ânimos na semana passada, a Câmara tende a caminhar em paz. Pelo menos, não se pretende pautas-bombas no período em que o presidente Bolsonaro estiver fora. Já é alguma coisa.
31 de março/ Nem comemorar, nem esquecer. Faz parte da nossa história.