Centrão tenta esticar recesso parlamentar do Congresso até fevereiro de 2021

Publicado em Política

Brasília-DF, por Denise Rothenburg

Se depender do ânimo do Centrão, as atividades legislativas se encerram em 20 de dezembro e só voltam em fevereiro de 2021, para a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara e do Senado. Esse é mais um movimento dos líderes do bloco, partidários de Arthur Lira (PP-AL) para não dar protagonismo ao atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ideia é dedicar esse período aos bastidores e fechar apoios que garantam a vitória do bloco.

Em conversas reservadas, os centristas têm dito que não adianta querer manter o Congresso funcionando em janeiro, sem que, por exemplo, os relatores das reformas apresentem seu trabalho. E, até aqui, não há garantias de que as reformas deslanchem antes de fevereiro.

Vai ter guerra

A atitude do Centrão de apostar no recesso e a reabertura de investigação na Procuradoria-Geral da República contra Rodrigo Maia por supostos recebimentos da OAS são vistos como movimentos coordenados para enfraquecer o presidente da Câmara. Se a corda continuar esticada desse jeito, não haverá clima para votar nada.

E cada um se arma como pode

A avaliação de parte dos congressistas é a de que tanto a PGR quanto o Centrão atacaram Maia cedo demais. Ao governo interessa votar, pelo menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Sem ela, não poderá usar um doze avos do Orçamento em janeiro. E, sem aprovação da LDO, não há recesso. Ou seja, Maia ainda tem cartas para jogar e expertise política para montar sua estratégia. O fim de ano promete.

Padrinhos nada mágicos

A marca destas eleições municipais é a ausência de prestígio dos padrinhos. Jair Bolsonaro e Lula até aqui não serviram de alavanca a seus candidatos e Bruno Covas também tem feito carreira-solo em relação ao governador João Doria.

Sem efeito

Fracassou a ideia do PT de aproveitar as candidaturas deste ano para promover uma grande campanha pela inocência de Lula. A maioria dos candidatos, de olho na própria sobrevivência, abandonou esse movimento. Está cada vez mais difundida a máxima de que a política é local.

CURTIDAS

Corpo estranho/ Embora o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tenha jogado muito tempo ao lado de Arthur Lira, a relação, hoje, está trincada. Lira tem dito a amigos que a reforma tributária não anda por causa do relator.

Híbrido/ Depois de acompanhar o presidente Jair Bolsonaro na visita ao Maranhão, o senador Roberto Rocha (foto, PSDB-MA) é visto como alguém que colocou um pé em cada canoa para o futuro.

Alguém será traído/ Roberto Rocha tanto pode apoiar o presidente, quanto dizer mais à frente que sua presença ao lado de Bolsonaro era institucional. A escolha do caminho — se o apoio a seu partido ou à reeleição — só se dará em 2022.

No embalo do eleitor/ A postura de Roberto Rocha, aliás, é a mesma em praticamente todos os partidos. Se Bolsonaro continuar popular, a maioria seguirá com ele. Se o eleitor o abandonar, a classe política que nunca foi bolsonarista raiz será a primeira a largar o presidente na chuva.

Desoneração da folha pode parar na Justiça

O pulo de Paulo Guedes
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Ao dizer que o imposto sobre transações eletrônicas não existe e, ao mesmo tempo, afirmar que não apoiará a desoneração da folha de pagamentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deixou nos congressistas a sensação de que recorrerá à Justiça, caso o Congresso derrube o veto do presidente Jair Bolsonaro.

“Está muito claro que ele é a favor da desoneração da folha, é da Escola de Chicago, mas se não conseguir receita compensatória, vai reclamar e o caminho para isso é a Justiça. Ficou a dica”, relata o senador Esperidião Amin (PP-SC) à coluna.

Cientes de que essa briga será longa, os líderes do governo tentarão evitar que a sessão do Congresso, da próxima quarta-feira, alcance o quórum para a derrubada do veto. Até aqui, tem muita gente no Poder Executivo dizendo que é melhor evitar esse confronto agora. Falta convencer os congressistas, que prometeram derrubar o veto e sabem que não há acordo para substituição de impostos, nem tampouco para novos tributos.

O esforço das Forças

As Forças Armadas estão dedicadas a separar as estações, o seu papel de Estado e o lado político do governo, do qual quer manter distância regulamentar. Quanto mais separados, melhor. Assim, se o país enfrentar dificuldades de ordem política ou econômica, ninguém poderá apontar o dedo para os militares de um modo geral.

