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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Com o avanço das tecnologias e com a contratação de pessoal especializado na movimentação, aplicação e lavagem de dinheiro, as organizações criminosas se transformaram hoje em empresas multinacionais de grande porte, diversificando suas atividades, subornando autoridades e se infiltrando perigosamente na máquina do Estado, dentro e fora do país.
A atuação policial, feita nos moldes antigos, já não consegue reprimir ou acompanhar de perto essas organizações, que parecem estar sempre um passo ou dois à frente. A sofisticação desses grupos ilegais atingiu um tal ponto, que somente podem ser combatidos por meio do uso da inteligência, em investigações que reúnem o que de mais avançado existe hoje para acompanhar não só os caminhos tortuosos do dinheiro, mas toda a movimentação de criminosos dentro e fora das fronteiras.
A existência de países fronteiriços ou próximos ao Brasil, que produzem, em grandes quantidades, derivados de cocaína e maconha, transformaram o Brasil no mais importante corredor mundial para a exportação de drogas. Em se tratando de um produto altamente rentável e que é consumido em larga escala por todo o planeta, não surpreende que as diversas quadrilhas espalhadas por todo o Continente Sul-Americano disputam esse comércio com o auxílio de verdadeiros exércitos paramilitares, munidos com o que há de mais letal em armas e em treinamento de guerrilha.
A situação, por sua gravidade e amplitude, há muito já deixou de ser um problema exclusivamente do nosso país. Os noticiários diários dão conta do avanço paulatino do crime organizado sobre as instituições do Estado e sobre as atividades empresariais privadas. O leque de investimento desses grupos é diversificado e vai desde o transporte público, postos de gasolina, até o financiamento e apoio de candidatos nas eleições tanto municipais como federais.
Nem mesmo o judiciário tem escapado desse avanço do crime, com essas quadrilhas financiando a formação de juízes e de grupos de advogados exclusivamente devotados a proteger suas atividades. Notícia, dessa semana que passou, dá conta de que a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes do Mogi (DISE) em São Paulo efetuou o bloqueio de mais de R$ 8 bilhões pertencentes a esses grupos, todo esse montante diluído em empresas legais que cuidavam de lavar esse dinheiro. Trata-se de uma quantia enorme, mas que representa apenas uma pequena parte dos recursos que esses bandos possuem distribuídos em diversas empresas e atividades espalhadas por todo o país.
O Centro-Oeste que, até a pouco tempo, encontrava-se fora da ação dessas organizações criminosas, hoje já figura também como região em que esses grupos comandam a distribuição e venda de drogas. Não há praticamente lugar algum dentro desse país em que o crime organizado não esteja presente e fortemente atuante, inclusive em cidades do interior. As regiões Nordeste e Norte do país também já capitularam e se encontram, hoje, dominadas por quadrilhas que obedecem a uma espécie de comando central.
O mais curioso é que grande parte desse suposto comando central do crime se encontra presa em presídios de segurança máxima. Não chega ser exagero, pois, afirmar que o quartel general do crime está localizado hoje, geograficamente, dentro de presídios. São dessas instituições que partem as ordens para a movimentação de milhares de soldados dessas organizações. O entra e sai de informações nesses estabelecimentos prisionais é intenso. Todos conhecem essa realidade. As autoridades parecem nada ver. Há ainda uma vastíssima e complexa rede de informações entre os criminosos, dentro e fora dessas cadeias.
É claro que, para manter todo esse aparato do crime, é necessário também o abastecimento com armas de todos os calibres, munições e até explosivos, que são comprados nas fronteiras do país, sobretudo o Paraguai. A expansão de grupos como o PCC e o CV para além das fronteiras do país, já fez acionar a luz vermelha no Itamaraty, preocupado com os possíveis impactos diplomáticos que a presença de brasileiros ligados ao crime podem gerar nessas relações multilaterais.
Enquanto isso, dentro de nossas fronteiras, a liberação dos jogos e dos cassinos em todo o país está na reta final. Isso porque já é sabido, há muito tempo, que os cassinos lavam mais branco.
A frase que foi pronunciada:
“Se você acredita na sorte, o azar é seu.”
Savanah, esposa de Gilberto Margon que perdeu tudo o que tinha em Cassinos.
História de Brasília
A pista da rampa da Câmara que está interrompida em virtude da construção do anexo será liberada ao tráfego na próxima semana. (Publicada em 15.04.1962)
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Há razões suficientes para crermos que, no cerne de muitos discursos, que abordam o tema família, como sendo um dos fatores a impedir o avanço de certas ideologias políticas, escondem-se estratégias inconfessáveis, que visam, primeiramente, retirar, dos indivíduos, todo e quaisquer traços da figura paterna e sua importância na introdução da lei e da ordem simbólica na vida da criança.
