Autor: Denise Rothenburg
Coluna Brasília-DF
Num cenário em que o governo não tem maioria fixa na Câmara, quem ocupa espaço é o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele está se organizando para, já na próxima semana, aprovar a admissibilidade da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e com um detalhe: sem chamar antes o ministro da Economia, Paulo Guedes. A diferença de velocidade entre a votação das duas reformas — a da Previdência e a tributária — deixará claro que, quando o tema é redistribuir a carga tributária e simplificar os impostos, o projeto será da lavra do Parlamento. A Previdência, e os sacrifícios exigidos da população nessa seara, são obra do governo.
Em tempo: O fato de os congressistas se organizarem em torno de uma reforma tributária diferente da que deseja o governo não significa que Paulo Guedes não poderá opinar. Se o governo quiser mudanças na proposta, poderá perfeitamente apresentar emendas por intermédio dos deputados governistas.
Quem ganha I
A forma como o deputado Diego Garcia (Podemos) pediu a não votação da reforma administrativa no plenário da Câmara ontem serviu como uma luva para que os partidos do bloco de centro mantenham o governo sob tensão. Como o tempo é curto, se o Centrão não entrar em campo para correr com as demais medidas provisórias, a reforma administrativa cuja MP perde a validade em 3 de junho fica sob risco.
Quem ganha II
Agora, ou o presidente dialoga de verdade, tentando formar uma maioria, ou corre o risco de ter que voltar aos 29 ministérios do governo Michel Temer, ou talvez aos 39 da presidente Dilma Rousseff. Esse diálogo, dizem alguns, inclui a nomeação de Alexandre Baldy para ministro das Cidades.
Quem perde
Até aqui, o maior perdedor da reforma administrativa foi o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que procurou pessoalmente os deputados para manter o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sob a sua alçada, e não foi atendido. A ordem dos políticos foi mostrar ao ex-juiz que ele não pode tudo.
Nem tanto
A intenção do ministro da Economia, Paulo Guedes, de manter no Coaf a mesma equipe designada por Moro indica que o ministro da Justiça continuará mandando muito por ali.
Enquanto isso, na Comissão Mista de Orçamento…
O adiamento da audiência do ministro da Economia, Paulo Guedes, atrasará mais alguns dias a análise do crédito suplementar de R$ 248 bilhões. É mais confusão à frente para um governo que precisa de ajustes político e fiscal.
Em causa própria/ Ao validar o decreto do presidente Michel Temer que permitiu reduzir penas de condenados por crimes de corrupção, peculato, tráfico de influência, o Supremo Tribunal Federal dá uma ajudinha ao próprio autor da proposta.
E dos amigos/ Além de Temer, estão nesse barco o ex-presidente Lula, Eduardo Cunha, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Vão-se os anéis…/ A pedido do líder do PP, Arthur Lira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (foto), ligou para os deputados do Novo e do PSL pedindo que ajudassem a aprovar o texto da reforma administrativa que saiu da comissão especial, ou seja, com o Coaf na Economia. Ninguém contava, entretanto, com a obstrução do Podemos.
… e até os dedos/ A preocupação agora será tentar salvar a reforma. Se tivesse votado, todos, menos Sérgio Moro, estariam comemorando, oposição, Centrão e governo. Agora, a tensão ficou toda nas costas do governo, que vai seguindo aos trancos e barrancos.
O governo pode até recriar o Ministério das Cidades para tentar atender o PP e o PR, mas o que o Centrão quer mesmo é deixar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) longe do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Os políticos fazem o seguinte raciocínio: Coaf nas mãos do Ministério da Economia, o que acontece, em caso de movimentação incompatível, é chamar o sujeito para pagar a multa por não declaração de renda. No caso de Moro, será abertura de inquérito na Polícia Federal e, consequentemente, desgaste. Ninguém vai colocar nas mãos do ministro da Justiça esse instrumento capaz de criar uma Lava-Jato.
O segundo argumento que levou a um acordo entre o Centrão e os oposicionistas para deixar o Coaf longe de Sérgio Moro foi a perspectiva de o ministro virar candidato a presidente da República. Seria o único concorrente detentor de informações sobre movimentação financeira de todas as excelências. É poder demais para um implacável juiz. Diante desses dois argumentos, dizem os integrantes do PR, perto do Coaf, a criação do Ministério das Cidades é “perfumaria”.
Assim, não!