O esforço do governo

Desde o artigo do ex-porta-voz da Presidência general Otávio Rego Barros, publicado no Correio, na última terça-feira, o governo deflagrou movimentos para mostrar que, até aqui, as Forças Armadas tiveram um bom tratamento do governo do capitão: ganharam orçamento, melhoria salarial e uma previdência mais palatável.

Blinda aí

Com a exoneração do filho do Pastor Everaldo do governo do Rio de Janeiro, o governador em exercício, Cláudio Castro, espera tirar seu gabinete da linha de tiro em que o PSC entrou, com a prisão do religioso. Aliás, o governador fará tudo o que estiver ao alcance para ficar distante das confusões de Wilson Witzel e do escândalo que levou Everaldo à prisão.

Enquanto isso, no Ceará…

A notícia da conversa entre Lula e Ciro Gomes foi vista pelos petistas como uma forma de o ex-governador neutralizar a gravação que o ex-presidente fez para a campanha de Luiziane Lins à Prefeitura de Fortaleza.

Mais à frente, suspeitam os petistas, Ciro voltará ao “modo ataque” em relação ao Partido dos Trabalhadores. Eles não se esquecem de que, em 2018, Cid Gomes gritava para os partidários do ex-presidente “Lula está preso, seu babaca”.

Curtidas

Exército responde I/ A propósito da nota “quem cala…”, que mencionava a falta de posicionamento público do comandante do Exército, Edson Pujol, o Centro de Comunicação Social da Força mandou a seguinte nota: “O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o comandante Pujol não ofereceu qualquer posicionamento a interlocutores em relação ao artigo do ex-porta-voz da Presidência general Otávio do Rego Barros”.

Exército responde II/ A manifestação do Exército segue dizendo que “é oportuno reiterar a postura institucional do Comandante do Exército em manter-se focado exclusivamente nos temas inerentes à Força Terrestre. Nesse sentido, a opinião do ex-Porta-Voz da Presidência da República é de sua única responsabilidade na condição de militar da reserva. O Comando do Exército repudia veementemente esse tipo de ilação, que de modo algum colabora para o aperfeiçoamento das instituições democráticas”.

Pior dos mundos/ A brincadeira de Bolsonaro, chamando os maranhenses de “boiola”, por causa da cor rosa do guaraná Jesus, deixou mal os candidatos ligados ao governo. Numa região considerada machista, quem não achou a piada do presidente homofóbica está com receio de ter problemas para explicar que ele não quis ofender os políticos nem os eleitores.

Por falar em Bolsonaro…/ O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) conversava dia desses com um amigo, quando, de repente, sai-se com esta: “Não dá para conversar aqui. Tem gente olhando!” Como se tratava de uma varanda, com uma mata próxima, o amigo não entendeu. Flávio, então, rindo, apontou para as árvores: um tucano acompanha tudo.

Centrão trava Congresso para não dar protagonismo a Rodrigo Maia

Publicado em Política

A confusão está posta na relação do governo com o Congresso e entre os principais atores da politica dentro do Parlamento. E a pimenta que passa do ponto nessa mistura é a eleição para presidente da Câmara. O chamado Centrão, assim como Bolsonaro, cansaram de ver o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dando as cartas. O Centrão não quer dar protagonismo a Rodrigo Maia nessa reta final de mandato, porque isso significaria mais poder para o comandante da Casa trabalhar a própria sucessão. Aliás, o grupo mais ligado ao líder do Centrão, Arthur Lira, está em contagem regressiva para fevereiro, certo de que, se jogar direito, terá a força para comandar a Câmara. Esse jogo, somado ao da oposição, que se retirou do plenário virtual e presencial até que Rodrigo Maia coloque em votação a medida provisória que baixou o valor do auxílio emergencial para R$ 300, travou tudo.

O presidente Jair Bolsonaro tem buscado no portfólio do primeiro escalão do governo alguém com expertise política suficiente para desfazer esse nó, mas, ao mesmo tempo, não quer brigar com o Centrão, de onde tirou o novo líder do governo na Câmara. Pende a balança para o Centrão, mas não entrega ao grupo o que essa turma mais deseja, um espaço dentro do Planalto, leia-se a vaga de Luiz Eduardo Ramos.

