Autor: Denise Rothenburg
Desgaste de Weintraub no ministério pode abrir vaga para Izalci
Enquanto o ministro da Educação, Abraham Weintraub, segue sob fogo cruzado, crescem as apostas para que o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) assuma a pasta, abrindo assim uma vaga no Senado para o segundo vice-presidente do Aliança pelo Brasil, Luís Felipe Belmonte. Primeiro suplente de Izalci, Belmonte tem se dedicado, dia e noite, à consolidação do novo partido de Bolsonaro. No Aliança, há quem diga que dar visibilidade à legenda na Casa seria uma forma de ampliar o poder de atração.
Em tempo: se Bolsonaro decidir mesmo afastar Weintraub, será mais uma na conta do ministro da Casa Civil. Afinal, Weintraub saiu da equipe de Onyx para resolver o imbróglio da Educação e, até aqui, juntou críticas. Weintraub, entretanto, ainda tem um grupo fiel, que o defende nas redes sociais. Lorenzoni não tem as redes nem o seu partido. O DEM não foi responsável pela indicação do ministro e não vai mover um dedo para tirá-lo dessa crise.
O que interessa
Ao receber o PPI — programa de parcerias de investimentos que estava na Casa Civil —, caberá ao ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentar resultados na criação de empregos. Há um consenso na área política do governo de que esse é o principal desafio a ser vencido.
Irritou
O presidente ficou irado com o fato de Rodrigo Maia pedir a cabeça do ministro da Educação. Embora a cessão de uma vaga no Senado para Belmonte seja um bom motivo para colocar Izalci no ministério, Bolsonaro não quer passar a ideia de que atendeu a um pedido do presidente da Câmara.
E as comissões, hein?
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ampliou as conversas para fechar o comando das comissões técnicas da Casa ainda em fevereiro. Ele não quer repetir 2019, quando as comissões ficaram mais de dois meses sem funcionar.
Vitrine internacional
O PT pretende pegar, desta vez, a Comissão de Relações Exteriores, que, até agora, estava nas mãos do deputado Eduardo Bolsonaro. Aliás, por causa do cargo, ele acompanhou o presidente em quase todas as viagens internacionais no ano passado. Agora, vai ficar mais difícil continuar nas comitivas. Há quem aposte que o 03 quer focar, este ano, também em segurança pública. Afinal, ele é policial.
O embaixador I/ O deputado Eduardo Bolsonaro, do PSL-RJ, largou o projeto de ocupar a Embaixada do Brasil em Washington, mas não seus contatos nos Estados Unidos. Ele passará o carnaval na Virgínia, com o escritor Olavo de Carvalho, e vai aproveitar a visita para fazer um giro semelhante ao que fez um grupo de deputados do Partido Novo.
O embaixador II/ Não está descartada uma passada para ver o presidente Donald Trump. A torcida do governo é de que, nesse retorno do parlamento, o embaixador Nestor Forster seja logo aprovado pelo Senado, a fim de chegar ao carnaval com essa pendência resolvida.
Bons exemplos/ Só dois senadores passaram 2019 sem faltas nas sessões deliberativas da Casa: Reguffe (DF) e Eduardo Girão (CE), ambos do Podemos. O levantamento foi feito pelo site Congresso em Foco.
Doenças raras/ Ao completar seu primeiro ano de funcionamento, a Federação Brasileira das Associações de Doenças Raras prepara uma série de eventos para marcar este 29 de fevereiro, Dia Internacional das Doenças Raras.
A ordem é chamar a atenção para os 13 milhões de casos no Brasil.
Comissão de Ética Pública vai condenar Weintraub em mais dois processos
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, deixará em breve de ser uma espécie de “réu primário” na Comissão de Ética Pública, o que abrirá caminho para que os conselheiros peçam inclusive seu afastamento do cargo. Estão no forno pareceres contrários ao ministro no caso em que ele xingou a mãe de um internauta de “égua sarnenta”, em novembro do ano passado. E também vem por aí outro, relacionado ao fato de ter chamado o presidente francês, Emmanuel Macron, de “calhorda e cretino”.