Enquanto a oposição se joga no acordo com o Centrão para tirar o Coaf de Moro, o Cidadania (antigo PPS) pensa duas vezes antes de seguir por esse caminho. Não dá para ficar marcado pelo discurso de que devolveu o Coaf à Economia porque tem medo do ex-juiz.
2013 em 2019
O PT acompanha as manifestações dos estudantes contra o corte de recursos das universidades com o mesmo entusiasmo que o presidente Jair Bolsonaro se juntou aos atos de 2013 contra o governo da presidente Dilma Rousseff. O estopim, naquela época, foi o aumento das passagens de ônibus em São Paulo.
Questão semântica
Ao recriar o Ministério das Cidades, o governo terá de pensar cinco vezes antes de aceitar uma indicação explícita do Centrão. Tudo para não passar a ideia de que se rendeu ao toma lá, dá cá. Vai ser assim: o presidente “indica” e os partidos “aceitam”. Antes da indicação e da aceitação, entretanto, todo mundo conversa, tá ok?
“Bem-estar animal”
O Supremo Tribunal Federal (STF) volta a analisar hoje ação sobre a prática de esportes equestres e da vaquejada. A Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), que investe R$ 600 milhões por ano no bem-estar animal, acompanhará de perto e confiante. Alega que a prática está garantida por emenda constitucional aprovada no Congresso Nacional e que cumpre à risca as exigências do Manual de Boas Práticas para o Bem-Estar Animal em Competições Equestres, criado pelo Ministério da Agricultura.
Apelido/ Os tuítes de Olavo de Carvalho lhe renderam uma nova alcunha por parte dos deputados: “É o pornofilósofo”, afirmou o deputado Rubens Bueno, do Cidadania-PR: “Só xinga e agride”.
Vai, Traub!!!/ É assim que os senadores se referem ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. Numa conversa ouvida no plenário, o presidente da Comissão de Economia do Senado, Omar Aziz, reclamava: “Tá difícil ajudar o governo, viu?”. Eis que um quis saber por que, e Aziz respondeu: “Eles acabaram de recriar a UNE!!!”
Pensando bem…/ Os estudantes estavam totalmente sem bandeira, com o fato de o governo cobrar notas e eficiência. Agora, com o corte de recursos, o prato está cheio.
É hoje!/ No encontro dos governadores com o presidente Jair Bolsonaro, espera-se uma conversa a dois entre o comandante do país e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
CB.PODER/ A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) é a entrevistada de hoje, às 13h20, ao vivo, na TV Brasília e nas redes sociais do Correio Braziliense.
Coluna Brasília-DF
Se o governo não correr, o presidente Jair Bolsonaro terá um verdadeiro problema a partir de julho, muito distante do mi-mi-mi de Carlos Bolsonaro, Olavo de Carvalho e quem mais chegar: ou “pedala” (gasta sem cobertura) ou deixa de honrar contas importantes, como parte dos gastos com o Benefício de Prestação Continuada. A resolução dessa encrenca está no Projeto de Crédito Suplementar (PLN) nº 4/2019, de R$ 248 bilhões. O PLN ganhou um relator há 15 dias, ainda tem que passar pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) e, se aprovado, vai entrar na fila da pauta das sessões conjuntas do Congresso Nacional, que estão abarrotadas de trabalho. São 211 vetos, distribuídos em 23 leis, das quais 19 (que somam 195 vetos), têm prioridade de votação.
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A confusão não para aí: o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), relator da proposta, vai convocar hoje técnicos do Banco Central (BC) e da Economia para cobrar explicações. Quer saber por que a opção de emitir títulos para pagar despesas correntes, quebrando a chamada “regra de ouro”, que impede essas emissões para despesas dessa natureza. Só de juros com essa emissão o país pagará, no ano que vem, R$ 25 bilhões, quase o que tem no Orçamento deste ano para investimentos. Se esse crédito não for resolvido até julho, Olavo vira “fichinha”.
Tudo isso, não!
Técnicos do Ministério da Economia já fizeram chegar ao Congresso que o governo não precisa de todos os R$ 248 bilhões incluídos no crédito suplementar do PLN 4/2019. Bastam R$ 110 bilhões. Por isso, Hildo Rocha vai pedir a audiência pública com a Economia, o Banco Central e especialistas das universidades públicas. Quer saber como foi feito o cálculo.
