Autor: Denise Rothenburg
De 2003 para cá, nenhum presidente pode se vangloriar de o Tribunal Contas da União ter recomendado a aprovação das contas sem ressalvas no primeiro ano de mandato. Aliás, nesse quesito, Jair Bolsonaro recebeu do TCU o mesmo numero de ressalvas que as contas de Lula. Em 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva também teve 14 ressalvas em seu primeiro ano de governo, que, no geral, podem ser comparadas apenas em parte. Isso porque, ao longo dos últimos 17 anos, o rigor do Tribunal aumentou. Uma das ressalvas de Lula, por exemplo, foi não articular as ações para execução do programa Fome Zero, que, depois, desaguou no Bolsa Família. Quanto a Bolsonaro, uma das distorções foi não cumprir a aplicação mínima de recursos destinados à irrigação no Centro Oeste.
Os outros dois presidentes desse período, Dilma Rousseff e Michel Temer, tiveram menos ressalvas no primeiro ano. Dilma, em 2011, oito ressalvas e Temer, em 2017, apenas cinco. Em termos gerais, as ressalvas servem de alerta para que os governos fiquem mais atentos à execução orçamentária. Politicamente, porém, sempre permitirá que adversários usem as recomendações do TCU como acessório na arena da disputa pelo votos. Nesse sentido, a turma do PT se prepara para dizer que o governo Bolsonaro está cheio de ressalvas graves. A resposta dos bolsonaristas será a de que Lula terminou na cadeia, condenado por corrupção. Segue o baile.
Bolsonaro recua em medidas para não perder eleitorado ainda fechado com ele
Coluna Brasília-DF
Diante das críticas que começou a receber dos próprios aliados, e da queda de popularidade, o governo pisou no freio a fim de tentar retomar o ativo que mantém 30% do eleitorado fechado com o presidente Jair Bolsonaro: confiança. É quase um consenso na classe política, inclusive entre os fiéis escudeiros do governo, que o presidente não conseguiu acertar o passo na pandemia até este momento, e que isso tem corroído apoios entre a população.
Nas últimas 48 horas, foram três recuos. Primeiro, a divulgação dos números totais de casos da covid-19 registrados e de mortos –– algo que o governo informou nos bastidores, tão logo descobriu que o relator da ação sobre o tema, no Supremo Tribunal Federal, seria o ministro Alexandre Moraes. Depois, veio o retorno de R$ 83 milhões ao Bolsa Família. Por último, a reunião ministerial com transmissão direta pelo canal do YouTube da TV Brasil –– formato que Bolsonaro tinha dito que não faria mais, desde que o vídeo do encontro de 22 de abril foi aberto e o governo, mais uma vez, ficou na defensiva.
Até aqui, essas três iniciativas ajudaram a distensionar o ambiente político. A intenção é tentar reforçar o volume em favor do presidente para dar discurso a seus apoiadores nas redes e nas ruas. Aliados torcem para que a distensão “seja infinita enquanto dure”.
Pior impossível
Foi por água abaixo a intenção do governo de liquidar, esta semana, o julgamento da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além do placar de 3 a 2 a favor de novas investigações, quem pediu vistas foi justamente o ministro Alexandre de Moraes, guardião das informações a respeito do inquérito das fake news, no STF.
Quem com ferro fere…
A criação do Renda Brasil, anunciado por Paulo Guedes como o carro-chefe dos programas sociais do governo no pós-pandemia, será com um banho de loja no Bolsa Família, criado por Lula, e o ponto que falta para dar a Bolsonaro um discurso de atenção aos mais pobres. A ideia é, até o final do ano, tirar do mapa o nome Bolsa Família, marca das administrações petistas.
