Autor: Denise Rothenburg
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
Uma cena atípica assustou quem estava no 8° andar do Anexo IV da Câmara no começo da tarde de ontem. Um dos funcionários do gabinete do deputado Marcelo Brum (PSL-RS) se revoltou ao ser demitido e tentou agredir o parlamentar. Os demais trabalhadores do setor ficaram sem entender quando viram o deputado correndo pelos corredores e se refugiando no gabinete de uma liderança.
Tapas no anexo
Marcelo de Brum chegou a ser atingido com um tapa no rosto, e a Polícia Legislativa foi chamada para conter o assessor demitido. Procurada pelo Correio, a assessoria de imprensa do congressista informou que ele está se recuperando do ocorrido e não vai se manifestar sobre o caso no momento.
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
O subprocurador Augusto Aras treinou para a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sozinho em casa, sem ajuda de assessores ou profissionais de imagem. Não precisou, como se sabe. O novo procurador-geral da República falou o que os parlamentares queriam ouvir, mesmo quando foi pressionado, como no caso de Fabiano Contarato (Rede-ES). A desenvoltura de Aras no colegiado apenas surpreendeu quem não o conhecia. Além de atuar na área jurídica há mais de 30 anos, ele é professor da Universidade de Brasília (UnB). Tem experiência em oratória.
Entre os amigos de Aras, há a percepção que o novo procurador-geral não vai se contentar com a chefia do Ministério Público nos próximos dois anos. O objetivo será uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), algo já tentado na época do governo Dilma Rousseff. “Ele pode até não tentar disputar a vaga de Celso de Mello (que se aposenta em novembro de 2020), pois teria de entregar o cargo de procurador-geral com pouco mais de um ano. Mas a vaga de Marco Aurélio Mello (que sai em junho de 2021), ele deve tentar”, diz um integrante do MP que conhece Aras muito bem.
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Aos 60 anos, Aras tem mais cinco anos para conseguir chegar ao Supremo. Na lista dos candidatos a uma vaga no STF na gestão Bolsonaro, estão o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o advogado-geral da União, André Luiz de Almeida Mendonça.
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Apesar da tranquilidade da aprovação no plenário, o número de votos contrários a Aras (68 a favor e 10 contra) foi maior do que o de Rodrigo Janot (60 a 4), em 2015, e de Raquel Dodge (74 a 1), em 2017.
Trabalho / No próximo sábado, das 9h às 18h, o IDP promove a 3º edição da Job Fair, uma feira de carreiras jurídicas que reúne grandes escritórios de advocacia de todo o país e uma programação de palestras repleta de profissionais de referência em diversas áreas. A intenção é aproximar o estudante do IDP do mercado de trabalho, viabilizando entrevistas dos alunos. Às 11h30, tem palestra com o navegador e escritor Amyr Klink.
Aula magna / O vice-presidente Hamilton Mourão dará a aula magna do Programa da Academia Nacional de Polícia, na próxima segunda-feira. O curso é inspirado no treinamento do FBI e desenvolvido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Ao todo, serão capacitados 32 delegados da Polícia Civil e oficiais da PM, escolhidos em processos seletivos no país. A aula de Mourão ocorre às 10h, no Teatro de Arena da Academia.
Exposição / Hoje, às 19h, no Centro Cultural do TCU, tem a abertura da exposição Viagem Espacial, de Augusto Corrêa, um jovem de 19 anos com Síndrome de Down. A primeira-dama Michelle Bolsonaro e o presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio, participam da solenidade.
Cinema / O Escritório Econômico e Cultural de Taipei no Brasil promove, entre os dias 9 e 13 de outubro, a Mostra de Cinema Taiwanês, no Cine Brasília.
Colaboraram Renato Souza e Rodolfo Costa
Ernesto Araújo considera cerco à Venezuela de Maduro “irreversível”
Nova York — O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, participou hoje de manhã da reunião do grupo de Lima, formado por 12 países das Américas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na reunião, Trump e os presidentes dos países membros, com Jair Bolsonaro representado pelo chanceler, descartaram uma intervenção militar, algo que, aliás, o presidente Jair Bolsonaro já havia dito na entrevista ao Correio que não ocorreria porque seria o mesmo que transformar a Venezuela num Vietnã e que o presidente Donald Trump também pensava da mesma forma.