Esses processo vão se somar àquele em que o ministro xingou dois ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff como “drogas”. Pelo menos parte dos conselheiros já fizeram chegar a outras autoridades que Weintraub não tem postura para permanecer no cargo de ministro da Educação. Se a Comissão pedir mesmo o afastamento do ministro, Bolsonaro, dizem alguns, não terá meios de segurar Weintraub no cargo, ainda que não queira parecer que segue o conselho de Rodrigo Maia. Maia não esconde mais as críticas ao ministro da Educação, ao ponto de dizer que Weintraub atrapalha o país.
Coluna Brasília-DF
Em suas rodas de conversa, delegados da Polícia Federal citam a meteórica passagem de Fernando Segóvia pelo cargo de diretor-geral como o exemplo do que acontece com quem assume esse posto com a missão de agradar o presidente da República. Escolhido pelo presidente Michel Temer por indicação do MDB enroscado na Lava-Jato, Segóvia ficou apenas três meses no cargo e saiu sob suspeita de tentar favorecer o chefe do Executivo, ao dizer que a tendência era o arquivamento do inquérito contra o emedebista.
Na cerimônia de posse, Segóvia chegou, inclusive, a pôr em dúvida como prova de corrupção a mala de R$ 500 mil que Rodrigo Rocha Loures carregou por ruas de São Paulo. Segóvia ficou 99 dias na função. Uma troca de comando na PF por alguém da confiança do presidente da República que mover uma palha para inferir em investigações, a fim de tirar os aliados ou parentes presidenciais de alguma irregularidade, termina denunciado pelos próprios colegas delegados, e o exemplo de Segóvia mostra que a tendência é vida curta no cargo.
O novo Davi
Apontado por alguns como “governista demais”, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, prepara um discurso de abertura do processo legislativo voltado para a defesa da democracia e do papel do Congresso de fiel da balança e promotor do diálogo para o bom funcionamento das instituições do país. Ou seja, vai frisar a independência do Legislativo, de forma a não deixar dúvidas sobre a qual instituição ele pertence.
Justiça seja feita
A fala de Davi não representará um recado ao Planalto e, sim, aos próprios colegas. Afinal, até aqui, todo mundo sabe que o presidente Jair Bolsonaro não tentou nem conseguiu tutelar o Congresso. Tanto é que existe uma disputa velada pela paternidade da reforma previdenciária.
Estações separadas
Nas reuniões que manteve ao longo do recesso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tratou de alinhavar um acordo de procedimentos para fazer caminhar a reforma tributária na Casa. Um deles é manter em campos separados as reformas administrativa e tributária. Ainda que o governo mande as duas juntas e peça celeridade em tudo, não vai rolar.
Tá ok, mas…
… a novela do BNDES e sua auditoria milionária não terminou com a entrevista do presidente do banco, Gustavo Montezano, para dizer que não há irregularidades ali. No próprio Palácio do Planalto, há confiança no jovem presidente do BNDES, mas há quem prefira aguardar a manifestação dos tarimbados técnicos do Tribunal de Contas da União.
Aula liberal/ Deputados do partido Novo aproveitaram o recesso para um giro pelas instituições que ajudam a embasar o pensamento liberal norte-americano em Washington, como o Heritage Foundation. Estiveram ainda no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Torcida liberal/ Em meio às conversas, os deputados Marcel Van Hatten, Vinícius Poit e Alexis Fonteyne captaram o otimismo dos norte-americanos pela continuidade do processo de reformas no Brasil e também da permanência do presidente Donald Trump no comando dos Estados Unidos.
“Perdi um amigo”/ Abalado com a morte de Antônio Martins, ex-presidente da Radiobrás durante seu governo, o ex-presidente José Sarney era uma das poucas pessoas a quem Martins visitava antes de a doença (esclerose lateral amiotrófica) lhe prender no hospital. “Ele me visitava todos os sábados. Mantivemos uma amizade muito estreita. Ele marcou a história do jornalismo, com programas políticos inovadores e informações precisas”, disse Sarney à coluna.