… com ferro será ferido
O plano do governo, de incluir no Renda Brasil os 38 milhões de “invisíveis” descobertos com a criação do auxílio emergencial, nesses tempos de pandemia, é usar a mesma ferramenta que os petistas lançaram. Dar uma repaginada, juntar programas e, assim, tirar de cena o governo anterior. Na época de Fernando Henrique Cardoso, era Bolsa Escola, na Educação; Vale Nutrição, na Saúde; e Vale Gás, em Minas e Energia.
Barulho geral/ O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Sérgio Banhos precisou interromper por alguns minutos a leitura de um parecer, por causa dos fogos que adversários do presidente soltaram em frente ao TSE, por causa do julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão. Os demais ministros simplesmente não conseguiam ouvi-lo na videoconferência. “São 20 pessoas, mas parece um réveillon no Rio de Janeiro!”, comentou o presidente Luís Roberto Barroso.
Ali, parece que o pior já passou/ Pelo menos no universo digital, a pandemia causada pelo novo coronavírus perdeu força. Há uma desaceleração na produção de conteúdos nas redes sociais, nos sites de mídia e nas buscas do Google, conforme levantamento da consultoria Bytes.
Só tem um probleminha/ Com o número de casos e de mortes em alta, o desinteresse vem cedo demais.
Bier Fass/ Mais um efeito colateral da pandemia na história de Brasília. O restaurante Bier Fass, do Gilberto Salomão, no Lago Sul, fechou as portas. Segundo os tradicionais frequentadores, é o único imóvel do centro comercial que não estava alugado a terceiros.
Na reunião ministerial, governo tentará mostrar que não perdeu a confiança na recuperação
Coluna Brasília-DF
Depois de o Banco Mundial projetar, ontem, uma queda de 8% no Produto Interno Bruto do Brasil para este ano, o governo fará, hoje, uma reunião ministerial para tentar mostrar que não perdeu a confiança na recuperação. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, por exemplo, levará para o encontro o balanço da execução de R$ 3 bilhões em obras de rodovias, ferrovias e terminais portuários em plena pandemia, entre janeiro e maio deste ano. Valores superiores aos registrados no mesmo período do ano passado, no início do governo. O valor pode ser, inclusive, maior, porque esse montante se refere apenas ao que foi feito com o Orçamento da União. Além disso, recentemente, foi assinado o contrato para a execução da malha paulista no setor de ferrovia.
Em tempo: as entregas nessa área de infraestrutura não vão fazer de Tarcísio candidato a presidente, tampouco a governador, conforme alguns políticos comentam por aí. “Não vou me meter em política, não serei candidato a nada, nem filiado a partido político eu sou, nem serei. O que me dá satisfação profissional é o trabalho técnico”, diz.
Reunião contraponto
Sob o ponto de vista político, a reunião ministerial de hoje vem sob encomenda para o presidente Jair Bolsonaro tentar desfazer a imagem deixada por aquela de 22 de abril, marcada por palavrões e comentários de ministros que renderam, inclusive, ações na Justiça e do Ministério Público Federal.
Estamos trabalhando
No Palácio do Planalto, a expectativa é de que cada área apresente o que está sendo feito neste período de pandemia, de forma a tirar o governo do noticiário negativo em relação às mudanças na forma de divulgação do número de casos.
Me dê motivo
Aliás, a avaliação palaciana é de que essa mudança na divulgação dos dados da covid-19 no país só fez reforçar os adversários do presidente e a visão de que ele é autoritário no trato da gestão pública. Nos próximos dias, vão tentar alterar essa imagem. Resta saber se Bolsonaro conseguirá manter a fleuma e fugir de provocações.
O gerenciador de crises
Da parte da oposição, a ordem é tentar colar na testa do presidente que ele não está governando e apenas administrando as crises que envolvem seus filhos e aliados, inclusive as que o próprio Bolsonaro provoca. Uma das últimas foi a relacionada aos números de casos e mortes por covid-19, que gerou incômodos até dentro do próprio governo.