A abolição da família é, antes de tudo, nessas pregações políticas niilistas, a destituição da figura paterna e sua substituição por algo vago e irreal do tipo “pai da pátria”. Há um consenso pacífico, entre psicólogos e psicanalistas, que a função paterna é fundamental para a formação ou estruturação do sujeito. Para justificar o desmonte da família, como sendo, “algo atrasado, que deve ser combatido” para o avanço das ideias progressistas, vale tudo, inclusive alcunhar a família de “burguesa” e perpetuadora da luta de classes. Nada mais irreal.
Nesse combate insano e até mesmo autodestrutivo, vale invocar, como foi feito por uma deputada, o incesto, apenas para desmontar a ordem familiar e, sobretudo, a figura paterna. A ausência paterna, em sentido amplo, induz a problemas na constituição psíquica, contribuindo para a ausência de identificação e outras dificuldades que, na vida adulta, são ainda mais ampliadas, dando margem para a dominação do cidadão e sua submissão a algo etéreo como o Estado.
A criação para o mundo é função do pai. A mãe educa para a vida, o que é outra coisa fundamental. Em ambos os papeis, a figura do Estado é nula. Fôssemos fazer um levantamento em todos os consultórios de psicologia ou psicanálise, sobre que assuntos são tratados na maioria dessas consultas, veríamos que o pai está sempre no centro dessas conversas, quer pelo excesso, quer pelo vazio.
As primeiras e mais fundamentais leis são passadas no seio da família, geralmente pelo pai, que, para isso, estabelece também as primeiras obrigações, sendo, a mais fundamental, o respeito às leis e normas da casa. Num mundo em que a cultura Woke e o feminismo tentam, por todos os meios, destruir a família e, sobretudo, um dos seus alicerces, que é o pai, mostrado aqui como indutor do patriarcalismo, é preciso, com urgência, restabelecer a ordem contra o caos, colocando cada coisa em seu lugar. Para esses movimentos e para os chamados progressistas, é preciso retirar o pai da equação família. Matá-lo simbolicamente, se preciso for. Sem liderança natural, a família está à mercê de outras forças, entregue às vontades de outros líderes externos que, em relação a esse agrupamento, não mantêm qualquer sentimento ou laços afetivos. Ou seja, o que o Estado ideologicamente politizado quer da família é apenas sua força de trabalho, não importando seu destino final.
Diferentemente do pai, que deseja a perpetuação da união desse grupo, pois mantêm com ele laços de sentimentos e tem nessa relação a razão de sua própria existência. Há aqui um embate destrutivo entre a família e o Estado ideologizado, que leva este a desejar o desmanche da família, desconhecendo que, com esse intento, está buscando seu próprio fim, desfazendo com os pés o chão que lhe dá sustento. Nesse caso, buscar um pai, fora da família, como último recurso para a sobrevivência, é o que deseja esse tipo de Estado, ao criar a ideia do pai imaginário ou um pai fantasmagórico. Como recompensa por essa entrega e rendição, o Estado dá-lhes o estritamente necessário para que sobrevivam num mundo de ilusão e renúncias.
A frase que foi pronunciada:
“Não me lembro de nenhuma necessidade da infância tão grande quanto a necessidade da proteção de um pai.”
Freud
Um susto no Lago Norte. Estrondos altíssimos na QL 1, Conj. 8. Era a PMDF que estava no local acionada pelo COPOM (Centro de Operações da Polícia Militar). Um artefato explosivo foi encontrado num depósito. Uma equipe especializada do Bope foi até lá e resolveu realizar a detonação controlada. A Polícia Civil iniciou a investigação sobre os artefatos.
Quase 13
Sexta-feira foi diferente para os moradores da Asa Norte e para quem transitava por lá. Sem luz nas casas, lojas e semáforos, a população se virou como pôde. Pior foram os funcionários da Neoenergia feridos, mesmo com toda a proteção exigida por lei.
História de Brasília
A pista da rampa da Câmara que está interrompida em virtude da construção do anexo será liberada ao tráfego na próxima semana. (Publicada em 15.04.1962)
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Impulsos, taras e desvios sexuais sempre se mostraram mais fortes do que qualquer instituição, lei ou obrigação humana e parecem obedecer a um tipo de comportamento que aproxima e confunde o ser racional com os animais, que agem movidos pelo instinto de sobrevivência ou de preservação. Regras, punições e ameaças, nada parece produzir os efeitos de deter esses impulsos quando eles ocorrem. Com a Igreja Católica, não tem sido diferente.