Medo de povo, eu?!!!/ A propósito da nota publicada, ontem, sobre a limitação de vagas e o segredo em torno da assinatura do contrato no Porto de Santos, o Ministério da Infraestrutura e a Santos Por Authority esclarecem que “a visita do ministro Tarcísio de Freitas foi amplamente divulgada e tornada pública por meio de sua agenda oficial, seguindo os protocolos oficiais”.
“A SPA desconhece áudios enviados às associações e esclarece, ainda, que a limitação de representantes por associação se deu por causa do espaço disponível, visto que havia uma coletiva convocada para o local após a assinatura do contrato com a Hidrovias do Brasil”, diz a nota. Pelo menos em Santos, a agenda só chegou ao conhecimento do público ontem pela manhã, e as associações de empresários garantem que houve pedido de sigilo, a fim de evitar manifestações.
BNDES: Bolsonaro dá a entender que cabeças vão rolar após mega-auditoria
Coluna Brasília-DF
O comentário do presidente Jair Bolsonaro — “alguém quis raspar o tacho” — a respeito da mega-auditoria, de R$ 48 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não vai ficar por isso mesmo. Para auxiliares, ele foi além e adiantou que quer uma lupa sobre a contratação dessa auditoria. A aposta de alguns no governo é a de que cabeças vão rolar, da mesma forma que não ficou esquecido o voo do ministro interino da Casa Civil, José Vicente Santini, da Suíça à Índia, nas asas da FAB.
Reforma só depois de novembro
Podem balançar seus ministros à vontade. Até o fim das eleições municipais, o presidente não pretende mexer na equipe, a não ser, obviamente, se ele considerar que algum ministro cometeu irregularidade.
Razões
É que, a partir de novembro, o governo considera que “vira a ampulheta”, ou seja, é preciso organizar a equipe para dar mais impulso e visibilidade aos programas que o presidente vai querer apresentar na eleição seguinte como sua marca. Há um consenso de que só acesso às armas e a reforma da Previdência não dão.
Nem vem
Há também quem queira que o presidente aguarde a eleição do novo comando do Congresso, em fevereiro, para mexer na equipe. Bolsonaro não quer saber de misturar as duas estações. Esse estilo era dos governos passados.
Por falar em governos passados…
Quem levou o novo presidente do INSS, Leonardo Rolim, para a Previdência foi o ex-ministro e ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (MDB). Garibaldi foi ministro no governo Dilma Rousseff.
E o PT, hein?
Sem ter bala na agulha para evitar a prévia que escolherá o nome petista para disputar a Prefeitura de São Paulo, Lula pediu aos pré-candidatos que façam uma campanha de olho na unidade do partido. No caso de Recife, a ordem é esperar abril e ganhar tempo para ver se dá para unir o PT em torno de Marília Arraes — e avaliar que reflexo a briga da família Campos terá sobre o processo eleitoral. Mantida a disputa familiar, a ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, não fará campanha para o neto, o deputado João Campos, candidato pelo PSB.
Paternidade
O governo quer colocar a sua marca na reforma tributária. Só tem um probleminha: se sair a reforma, o Congresso é quem pretende ficar com os louros. Afinal, os parlamentares já começaram a discutir o tema, e o governo ainda enviará a sua proposta. Em tempo: desde que seja positiva para a população, o brasileiro está pouco se lixando para quem será o pai dessa “criança velha”.
Medo do povo…/ O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, vai hoje, às 12h30, à Companhia Docas de São Paulo (Codesp) assinar o contrato STS-20, de arrendamento do terminal do Porto de Santos. Até aí, nada demais. O problema foi a mensagem de áudio enviada pela Codesp aos interessados. As associações só podem enviar, cada uma, um representante.