Farinha pouca…
Tem gente pensando em sugerir o cancelamento dos restos a pagar para cobrir essas despesas e não precisar emitir títulos. Só tem um probleminha: parte dos R$ 155 bilhões dos restos a pagar são de emendas de deputados e senadores e de bancada.
Entrou porque precisou
A nota do general Eduardo Villas Bôas chamando Olavo de Carvalho de “Trotski de direita” foi vista como um sinal de que a conversa entre o presidente Jair Bolsonaro e o general Santos Cruz na noite de domingo não foi um momento relax. E quem chega ao Planalto dizendo que Santos Cruz não sai porque é muito ligado ao presidente ouve o seguinte: “O ex-ministro Gustavo Bebbiano também era”.
Letícia saiu, mas ficou
Na pressa em demitir a diretora de Negócios da Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Letícia Catelani (foto), o contra-almirante Sérgio Ricardo Segovia Barbosa se esqueceu de um detalhe: conforme o artigo 16, §4, do estatuto da Apex, o afastamento de diretores só pode ser feito pelo Conselho Deliberativo. Embora o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tenha dito que devolveu o poder da Apex ao novo presidente, o estatuto fala mais alto. É o mesmo caso do diretor Márcio Coimbra, que pediu demissão há 15 dias e aguarda a formalização do ato pelo Conselho Deliberativo. Segovia pode muito, mas não pode tudo.
E o prazo, ó/ Depois de uma semana de feriadão, os congressistas não conseguiram realizar uma sessão da Câmara para contar o prazo da reforma da Previdência. E olha que o PT nem obstruiu. A falha é do governo mesmo.
Agro é oásis/ Até aqui, os palacianos têm dito que as melhores notícias para a economia vêm do agronegócio, setor que comemora por esses dias a exportação de carne de frango para a Índia.
Se tirar, depois aguenta/ A permanência do Coaf sob o guarda-chuva da Justiça é visto hoje como um ponto de honra para o ministro Sérgio Moro. E se voltar para o Ministério da Economia, há quem esteja se preparando para dizer que foi “coisa de gente enrolada” na Lava-Jato.
Debate/ Hoje de manhã tem palestra no Correio sobre Liberdade de Imprensa e Fake News, com a professora Jane E. Kirtley. Ela dirigiu o comitê de jornalistas para a Liberdade de Imprensa por 14 anos. Atualmente, dá aulas de ética, mídia e direito na Escola Hubbard de jornalismo e comunicação de massa da Universidade de Minnesota.
A nota divulgada no Twitter pelo ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, hoje assessor especial no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi vista no meio político como um sinal de que a conversa do ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, com o presidente Jair Bolsonaro não foi das melhores e que a paciência dos militares está chegando ao limite com o escritor Olavo de Carvalho, por tabela, a defesa que o presidente, que não se cansa de elogiar e até condecorar o escritor. A gota d’água da fala de Villas Bôas foram os tuítes do fim de semana. Num deles, Olavo se referiu a Santos Cruz como “uma bosta engomada”. Hoje, porém, o escritor disse que tudo começou com um elogio que ele fez ao general e que a resposta foi um xingamento.
Embora pareça tipo briga de criança, do tipo “seu bobo”, “seu feio”, não é nesse pé que as coisas estão. Os militares estão realmente cansados dos ataques de Olavo. Desde março, quando Bolsonaro foi aos Estados Unidos, que a coisa vem num crescente. Bolsonaro nem havia desembarcado em Washington, e Olavo já dizia que o presidente estava “cercado por um bando de milico cagão”. De lá para cá, só piorou. Ao lado de Paulo Guedes hoje mais cedo, o presidente se limitou a dizer que não há ala de militares e de olavistas em seu governo. “É um time só”.
Falta combinar então, para que parem de fazer gol contra.
Em busca de prestígio, frentes parlamentares se multiplicam no Congresso
Coluna Brasília-DF
A nomeação de ministros pelas chamadas bancadas temáticas do agro e da saúde fez chover frentes parlamentares no Congresso. Em quatro meses de funcionamento desta Legislatura, foram criadas 127, sendo que há muitas sobre o mesmo tema, mudando apenas a orientação do coordenador, um da oposição, outro da situação. Agricultura familiar, por exemplo, tem duas: uma comandada por Heitor Schuch (PSB-RS), outra por Marreca Filho (Patri-MA). Até os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm duas frentes parlamentares, uma capitaneada por Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que já presidiu a comissão de relações exteriores da Câmara, e outra pelo deputado Fausto Pinato.