Os volumosos e rumorosos casos de abusos sexuais que passaram a vir à tona a partir do final da década de 1970, embora revelem uma pequena parte dessa história de horrores que, supostamente, parecem vir acontecendo há séculos dentro de igrejas, mosteiros, orfanatos, internatos e outros lugares, dão uma mostra real de que eles sempre existiram sob o manto de um silêncio que se quer sagrado.
O problema é que encarar o gigantesco desafio de abrir ao conhecimento do público — e, principalmente, dos fiéis — essa torrente de comportamentos repugnantes e criminosos que contamina a Igreja pode também servir de combustível para implodir internamente a própria instituição, destruindo um trabalho de mais de 2 mil anos na propagação do Cristianismo.
As descrições desses desvios de comportamentos, e que a Igreja assinalaria como grande pecado, estão por toda a parte. Depoimentos, livros, filmes, muitos dos quais premiados pela crítica, mostram o enorme desafio que é posto diante do papa Francisco para salvar, livrar e separar a parte boa da Igreja do restante que parece estar irremediavelmente perdida.
Na história da Igreja, nunca houve um escândalo dessa magnitude e que parece estar presente simultaneamente em diversos continentes e com os mesmos padrões de comportamentos, envolvendo centenas de clérigos dos mais diversos estamentos da hierarquia da instituição. O que se sabe agora é que grande parte dessa história de abusos jamais chegará ao conhecimento do grande público, pois ocorreu em épocas remotas, quando o poder da Igreja sobre a sociedade e até sobre os reis era grande e o silêncio, regra geral.
É preciso destacar, no entanto, que esse tipo de prática condenável não está presente apenas na Igreja Católica, mas em praticamente todas as outras instituições religiosas, o que mostra que esse não é propriamente uma condição natural da Igreja em si, mas de parte de seus membros. Onde quer que atue o ser humano, suas impressões e pegadas, para o bem e para mal, estarão impressas também. Mesmo antes de assumir a cadeira de Pedro, Francisco tinha uma noção de que essa seria, ao lado da perda paulatina de fiéis para outras confissões religiosas, o grande desafio de seu pontificado.
O santo padre, com seu conhecimento da máquina da Igreja, à essa altura, já tem a convicção íntima de que esse tema, por seu teor explosivo para a instituição milenar, continuará a sofrer resistências dentro da própria máquina burocrática da igreja, avessa, desde sempre, a tumultos e bisbilhotices mundanas. As recorrentes acusações de que a Igreja vem, há muito, acobertando esses crimes é outro grande desafio para Francisco. O papa também já deve reconhecer que alas dentro da Igreja vão se posicionar incondicionalmente ao seu lado, nem que para isso tenha de cortar na carne a parte podre dessa instituição. Sabe também que esse é um desafio esmagador para alguém com mais de 80 anos de vida. E reconhece, sobretudo, que são necessárias uma resposta interna e providências duríssimas, sob pena de manchar, de forma profunda, sua administração.
Alguns especialistas em assuntos da Igreja reconhecem que essa é, talvez, a maior crise experimentada pela instituição em seus 2 mil anos de história. Na versão mística de alguns fiéis, essa turbulência era prevista pelo santo padre Pio (1887- 1968), que, em uma de suas visões, teria visto o demônio sentado dentro do templo, afirmando que estava ali justamente para semear a futura cisão no seio da igreja e que essa maldição seria devastadora.
Crenças à parte, o fato é que, em muitos países, os tribunais de justiça estão trabalhando a todo vapor para colocar atrás das grades membros da Igreja, inclusive do alto clero. Muitos acreditam que essa é uma grande oportunidade para deputar a Igreja desses maus clérigos, já que entendem que o que faz um Igreja ser mantida em rumo original de pureza e santidade não é quantidade de seus membros, mas a qualidade de cada um e seu compromisso com a fé que abraçaram.
Em 10 anos, a Igreja teria perdido um número de fiéis equivalente à população de uma cidade como Curitiba. Ciente desse e de outros problemas de igual magnitude, o papa Francisco vem diuturnamente trabalhando para colocar sua Igreja nos trilhos traçados pelo próprio Cristo, reduzindo a pompa e a burocracia do Vaticano, seus luxos e ostentações, e trazendo a Igreja e sua mensagem para aqueles cantos esquecidos do planeta, numa espécie de nova catequese nesse século 21.
O sumo pontífice, por meio de um decreto intitulado Vos estis lux mundi (Vós sois a luz do mundo) passou a obrigar que os bispos denunciem todas as suspeitas de casos de abuso sexual dentro da Igreja. No mesmo documento, incentiva os fiéis a agirem de modo idêntico, apontando esses casos diretamente ao Vaticano, para que não passem em branco e severas medidas sejam adotadas contra os abusadores — inclusive punindo todos aqueles que eventualmente prossigam acobertando esses casos.
