Bolsonaro tenta isolar Dória

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O lançamento do Plano Nacional de Vacinação contra covid-19 do Ministério da Saúde era para ser apenas um evento técnico. O presidente Jair Bolsonaro fez questão de transferir o lançamento para o Planalto, chamando governadores e parlamentares. O de São Paulo, João Dória, que faz aniversário hoje, não compareceu. Paralelamente, o governador paulista negocia com vários governadores a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantã.

Na seara politica, Dória tem nadado de braçada no tema vacinas. Especialmente, depois da noticia de que a principal aposta do governo federal, a vacina de Oxford, da AstraZeneca, vai atrasar. O governo também dá todos os sinais de que não deixará Dória cumprir a data de 25 de janeiro para começar a vacinação em São Paulo.”Só será concreto, e a partir daí, temos a obrigação de cumprir prazos, quando tivermos registrada a vacina”, diz o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao comentar que esse registro não será feito da noite para o dia. “AstraZeneca, temos transferência de tecnologia. Com Butantã, sinalizamos a compra. Pela lei, só posso efetivar o pagamento do que for registrado. Nunca deixamos de trabalhar com o Butantã, continuamos lidando tecnicamente com o instituto”, diz o ministro.

nas internas, os parlamentares informam que o script está posto: O governo fará tudo o que puder para deixar João Dória na posição ter que explicar por que não cumprirá o cronograma. Obviamente, ele jogará a responsabilidade para o Ministério da Saude. Essa guerra política vai adentrar 2021, avisam os políticos mais atentos à disputa de 2022, que já pauta movimentos dos principais atores em todas as áreas. Infelizmente, até nas vacinas.

Relator vai consultar líderes sobre termo de responsabilidade para vacina

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O presidente Jair Bolsonaro conversou com deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), relator do plano global de imunização contra covid-19, o consórcio da Covas, em tramitação no Congresso, sobre a inclusão do termo de responsabilidade para quem quiser tomar a vacina. Geninho ouviu do presidente que a preocupação do governo é com possíveis ações judiciais que possam comprometer as contas púbicas mais à frente. A Pfizer, por exemplo, em seu pré-contrato de fornecimento da vacina, quer que os países compradores assinem um termo de responsabilidade. Outros não têm essa cláusula. Geninho vai ouvir os líderes, antes de apresentar seu relatório e a tendência é que isso fique fora do relatório. Zuliani estuda o assunto há meses. Visitou a Fiocruz, o Butantã e outros laboratório e não vai tirar mais polêmica sobre o tema.

Ao liberar R$ 20 bilhões para as vacinas, Bolsonaro espera sair da discussão política sobre o tema

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Ao governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, o presidente Jair Bolsonaro assegurou que sai ainda hoje a medida que destinará R$ 20 bilhões para compra de vacinas contra Covid-19, “e para todas, desde que autorizadas pela Anvisa”. Assim, o discurso presidencial está pronto: “Eu liberei os recursos, fiz a minha parte, agora os técnicos que resolvam”. Quanto às áreas técnicas, entretanto, a história é outra. Não por acaso, hoje o governador de São Paulo, João Dória, disse inclusive que não será possível os servidores da Anvisa fecharem tudo na agência e partirem para um recesso de fim de ano, com a população esperando a vacina.

Bolsonaro considera que, ao liberar os recursos, vai sair dessa discussão, deixando que Dória faça a guerra politica com os técnicos. Afinal, o presidente sempre poderá dizer que essa área de eficácia das vacinas não é a sua e, portanto, ele não pode dar opinião sobre a vacina A ou B.

Essa postura, porém, não significa que Bolsonaro deixará de polemizar com João Dória. Na avaliação dos mais assíduos frequentadores do Planalto, Dória é hoje o pré-candidato a presidente da República com uma visibilidade tão grande quanto a do presidente Jair Bolsonaro e, justiça seja feita, está com o discurso de que trabalhou muito em busca da vacina, algo que Bolsonaro ainda não levou para o seu portfólio rumo a 2022. Agora, com a liberação dos recursos, acredita ter encontrado um discurso. O jogo da reeleição ainda está longe, mas estão todos em construção de ativos para o futuro.