… e das cobranças/ Esse representante deve ser ainda simpático ao governo. A Codesp pede que a “visita” do ministro seja mantida sob sigilo para não atrair populares. O evento não constava nem na agenda do ministro, nem do secretário de Portos, Diogo Piloni.
Marketing às avessas/ O contrato prevê investimentos de R$ 219 milhões. A outorga foi feita por R$ 112 milhões à vencedora do leilão, a Hidrovias do Brasil Holding Norte AS. Os políticos não gostaram de tanto mistério em torno dessa assinatura de contrato. Era hora de o governo bater bumbo sobre suas realizações e não escondê-las.
#fica a dica/ Conforme bem lembrou o prefeito de Salvador, ACM Neto, em entrevista ao Correio, quem não pode sair na rua, melhor sair da vida pública.
Antônio Martins/ Lá se vai mais um grande profissional do jornalismo, Antônio Martins. Ele trabalhou no jornal O Globo, presidiu a antiga Radiobrás, hoje EBC. O velório será das 11h às 15h, no Cemitério Campo da Esperança.
Coluna Brasília-DF
Depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer que é zero a possibilidade de separar Justiça e Segurança Pública em dois ministérios, aliados do ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) citam o Ministério da Integração como um novo abrigo para acomodar o demista.
Só tem um problema
As recentes declarações do ex-deputado batendo no ministro Sérgio Moro não foram bem recebidas. Há quem diga que é muito ruim levar para o primeiro escalão alguém que criticou abertamente um “colega” de ministério. Bolsonaro já disse diversas vezes que não quer seus ministros brigando nem batendo boca nos jornais. Diante dos ataques de Fraga a Moro, o ex-deputado ficará mais um tempo na reserva.
Coluna Brasília-DF
Os tropeços do governo em relação às provas do Enem e às inscrições do Sisu podem até ser resolvidos, mas, ainda assim, não vão tirar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, do bombardeio dos partidos mais à esquerda, em especial PT e PSol. A ideia dos petistas, por exemplo, é aproveitar essa confusão para expor as fragilidades do setor, que ainda não apresentou resultados fortes.
Pretende mostrar que a área vai mal e que o ministro tem se preocupado mais em bater boca nas redes sociais do que gerir a sua pasta. Os oposicionistas já escolheram, inclusive, a Comissão de Educação da Câmara como palco para o duelo. A esquerda vai tentar arrematar o comando desse colegiado na distribuição das comissões técnicas da Casa, a partir da semana que vem.
Uma coisa e outra coisa
A ideia do governo de unir as reformas tributária e administrativa não vai vingar. Os congressistas não farão nada que possa comprometer a imagem dos partidos na eleição municipal. O que vai prevalecer é a tributária.
Foca no balneário
A prefeitura do Rio de Janeiro é vista como uma das poucas que o PSol deve arrematar. Por isso, a ordem é dedicar todo o esforço do partido à eleição de Marcelo Freixo.
Ocupa 02/ Cresce a preocupação de personalidades do governo com o fato de o vereador Carlos Bolsonaro desistir de disputar a reeleição. É que, se com mandato, ele, de vez em quando, dava problema, imagina sem serviço.
Só restará um/ Lula vai sentir hoje o pulso dos pré-candidatos do partido a prefeito de São Paulo. São seis, e a aposta é de que alguns estão apenas dando um jeito de ampliar a exposição. Como o dinheiro está curto, não vai dar para fazer muita marola.
Briga de família e de partido/ Já foi avisado ao senador Humberto Costa (PT-PE) que ele se prepare para ajudar a campanha de Marília Arraes à Prefeitura de Recife. Aliás, quem acompanha o ex-presidente garante que Lula dirá isso hoje ao seu ex-ministro.
E o Witzel, hein?/ Depois da gravação da conversa com o presidente em exercício, Hamilton Mourão, é consenso entre os políticos que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, não passará de sonho de uma noite de verão na política. Vale registrar pra cobrar depois.