A frase que foi pronunciada:
“Diante de Deus e seu povo, expresso minha tristeza pelos pecados e crimes graves de abuso sexual clerical cometidos contra vocês. E, humildemente, peço perdão. Peço seu perdão também pelos pecados de omissão por parte dos líderes da Igreja que não responderam adequadamente aos relatos de abuso feitos por familiares, bem como pelas próprias vítimas de abuso. Isso levou a um sofrimento ainda maior por parte daqueles que foram abusados e colocou em risco outros menores que estavam em risco.”
Papa Francisco
História de Brasília
A Graça Couto e a Severo e Villares estão na fase de acabamento de seus prédios no Setor Comercial Sul, em frente à W3. O da Severo já está pondo em experiência o acabamento externo em tom vermelho, e tomara que não seja para contrastar com os mosaicos pretos. (Publicada em 15/4/1962)
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Não é de hoje que aqueles que entendem de finanças públicas pregam a necessidade de criação de um super órgão centralizado e responsável pela distribuição dos recursos resultantes de impostos pagos a cada ano. Na visão desses especialistas, esse novo órgão cuidaria de distribuir aos Poderes da União os recursos captados, sempre de acordo com um minucioso planejamento anual de gastos apresentados por esses poderes, acabando, assim, com o exorbitante orçamento próprio desses entes do Estado e a volúpia incontrolável com que eles gastam esses recursos.
Curioso notar que a autonomia financeira dos Três Poderes contrasta fortemente com a dependência, cada vez maior, de estados e municípios com relação à União. É lá na ponta que os recursos oriundos dos impostos e tributos tão necessários nunca chegam, e, por isso, fazem muita falta. Nesse novo arranjo, caberia ainda um novo modelo aos tribunais de contas, acabando, logo de saída, com interferências políticas no órgão e o levando para a esfera da Receita Federal, que centralizaria, também, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
A independência financeira dos poderes da União vem se tornando, a cada ano, motivo de escândalos, pois demonstra o grau de descolamento desses entes da realidade nacional. Os caminhos percorridos pelo dinheiro público, desde seu recolhimento na forma de impostos, taxas, tributos e outras cobranças, sofrem enormes e variados desvios e, lá na ponta, mal sobram recursos para as reais necessidades da população.
O desperdício do dinheiro público decorre dessa priorização ao Estado em detrimento da população. Não é por outro motivo que se diz que, no Brasil, o Estado é rico e a população, pobre. Obviamente que esse novo modelo de gestão dos recursos públicos caberia a um governo livre de ideologias políticas e totalmente focado em resultados concretos em benefício do cidadão. No modelo que temos, os estados e municípios simplesmente não existem para a União, que os trata como pedintes. A eles cabe apenas a boa vontade do governo. A situação chegou a um nível paradoxal, com alguns Poderes da União tendo um orçamento anual muito superior à maioria dos mais de 5 mil municípios do país.
Há hoje uma impossibilidade flagrante de crescimento para o que importa, que é o entorno e todos aqueles que estão à sua volta. Portanto, não se pode falar em desigualdade social e de renda sem falar primeiro nessa injustiça na distribuição dos recursos da União e num modelo de Estado que sorve as riquezas da nação.
O Brasil permanece sendo um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo, isso de acordo com estudos feitos, ainda em 2021, pelo economista Thomas Piketty, autor da obra O capital no século 21. Os extremos que marcam essa desigualdade são impulsionados por um Estado que não apenas não sabe administrar os recursos da União, como ainda gasta mais do que deveria em benefício de uma máquina gigantesca que favorece todos aqueles dotados e/ou ligados ao poder.
O patrimonialismo com fortes doses de corrupção ajuda a aumentar essas desigualdades, criando um sentimento geral de que não existem saídas para esses desníveis de renda sem uma reformulação total do Estado. E olhe que, nessas observações, não estão incluídas as estatais, outros sorvedouros dos recursos da população. Para se livrar da pecha de maior protagonista nesses índices de desigualdade de renda, o governo passa a culpa para população com maior renda, acusando-a daquilo que pratica sem o menor remorso.
Não é o cidadão milionário ou bilionário o culpado pela desigualdade social e de renda, é o Estado. É ele o grande ator dessa pantomima e grande gerador dessa mazela persistente. O que ocorre nesse caso de empurrar as responsabilidades para outrem é que muitos empresários, conhecedores dos desmazelos do governo pelos recursos da população, a ele se alinham para também explorar as minas de ouro, que são as finanças públicas.