Com a disputa de poder na segunda metade do governo e desta Legislatura fervendo nos bastidores, onde ninguém acerta o passo e todo mundo age para sobreviver mais à frente, restou ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entrar nessa seara para ver se ajudava a resolver o problema grave da crise econômica, que derrete o real e pressiona os juros. O problema, porém, é que, num cenário em que muitos batem cabeça, a entrada de Campos Neto tumultuou ainda mais. A turma do Centrão viu ali uma articulação do próprio Maia __ e não do presidente do BC __ para tentar recuperar protagonismo, como aliás, está posto na Coluna Brasília-DF no Correio Braziliense de hoje.

Da parte do governo, ficou exposta a ineficiência dos líderes para separar a disputa pela Presidência da Câmara do bom andamento das pautas __ algo que hoje não interessa ao Centrão, para não dar protagonismo a Maia. Esse imbróglio, porém, tem que ser resolvido até que 15 de novembro, porque, terminado o primeiro turno da eleição municipal, com a maioria dos deputados e senadores livres para voltar a atenção ao dia-a-dia do Parlamento, acabará a desculpa oficial das eleições para essa trava nas votações. É o prazo para que os atores tentem buscar uma solução para essa trama cada dia mais intrincada, a fim de ajustar o foco nos problemas do país, que vão muito além da disputa de poder das excelências. Se não o fizerem, 2020, um ano quase perdido, terminará sem qualquer votação que renove as esperanças de dias melhores para 2021, o que significa o pior dos mundos para Bolsonaro. Quando a economia balança muito, é hora da politica ter juízo.

Centrão fica contra a parede para destravar pauta na Câmara

Centrão
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A entrada do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na seara política, com apelos pela desobstrução da pauta, deixou em muitos políticos a desconfiança de que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e parte dos líderes governistas estão falhando na tentativa de buscar um entendimento que faça deslanchar as votações importantes.

Não é papel do presidente do Banco Central trabalhar essas votações. Se entrou, dizem alguns, é porque bateu o desespero. E, se bateu o desespero, é porque a situação é grave.

Da parte dos congressistas, o Centrão agora ficará contra a parede: se mantiver a obstrução, por causa de projetos eleitorais futuros ou simples disputa de poder, terminará responsabilizado por postergar decisões importantes. Há um esforço marcado para 4 de novembro. A hora da verdade está chegando.

Em tempo: dentro da área política do governo, a conversa entre Rodrigo Maia e o presidente do Banco Central foi uma surpresa. As apostas são de que Maia fez uma jogada política para forçar o Centrão a voltar às votações em plenário. O grupo tem se mantido distante para não dar mais protagonismo ao presidente da Casa. A eleição do futuro presidente da Câmara já atropelou o Parlamento.

A ala Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão foi um dos que compartilharam o artigo Memento mori, do ex-porta-voz da Presidência da República general Otávio Rêgo Barros, publicado no Correio Braziliense. Na cúpula do Exército, muitos que receberam a mensagem do vice e o artigo diziam que, finalmente, alguém teve a coragem de falar em público.

A turma de Bolsonaro

Já o presidente Jair Bolsonaro não gostou, mas foi aconselhado a ficar quieto para não gerar mais celeuma em torno do alerta memento mori, feito por Rêgo Barros aos governantes de modo geral. Tem muita gente dizendo que esse silêncio não vai durar.

A ordem é distensionar…

A decisão da Anvisa, de liberar os insumos para produção da CoronaVac no Brasil, e a revogação do decreto que abriria os estudos para parcerias público-privadas na atenção básica à saúde, sem ouvir a pasta da Saúde, vão ajudar a evitar mais polêmicas no governo e centrar no que interessa: levar as reformas adiante.

…e mostrar serviço

O governo vai bater bumbo na aprovação do marco regulatório do saneamento, que já começa a render frutos. Só em Alagoas, já permitiu a concessão do serviço de 13 cidades, por R$ 2 bilhões. A área de comunicação vai esperar apenas juntar mais alguns exemplos para mostrar os avanços no setor.

Curtidas

Quem cala… / Publicamente, o comandante do Exército, Edson Pujol, não moveu um músculo em relação ao artigo do general Otávio Rêgo Barros. Nas internas, porém, gostou.

Ou vai ou racha/ Espera-se para hoje o ingresso do presidente Jair Bolsonaro na campanha de Marcelo Crivella em busca de mais um mandato para governar a cidade do Rio de Janeiro. Nas internas da campanha, há quem diga que, se Bolsonaro não der uma levantada nos índices eleitorais do prefeito, é melhor Crivella começar a limpar as gavetas.