E não para por aí. Na área de saúde, têm frentes de todos os tipos. Sobre Infraestrutura, também tem várias. Uma de logística e infraestrutura, presidida pelo deputado Hugo Leal, e outra exclusiva para a indústria marítima, da professora Dayane. Do jeito que vai, daqui a pouco, o Congresso terá 500 frentes, todas sonhando em ter o mesmo prestígio e organização da poderosa FPA, a Frente Parlamentar de Agricultura, que reúne maior número de deputados e senadores. Sua última presidente, Tereza Cristina, virou ministra da Agricultura.
Decolar.com
O deputado Damião Feliciano (PDT-PB) preside duas frentes parlamentares. Uma Brasil-Tailândia e outra Brasil-Singapura, criadas em 12 de março, conforme os registros da Câmara. Ambas tiveram apenas cinco parlamentares em sua primeira reunião, no gabinete de Feliciano. Em comum, nas duas, a presença do presidente da Frente Parlamentar de Defesa de turismo, deputado Herculano Passos, e do senador Weverton Rocha.
Corrida pelos animais…
Ricardo Izar (PP-SP) e Fred Costa (Patri-MG) fundaram, cada um, uma Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Animais. Fred chegou a registrar uma ata de reunião de fundação da sua frente em 1º de fevereiro, quando a Câmara estava dedicada a eleger os membros da Mesa Diretora.
…. Deu empate
O desperdício de papel e de tempo dos servidores da Casa é grande. Os dois pedidos de registro das frentes em defesa dos Direitos dos Animais foram remetidos em 4 de fevereiro. E despachados pela Mesa Diretora em 11 de fevereiro. A Casa não veta a formação de frentes.
Enquanto isso, nas discussões dos projetos…
Integrante do time de advogados de Wesley e Joesley Batista, o criminalista André Callegari vai propor aos deputados e senadores que a nova legislação estabeleça os requisitos mínimos para iniciar uma delação premiada. Ele defende ainda que a lei detalhe os casos em que pode haver rescisão do acordo, o que hoje não está claro. Como autor do livro recém lançado – “Colaboração premiada: lições práticas e teóricas”, ele falará sobre o tema nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados.
Chega para mandar
Com a nomeação publicada no Diário Oficial, o almirante Sérgio Ricardo Segovia assume a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) com carta branca para demissões. A missão é organizar a casa e fazer com que a Apex pare de gastar energia e tempo em futricas.
CURTIDAS
PT em debate/ Embora com novos nomes, as tendências petistas não mudaram seus quadros, nem suas reuniões. Este mês, por exemplo, o grupo Avante, antigo Movimento PT, tem encontro marcado em Natal para começar a discutir como agirá na eleição do novo comando partidário, previsto para outubro.
Economia geral/ Quem for viajar com o presidente Jair Bolsonaro no “Aerojair” pelo Brasil é bom levar um lanchinho, da mesma forma que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sempre faz em voos mais longos. Agora, só é servida água mineral.
Economia parcial/ Nos tempos de Dilma Rousseff, a única comida especial era a da presidente. Os demais passageiros recebiam um sanduíche frio.
Colaborou Bernardo Bittar
Coluna Brasília-DF
Em 18 de janeiro de 2018, o empresário Sílvio Santos, que recebeu o presidente Jair Bolsonaro a fim de gravar uma entrevista para exibir no domingo, abria as portas da sua emissora para o então presidente Michel Temer com o mesmo tema: Reforma da Previdência. Para muitos, é o maior sinal de que, em termos de comunicação, não dá para reinventar a roda. Será nos programas de tevê mais populares e com explicações didáticas sobre o assunto que o presidente tentará conquistar simpatias às mudanças na Previdência, de forma a conseguir apoios que ajudem a incrementar o clima favorável no Congresso.
Até aqui, assim como no governo do presidente Michel Temer, os temas que os deputados se mostram mais simpáticos é a fixação da idade mínima e da aposentadoria por tempo de contribuição. E há quem diga que, se conseguir aprovar, pelo menos esse ponto, já será um avanço.
A conclusão dos militares
Em conversas reservadas, militares têm dito que o chanceler Ernesto Araújo perdeu a batalha. Assim, a bola está com eles, que não vão permitir “aventuras”, ou seja, uma solução radical de interferência no conflito Venezuela. O resto é discurso.