É esse o grande problema nacional, que, obviamente, não interessa ser resolvido por aqueles que dele se beneficiam. É o Estado, Pedro Bó!
A frase que foi pronunciada:
“O verdadeiro e o falso são atributos da linguagem, não das coisas. E onde não há linguagem, não há verdade nem falsidade.”
Leviatã
História de Brasília
Depois de fazer a cidade mais moderna do mundo, o sr. Oscar Niemeyer construiu uma mansão em estilo colonial, onde está morando atualmente. (Publicada em 15/4/1962)
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Aprender com os erros do passado tem sido a receita de muitos povos, em todo o tempo e lugar, para não repetir os mesmos modelos fracassados de antes. Quando as lições não são devidamente aprendidas e os caminhos corrigidos a tempo, o resultado aprisiona esses povos num ciclo sem fim de caos e decadência. Exemplos desse modo de atuação são demonstrados ao longo de toda a história humana. Para não ir muito longe, ficando apenas num grande exemplo trazido pela história contemporânea, vemos que no regime nazista (1933-1945), a acumulação de erros e estratégias abreviou essa ideologia, que pretendia se estender por mil anos. Mesmo assim, o curto período ativo, com toda a monstruosidade por ele operado, já denotava, desde os primórdios, que esse era um regime fadado ao colapso, tantos foram os crimes cometidos por seus protagonistas.
Demonstra a história que impérios, no caso o Terceiro Reich, que pavimentaram seus caminhos e conquistas com carne e sangue humanos, não avançaram além do que pretendiam seus principais líderes. Ainda assim, ficam as interrogações em forma de espanto. Como pôde um regime e uma ideologia contaminar e controlar toda uma nação que, à época, era a mais desenvolvida e organizada do planeta? Como foi possível a um só homem, dotado de dois olhos, dois ouvidos e uma boca, controlar milhões de olhos, ouvidos e bocas?
A resposta possível é que esse único indivíduo contava para controlar as massas de milhares de ouvidos para escutar os opositores, milhares de olhos para vigiar os dissidentes e outras milhares de bocas para denunciar todos aqueles que se mostravam contrários ao regime. Para tanto, uma ferramenta muito antiga foi posta em prática por toda a parte: a delação.
No regime nazista, as delações foram não apenas uma prática corriqueira, mas uma atitude adotada por milhares de cidadãos e largamente incentivada pelo governo, para que nada fugisse ao controle do regime. Nada naquele período era mais sofisticado e massivo do que o aparelho de propaganda do governo. Tivessem existido, naquela época, as mídias sociais, como a conhecemos hoje, aquele regime nefasto iria durar muito mais do que uma década, pois esses canais de comunicação estariam severamente censurados e usados apenas em benefício do regime.
O regime de Adolf Hitler, como os demais governos totalitários, como é o caso também do regime stalinista na antiga União Soviética, utilizaram-se de um gigantesco sistema de vigilância e controle da população, ao obrigar a própria sociedade a vigiar uns aos outros, criando assim um intrincado e eficaz modelo para os órgãos de repressão agirem pontualmente. Nesse sistema de repressão, que dependia fortemente das denúncias feitas pelos próprios cidadãos, valia todo o tipo de acusação e incriminação, desde vizinhos que se odiavam, até familiares que, por algum motivo banal, desentenderam-se. Todos denunciavam todos o tempo todo e por tudo.
Muitas dessas delações podiam ser motivadas por razões diversas, daquelas buscadas pelo regime, incluindo medo, oportunismo, vingança pessoal ou até mesmo um desejo de mostrar lealdade ao regime. Na verdade, fazer-se de delator era uma maneira de escapar ao regime, mesmo que as custas de outras vidas. Ainda hoje, na Rússia, China, Coreia do Norte, Nicarágua, Cuba e outros regimes totalitários, as denúncias, feitas pela população, servem de lastro para o governo reprimir os opositores e todos que não obedecem ao regime.
No caso do Nazismo, as denúncias eram frequentemente feitas à Gestapo, a polícia secreta do Estado, que investigava e tomava medidas cruéis contra os acusados. As consequências para aqueles denunciados podiam ser severas, incluindo prisão, tortura, deportação para campos de concentração e, em muitos casos, a morte. Obviamente que, nesse ambiente de medo e desconfiança mútua, ninguém confiava mais em ninguém, pois essa ferramenta poderosa para o controle social desestimulava qualquer forma de oposição ao regime.