Estamos todos bem/ Assessores que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro, no fim de semaa, quando ele foi cumprimentar as pessoas numa blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), contabilizaram uma interação positiva por parte da população. Apenas uma das pessoas que interagiu gritou palavras de ordem contra a comitiva presidencial.
Patamar seguro/ A avaliação dos assessores é de que, enquanto Bolsonaro mantiver o apoio de 30% da população, não haverá movimentos mais contundentes para tentar derrubá-lo.
Segura a onda/ O ato virtual em defesa da democracia é um aviso ao presidente Jair Bolsonaro de que é preciso que ele lidere e baixe a bola de seus apoiadores no quesito ameaças aos poderes constituídos e às ações democráticas.
Bia versus Joyce/ Quando o Congresso voltar às sessões presenciais, será preciso escalonar a presença em plenário e manter distantes as deputadas Joyce Hasselmann (PSL-SP) e Bia Kicis, do PSL-DF. Bia é vista por Joyce como uma das principais adversárias no Parlamento.
Muito além das convenções/ Comemorada por especialistas, a implementação de convenções partidárias virtuais para a escolha de candidatos para a eleição deste ano, aprovada pelo TSE, é vista como um primeiro passo para se avançar no uso de tecnologias no pleito em meio à pandemia. Lara Ferreira, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), considera que os próximos passos incluem a adaptação das regras de alguns atos de campanha que envolvem aglomerações, como carreatas e comícios, aos protocolos de segurança e higiene da pandemia, como o uso de máscaras, limitação de pessoas e distanciamento mínimo.
Ministro da Infraestrutura fala em disputar a Presidência ou o governo do DF
Coluna Brasília-DF
Há quatro semanas, numa reunião social bastante reservada, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, saiu-se com esta: “No futuro, se eu não for candidato a presidente da República, posso disputar o governo do Distrito Federal.”
A resposta do ministro:”Não vou me meter em política, não sou candidato, nunca serei, nem filiado a partido político eu sou. E nem vou me filiar. Sou técnico e minha realização profissional está em poder realizar o meu trabalho técnico, de buscar soluções para a infra-estrutura do país. Jamais diria isso”.
Com líderes alvos da Justiça, Centrão faz cálculo político do apoio a Bolsonaro
Coluna Brasilia-DF
O Centrão acendeu o pisca-alerta depois das denúncias da Procuradoria-Geral da República sobre os parlamentares do grupo e o pedido de prisão do deputado Paulinho da Força (SD-SP) pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação é a de que a aproximação com Jair Bolsonaro apenas deixou seus integrantes expostos, apanhando em todas as instâncias e sem um retorno capaz de compensar o desgaste a todos os seus quadros. Por enquanto, a ordem é continuar apoiando o governo, porque, ruim com ele, pior sem ele.
Porém, as ações judiciais, a que muitos chamam de “perseguição política”, tiram fôlego do grupo para votar propostas impopulares em bloco, porque os próprios deputados não vão querer se desgastar com o eleitorado. Ou seja, o governo terá apoio, mas as negociações terão que ser projeto a projeto. Pacotes fechados ficaram mais difíceis.
Na repescagem
Com os integrantes do PP desgastados por causa das ações da Procuradoria-Geral da República, o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), passou a frequentar as listas de possíveis candidatos à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Missão impossível
O acordo do presidente Jair Bolsonaro envolve apenas governabilidade. O que o deputado Eduardo Bolsonaro disse num seminário dos teóricos da direita sobre a participação do governo na eleição para presidente da Câmara é visto como a grande expectativa do Centrão e do próprio Planalto. O problema é que ninguém acredita em união dos partidos do grupo em torno de um único candidato.
Cota ideológica
É bom o Centrão não ficar muito animado com a perspectiva de indicar um ministro da Educação para o governo de Jair Bolsonaro. Assim como Relações Exteriores, Direitos Humanos e Comunicação, esse setor é reservado ao grupo mais ideológico.
