A masturbação mútua é a chave para uma vida sexual feliz, afirmam especialistas

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O segredo para uma vida sexual feliz? Masturbação mútua. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Universidade de Southampton, no Reino Unido e publicada em 22 de julho na revista científica International Journal of Sexual Health.

Os pesquisadores alegaram que a visão antiquada de que as pessoas se masturbam devido à insatisfação com seus parceiros precisa ser repensada. O estudo descobriu que a masturbação mútua pode ser a chave para uma elevada “satisfação sexual” tanto para homens como para mulheres.

A masturbação mútua ocorre quando duas pessoas simulam os órgãos genitais uma da outra ao mesmo tempo, para obter prazer sexual.

Os pesquisadores entrevistaram 117 mulheres e 151 homens — com idades entre 18 e 65 anos — que tinham parceiros sexuais. Mais de 50% (136) disseram ter praticado masturbação mútua nas duas semanas anteriores.

Eles descobriram que as pessoas que praticavam a masturbação mútua ficaram mais satisfeitas na cama do que aquelas que não se masturbavam com o parceiro há mais de duas semanas.

A pesquisa apontou, também, que as mulheres que não praticaram atos sexuais nessas duas semanas relataram estar menos satisfeitas na cama do que os homens. Os participantes avaliaram o quão satisfeitos sexualmente estavam, pontuando diferentes perguntas sobre suas emoções em relação ao ato.

A pontuação mais alta possível para emoções positivas relacionadas à satisfação sexual foi 60 — a média para todos os participantes foi 45,45. Aqueles que se masturbavam mutuamente tinham uma probabilidade “significativamente” maior de obter pontuações mais altas nesta escala.

Para a especialista em psicologia e pesquisadora principal, Dilan Kılıç, “as descobertas atuais sugerem que a masturbação mútua é comum entre casais e muitas pessoas relatam sentimentos positivos sobre o comportamento.”

“Envolver-se na masturbação mútua pode aumentar o repertório sexual dos casais e aumentar a satisfação sexual”, completa Dilan.

Os pesquisadores afirmam que essas descobertas podem ajudar a desmascarar mitos sobre o prazer próprio nos relacionamentos e ajudar as pessoas a compreenderem o seu próprio prazer sexual e o do parceiro.

No entanto, acrescentaram que os resultados também podem indicar que as pessoas que estão mais satisfeitas sexualmente na vida têm maior probabilidade de se envolverem em masturbação mútua.

“A direção causal das associações não pode ser determinada e, como tal, a experiência de masturbação mútua pode aumentar a satisfação sexual ou as pessoas sexualmente satisfeitas podem ter maior probabilidade de se envolverem em masturbação mútua, ou ambas”, diz o estudo.

Os autores também destacaram que os participantes não eram muito diversos, o que significa que os resultados podem não ser os mesmos em outros grupos.

Eles explicaram que a amostra consistia principalmente de indivíduos brancos, com alto nível de escolaridade e predominantemente jovens que relataram baixa frequência a cerimônias religiosas.

Os participantes também foram solicitados a avaliar 23 diferentes emoções, avaliando como se sentiam em relação à masturbação mútua em uma escala de cinco pontos, de ‘nada’ (um ponto) a ‘muito fortemente’ (cinco pontos).

Houve um total de oito emoções felizes, o que significa que a subescala positiva variou de 0 a 40. E houve 15 emoções infelizes, o que significa que a subescala negativa variou de 0 a 75. Pontuações mais altas indicam maior intensidade de sentimentos.

Quando questionados sobre como se sentiam em relação à masturbação mútua, um número esmagador de pessoas disse ter sentimentos positivos sobre o ato. As emoções positivas em relação ao ato sexual tiveram uma pontuação média de 29,58 em 40.

Este valor é alto em comparação com a escala de emoções negativas, que obteve apenas 24,41 em 75 pontos.

“Em geral, as emoções negativas não foram endossadas por muitas pessoas. Apenas 12 participantes relataram que sentiam ‘muito fortemente’ que a masturbação mútua era ‘estranha’ e apenas nove relataram que se sentiam muito ‘tensos’ em relação a isso. Outras emoções negativas foram ainda menos endossadas”, relata Dilan.

“Não houve diferença estatisticamente significativa entre homens e mulheres nos sentimentos negativos sobre a masturbação mútua”, completa a pesquisadora.

Quando os participantes foram questionados sobre a masturbação solo, tanto homens quanto mulheres não tiveram sentimentos fortes e afirmaram não estar nem extremamente felizes, nem insatisfeitos.

Os pesquisadores afirmaram que as suas descobertas terão implicações para a investigação sobre sexo e terapia de casal porque desafiarão a expectativa tradicional de que “a masturbação acontece sozinha”.