A delação naquele e em regimes ainda em vigor em nossos dias, mostraram-se uma ferramenta fundamental para a perpetuação do terror e da repressão. Outro aspecto essencial para a manutenção tanto do regime nazista como para outras ditaduras modernas é o estabelecimento da censura à imprensa e aos meios de comunicação em geral, incluindo, nos casos atuais, as mídias sociais. Nesse caso, o Estado passa a alardear a necessidade de que esses novos meios de comunicação sejam regulados de acordo com o que planeja o governo em seus três poderes. Os tempos mudam, mas os modelos de controle dos regimes persistem em variadas formas, inclusive sob uma nova roupagem de manutenção do Estado Democrático de Direito.
Para esses casos, criam-se até número de telefone onde os cidadãos podem denunciar as chamadas fakenews, ou seja, as mentiras ou verdades que o regime não quer ver expostas ao público.
A frase que foi pronunciada:
“Dedo duro é aquele que tem um caráter frouxo e uma vida mole.”
Helgir Girodo
História de Brasília
A Graça Couto e a Severo e VIlares estão na fase de acabamento de seus prédios no Setor Comercial Sul, frente para a W3. O da Severo já está pondo em e experiência o acabamento externo em tom vermelho, e tomara que não seja para contrastar com os mosaicos pretos. (Publicada em 15.04.1962)
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Com o avanço da Internet, novos conceitos que, primeiramente, foram aplicados exclusivamente a essa nova tecnologia ganharam vida própria passando a definir também situações experenciadas no cotidiano. Um caso típico se refere a palavra “deletar”, que, no caso dos computadores, tem uma tecla específica que apaga o que foi digitado. No dia a dia, deletar ganhou novo significado nas redes sociais, expressando um movimento que visa apagar, das redes, pessoas que, por algum motivo, contrariam as normas ou pretensões desses grupos. Essa ação de deletar pessoas ganhou ainda maior vigor com a polarização política que parece ter tomado conta do mundo, inclusive do Brasil. Assim, temos que os grupos de esquerda fazem de tudo para deletar pessoas ou grupos identificados como de direita, banindo-os e calando suas vozes e opiniões. O contrário também acontece.
Em nossa sociedade, dita moderna, o sujeito deletado é aquele cuja presença deve ser apagada, não só das redes, mas, se possível, do meio social. Essa situação surreal lembra aquelas fotos antigas, nas quais as figuras tornadas indesejadas eram simplesmente rabiscadas no papel. Nesse novo vale-tudo, vale tudo mesmo, desde de falsas denúncias, calúnias, difamações e todos os truques sujos, criando a imagem de um ser horrendo que merece ser desterrado e punido com o fogo eterno. Infelizmente, essa e outras expressões ganham ainda mais ímpeto, quando são os próprios políticos ou aqueles munidos de responsabilidade pelo voto que açulam essas ideias, ao pregarem a eliminação dos opositores ou, mais precisamente, quando dizem abertamente em público frases do tipo: “precisamos extirpar essa gente”.
Vivemos tempos confusos em que uma nova espécie de eugenia política é alimentada nos palanques e introduzida nas redes sociais, onde passam a ganhar protagonismo feroz. A solução para esse novo tipo de antagonismo midiático é, segundo defendido pela esquerda, regular a mídia. Para a direita, melhor que regular as redes, seria seguir o que diz a Constituição, que regula apenas as responsabilidades, direitos e obrigações individuais de cada cidadão.
Nada é o que é, até que se conclua como sendo o que é de fato. O outro lado desse cancelamento da pessoa e de suas ideias é ainda mais cruel, pois envolve a própria desumanização do indivíduo. Nesse ponto, para entendermos esse fenômeno anti-humano, somos imediatamente lançados ao campo da filosofia política moderna na pessoa de Giorgio Agamber e sua obra, intitulada Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua.
O homo sacer vem de um conceito da Roma antiga e passou a despertar atenção hodierna, pois é, mais do que nunca, um fenômeno atual nesse mundo polarizado e tão cheio de ódio e desencontros. O Homo Sacer, na antiga lei romana, era excluído de todos os direitos civis, uma espécie de santo às avessas, que qualquer um pode sacrificar, uma espécie de Caim, sobre o qual todas as pragas do mundo recaem.
Mais sucintamente, é um excluído e taxado pela sociedade como um ser a quem todos os crimes são imputados, apenas para torná-lo passível de desprezo geral. Não é uma tarefa fácil degredar alguém ou algum grupo à condição de desumanização. Exige todo um trabalho midiático, jurídico, psicológico para convencer a sociedade que esses indivíduos não têm quaisquer direitos, inclusive, o de viver.