Consequências
A mudança na divulgação de casos de covid-19 no Brasil levou muitos advogados a passarem o fim de semana debruçados em estudos sobre como responsabilizar judicialmente o governo pela camuflagem dos dados. Há um consenso no mundo jurídico de que não dá para ter “escondidinho de novo coronavírus”. Como disse o ex-ministro Luiz henrique Mandetta à coluna ontem, “segredo é arma de guerra, não de pandemia.”
Um alento
Nesse momento desafiador da pandemia no Brasil, o Sistema Hapvida tem alcançado resultados animadores em relação aos atendimentos por covid-19, em Manaus (AM). Houve queda de 86% das internações entre 28 de abril — quando houve o pico nas unidades próprias — e 31 de maio. Entre 4 e 31 de maio, a redução de óbitos foi de 85%.
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Nunca antes/ Praticamente todos os presidentes anteriores a Jair Bolsonaro tiveram problemas no Supremo Tribunal Federal de ordem pessoal, política ou econômica. Nenhum deles, entretanto, ameaçou fechar o STF.
Lei da mordaça, não!/ Obrigado a cumprir seis meses de quarentena, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta pediu à Comissão de Ética da Presidência da República que lhe informe por escrito tudo o que ele pode e o que não pode fazer nesse período. Ele já foi aconselhado a não participar de lives de instituições de saúde e outras empresas privadas. Vai cumprir à risca. Porém, é médico e não ficará calado em plena pandemia de covid-19 com números crescentes no Brasil.
Esplanada tensa/ Se as manifestações continuarem crescendo, já tem gente pensando em fazer na Esplanada o mesmo que houve no período do impeachment de Dilma: marcar as divisões, de um lado, os bolsonaristas, de outro, os oposicionistas.
Ponto estratégico/ Das principais lojas de grife da 5ª Avenida em Nova York, a única que não apresenta tapumes nas vitrines é a Gucci. Explica-se: Fica na Trump Tower, área cercada e protegida pelo serviço secreto americano.
A divulgação dos casos de infecção e de mortes pela covid-19 após as 22h fez soar o alerta de risco de esconder números para forçar uma volta mais rápida da atividade econômica. A avaliação de especialistas é de que junho ainda será um mês para lá de delicado em vários estados e que sumir com os números, ou divulgá-los depois do horário comercial, é uma forma de tentar tirar a pandemia da agenda dos brasileiros, o que pode resultar num quadro ainda mais grave do que aquele que o país atravessa neste momento.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta está preocupado: “Diferentemente de uma guerra militar, em que o segredo é uma arma, contra um vírus não há segredo. Camuflar números é uma tragédia. Tira do indivíduo a capacidade de se defender. Informação é fundamental, por isso, eu fazia questão das coletivas à tarde, para dar tempo de as pessoas analisarem os números, e deixar a população atenta”, diz ele, sem citar o nome do ministro interino, general Eduardo Pazuello. Hoje, Mandetta dará uma aula magna virtual, às 16h, no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
Quem tem juízo avisa…
Do jeito que estava montado o Pró-Brasil, o governo não terá meios de levar o programa adiante. É que, quando acabar a pandemia, e, com ela, o estado de calamidade, o país voltará a ter de aplicar todos os fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
… e alerta
Da mesma forma que o governo errou ao desconsiderar a gravidade da pandemia da covid-19 e considerar as medidas de isolamento social um “ataque” ao presidente Jair Bolsonaro, errará se resolver financiar tudo com dinheiro público mais adiante.
A avaliação de economistas próximos a Paulo Guedes é de que quebrar paradigmas de ajuste fiscal levará por terra todo o projeto econômico, do qual restam poucos pilares hoje, diante da tragédia da epidemia.