Coluna Brasília-DF
A Câmara vai começar 2020 escanteando o grupo mais ligado ao presidente Jair Bolsonaro, leia-se a deputada Bia Kicis (PSL-DF), da presidência da comissão mais importante da Casa. O PSL havia fechado um acordo para que ela comandasse a Comissão de Constituição e Justiça, no sistema de rodízio. O entendimento dos demais partidos do bloco que definiu a distribuição das comissões em 2019 é o de que o acordo para o rodízio é de partidos e não de pessoas dentro da mesma bancada.
Comeu mosca
O PSL, tão envolto nas brigas internas e com líderes recém-chegados às manhas de linguagem do poder, não perguntou à época aos demais partidos que tipo de rodízio era. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem dito inclusive que o PSL só ficou com a CCJ no primeiro ano, por causa do acordo de revezamento entre as legendas. Agora, terá que se contentar com um espaço menor. Em política é assim: Quem entende e pode mais chora menos.
Causa perdida
Bia Kicis ainda vai tentar disputar pelo PSL levantando a bandeira do presidente Jair Bolsonaro. Porém, com as outras legendas fechadas no acordo do bloco, a chance de sucesso é zero. Nesse rodízio, há quem diga que restará ao PSL uma fatia de “pão de alho”. E fria.
Ao dizer hoje cedo que a chance e recriação do Ministério da Segurança Pública é “zero” nesse momento, o presidente Jair Bolsonaro deixa claro que não quer ver o ministro da Justiça, Sérgio Moro, fora do governo. E ao completar que, em politica, as coisas mudam, acrescente que, no futuro, tudo pode ser diferente. Assim, aos poucos, Bolsonaro vai testando a capacidade de o ministro “engolir sapos”. Até aqui, Moro já engoliu vários constrangimentos.
O primeiro foi a ordem para revogar a nomeação e Ilona Szabó para o conselho de Politicas Criminais. Depois, o país ouviu o presidente dizer que, ao fecho a nomeação de Moro para a Justiça, havia acertado no pacote a ida do ministro para o Supremo Tribunal Federal, passando a ideia de que Moro no Poder Executivo era apenas um “pit stop” até que a vaga para o STF estivesse aberta (será aberta em novembro deste ano, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello).
Moro não gostou desses dois primeiros “sapos”. Ele foi para o governo com a promessa de junção das duas pastas, Justiça e Segurança. Anunciou inclusive que sua missão era usar essas duas áreas para tentar sufocar o crime organizado no país. O presidente, por sua vez, que faria essa união, ao fechar a ida do ex-juiz para a sua equipe em novembro de 2018. Naquele dia, estávamos nós, jornalistas, na porta do condomínio do então presidente eleito, esperando a saída de Moro, que confirmou o convite.
O próprio Bolsonaro, em entrevista naquele dia às emissoras católicas, confirmou a união das pastas como uma das condições para que Moro aceitasse o cargo. Por isso, aliados do presidente ontem ficaram constrangidos quando o capitão declarou há dois dias que Moro foi para o governo sem que houvesse a promessa de junção das duas pastas. Essa promessa houve e foi revelada pelo próprio presidente à época.
Fraga na reserva
As pressões para recriação a pasta vão além dos secretário de Segurança Publica e Bolsonaro resiste. Aliás, auxiliares de Bolsonaro frisam que as imagens do encontro no Planalto com os secretários de Segurança Pública deixam claro algum desconforto do presidente ao dizer que estudaria a criação do ministério da Segurança. Em conversas reservadas, os assessores disseram inclusive que Bolsonaro deu uma declaração protocolar, para não deixar que os secretários saíssem dali com as mãos abanando. Porém, como cada declaração presidencial equivale a um tiro de canhão, o estrago estava feito.
O ex-deputado Alberto Fraga, que conversa com o presidente quase todos os dias, procurado por jornalistas, foi direto ao dizer que “Moro não foi o responsável pela redução dos homicídios no Brasil”. Fraga, que é policial, atribui os números ao trabalho conjunto de policiais militares, civis e bombeiros. Ele é considerado o nome mais próximo de Bolsonaro para assumir a Segurança Publica. E, justiça seja feita, Fraga também destacou que Bolsonaro não havia dito que iria recriar a pasta.