O controle americano
Ok, o atual governo da Venezuela pode até querer distância dos Estados Unidos, mas terá que, para isso, correr o risco de abrir mão de explorar seu próprio petróleo. É que grande parte das peças de equipamentos usados na exploração são produzidos por empresas norte-americanas. Já tem especialistas nesse mercado dizendo que parte desse maquinário ficará sem manutenção em território venezuelano.
A “mudança” do MDB
Aliados do atual presidente do MDB, Romero Jucá, trabalham para que ele fique na vice-presidência nacional do partido. Assim, na hipótese de se eleger um governador para o comando da legenda, no caso, Ibaneis Rocha, o titular teria que se licenciar, e Jucá assumiria.
E o DEM, hein?
O partido não pretende levar adiante a ideia de fusão com o PSDB. Antes de decidir o que fazer, é preciso clarear pelo menos o cenário de 2020. O momento é de cautela.
Convocado I / É bom o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se preparar. Ele certamente será convocado a explicar o corte de verbas nas universidades federais. Já há vários pedidos nesse sentido. Um deles é da deputada do Cidadania do DF, Paula Belmonte.
Convocado II/ Paula considerou os argumentos do ministro, no mínimo, controversos, em especial, sobre a UnB, a Federal Fluminense (UFF) e a da Bahia (UFBA). “Essas universidades são o sonho de muitos jovens, justamente por terem excelentes desempenhos do Índice Geral de Cursos (IGC) do próprio MEC, então, nós, como fiscalizadores, devemos esse esclarecimento à sociedade”, afirma a deputada.
O que vem por aí/ Se tem algo em comum entre os integrantes da cúpula da Comissão Especial da reforma da Previdência é que todos dormem pouco. O presidente, Marcelo Ramos (PR-AM), afirma que, se dormir cinco horas está de bom tamanho. Sinal de que as discussões não vão terminar cedo.
Liberdade de imprensa em debate/ A professora Jane E. Kirtley fará palestra sobre o tema na próxima terça-feira no auditório do Correio Braziliense. Kirtley dirigiu o comitê de jornalistas para a Liberdade de Imprensa por 14 anos. Atualmente, dá aulas de ética, mídia e direito na Escola Hubbard de jornalismo e comunicação de massa da Universidade de Minnesota. Clica aqui e veja como se inscrever.
Os caminhos diversos adotados pelos oposicionistas em relação ao governo Jair Bolsonaro no ato de 1º de Maio ficarão ainda mais explícitos quando esquentarem as discussões em torno da reforma da Previdência. PT e PSol seguem na política da negação geral da reforma, mas os outros partidos cogitam votar alguns pontos, por exemplo, a tabela progressiva da contribuição, na qual os mais pobres pagam menos e mais abastados pagam mais. Obviamente, farão algum discurso para baixar o percentual mais alto incluído no projeto (22%) para algo em torno de 18%, de forma a atender a classe média.
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Mesmo os partidos que fecharam questão contra a reforma, caso do PSB, avisam que a decisão se refere apenas ao texto que saiu da Comissão de Constituição e Justiça. Ou seja, daqui para frente, se a proposta for alterada, é possível levar parte da oposição a votar o projeto.
Noves fora…
O presidente Jair Bolsonaro será alertado por alguns aliados da seguinte conta: às vezes, sai mais “barato” o governo negociar as mudanças no texto da reforma previdenciária com parte da oposição do que ceder todos os cargos a serem solicitados pelo Centrão.
Muita calma nessa hora I
Os oposicionistas foram cobrar do presidente da Comissão Especial, Marcelo Ramos, o fato de ele ter dito que vai votar o texto em junho. Os cálculos dos oposicionistas são os de que a reforma não sai antes de agosto. Afinal, muitos partidos terão destaques na hora em que a proposta chegar ao plenário, nem que seja só para constar.
Muita calma nessa hora II
Os argumentos são os de que vale muito mais um texto negociado, com um margem de votos segura, do que algo feito de forma atabalhoada, correndo o risco de derrota. Além disso, o governo já considera este ano perdido em termos de ajuste fiscal. Haja visto o comportamento do mercado, que derrubou a previsão de crescimento.
Mourão 1 X 0 Ernesto
A conclusão dos aliados do presidente em relação à crise na Venezuela é a de que as informações dos generais, em especial aquelas obtidas pelo vice-presidente Hamilton Mourão, estavam mais precisas do que as trazidas pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Bolsonaro, dizem seus interlocutores, não gostou. A torcida pró-Guaidó, entretanto, continua firme.