“Foi uma demonstração de Força, vários países, presidentes, com unidade de propostas e de visão sobre a Venezuela. Isso é muito raro de acontecer. Mostra que há um movimento irreversível”, disse o ministro ao Correio.
As primeiras ações serão dentro do que foi tirado na reunião do Tiar, o tratado que permite que, quando um país integrante da OEA for atingido, outros possam prestar auxílio. O Tiar se reuniu nessa segunda-feira, em Nova York e tirou uma decisão de investigar supostas ligações do regime de Maduro com organizações criminosas. Agora, posição do Tiar foi reforçada na reunião com Trump.
“Estamos começando com o que está na resolução do Tiar, que é a coordenação dos países membros, para investigação dos crimes e das conexões do regime de Maduro com toda essa rede de criminalidade que existe na América do Sul. Isso vai incutir outras ideias e nos embaixadores para preparar uma nova reunião de ministros. Estamos prontos para continuar com ações diplomáticas e políticas, deixando claro que não há saída para Maduro que não seja sair do país e devolver a democracia para a Venezuela”, afirmou.
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
Parte dos diplomatas até tentou suavizar o discurso de Jair Bolsonaro, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), mas o presidente preferiu falar para os eleitores convertidos, que representam um percentual de votos hoje suficientes para levá-lo a um segundo turno.
A cabeça do capitão reformado funciona de maneira simples desde a campanha, por mais constrangimentos que possa causar à imagem internacional do Brasil — na prática ele não está preocupado com tal coisa, principalmente com a informação manjada de que Donald Trump emendaria outro discurso agressivo na sequência.
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A expectativa do corpo diplomático, menos voltado para a política eleitoral e mais preocupado com a imagem do país, era de que Bolsonaro fizesse um discurso contundente, mas sem agressividades. O curioso é que o presidente usou tais adjetivos para qualificar a própria intervenção depois de deixar o prédio da ONU.
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Mas não foi o que aconteceu. Bolsonaro, mais uma vez, embaralhou opinião com fatos, chegando mesmo a dar falsas informações sobre a qualificação dos médicos cubanos, por exemplo.
Roteiro I
Do roteiro original preparado pelo corpo diplomático, seguiu a defesa da soberania da Amazônia e atribuiu as queimadas a uma questão sazonal, por causa da seca em alguns estados brasileiros, como antecipou este Correio.
Bolsonaro também condenou o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela; reforçou o alinhamento com o norte-americano Trump; e exaltou a relação com Israel. Mas cruzou a linha da contundência, como temia o pessoal mais técnico do Itamaraty.
Roteiro II
O texto final foi fechado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Felipe Martins. Bolsonaro não apenas fez referências a um socialismo inexistente nos últimos tempos na história brasileira, como não deixou de fazer referências religiosas. Pregou para convertidos, frustrando quem esperava um papel maior para o presidente. Será assim até a campanha oficial de 2020.
Vale lembrar
Como antecipou o Correio, ontem, Bolsonaro fez referências a países, mas não a mandatários, no caso de França e Alemanha. Eis o trecho: “O receio é que Bolsonaro avance sinais de maneira agressiva, criticando diretamente chefes de Estado — algo que deve ocorrer, talvez não nominalmente”.
CURTIDAS
Se não pode vencê-los… // A equipe econômica deve abrir mão de apresentar uma robusta reforma tributária e compor com as matérias em tramitação no Congresso, as Propostas de Emenda à Constituição (PEC) 45, da Câmara, e a 110, do Senado. Uma das poucas contribuições que o governo deve sugerir é a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), a unificação entre o PIS e o Cofins.
Junte-se a eles // O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, é o mais cotado para liderar as articulações da equipe econômica e costurar uma reforma única. Qualquer novidade, no entanto, ainda será alinhada com Bolsonaro, que retorna somente hoje a Brasília. O martelo precisa ser batido por ele, uma vez que a ideia é atribuir novas funções a Marinho, cujo cargo poderia ter até outro nome.
Foco nos empregos // O que o governo não abrirá mão é de discutir a desoneração da folha de pagamentos. Estão nas análises propostas como redução de valores pagos pelos empresários para o sustento do Sistema S, a tributação de fundos exclusivos e a reoneração de alguns setores para a discussão da desoneração aos maiores empregadores da indústria, do comércio e dos serviços.
