Por Ana Dubeux e Carlos Alexandre de Souza – Está cada vez mais claro quem estará na linha de frente para tirar recursos do Fundo Constitucional do DF. O relator do projeto de arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, o baiano Cláudio Cajado (PP), pretende vetar as mudanças do Senado que retirou do limite de teto de gastos o FCDF, o Fundeb e as despesas com Ciência e Tecnologia. “Foram mudanças políticas”, tem dito à imprensa.
Trama
O relator ainda não bateu o martelo, porque aguarda o retorno dos parlamentares ao trabalho presencial na Câmara dos Deputados na semana que vem. Só então conversará com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e se encontrará com os líderes partidários, que concordaram com o seu relatório na primeira votação na Casa. E que a classe política entenda de uma vez por todas que Brasilia não é “a ilha da fantasia”, como disse o ministro Rui Costa numa frase infeliz como ele próprio reconheceu.
Adversários
Como ele mesmo disse, como tudo é político, Cajado enfrentará resistência da ex-colega de parlamento e hoje vice-governadora do DF, Celina Leão. Ambos são do PP, o mesmo partido de Arthur Lira e do senador Ciro Nogueira (PI), que votou contra o marco fiscal no Senado. Foi o senador Omar Aziz (PSD-AM) quem chamou a atenção para a trama pepista contra o Fundo Constitucional. “O presidente do PP votou contra Brasília. Você, que é vice-governadora de Brasília, o presidente do PP votou contra você”, disse Aziz.
Articulação
Para vencer a queda de braço, Celina já conversou com o presidente da Câmara. A expectativa dela — e de toda a classe política brasiliense — é de que as mudanças do Senado sejam mantidas na segunda votação.
Alto risco
Qualquer outra postura de Cajado e de Lira vai de encontro às pretensões políticas de Celina. Ela disputará a reeleição no cargo carregando na campanha a bandeira da defesa intransigente do FCDF. Se o FCDF cair, Brasília será fortemente atingida. Assim como os planos de Celina para 2026.
Derrota amarga
Se Cláudio Cajado derrubar o que o Senado aprovou, o companheiro de partido de Celina Leão estará dando combustível aos adversários políticos da vice-governadora em Brasília, especialmente os petistas. Eles exploraram, nas redes sociais, a primeira derrota dela na Câmara dos Deputados.
Apoio do Planalto
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) cobrou um apoio explícito do Palácio do Planalto ao Fundo Constitucional do DF. Ao lado da parlamentar, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirma que o texto do marco fiscal aprovado no Senado “dialoga muito com o texto original” enviado
pelo Executivo.
Promessa
“Vamos conversar com os líderes da Câmara para que aquilo que foi aprovado no Senado seja mantido, inclusive em relação ao Fundo Constitucional do DF. Essas mudanças mantêm a visão equilibrada do marco fiscal, que combina responsabilidade social com responsabilidade fiscal, e que vai criando ambiente para o Brasil ter estabilidade econômica e a redução dos juros”, disse Padilha. A ver.
Antes do início
Zuleika de Souza, fotógrafa de corpo e alma brasiliense, mergulhou nas profundezas do Distrito Federal. Decidiu explorar, em imagens, um dos mistérios mais antigos dessas bandas. “No princípio não era ‘o ermo’, como escreveu Vinícius de Moraes para a Sinfonia da Alvorada. Pequenas comunidades já habitavam o Chão Planaltino, e cidades já existiam. O incômodo diante da eterna discussão sobre a vinda da capital do Brasil para o Planalto Central me fez revisitar lugares que fotografei anos atrás e que já eram habitados muito antes do Distrito Federal, para criar algumas novas imagens”, conta Zuleika.
“Brasília é que veio”
Na busca por essas origens, a fotógrafa registrou histórias fascinantes. “Eu não vim, Brasília é que veio”, diz “Seu Fíin”, nascido há 86 anos na Linha Norte do Quadrilátero. Ele ainda tem vivo na memória o período em que trabalhou para demarcar a linha Norte, seguindo as marcas feitas por seu avô, que foi guia da Missão Cruls. Sua família, Castro, continua morando há mais de 100 anos na Comunidade do Monjolo, próxima às Águas Emendadas.
Anote
A exposição norte {linha] sul estará aberta ao público a partir de 1º de julho, às 19h, na Alfinete Galeria. Endereço: W2 Sul 509 bloco A entrada 58.
IA no direito
A inteligência artificial aplicada ao direito será tema do seminário luso-brasileiro promovido pelo Superior Tribunal Militar (STM), pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União (Enajum) e pela Universidade do Minho, de Portugal. Coordenado pela ministra do STM Maria Elizabeth Rocha, primeira mulher a ocupar a presidência do tribunal, o evento contará com a participação de professores portugueses e brasileiros.
Inscrições
O objetivo do seminário e o de promover estudos, debates, reflexões e discussões sobre temas atuais relacionados ao direito e as inteligências artificiais; repercussões nas decisões dos tribunais e o futuro das ciências jurídicas, impactadas pela ciência da computação. O seminário é aberto ao público. Inscrições podem ser feitas pelo link https://forms.gle/PHvSpofhNZ1q7Q947,m
Os planos de Ilka
Depois de quatro anos de experiência na administração pública, a ex-administradora do Plano Piloto Ilka Teodoro quer concorrer às eleições de 2026. E avisa: não aceitará entrar na disputa por cargos proporcionais. “Não pretendo fazer ‘escadinha’ para eleger mandato que não me representa. Já fiz e me decepcionei muito”, diz a advogada. Para Ilka, as regras eleitorais vigentes prejudicam candidaturas de mulheres e de pessoas negras.
Uma brasileira no Louvre
Uma professora da rede pública de ensino representará Brasília e o Brasil no Salão Internacional de Arte Contemporânea do Museu do Louvre, em Paris. Marilda Albino é artista plástica e dá aulas no Centro de Ensino Especial 01 de Santa Maria. Ela foi selecionada para expor seus quadros em outubro na França. “A minha arte reflete a realidade social, o tempo histórico em que é produzida”, resume a professora, orgulhosa pela realização do sonho de participar de exposição internacional.