CURTIDAS
Alinhamentos/ Na Comissão Especial da reforma da Previdência está assim: o presidente Marcelo Ramos (PR-AM) tem todo o diálogo com os oposicionistas. Já o relator, Samuel Moreira, é mais ligado ao ministro da Economia, Paulo Guedes e ao secretário Rogério Marinho, que já foi deputado pelo PSDB.
A união de Érika, Joice e… Dilma/ A deputada Érika Kokay (PT-DF) e a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselman (PSL-SP), são parceiras. Pelo menos, na dieta. Ambas estão firmes no método Ravenna de emagrecimento. O mesmo que derrubou os quilos extras da ex-presidente Dilma Rousseff.
Nem tanto/ Érika e Joice já foram vistas na clínica. Mas, até aqui, sentaram-se em mesas separadas. Ainda não chegaram ao ponto de trocar experiências para não cair nas tentações da comida.
Sem risco/ Dilma Rousseff, que voltou a morar em Porto Alegre, não frequenta mais a clínica. Dos seus ministros, o advogado José Eduardo Cardozo recorre às comidas da clínica sempre que se vê muito fora do peso. Mas quem passa por lá para abastecer seu freezer é o motorista.
Idade mínima, o coração e o consenso na reforma da Previdência
Coluna Brasília-DF
Se tem algo que começa a se tornar um consenso nos partidos ligados ao Planalto ou mesmo os ditos “independentes”, é a necessidade de haver uma idade mínima para a aposentadoria no Brasil. E mais: é ainda um dos pontos que, segundo o presidente da Comissão Especial, Marcelo Ramos (PR-AM), tem tudo para ficar fora da Constituição. “O governo quer tirar tudo e o Congresso não quer tirar nada. Acho razoável que, a cada vez que mudar a expectativa de vida do brasileiro, seja possível mudar também a idade mínima para aposentadoria”, disse à coluna, logo depois da entrevista ao CB.Poder.
Em tempo: falta, obviamente, combinar com os outros 512 deputados, ou melhor, 511, uma vez que o presidente da Casa não vota.
Mãos atadas I
Depois de muita discussão, autoridades brasileiras concluíram o seguinte sobre o conflito na Venezuela: sem Juan Guaidó mostrar que tem poder de fogo internamente, não adianta tomar qualquer atitude que não seja apenas acompanhar o que vem pela frente. O receio é que descambe para uma guerra civil.
Mãos atadas II
A crise da Venezuela mostra ainda que presidente pode muita coisa, mas não pode tudo. Bastou Jair Bolsonaro dizer, no Twitter, que decidiria tudo sobre esse tema “exclusivamente” ouvindo o Conselho de Defesa Nacional, para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, responder: autorizar declaração de guerra por parte do presidente da República é competência “exclusiva” do Congresso Nacional, diz a Constituição.
Bolsonaro no ar
O presidente Jair Bolsonaro prepara um pronunciamento para marcar o Dia do Trabalho. Por enquanto, não há o que comemorar, mas, diante do pouco tempo de governo, dá para debitar a conta da herança maldita dos antecessores.
Quem ganha
A turma do PSD atribui a retomada da discussão da fusão PSDB-DEM ao vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia. É que, se João Doria for mesmo candidato a presidente da República em 2020, Garcia assume o governo paulista e a perspectiva de concorrer à reeleição com o apoio de um candidato forte ao Planalto, no caso, Doria.
“Rodrigo (Maia) só aceita a fusão se estiver maluco. É melhor ser cabeça de lagartixa do que rabo de jacaré”
Ex-deputado Heráclito Fortes (DEM-PI), referindo-se à fusão DEM-PSDB, em entrevista à Rede Vida, que vai ao ar hoje, 22h.
Trabalho em debate I/ Em AI Superpowers, seu último livro, um dos maiores especialistas em inteligência artificial Kai Fu Lee diz que entre 40% e 50% do trabalho nos Estados Unidos serão substituídos em 15 anos, ou seja, é hora de ficar atento para se atualizar o mais rápido possível no que vem por aí.
Trabalho em debate II/ No Brasil, ainda não há uma política pública voltada para essa preparação dos trabalhadores de um futuro cada vez mais próximo, conforme comenta o empresário e especialista em transformação digital Evanildo Barros Jr: “A escola de hoje deveria ensinar a pensar, porque tudo o que se aprende será obsoleto”.
