Em convenção, Rede reitera apoio à reeleição de Rodrigo Rollemberg | Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press
CBPFOT020820180706 Em convenção, Rede reitera apoio à reeleição de Rodrigo Rollemberg | Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press

Com apoio da Rede, Rollemberg pode conquistar eleitorado de Marina Silva

Publicado em CB.Poder

ANA VIRIATO

ALEXANDRE DE PAULA

HELENA MADER

 

Apesar de, nacionalmente, o PSB sinalizar que não caminhará ao lado do presidenciável Ciro Gomes (PDT), o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) mantém o apoio ao pedetista. Ao mesmo tempo, no entanto, faz acenos ao eleitorado de Marina Silva (Rede), que tem um histórico favorável na capital — em 2010, a ex-ministra conquistou o maior percentual de votos do brasiliense e, nas eleições seguintes, ficou em segundo lugar. Ao Correio, ontem, o socialista fez elogios a Marina, que concorreu à Presidência da República pelo PSB em 2014. Minutos depois, ele compareceu à convenção regional da Rede, onde oficializou o nome do distrital Chico Leite como candidato ao Senado na chapa do chefe do Buriti.

 

Com uma bancada de deputados federais pequena, a estreante Rede pouco acrescentará ao tempo de propaganda eleitoral na tevê e no rádio de Rollemberg: cinco segundos a cada bloco de nove minutos. O trunfo do partido concentra-se, entre outros itens, no bom desempenho eleitoral de seus candidatos-chave, como Chico Leite, que subirá ao palanque do socialista no exercício do quarto mandato como deputado distrital.

 

O parlamentar da Rede e o candidato a vice-governador na chapa do comandante do Executivo local, Eduardo Brandão (PV), farão campanha em nome de Marina e, como contrapartida, terão a bênção da presidenciável. Em 2010, a ex-ministra conquistou 611.362 votos na capital, 148.921 a mais que a ex-presidente Dilma Rousseff, segunda colocada. No pleito de 2014, ficou na segunda colocação, com apenas 4.541 votos a menos que Aécio Neves (PSDB) — à época, ela assumiu a candidatura dois meses antes da eleição, após Eduardo Campos (PSB) morrer em um acidente de avião. Mesmo que não a apoie oficialmente, portanto, Rollemberg pode ser beneficiado indiretamente pelo espólio eleitoral de Marina.

 

Ao Correio, apesar de demonstrar preferência por Ciro, o socialista não descartou, eventualmente, estar ao lado da presidenciável da Rede. “Marina é um quadro excepcional, que tem todas as qualidades que queremos na política. Fico feliz de ver a candidatura dela se fortalecendo com o apoio do PV, por exemplo. Ainda estamos esperando todo o desfecho nacional, mas eu considero Ciro uma pessoa qualificada, experiente e que tem a capacidade de ser essa alternativa”, ressaltou.

 

No encontro de ontem, Rollemberg saudou a aproximação entre PSB e Rede. “O destino me brindou com o privilégio de contribuir para a aproximação de Eduardo Campos e Marina Silva, que culminou em nossa união. Tenho profundo agradecimento, reconhecimento ao trabalho e dedicação empenhados pela Rede na colaboração para o nosso governo”, pontuou. E completou: “Recebemos uma cidade saqueada pela corrupção, o que nos obrigou a tomar medidas muito duras, mas que permitiram, com a ajuda da Rede, que hoje estivéssemos numa posição melhor do que as outras unidades da Federação. Fico muito feliz de ver nessa mesa a presença do PC do B, da Rede, do PV. Nós não saímos atrás de qualquer coligação. Nós quisemos uma coligação que nos permitisse andar de cabeça erguida. Os diabos estão lá e que fiquem por lá”.

 

Apesar da convenção de ontem, a Rede não homologou as candidaturas aos cargos proporcionais — deputado distrital e federal. Por ora, são 40 nomes à Câmara Legislativa e 13 à Câmara dos Deputados. A oficialização deve ocorrer no evento nacional da sigla, amanhã.

 

Caminhos do PDT

 

Cortejado por Rollemberg, o PDT aproxima-se da chapa encabeçada por Eliana Pedrosa (Pros). O vice-presidente regional da legenda e pré-candidato a deputado federal, Fábio Barcelos, recebeu a candidata em casa na última quarta-feira, logo após o PSB sinalizar neutralidade na corrida presidencial. Com o acerto, os pedetistas sentiram-se desobrigados a apoiar o governador, que vinha costurando o suporte dos socialistas a Ciro Gomes.

 

Ao PDT, Eliana ofereceu as duas vagas de sua chapa ao Senado. A coligação com a ex-deputada é apoiada por grande parte da sigla, como Barcelos e os distritais Claudio Abrantes e Joe Valle. Para apoiá-la, a legenda retiraria a candidatura de Peniel Pacheco ao Palácio do Buriti. Lançado à disputa há um mês, ele ainda não conseguiu atrair aliados ao projeto.

 

Apesar da possibilidade de união entre PDT e Pros em Brasília, o cenário nacional pode mudar os rumos dos pedetistas. À Executiva do DF, o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, pediu calma e disse que ainda negocia. Alguns socialistas também pretendem lutar pela aliança até o fim, como o candidato ao governo de Minas Gerais Márcio Lacerda e Rollemberg. O acordo nacional entre PT e PSB tem de ser aprovado na convenção socialista, marcada para domingo. Caso o acerto não seja revertido, em último caso, interlocutores políticos acreditam na possibilidade de Ciro Gomes estabelecer o apoio do PDT a governadores que garantirem a ele um palanque eleitoral. Nesse caso, seriam realizadas intervenções.

 

Imbróglio do PP

 

Pela centro-direita, permanece o imbróglio entre as chapas encabeçadas por Alberto Fraga (DEM) e Ibaneis Rocha (MDB). As duas frentes tentam manter, em suas bases, o PP, que dispõe de cerca de 38 segundos de propaganda gratuita. Por ora, a sigla está ao lado de Ibaneis. Mas alguns nomes tradicionais, como o empresário Paulo Octávio (PP), tentam direcioná-la à coalizão de Fraga. O pré-candidato do MDB ao governo tem sido pressionado a desistir da candidatura, mas ele assegura que não o fará. “Não existe essa possibilidade. A nossa candidatura ao governo está consolidada. Todos os grupos apresentados até agora têm pessoas testadas nas urnas e que estão na política há muito tempo. A nossa chapa traz um representante da sociedade, alguém novo na política”, justificou Ibaneis.

 

O advogado não descarta lançar a chapa sem representantes ao Senado. “A preferência é de que haja candidatos a senador, mas é preciso ter identidade. Não vejo problema, se for preciso, lançar a nossa candidatura sem nome para o Senado”, explicou. Sobre a divergência a respeito do futuro do PP, Ibaneis garante que o partido estará em seu palanque. “Tive essa garantia dos presidentes nacional e regional do partido. Isso está assegurado”, afirmou Ibaneis.

 

> PCdoB sinaliza apoio

 

Na mesma convenção, o presidente regional do PCdoB, Augusto Madeira, sinalizou uma aproximação com a chapa, formada, até então, por PSB, PV e Rede. “Nas lutas e batalhas, sempre estivemos do mesmo lado. O PCdoB se sente muito à vontade com esses partidos, com essas pessoas. Nós estamos bem perto de tomar uma decisão e, amanhã ou sábado, acredito que anunciaremos que estaremos juntos com os companheiros daqui para defender o DF”, adiantou. O partido, porém, deve lançar apenas candidaturas proporcionais.