Hoje, o presidente deixou isso mais claro: Não vai recriar o Ministério. A população, por sua vez, já sabe, pelo menos, um dos limites de Moro, que ainda é o ministro mais popular do governo. Por enquanto, o presidente escolheu ficar com Moro e, consequentemente, um Ministério da Justiça mais encorpado. E, assim, termina mais um capítulo da guerra fria entre o presidente e seu ministro mais popular. Segue o baile.
Para secretários estaduais, redução de crimes não foi obra única de Moro
Coluna Brasília-DF
O presidente vai deixar “decantar” a pressão dos secretários de Segurança para a criação do Ministério da Segurança Pública. Embora diga que está estudando o tema, a mudança ainda não está selada. A grita política dos secretários, no momento, é frisar que a redução das taxas de homicídio do país não foi obra única e exclusivamente do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Eles querem colocar a própria digital nesses números.
Segura isso aí
Para Bolsonaro, o discurso também vem a calhar. Afinal, Moro até aqui isolou os líderes do crime organizado em presídios federais de segurança máxima e liberou os recursos dos fundos desse setor por decisão judicial. Quem reduziu os crimes, avaliam vários especialistas dessa área, foi o trabalho conjunto das polícias Militar, Civil e Bombeiros. Ou seja, as forças de segurança estaduais e municipais que não estão sob o guarda-chuva de Moro.
Quem pisca primeiro
Bolsonaro, com essa cobrança dos secretários, tem agora a faca na mão para fatiar o ministério de Moro e, de quebra, nomear mais um aliado da sua confiança para o governo. Na fila, está o ex-deputado Alberto Fraga, um curinga que ainda não conseguiu uma colocação, e é hoje fiel escudeiro do presidente. Fraga no comando da Polícia Federal é a certeza de que o presidente terá um ministro que, esse sim, estará com ele “de corpo e alma”. Mais do que Regina Duarte.
Situação jurídica de Fraga deve ser decidida em fevereiro
Os políticos que não desejam apoiar a reeleição de Bolsonaro começam a vislumbrar uma janela para tentar reduzir o favoritismo que o presidente apresenta nas pesquisas: não aliviar para cima do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) e as “rachadinhas”. Especialmente, aqueles servidores que o atual senador dividiu com o pai.
Carnaval salgado
Aqueles que costumam alugar seus apartamentos, para o carnaval de Salvador, praticamente dobraram os preços em relação ao ano passado. De R$ 6 mil, R$ 7 mil, saltou para R$ 12 mil.
O centro e o estádio
O megacentro de convenções de Salvador custou R$ 130 milhões e tem tudo para levar investimento e divisas aos baianos. Já o estádio Mané Garrincha do DF…
O grande vitorioso
Ok, muitos querem a vaga de Bolsonaro. Mas ninguém da ala de centro-direita da política encontrou o ponto certo para fazer frente ao projeto econômico do governo. Guedes é elogiado por todos, de público e nos bastidores, e aplaudido de pé em Davos.
DEM na fita/ O presidente do Democratas, ACM Neto (foto), inaugurou o Centro de Convenções de Salvador com uma festa para duas mil pessoas. Rui Costa, que criticou a localização do complexo à beira-mar, promete fazer outro, distante da praia.
Agora não precisa mais/ O governador promete o novo centro de convenções desde 2016. A cidade já perdeu quase R$ 1 bilhão por deixar de realizar feiras e seminários internacionais. Resta aos petistas agora, diz Neto, atrair eventos para o centro recém-inaugurado, onde figura um busto do ex-senador e ex-governador Antônio Carlos Magalhães.
Foi dada a Largada/ A inauguração do Centro marcou o fim da convivência pacífica entre o prefeito da capital e o governador da Bahia. Com a eleição municipal logo ali, a cidade virou ponto de honra. ACM Neto quer fazer o sucessor e Rui Costa quer conquistar o território.