Trabalho em debate III/ O maior conselho que ele dá aos jovens hoje é “concentre-se em pensar”, além de aprender a linguagem do computador, ou seja, a codificar, algo disponível gratuitamente na internet. “Compreender big data e inteligência artificial será tão importante daqui a alguns anos quanto português e matemática”, diz.
O homem certo/ O fato de ter sido filiado ao PCdoB e ao PSB deu ao presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PR-AM), canal aberto para pedir abertamente aos deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Orlando Silva (PCdoB-SP) que ajudem a criar um clima amistoso para discussão do tema no colegiado. Obviamente, falta combinar com os demais integrantes da oposição. A ordem hoje é evitar que venham novas acusações, do tipo “tchutchuca”e “tigrão” para cima do ministro Paulo Guedes.
Coluna Brasília-DF
Engana-se quem trata a perspectiva de fusão entre o PSDB e o DEM como chuva retardatária de verão. O governador de São Paulo, João Dória, tratou do tema publicamente no fim de semana, porque sabe que a ideia enche os olhos de líderes políticos dos dois partidos. A proposta é vista com carinho pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e é considerada um passo natural entre os paulistas dos dois partidos, hoje capitaneados por Dória. Embora o presidente do DEM, ACM Neto, tenha dito publicamente não ver razão para essa união, figuras importantes dos dois partidos avaliam friamente que, se o projeto der certo, será uma força nacional para ninguém botar defeito.
Num cenário em que não será permitida mais a coligação partidária, a dupla DEM-PSDB dobra seu poder de fogo para a eleição municipal do ano que vem e parte para as eleições de 2020, pelos números de hoje, com cinco governadores, 14 senadores, 57 deputados __ ultrapassa tanto o PSL, que tem 54 deputados, quanto o PT, com 55. Se o PSD entrar nesse barco, serão 93 deputados e 23 senadores, ou seja, a maior força das duas Casas. Os dois partidos têm convenção nacional no final do mês. O DEM, 30 de maio. O PSDB, 31. O tema fusão estará no ar. E nas negociações dos bastidores.
O limite de Bolsonaro
Embora a operação da Polícia Federal para investigar a veracidade de denúncias sobre o laranjal do PSL mineiro não tenha atingido o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, é bom ele ficar atento. O presidente Jair Bolsonaro avisou a vários interlocutores que não tem compromisso com o erro de qualquer auxiliar.
O gesto de Bolsonaro
A conversa do presidente Jair Bolsonaro com Rodrigo Maia no fim de semana teve ainda o objetivo de sondar o terreno e tirar a temperatura e a pressão do grau de afastamento de parte do DEM de seu governo. Por enquanto, a sensação entre os governistas de carteirinha é a de que, se Bolsonaro mantiver esse clima de conversa e aproximação, ninguém terá discurso para ficar contra ele.
“Dilmou” de novo? Nem tanto
A turma do mercado financeiro está com um pé atrás com o presidente Jair Bolsonaro. Ontem, por exemplo, derrubou as ações do Banco do Brasil como forma de mandar um recado ao Planalto: mexer na publicidade do Banco é uma coisa. Querer baixar juros na marra é outra, muito diferente.
Veja bem
Vale lembrar que o presidente não determinou queda de juros. Apenas mencionou em solenidade que reza por uma redução, deixando implícito que a decisão é do Banco. Só tem um probleminha: fala de presidente da República, até de brincadeira, tem peso dois.
A força dos governadores
Além de Samuel Moreira, que teve as bênçãos de João Dória para relator da reforma da Previdência, os outros dois nomes do PSDB escolhidos para compor a Comissão Especial da reforma são ligados aos governadores Reinaldo Azambuja (MS) e Eduardo Leite (RS): Beto Pereira (MS) e Daniel Trzeciak (RS)
Velhos tempos/ Em maio de 2017, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) comemorou o 1º de Maio com um megaevento regado a shows de Bruno & Marrone, Zezé di Camargo & Luciano, Michel Teló, Simone & Simaria, Maiara & Maraísa, entre uma constelação de talentos da música popular e sertaneja. Desta vez, será unificado e com menos artistas.