Enquanto isso, nas coxias da campanha de Eduardo Paes…/ A torcida é para Crivella ir ao segundo turno. Afinal, entre Paes e Crivella, muitos consideram mais fácil vencer o atual prefeito.

Apostas/ Ninguém aposta que a pauta do Parlamento será destravada em 4 de novembro. A expectativa é só depois da eleição. E olhe lá.

Com artigo “Memento mori”, general Rego Barros se transforma em porta-voz dos militares

rego barros
Publicado em Política

O recado do general Otávio do Rego Barros, ex-porta-voz do Planalto, foi elogiado nos meios militares e, embora seja lido como um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro, não foi visto com deslealdade. O objetivo, avaliam amigos do general, jamais foi criar celeuma. E sim alertar sobre o perigo de não se dar espaço ao que ele chama de “discordância leal”. É isso que hoje mais incomoda grande parte dos generais e de antigos apoiadores do presidente, que, diante dos novos amigos do Centrão, deixa de lado aqueles que o ajudaram a chegar ao Planalto e apostaram num projeto. “Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal”, escreveu o general no artigo Memento mori, publicado nesta quarta-feira no Correio Braziliense.

Rego Barros, que foi porta-voz da Presidência, mas acabou isolado após um tempo, traduziu no artigo o sentimento que perpassa os militares, de que hoje o presidente confunde discordância leal com oposição e é preciso ter clareza de que nem toda discordância é deslealdade.

O artigo, aliás, fez com que muitos saíssem da “toca”, em solidariedade ao general. Alguns, inclusive que se veem hoje quase que atirados à oposição, embora não tenham essa intenção. “Barbara Tuchman tinha razão: ‘A Marcha da Insensatez’ parece se repetir. Toda a minha solidariedade ao General Rêgo Barros pela atitude. Leitura precisa de um sombrio cenário. O mesmo cenário já repudiado por General Santos Cruz, Sérgio Moro e outros atentos defensores da moralidade”, escreveu em seu Twitter o general Francisco Brito, numa referência aos ex-ministros de Bolsonaro e à historiadora, jornalista e escritora estadunidense, ganhadora de dois prêmios Pulitzer.

O que o general Brito menciona de público corre a caserna nas conversas reservadas. O artigo “Memento mori” vale para todos aqueles que, ao alcançar o coração do poder, terminam deixando de lado os projetos iniciais pactuados e se acham acima do bem e do mal, sem levar em conta que a próxima eleição está logo ali e que é preciso manter firme a conexão com a realidade e não apenas com a bolha de seguidores nas redes sociais.

O artigo de Rego Barros foi escrito logo depois do pito público que o presidente Jair Bolsonaro passou no ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o general que se viu no constrangimento de ter um protocolo de intenções assinado por sua pasta desautorizado pelo presidente da República, num tema tão caro à sociedade como a vacina contra a covid-19. Já estava escrito, vale dizer, quando a revista Época trouxe reportagem de Guilherme Amado, contando os bastidores dos encontros do presidente com advogadas de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, e autoridades da área de inteligência do governo. Portanto, avisam alguns, quem tentar levar para esse lado estará num terreno que o general não pisou.

A lição deixa clara ainda a necessidade de, na falta de alguém que discorde do presidente e lhe alerte sobre determinadas atitudes, o funcionamento de todas as instituições é fundamental. “As demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão, então, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser firmes, não recuar diante de pressões”. No Supremo Tribunal Federal (STF) e na cúpula do Parlamento ficou a sensação de que as críticas às instituições não terão eco na caserna. Até aqui, o Planalto fez “cara de paisagem”. Diz o ditado, quem cala, consente.

Guedes tenta privatizar Saúde após não conseguir entregar em áreas prometidas

Paulo Guedes privatização saúde
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A inclusão da atenção básica de saúde no programa de Parceria Público Privada de investimentos (PPI) foi vista como mais uma derrota para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que ainda se recupera da covid-19.

Porém, não será tão simples levar adiante a ideia de conceder essa parte primordial do atendimento à população, expressa em lei, à iniciativa privada e sem a obrigatoriedade de ouvir o setor.

Seja no Tribunal de Contas da União (TCU), seja nos partidos de oposição, a ideia é obrigar o governo a promover os estudos em parceria com a área da saúde.