Imprensa // A ACT Promoção da Saúde — com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Joio e o Trigo e a Campaign for Tobbaco-Free Kids — promoveu ontem, em São Paulo, uma oficina para repórteres com foco no comércio de cigarros. O Correio foi um dos participantes.
Colaborou Rodolfo Costa
Bolsonaro diz que foi “objetivo e contundente, sem ser agressivo” na ONU
Nova York — Numa rápida entrevista ao sair do hotel onde estava hospedado, antes de sair para o almoço, o presidente Jair Bolsonaro avaliou o próprio discurso na Assembleia-Geral da ONU como “objetivo, contundente, não agressivo e buscando restabelecer a verdade das questões que estamos sendo acusados no Brasil”. Nas entrelinhas, deixou claro ainda que a não-citação de Emmanuel Macron, da França, e Angela Merkel, da Alemanha, de forma proposital. “Não citei Macron e Merkel, citei a França e a Alemanha como países que têm mais de 50% do seu território usado na agricultura, no Brasil é apenas 8%, tá ok?”
O presidente confirmou que pretende ir, hoje à noite, ao coquetel do presidente Donald Trump aos chefes de Estado. E fez mistério sobre onde iria almoçar. Diante da insistência, brincou: “”ou comer num podrão aí fora”. O presidente ainda está sob dieta e não pode se dar ao luxo de comer em qualquer lugar ou qualquer tempero.
O presidente deve retornar daqui a pouco ao hotel para o encontro com o ex-prefeito de Nova York, Rudolf Giulianni, que pretende lhe entregar um presente. Depois, Bolsonaro sai para o coquetel de Trump às 19h, no hotel Lotte. De lá, seguirá direto para o aeroporto.
Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Cavalcanti
A minuta preparada pelo corpo diplomático do Itamaraty chegou ao Planalto com cinco sugestões para o presidente Jair Bolsonaro discursar na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) — a defesa da soberania da Amazônia; a condenação do regime de Nicolás Maduro na Venezuela; o alinhamento com o norte-americano Donald Trump; a posição pró-Israel no conflito do Oriente Médio; e o estímulo ao livre comércio e à cooperação regional para o combate ao narcotráfico. O Correio teve acesso a trechos do documento dos diplomatas — com detalhes a seguir.
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Cada um dos pontos, tratados como eixos, tem uma estratégia de política internacional, mas valem para o presidente falar para a audiência brasileira. Um discurso na ONU, entretanto, passa por várias mãos. E assim o corpo diplomático teme uma mudança radical na minuta original apresentada pelo Itamaraty. O texto final foi fechado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais Felipe Martins.
Dor de cabeça I
A questão é o tamanho da dor de cabeça que Bolsonaro pode causar nos servidores de alto escalão do Itamaraty com um discurso mais agressivo. “Esperamos algo contundente, mas com equilíbrio, algo que não descambe para provocações vazias”, disse um servidor do corpo diplomático
brasileiro que preferiu não se identificar. Tradicionalmente, desde 1947, o presidente da República do Brasil é o primeiro a falar na Assembleia Geral da ONU. Bolsonaro discursa nesta terça-feira, às 9h (horário
de Brasília).
Dor de cabeça II
Para cada um dos eixos há uma estratégia própria do pessoal do Itamaraty. No caso da soberania, o que se pretende é deixar claro que o maior interessado nos assuntos da Amazônia é o Brasil, numa resposta à não participação na cúpula de mudanças climáticas nesta segunda-feira. Uma das considerações a ser feita é que as queimadas na Amazônia ocorrem, segundo o governo, por questões sazonais e estão relacionadas à época seca no país. O receio é de que Bolsonaro avance sinais de maneira agressiva, criticando diretamente chefes de Estado — algo que deve ocorrer, talvez não nominalmente.
Eixos I
O segundo eixo do discurso de Bolsonaro será a condenação do regime de Maduro, antecipado na declaração do Grupo de Lima — do qual o Brasil faz parte —, que “rechaçou os sucessivos obstáculos do regime ilegítimo e ditatorial” da Venezuela. A referência a Trump, que estará numa das partes do texto do capitão reformado, trata-se da reafirmação da proximidade com os Estados Unidos, incluindo aí a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington.