Dodge e Toffoli na paz I/ Depois do mal-estar com a Procuradoria-Geral da República por causa da abertura do inquérito no Supremo Tribunal Federal que investiga fake news e ataques ao Tribunal pelas redes sociais, o presidente do STF, Dias Toffoli, e a procuradora-geral, Raquel Dodge (foto), voltam a se encontrar em clima de parceria. Lançam juntos hoje, às 16h, no Salão Nobre do STF, o site do Observatório Nacional sobre Questões Ambientais, Econômicas e Sociais de Alta Complexidade e Grande Impacto e Repercussão.
Dodge e Toffoli na paz II/ O Observatório foi criado para identificar e ajudar a gerir com rapidez e transparência as informações processuais sobre casos de grande repercussão social e alta complexidade, além de estimular a resolução desses casos na Justiça. Atualmente, o Observatório acompanha desdobramentos dos desastres de Mariana, Brumadinho, chacina de Unaí e do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS).
Semana do Trabalho/ O cidadão comum tem folga apenas na quarta-feira. A maioria dos congressistas, entretanto, “emendou geral”. Depois, dizem que esta Legislatura queria ser diferente da anterior.
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro jamais admitirá publicamente, mas, nas internas, seus aliados comemoraram a entrevista de Lula. Explica-se: o que uniu os representantes do mercado, os militares e a turma de investigadores da Lava-Jato (encabeçada por Sérgio Moro) ao atual presidente foi o antipetismo. No momento em que Lula reaparece, os grupos se reaglutinam novamente em torno de Bolsonaro. A ideia dos governistas agora é aproveitar esse amálgama que a entrevista de Lula produziu, a fim de reposicionar o presidente Bolsonaro. É o mote perfeito para afastá-lo das polêmicas geradas pelo filho Carlos e dos tropeços, como querer controlar as campanhas publicitárias das estatais, ditar preço de combustível e por aí vai. Com Lula no pedaço, dizem os bolsonaristas, o governo está salvo.
Sobra, não!
O Centrão quer aproveitar esta semana para tentar convencer o presidente Jair Bolsonaro a abrir “espaços nobres” do governo a indicações políticas. Conforme adiantou a coluna na última quarta-feira, os oferecidos até agora no “feirão da Esplanada” foram considerados uma xepa.
Rodrigo e o mercado
O mercado começa a se encantar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Isso significa que, se o governador João Dória desistir de um projeto nacional, o deputado pode virar uma aposta. Até agora, ninguém cogita a reeleição de Jair Bolsonaro. O encantamento chega ao ponto de, se Maia desistir da vida pública, pode perfeitamente se encaixar nesse ramo.
“O que as pessoas querem é emprego para poder comer. Enquanto se discute sexo dos anjos, as pessoas morrem de fome”
Do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, à coluna, depois de acompanhar uma comitiva de senadores a Minaçu (GO)
Senadores pelo amianto
O presidente Davi Alcolumbre vai encabeçar o lobby de um grupo de senadores para reabertura da mina da cidade de Minaçu, que exporta para Estados Unidos, França e outros países. “O que eu vi na cidade me convenceu”, disse ele, que visitou a região ao lado do governador Ronaldo Caiado, e uma comitiva de senadores organizará pelo senador Vanderlan (PP-GO).
23 de outubro
Essa é a data estatisticamente calculada para a promulgação da Nova Previdência, conforme estudo da consultoria Metapolitica. O cálculo foi feito tomando por base o tempo de tramitação de todas as emendas constitucionais promulgadas em 30 anos de Constituição.
CURTIDAS
O próximo embate/ Políticos com assento no Planalto apostam que a viagem do vice-presidente Hamilton Mourão à China, marcada para 16 de maio, será motivo de mais reclamações de Carlos Bolsonaro.
O próximo embate II/ Com o pedido de demissão de Márcio Coimbra da Apex, resta agora a briga pela presidência. O vazamento do nome do almirante terminou por irritar o presidente Jair Bolsonaro e reabrir a pressão pelo cargo.
Santo de casa…/ … às vezes faz milagre. A escolha de Sérgio Banhos para a vaga de Admar Gonzaga no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi no sentido de seguir o caminho natural, uma vez que Banho já é ministro substituto no tribunal.
Por falar em Admar…/ Assim como Lula e Dilma tinham aqueles que sempre consultavam antes de escolher nomes para o Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro também tem. Lula e Dilma consultavam, por exemplo, o ex-deputado Sigmaringa Seixas. Bolsonaro tem entre aqueles que ouve, o ministro Admar Gonzaga, que deixa o TSE e volta a advogar. Gonzaga já foi advogado eleitoral de um de seus filhos.