Em tempo: a desconfiança de muitos aliados do próprio governo na área da saúde é a de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao não conseguir entregar o leque de privatizações e concessões que prometeu em setores como o de energia, volta-se agora para a saúde, onde acredita será mais fácil buscar essa parceria com congressistas, por causa da bancada ligada aos hospitais privados.

Falta combinar, entretanto, com a parcela que defende o serviço público dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), em especial a atenção básica, que tem hoje uma bancada tão expressiva quanto a da iniciativa privada.

Fumaça & fogo

As últimas 24 horas serviram para que o Centrão tentasse balançar o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Embora não tenha reforma ministerial fechada, o bloco adoraria um cargo de primeiro escalão ainda este ano, antes da eleição para presidente da Câmara. Logo, dezembro promete muita animação nesta seara.

Antes de janeiro, tem a CMO

A Comissão Mista de Orçamento é, hoje, o principal nó entre os partidos na Câmara, e a tensão não caiu um milímetro desde o final de setembro. Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, é acusado de quebrar o acordo para que Elmar Nascimento (DEM-BA) comandasse o colegiado. Lira, por sua vez, tem dito que quem quebrou o acordo foi Elmar, ao se colocar como um dos nomes que pode concorrer à Presidência da Câmara.

Eleição curtíssima

Quem acompanha com lupa o interesse do eleitor pela escolha dos prefeitos tem um veredicto: as campanhas estão condenadas a só chamar a atenção dos brasileiros, de modo geral, depois do feriadão. Até aqui, a maioria dos eleitores está mais preocupada com a própria sobrevivência.

Tensão longa

O mercado começa a ficar indócil com a falta de respostas do governo para a situação econômica, e também ficou cabreiro com o decreto que listou cenários para o futuro, editado esta semana. Falta muito pouco para que parte dessa turma desista de Paulo Guedes.

O balão caiu, mas…/ A ideia de nova Constituição levantada pelo líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), foi tão bombardeada que o governo não vai levar isso adiante. Falta combinar agora com os congressistas a aprovação das reformas. Afinal, sem elas, o tema que gerou tanta confusão voltará à baila.

Questão de escala/ A confusão entre os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, jogou para segundo plano as divergências entre Paulo Guedes e ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. No Planalto, há quem diga que, se for para ter desavença, melhor que o vírus da discórdia fique onde está.

No Twitter, só o chefe/ A reunião ministerial desta semana serviu para deixar algo claro para todos os ministros: quem pode fazer críticas à equipe nas redes sociais é o presidente Jair Bolsonaro. Os demais não terão vez.

Suprapartidário/ O ex-ministro Aldo Rebelo continua sem partido e em plena atividade eleitoral. Ele apoia Márcio França (PSB), em São Paulo, mas, no interior, tem amigos candidatos pelo PP, PSDB e por aí vai. “Estou com os meus amigos”, esclarece.

Governador do Ceará foge de Lula

Ex-presidente Lula recebe vista de Ciro Gomes e do governador do Ceará, Camilo Santana (PT-CE), no hospital Sírio-Libanês,
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

O PT do Ceará bem que tentou uma foto de Lula com o governador Camilo Santana no fim de semana, quando o ex-presidente passou quatro dias no hotel Vila Galé, em lua de mel, intervalada por encontros políticos. O governador, porém, não teve agenda para receber a maior referência petista no fim de semana.

Cara de paisagem

Camilo não quer briga com os Ferreira Gomes, o ex-ministro Ciro e o senador Cid. Lá, o candidato do PDT, José Sarto, já começou a trocar farpas com a petista Luizianne Lins. Lula gravou uma mensagem para o horário eleitoral, e só.

 

Bolsonaro é alertado que brigas de poder é ok, mas com eleitor, não dá

Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A resposta grosseira do presidente Jair Bolsonaro a um cidadão que lhe perguntou sobre o preço do arroz acendeu o alerta na área política do governo. Há quem diga que é preciso fazer com que o chefe do Executivo evite esse tipo de resposta quando for abordado por eleitores em seus passeios futuros, especialmente em período eleitoral.

Muitos se recordam que Ciro Gomes, quando candidato a presidente da República, em 2002, acabou perdendo pontos por causa de rompantes desse tipo.

Em tempo: na eleição passada, Bolsonaro exerceu o papel de opositor, foi vítima de uma facada, o que terminou por, inclusive, manter o capitão fora dos debates. Agora, é presidente, e as cobranças fazem parte do jogo. É melhor já ir se acostumando. Sob pena de perder pontos à frente.