Eixos II
Outra novidade será o discurso francamente pró-Israel, ao contrário dos antecessores petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que, em 2012, defendeu na Assembleia Geral a soberania da Palestina para redução dos conflitos no Oriente Médio. “Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz”, disse Dilma na época. Por fim, os diplomatas alertaram a Bolsonaro que destacasse a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul. O objetivo aqui é buscar argumentos para ganhar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.
Curtidas
Despreparo I / O discurso do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (foto), e da equipe de segurança do estado é medonho. O político esperou 48h para reafirmar a ação estúpida do confronto, em que cinco crianças foram abatidas apenas este ano. O mais despreparado, entretanto, é o secretário de Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga — o camarada tem uma presunção poucas vezes vistas entre autoridades públicas.
Despreparo II / O assassinato da menina Agatha Félix, de 8 anos, como se sabe, desestruturou o plano anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro. O que o ex-juiz não esperava era ser citado e defendido por Witzel na desastrosa coletiva ontem. Parte dos integrantes da pasta da Justiça, principalmente os militares, é contra a divisão criada por Witzel na antiga secretaria de Segurança. Vale lembrar que o Exército esteve no comando da intervenção do Rio até o ano passado.
Nova York — O governo vai começar a trabalhar o mapeamento genético do brasileiro para futuras pesquisas que possam ajudar, quem sabe, na cura do Alzheimer e outras doenças. “Até 2011, o mundo achava que era preciso combater as doenças com remédios. Porém, a partir de 2011, o mundo evoluiu para a terapia genética, ou seja, muda-se o gen defeituoso, para curar. O meu objetivo agora é arrumarmos recursos no Orçamento da Saúde para trabalharmos nessa linha”” diz o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que está nos Estados Unidos desde sábado e hoje participará da conferência de alto nível sobre saúde das Nações Unidas.
As conversas sobre terapia genética são um pus na viagem de Mandetta e foram objeto de conversas com representantes da Inglaterra, que já estão bem avançados nesse campo. O ministro se reuniu ainda com ministra da Saúde da Rússia, Veronika Skovortsova. A conversa com a Rússia gira em torno da vacina contra a tuberculose, que os russos já desenvolveram. Lá, as ações de saúde são vistas como um problema de segurança nacional, enquanto, no Brasil, a ótica é de controle sanitário.
Além dos encontros em busca de novas tecnologias e vacinas para o Brasil, Mandetta receberá um prêmio por causa da redução do tabagismo no Brasil a um índice inferior a 10%. A reunião de hoje na ONU sobre saúde deve soltar um documento a respeito da necessidade de ampliação do atendimento de saúde. “O objetivo 3 do milênio é cobertura universal de saúde. A expectativa é a de que saia ainda hoje um documento sobre isso”, disse o ministro que participa agora pela manhã do encontro de alto nível sobre saúde, uma das dezenas de reuniões que ocorrem hoje no complexo que forma o quartel general das Nações Unidas.
“Muita gente reclama do SUS no Brasil, mas nosso sistema de cobertura universal é um dos mais avançados do mundo, é um país que traz na Constituição o atendimento amplo”, diz ele. Mandetta deve encontrar o presidente Jair Bolsonaro apenas mais ao final do dia para falar sobre os encontros que manteve na ONU. O presidente desembarca nos Estados hoje, no início da tarde, e segue direto para o hotel. O único compromisso dele hoje é o jantar com o presidente Donald Trump. Daqui a pouco começa a cúpula sobre mudanças climáticas, na qual o presidente da França, Emmanuel Macron fará um pronunciamento 11h10 (12h10, hora de Brasília).
Brasil vê cúpula de mudanças climáticas das Nações Unidas como aquecimento para a Cop 25
Coluna Brasília-DF
É assim que muitos diplomatas brasileiros veem a cúpula de mudanças climáticas das Nações Unidas hoje, com destaque para a França e outros países. Há uma pressão para que o Brasil e outras nações em desenvolvimento ampliem a contribuição que cada país se propôs quando do Acordo de Paris.
Só tem um probleminha: O Brasil não o fará porque está já perto de alcançar as metas previstas para 2030. Dados do Ministério de Minas e Energia indicam que o país já cumpriu, por exemplo, o percentual de 45% de energia renovável (45,3% em 2018, a meta para 2030 é 45%) e está a 0,6% de cumprir a meta de biocombustíveis.