Cada um no seu papel
Ainda não há um consenso no Congresso sobre a montagem de uma estrutura para acompanhamento e divulgação do balanço diário de casos da covid-19 e número de mortos. Alguns especialistas em regimento do Senado consideram que a melhor saída, no momento, é chamar o governo para que explique os atrasos e manter a pressão para que os dados sejam
conhecidos mais cedo.
Eleição em compasso de espera
Com a nova denúncia da Procuradoria-Geral da República envolvendo o líder do PP, Arthur Lira (AL), a eleição para presidente da Câmara perderá um pouco de força nos bastidores. A intenção de aliados e adversários do deputado é dar tempo ao tempo. Afinal, a eleição é apenas em 2 de fevereiro. Até lá, há outros problemas na agenda e, ainda, o pleito municipal.
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Projetos na pandemia I/ Enquanto se recupera em casa da covid-19, o secretário-geral da Mesa Diretora do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, decidiu voltar a advogar. A lei permite, desde que não seja uma ação contra a União. Ele volta à Serur Advogados para se integrar à equipe responsável pela área de direito regulatório e administrativo.
Projetos na pandemia II/ Mesmo em casa, o secretário-geral continua na ativa e ajudando a planejar a volta aos trabalhos. A partir da semana que vem, quem for ao bunker do plenário virtual, por exemplo, responderá ao questionário de saúde mencionado, ontem, pela coluna.
Médico na hora/ Aqueles que frequentam a chamada “zona vermelha”, o comando do plenário virtual, e, porventura, apresentarem algum sintoma da covid-19 são, na mesma hora, direcionados a uma videoconsulta com o médico plantonista do Senado.
TRE em disputa/ A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal promove debate virtual entre os candidatos às duas vagas para juiz eleitoral, destinadas a juristas, no Tribunal Regional Eleitoral do DF. Vinte candidatos estão concorrendo. O evento será mediado pelo presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-DF, Rafael Carneiro, nesta segunda-feira, às 17h, com transmissão ao vivo pelo canal da seccional no YouTube.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra/ Na inauguração do hospital de campanha em Águas Lindas, nem uma palavra do presidente Jair Bolsonaro de solidariedade às famílias dos mais de 34 mil mortos pela covid-19, vítimas de um novo coronavírus que ainda não foi embora, é de rápida transmissão e pouco conhecido. Já passou da hora de quem segue o lema “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” encarar a realidade.
Coluna Brasília-DF
Com a notícia de que o governo planeja estender o auxílio emergencial por mais dois meses, no valor de R$ 300, e a pressão do Congresso pela manutenção de mais três parcelas de R$ 600, a ideia da área econômica é começar a chamar os líderes para uma conversa olho no olho, nem que seja de máscara.
Os cálculos indicam que, sem levar em conta esse aumento, as medidas emergenciais adotadas até agora consumiram um quarto da economia prevista pela reforma previdenciária em 10 anos, considerando aumento de gastos e redução de tributos.
Há quem diga que o Congresso terá que escolher: se mantiver o valor de R$ 600, mais um pedaço da reforma previdenciária será consumido no curto prazo e não restará nada para tentar reativar a economia mais à frente, por parte do poder público.
O auxílio será a próxima bomba-relógio em discussão no Parlamento e um teste para o Centrão revigorado por cargos.
Pressão total
Da mesma forma que parte dos apoiadores diz que demitir Abraham Weintraub distensionaria o ambiente, os mais ferrenhos simpatizantes afirmam ao próprio Bolsonaro que tirar o ministro seria um sinal de fraqueza. Afinal, Weintraub é aliado de primeira hora.
É fake…/ Em grupos de WhatsApp, bolsonaristas continuam compartilhando um texto de apoio ao governo, como se fosse da lavra do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britt. “Está circulando há um mês, já fiz boletim de ocorrência para apurar a responsabilidade. É uma cretinice, uma canalhice”, diz.