Incluem nessa condição, mais comumente, os presos políticos de regimes autoritários, consolidados ou em processo de vir a ser. Para esses homos sacer, não existe direito ao processo legal; à defesa ou ao acesso ao seu processo, que é sempre dificultado, inclusive, com ameaças aos advogados de defesa; a um juiz imparcial. Não têm direito de acesso a suas contas bancárias, seus bens são congelados sem quaisquer propósitos, ficam sem apoio legal, suas vozes são caladas nas redes e, mesmo o acesso de familiares e advogados, a esses presos, é dificultado ao máximo.
Muitos desses presos, transformados agora em homos sacer, passam a cumprir penas em regime diferencial, pois tornam-se figuras de alta periculosidade. A retirada de todos esses direitos é feita mesmo contrariando a Constituição. Os homos sacer são os novos subversivos, a quem todo o castigo é pouco.
A frase que foi pronunciada:
“Um dia a humanidade brincará com a lei, assim como as crianças brincam com objetos fora de uso, não para restaurá-la ao seu uso canônico, mas para libertálos dele para sempre.”
Giorgio Agamben
História de Brasília
Os ônibus JK/W3 desapareceram na sexta-feira da circulação entre 11 e 13 horas, exatamente o horário de maior necessidade. (Publicada em 15/4/1962)
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Já é consenso entre muita gente que, num futuro não muito distante, a luta pelo domínio de fontes de água potável será o principal motivo de guerras devastadoras entre as nações. Em alguns locais do planeta, hoje em dia, essa é uma realidade visível. O aquecimento global, que para alguns é uma ficção, cuida de apressar a escassez de água. A poluição dos cursos d’água em muitas partes do mundo e especialmente no Brasil é mais um fator a precipitar esses acontecimentos.
Não há, nem como intenção do governo, nem da população em geral, ações que visem proteger nossos rios e córregos. Isso quando se sabe que o descuido com esses cursos d’águas irão ter efeitos seríssimos para as próximas gerações, inviabilizando a permanência de populações em vastas áreas do país. A agricultura intensiva, realizada em grandes latifúndios e que têm como objetivo principal a exportação de grãos e de proteínas, tem ajudado também, e a seu modo, nesse processo acelerado de desertificação de nossas terras. Somadas a essas ações de destruição gradativa de nosso meio ambiente, o fogo, que tem surgido com cada vez mais frequência em toda a parte, vai tratando de reduzir a pó nossas riquezas naturais.
Muitas partes no interior de nosso país apresentam os resultados de nosso descaso secular com nossas águas. Rios e outros importantes cursos d’água, simplesmente desapareceram, deixando rastros que mostram os antigos leitos rochosos e arenosos expostos ao Sol. Servem hoje de caminho para os animais e homens, indiferentes a esses acontecimentos.
Toda a paisagem à nossa volta se apresenta hoje repleta de sinais e de maus presságios de que algo muito sério está prestes a acontecer. Esperar que toda essa nova realidade cruenta venha nos arrebatar, quando não haverá mais recursos possíveis de reverter essa situação, é uma insanidade e um crime contra o futuro. Somos igualmente todos responsáveis.
Obviamente que os governos federal, estadual e municipal são os maiores culpados desse descaso. As diversas fotos que mostram o raro fenômeno da seca extrema no Rio Amazonas, não deixam dúvidas de que estamos indo rumo a um novo e desconhecido mundo seco. Os institutos de meteorologia preveem que esse ano a estiagem será ainda maior.
Para se ter uma ideia dessa calamidade, quase 10% do território amazônico enfrenta seca severa. Em todo o território nacional, a área com seca extrema aumentou de 28% para 37%. O Norte do país é o que mais tem sofrido com essa situação. Também este ano, imagens de satélite indicam que mais de 517 mil hectares de área do Pantanal foram consumidos pelo fogo. E pensar que essa imensa área, era, até pouco tempo, uma grande região coberta por água, praticamente o ano todo.
Mas, voltando ao Rio Amazonas, o maior curso d’água do mundo em volume e com uma extensão de quase 7 mil quilômetros corre sério risco de, num futuro próximo, transformar-se em lembrança. A situação que vinha sendo apressada pelas intensas queimadas e pela criminosa derrubada de árvores está sendo intensificada também pelo aquecimento global, que vem provocando um acentuado recuo das geleiras nos Andes, onde está a nascente desse fabuloso rio. O pior é que esse derretimento das geleiras, que antes se acreditavam eternas, tem sido muito mais rápido do que o previsto.
A nascente desse imenso Rio, que, no passado, foi motivo de muitas dúvidas e incertezas, hoje, com a tecnologia de satélite, foi localizado exatamente na nascente do Rio Apurinac, na encosta do Nevado de Mismo, na Cordilheira dos Andes, no Peru. A 5.600 metros acima do nível do mar. O derretimento rápido das geleiras dos Andes acende um alerta de que esse fenômeno irá ter sérias implicações sobre o Rio Amazonas.