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O Brasil, como outros países em desenvolvimento, vai se preparar para cobrar investimentos das nações mais ricas. E, como os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris, essa conta vai sobrar para os europeus.
É aí que, dizem os diplomatas, está o nó entre o governo brasileiro e o francês, por exemplo. O próximo palco, depois do quartel general da ONU esta semana,
será no Chile, sede da Cop 25.
Adeus, noruegueses
Se o Brasil conseguir o fundo de bioeconomia da Amazônia discutido em Washington com grandes empresas e o Banco interamericano de Desenvolvimento, poderá prescindir daqueles que hoje fazem doações para a região. O fundo será detalhado num encontro em Belém, de 8 a 10 de novembro.
Corre, Maia, corre
Os parlamentares vão pressionar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para votar, a toque de caixa, um projeto que permita aos partidos saber exatamente quanto do Fundo Eleitoral e partidário deve ser destinado a campanhas de prefeitos e quanto para vereadores. E, ainda, qual o limite de gastos de cada vereador e prefeito e se há diferenças entre prefeitos de capitais e de pequenas cidades.
Lavou as mãos
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, já avisou que não vai legislar sobre esse tema. É um caso do Congresso e os políticos que se resolvam. Se nada for feito até 4 de outubro, um ano antes da eleição, mais uma vez as cúpulas partidárias agirão de acordo com a cara do freguês.
Onde mora o perigo
O receio é de que os recursos sejam destinados apenas àqueles que hoje dominam os partidos e não a candidatos da chamada renovação política. E que os prefeitos das capitais terminem abocanhando os valores deixando o interior à míngua.
CURTIDAS
Leitura ambiental/ O presidente Jair Bolsonaro desembarca em Nova York a tempo de jantar com o presidente Donald Trump na segunda-feira à noite, mas chegará depois da cúpula de mudanças climáticas da ONU. Os ambientalistas não gostaram. Acham que quem poderia jantar com Trump, teria perfeitamente tempo de chegar para a conferência climática.
Leitura médica/ Os médicos, entretanto, não queriam nem que o presidente fosse abrir a 74ª Assembleia Geral da ONU. Precisa ainda de um certo repouso para evitar novas complicações.
Índios de lá e de cá/ A cúpula da Juventude se mostrou um desfile de futuros líderes mundiais em defesa do meio ambiente. Destaque, nos Estados Unidos, para Makassa, descendente dos Sioux, que fez uma cerimônia espiritual logo na abertura.
Saída pela esquerda…/ O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, cruzou com manifestantes parados em frente ao hotel onde ficou hospedado assim que chegou. Para não passar por eles de novo, optou por uma porta lateral. No Twitter, não poupou críticas.
Inspirados pela jovem sueca Greta Thunberg, os nova-iorquinos tomaram as ruas da cidade, no Battery Park, ao sul de Manhattan, a fim de chamar a atenção para as mudanças climáticas e cobrar atitudes mais sérias das autoridades na linha do “nosso planeta não pode esperar”. Hoje, a sede das Nações Unidas terá a Youth Summit Climates, o encontro de cúpula da juventude, dedicado a tratar desse tema e propor soluções. É esse clima de “vamos preservar o planeta antes que ele acabe” que toma conta da cidade e que espera o presidente Bolsonaro na próxima terça-feira.
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Para completar, na véspera do discurso do presidente na ONU, a cúpula sobre mudanças climáticas não terá a participação do Brasil. Não que o país tenha sido vetado, conforme se especulou. O evento é para chefes de Estado e de governo. Se os chefes não vão, simplesmente, o país não fala. O governo brasileiro preferiu dar seu recado na abertura oficial da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia seguinte, quando se espera uma presença maciça de chefes de Estado e de governo. Porém, a ausência na cúpula do clima é vista no mundo externo como uma certa falta de prioridade ao tema.
Pega um, pega geral
A operação que envolveu o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), fez voltar os movimentos em prol da derrubada dos vetos à Lei de Abuso de Autoridade, na qual o Senado terá papel decisivo.
Casa complicada
Os senadores foram responsáveis, por exemplo, pelo freio nas mudanças que afrouxaram as regras de financiamento de campanha. E agora, o governo espera contar com a Casa para manutenção dos vetos presidenciais à Lei do Abuso. No entanto, dado o climão da semana, nada está garantido.