…e injusto/ Na mensagem, o sobrenome está grafado com um “t” apenas. E conclama os brasileiros a se unirem a Bolsonaro, traz críticas à Rede Globo, ao ex-ministro Sergio Moro. Em nada lembra o estilo do poeta Ayres Britto. “No direito, temos a verdade sabida, aquilo que é público e notório. No caso desse texto, é uma inverdade sabida”, afirma o autêntico Ayres Britto à coluna.
Testes no Congresso/ O Senado começa a se preparar para a retomada das sessões presenciais. Ao contrário do que foi dito há alguns dias sobre a volta em 15 de junho, a ideia é usar esse período até 15 de julho para submeter todos os servidores com acesso ao plenário a testes de coronavírus a cada duas semanas. De quebra, todos os frequentadores terão de preencher uma autoavaliação de condições de saúde e, a depender do resultado, receberão autorização para ingresso na Casa.
Todo cuidado é pouco/ Um morador de rua, drogado, atingiu o carro de uma diplomata, ontem, nas proximidades do Brasília Shopping, por volta das 16h. Ela estava a caminho do dentista quando o sujeito bateu com um porrete no parabrisa do automóvel. Eram três moradores de rua brigando, e ela passou de carro justamente na hora da confusão. Outros veículos também foram atingidos por eles. Há relatos também de violência por parte de moradores de rua na área da 704 Norte.
Senado torna obrigatório teste de covid-19 para servidores da “zona vermelha”
O Senado começa na segunda-feira a preparar tudo para tentar voltar as sessões presenciais em 15 de julho. O primeiro passo será testar os servidores e colaboradores e pedir a todos aqueles que frequentam a Casa a informar suas condições de saúde. Um comunicado distribuído pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, aos gabinetes dos senadores informa que, a partir da próxima segunda-feira, todos os servidores, colaboradores e visitantes que precisem entrar na Casa devem responder antes a um questionário de autoavaliação para sintomas do novo coronavírus, além de ter a temperatura corporal checada nas portarias. A partir de 15 de junho, esse questionário será obrigatório.
Para os servidores e terceirizados, o questionário estará disponível na intranet. Visitantes terão acesso ao questionário no site. Respondido o questionário, o sistema vai gerar um QR Code de autorização de acesso, em caso de não haver sintomas. Quem tiver qualquer sintoma, terá a entrada proibida. O QR Code será validado na portaria e os próprios recepcionistas vão medir a temperatura.
Com o acesso mais restrito, o “Senado passará disponibilizar e exigir que todos os colaboradores que continuam trabalhando presencialmente em ambientes com maior número de pessoas, realizem testes para diagnóstico da Covid-19 a cada duas semanas, como forma de diminuir a probabilidade de transmissão do vírus em local de trabalho”, diz o texto. Inclusive, o número de portarias de acesso será reduzido, para que o controle seja efetivo.
Esses servidores são aqueles que participam, por exemplo, do comando do plenário virtual ao lado do presidente Davi Alcolumbre. É a chamada “zona vermelha”. Quem trabalha com menos pessoas nas salas, a chamada “zona amarela, será testado caso apresente algum sintoma, e quem trabalha sozinho numa sala, entretanto, não estará obrigado a realizar o teste. A ideia era começar as sessões presenciais já em 15 de junho, conforme informou a Coluna Brasília-DF. Porém, os líderes consideraram arriscado o retorno agora, como número e casos _ e de mortes _- em alta. Além disso, há dificuldades de vôos para os senadores. A data prevista agora é 15 de julho.
Procuradores começam a preparar ações contra quem superfaturou e promoveu aglomerações
Coluna Brasília-DF
O Ministério Público Federal começou a anotar no caderninho todas as ações que vão contra o que determinam as normas de saúde pública e, de quebra, as compras de equipamentos superfaturadas que não foram entregues. Isso significa que, mesmo quando passar a pandemia, os gestores e autoridades vão responder pelas ações. As anotações incluem ainda o desprezo às normas que protegem a saúde, como, por exemplo, promover aglomerações.Vem muito barulho por aí.