Joga para o escanteio

A defesa que o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), fez de um plebiscito para mudar a Constituição foi vista como a certeza de que o governo não terá maioria para aprovar as reformas administrativa e tributária dos seus sonhos. Hoje, não há consenso nem para uma nem para outra. Para completar, o presidente Jair Bolsonaro não quer saber de desgaste político.

Atestado

Se o governo insistir nessa tese do plebiscito, o próximo ano, que seria dedicado a tentar aprovar essas reformas, será perdido nessa discussão, chancelando a incapacidade do Planalto de construir consensos para novas reformas. A previdenciária, avaliam alguns, só passou porque já era um projeto extremamente debatido no Parlamento.

Royalties em debate

Recuperado da covid-19, o governador em exercício do Rio de Janeiro, Claudio Castro, chega hoje a Brasília com duas propostas. Uma delas, ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, para que adie o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) sobre a distribuição dos royalties do petróleo.

A outra, mais afeita ao Congresso e aos governadores de modo geral, é trabalhar um texto que resolva de forma definitiva essa briga entre estados produtores e não produtores. Se a Adin vingar, o Rio pode perder R$ 57 bilhões em cinco anos.

Salles virou emblema/ A depender do presidente Jair Bolsonaro, Ricardo Salles não deixará o governo. Alguns aliados consideram que o presidente já cedeu demais ao Centrão e também aos militares, que hoje dominam o Planalto. Só sai se a Justiça determinar, em julgamento previsto para esta terça-feira.

Falha técnica/ O deputado Ricardo Barros derrapou nos trâmites legislativos ao dizer, no evento Um Dia pela Democracia, da ABDConst, que o ex-presidente José Sarney sancionou a Constituição de 1988. Sarney, realmente, disse que o texto tornaria o país ingovernável, mas a Carta foi promulgada pelo Congresso, sob o comando do deputado Ulysses Guimarães.

Em tempo de eventos virtuais…/ O ex-presidente da Câmara e ex-ministro Aldo Rebelo escapou de um constrangimento, ontem pela manhã, durante palestra na 20ª Conferência Internacional Datagro. O painel dele terminou e seu microfone continuou aberto na sessão seguinte, enquanto o ministro atendia uma ligação. Acostumado a responder perguntas com um “E é?”, ou “E foi?”, Aldo passou no teste.

Data prevista/ O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, prometeu aos senadores instalar a Comissão de Orçamento em 4 de novembro. Se não tiver acordo, vai no voto.

Livro & educação/ Especialista em direito educacional, José Roberto Covac lança, hoje, o livro A educação como vocação e o direito como expressão, em que relata, na primeira pessoa, a trajetória do ensino superior e do Direito Educacional no Brasil nas últimas três décadas. O lançamento será no 22º Fórum Nacional de Ensino Superior Particular Brasileiro (FNESP), no painel “café temático”, na sala regulação e avaliação, às 11h, no site, www.semesp.org.br.

Cura ou vacina?/ O que vier primeiro está valendo.

De olho em vaga no Supremo, ministros do STJ colocam Bíblia na mesa e falam em Deus e Jesus

Supremo
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

No caso de o Ministério da Saúde se recusar a liberar o registro da CoronaVac, as ações judiciais têm como ponto de partido o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde alguns ministros passaram a despachar com a Bíblia sobre a mesa.

Terrivelmente evangélicos

No STJ, atualmente tem sido comum ouvir “Deus lhe abençoe” e “Jesus te ama”. Vêm especialmente daqueles que sonham com a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021.

Salles não é o único do primeiro escalão insatisfeito com Ramos

General Luiz Eduardo Ramos
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

O desconforto com o ministro da Secretaria de Governo (Segov), Luiz Eduardo Ramos, não é exclusividade de Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Outros integrantes do primeiro escalão têm reclamado que Ramos atende demais aos partidos, com verbas e cargos.

Muito além de Eduardo Ramos

Esses ministros consideram que o atendimento às demandas políticas foi o incentivo para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atacasse Ricardo Salles em seu Twitter e defendesse Ramos. Afinal, segundo pessoas próximas a Maia, para o DEM é muito mais importante a permanência de Ramos, que atende todos, do que um que possa pender a balança para a ala bolsonarista de raiz do governo ou algum partido do Centrão.