“Nossa casa está queimando”
A frase dita pelo presidente francês Emmanuel Macron e que provocou toda a crise entre ele o presidente Jair Bolsonaro foi repetida pela ativista Greta Thunberg, na manifestação em Nova York. Hoje, ela fala nas Nações Unidas.
Enquanto isso, nos bastidores…
A sensação entre diplomatas é de que o Brasil não tem quem o defenda em relação ao meio ambiente nas altas-rodas norte-americanas, como a ONU e importantes fundações nos Estados Unidos, capazes de mobilizar a opinião pública. Sem embaixador nem na ONU nem em Washington, está difícil.
Politics for future/ O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, apoiou a liberação dos alunos de escolas públicas para participar da greve global em favor do clima, a “Friday for future”, que levou milhões às ruas pelo mundo. Embora não esteja mais postulando a vaga de candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, ele continua na política.
Consulado reservado/ Qualquer jornalista que procure o Consulado do Brasil na ONU em busca de informações sobre a viagem do presidente Jair Bolsonaro, ou mesmo a participação na Conferência do Clima, é remetido imediatamente aos integrantes da equipe precursora. Ninguém quer avançar o sinal. No passado, não era assim.
Save the date/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (foto), começou a enviar os convites para a sessão em homenagem póstuma ao ex-deputado Sigmaringa Seixas e ao advogado José Gerardo Grossi, em 1 de outubro.
Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
Depois de um início conturbado — com ataques aos parlamentares e à “velha política” —, o presidente Jair Bolsonaro parece ter, finalmente, se convencido de que a guerra aberta com o Congresso só prejudicava a ele mesmo. Assim, o capitão reformado recolheu as armas contra o Parlamento nos últimos dois meses, ao contrário do que ocorreu em relação a setores da sociedade civil e da imprensa.
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A mudança de tom coincide com a atuação mais efetiva do secretário de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos — que substituiu Carlos Alberto dos Santos Cruz e praticamente engoliu Onyx Lorenzoni. A atuação do ministro-militar com líderes partidários tem se mostrado eficiente, pelo menos é este o clima geral dos aliados no Congresso. Tais ações podem explicar um aumento no índice de governabilidade, verificado pela consultoria Prospectiva, que mostra a fidelidade dos parlamentares ao Palácio do Planalto.
Alta fidelidade
Em agosto, o índice de governabilidade chegou a quase 75% das votações. Os melhores resultados apareceram nas pautas econômicas, como liberdade econômica (MP nº 881/19, emenda aglutinativa n° 1); pagamento de peritos do INSS (PL nº 2999/2019); reforma da Previdência (PEC nº 6/2019, segundo turno); e repasse da União à Eletrobras.
Telefonemas
Por falar no general Ramos, ontem pela manhã, ele recebeu uma série de telefonemas estridentes de Bolsonaro sobre a operação da Polícia Federal. Na quarta ligação, o ministro interrompeu a agenda, deixou o gabinete no Planalto e foi se reunir pessoalmente com o presidente.
Curtidas
Decisão confirmada / O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou integralmente a decisão do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Antônio Souza Prudente, que mandou a Vale pagar um salário mínimo para cada indígena, independentemente de idade, das tribos Xikrim e Kaiapó. Os valores referem-se a danos causados aos ecossistemas sócio-ambientais.
Na pauta / O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse a parlamentares que vai pautar, na próxima semana, um projeto de lei que revoga a Lei Kandir. Representantes de cooperativas entraram em alerta e começaram uma peregrinação no Congresso com o argumento dos riscos para a balança comercial, pois taxar a exportação pode aumentar o preço de determinados produtos no mercado internacional e, com isso, levar à queda de produção.
Vingança / O pé de uma nota do grupo “Muda, Senado”, formado por 21 parlamentares independentes, mostra que a não recondução de dois integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (Lauro Machado Nogueira e Dermeval Farias) não pegou nada bem. “Eles foram aprovados por unanimidade na CCJ, sem qualquer tipo de questionamento. Isso aponta, para uma repetição do passado triste onde o Senado funcionava como instrumento de vingança de investigados”, diz a nota, lida por Alessandro Vieira, do Cidadania.