Tá difícil
Quem faz o pente-fino das indicações políticas para cargos no governo tem dito que está cada vez mais difícil encontrar nomes de peso que se disponham a ser apadrinhados pelos partidos. É que, depois da Lava-Jato, técnicos renomados querem distância de qualquer coisa que possa virar processo lá na frente.
A queda de braço no BNB
Nomeado interinamente para o comando do Banco Nacional do Nordeste, Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior já tem uma torcida por sua permanência no cargo. Ele é diretor financeiro e de crédito. Foi superintendente das áreas de Tecnologia da Informação, de Operações Financeiras e de Mercados de capitais e regional da Bahia. Os partidos já estão em polvorosa para ver quem vai emplacar um novo presidente.
Rolim na área
Um grupo dentro do governo prega o retorno de Romildo Rolim, o presidente do BNB afastado para dar lugar a Alexandre Borges Cabral, o breve. Rolim estava na presidência do BNB desde 2017 e tinha como um dos seus padrinhos o atual líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Tal e qual a saúde
Para evitar brigas entre os partidos, a tendência, segundo assessores palacianos, é manter a interinidade de Guimarães Júnior a perder de vista. Eduardo Pazuello, confirmado ontem como o interino da Saúde, segue no mesmo caminho. É a forma de evitar novos problemas com as indicações.
Nem tudo está perdido
A queda do dólar e a alta da Bolsa de Valores foram considerados um alento para a equipe econômica e se deu graças à reaproximação entre os Poderes e a retomada da China e da Europa. Para economistas ligados ao Planalto, é sinal de que ainda é possível, mais adiante, retomar a agenda das reformas esquecidas por causa da epidemia da covid-19 no Brasil.
Olho nas comissões/ A Câmara dos Deputados até hoje não está com suas comissões técnicas instaladas. “Até aqui, nada foi feito e muitos projetos que poderiam ser analisados estão parados”, lembra o deputado Hildo Rocha (MDB-MA).
Todos sob teste/ A Câmara começou a fornecer os testes da covid-19 a todos os parlamentares, como parte do planejamento para o retorno das atividades da Casa. Por enquanto, uma das grandes dificuldades são os voos, a cada dia mais escassos.
Todos sob teste II/ Além dos testes da covid-19, os parlamentares da nova base parlamentar terão em breve muitos meios de conferir a fidelidade ao governo. O novo veto da ajuda de R$ 8 bilhões aos estados está no topo da lista do Planalto.
E o Lula, hein?/ A contar pelas afirmações de Lula (foto), o PT só entrará em qualquer movimento democrático se puder liderar o processo. Os demais partidos, entretanto, têm dúvidas sobre essa liderança e discordam da narrativa de que tudo o que se passou com o ex-presidente foi
perseguição política.
Indicado do Centrão para o BNB é exonerado por causa de suspeita de irregularidades
O novo presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Borges Cabral, bateu um recorde na instituição: Menos de 48 horas no cargo. Indicado pelo Centrão para presidir a instituição, ele foi nomeado na última segunda-feira (1º/6), tomou posse na terça-feira (2/6) e, nesta quarta-feira (3/6), já foi afastado, por causa de suspeita de irregularidades nos tempos em que ainda era presidente da Casa da Moeda.
O comando do BNB ficará interinamente nas mãos do diretor financeiro, Antonio Jorge Pontes Guimarães Júnior, que é um nome do mercado. No comunicado emitido no final da tarde, Sérgio Brito Clark, responsável pela relação como investidores conforma que o BNB tomou conhecimento das notícias somente pela mídia e que “reitera seu compromisso de transparência e tempestividade de comunicação dos fatos aos seus acionistas”. O texto lista ainda o extenso currículo do diretor financeiro que agora presidirá o Banco. Está aberta a nova temporada de corrida ao cargo pelo Centrão.