Que briguem/ Os soteropolitanos nunca foram tão felizes. É que, diante da disputa entre o prefeito e o governador para ver quem faz mais obras, quem ganha é Salvador e sua população.
Planalto e quartel-general do PT comemoram resultado de pesquisa eleitoral
Coluna Brasília-DF
A pesquisa CNT/MDA, que colocou o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula em lugar de destaque no quesito intenção de voto, foi comemorada no Planalto e no quartel-general do PT. Nos dois casos, há um consenso: enquanto o eleitor da esquerda der preferência aos petistas e o conservador, a Bolsonaro, o segundo turno está garantido para os extremos. Pior para o centro, que terá de se organizar melhor, a fim de não entregar tudo de bandeja aos dois personagens que hoje dominam a cena.
Nas hostes bolsonaristas, há a certeza de que hoje ninguém tira a reeleição do chefe. Porém, três anos é quase uma vida. Como lembrou a coluna há dois dias, até lá, Bolsonaro vai tratar de não dar fôlego aos adversários. O mesmo fará Lula. No caso do presidente, a ordem é tirar ar do ministro Sérgio Moro, a quem considera seu principal adversário interno. No caso de Lula, é não dar chance para crescimento do PDT ou do PSB. O PCdoB e o PSol, Lula nunca os tratou como “gente grande”, nem tratará agora.
Ajuda tucana
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está disposto a dar prioridade à reforma tributária, porém, se for ouvir seus aliados, verá que o apoio para colocar a reforma administrativa na frente ultrapassa as fronteiras do Ministério da Economia. Há no PSDB quem comece a pender no sentido de colocar as mudanças na área pública na frente da reforma dos tributos.
“Fazer a reforma tributária antes da administrativa é uma falta de visão do Brasil. É trocar o ralo. A administrativa é a mais urgente”
Nelson Marquezan Júnior (PSDB), prefeito de Porto Alegre
A prova do apoio
Todas as propostas do governo que não passarem pelo crivo dos partidos de centro estão fadadas ao fracasso. Já foi assim com a carteirinha de estudante, será assim com o DPVAT. Quando o Congresso voltar à ativa, os líderes vão tratar desse tema para tentar colocar um ponto nessa celeuma de restituição do seguro obrigatório.
E o juiz, hein?
A decisão de Luiz Fux de suspender indefinidamente o juiz das garantias colocou tudo no ponto que a turma da Lava-Jato queria, ou seja, deixa o tempo passar para ver como é que fica.
CURTIDAS
A volta de Carluxo I/ O vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, voltou a tuitar enlouquecidamente sobre temas nacionais. Quase nada sobre o Rio de Janeiro. Ontem, por exemplo, fez coro com uma expressão de baixo calão “teu **” e travou uma guerra contra o deputado Julian Lemos (PSL-PB). Ao ponto de o parlamentar dizer: “Me esqueça, seu psicopata”.
A volta de Carluxo II/ Em se tratando do filho de um presidente da República que sonha em um Brasil mais educado, seria interessante os rebentos darem o exemplo e tratarem de modificar o vocabulário. #ficaadica.
Atitude & discurso/ Para se diferenciar de Luciano Huck em Davos, o governador de São Paulo, João Doria, não ficou apenas na falação. A agenda dele esteve até aqui repleta de encontros e anúncios de novos investimentos. Huck, que não tem um cargo público que lhe permita um desfile desse porte, disse, em suas redes sociais, que está na fase da vida em que deseja “aprender”. Faz bem.
A política passa pela Bahia/ O prefeito de Salvador, ACM Neto, que também é presidente do DEM, inaugura hoje o Centro de Convenções da cidade com a presença de todos os pesos-pesados de seu partido. Será uma festa para mostrar o prestígio dele no Democratas e no cenário nacional. Seja na ala mais conservadora, seja no PT, a Bahia mantém sua importância no desenho da política nacional.