Evidências levantadas pelo professor Jeremy Shakun, da Universidade de Boston, levam a crer que essas geleiras são muito menores agora do que em qualquer outro momento nos últimos 11 mil anos. Todas as pesquisas indicam que estamos de fato imersos na nova era do Antropoceno, em que as ações humanas passaram a influir profundamente nos destinos do planeta. Para o cientista não há dúvidas de que o recuo dessas geleiras está diretamente ligado a ações humanas, especialmente decorrentes da Revolução Industrial e das consequentes emissões de gases do efeito estufa.
A queima de combustíveis fósseis é o principal fator desse aquecimento. E pensar que ainda hoje, em pleno século XXI, estamos prestes a inaugurar a prospecção de petróleo justamente na bacia do Rio Amazonas, celebrando assim, com vela preta e caixão, o desfecho da epopeia nacional rumo a destruição do nosso país e de restante do planeta. Nossos músicos, que tanto apreço têm demonstrado à destruição do Amazonas, bem que poderiam compor agora um réquiem para esse rio que agoniza diante de nossos olhos. Como outros fizeram no Titanic.
A frase que foi pronunciada:
“Nunca foi tão urgente retomar e ampliar a cooperação entre os países que têm a floresta em seu território.”
Lula, na abertura da Cúpula da Amazônia
História de Brasília
No pequeno espaço de tempo em que esteve como presidente da Repúbica, o sr. Ranieri Mazzilli fêz um número grande demais de nomeações, superior às necessidades, para quem ocupa a cadeira por poucos dias. (Publicada em 15.04.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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A lista de ataques a nichos culturais, onde uma variedade de povos, ao longo dos séculos, armazenavam seus conhecimentos técnicos e culturais, sobretudo com o avanço da escrita, é extensa e tem contribuído a seu modo para apagar e tornar tênues muitos conhecimentos, pesquisas, e textos que seriam de enorme importância para todos e, quiçá, para um melhor conhecimento de nosso mundo atual. De lá para cá, a estratégia de destruir a cultura daqueles que são alvo de dominação nunca deixou de existir e, por um motivo simples: trata-se ainda de um método de grande eficácia e que rende resultados aos conquistadores.
Ao longo dos últimos cinco mil anos, desde que surgiram as primeiras civilizações conhecidas no Vale dos Rios Tigre e Eufrates, na chamada Mesopotâmia, a memória cultural, legada a outros povos, tem sido o fator preponderante para o lento e progressivo desenvolvimento da humanidade. Sem essa herança, por certo, estaríamos ainda praticando a caça e a coleta de alimentos e nos abrigando em cavernas naturais.
Há aqueles que acreditam ainda que sem a transmissão desses conhecimentos técnicos e culturais, feitos por nossos ancestrais, a raça humana poderia até ter desaparecido da face da Terra. Tal é a importância desse processo para a sobrevivência de nossa espécie. Desde cedo também, muitos povos aprenderam que a melhor tática para dominar uma nação, eleita como inimiga, era destruir-lhes primeiro seus traços culturais, tornando-os sem identidade histórica e, portanto, esvaziados de alma e à mercê dos conquistadores e de seus costumes.
A destruição da biblioteca de Alexandria em aproximadamente 48 a.C, consumida por um gigantesco incêndio, durante a guerra civil romana, se constitui, por suas características simbólicas, um marco e um exemplo histórico que dá início a essa estratégia de guerra que visa conquistar outros povos pela destruição de suas bases culturais, varrendo do mapa quaisquer traços que possam ligá-los ao passado e as suas memórias.
Do processo de aculturação, quando a cultura de um povo é modificada pela aproximação de outra mais forte, até o chamado etnocídio ou genocídio cultural, quando a destruição de qualquer traço remanescente de cultura passa a ser o método empregado em larga escala. Ao longo do tempo essa tem sido a medida empregada pelos tiranos em toda parte e lugar. O Brasil, por se estabelecer, desde o século XVI, como o país, por excelência, onde três culturas, de três continentes distintos, vieram a se amalgamar para o surgimento do que seria uma nova civilização, é um bom exemplo desse processo que vai da aculturação ao etnocídio.
Embora a expressão etnocídio seja recente, surgida por volta de 1943, o processo de aniquilamento de outra cultura tem sido usado com muita frequência, à luz do dia e bem debaixo dos olhos de todos. Não se enganem, até mesmo o desleixo proposital das autoridades públicas, a quem é atribuído, inclusive a obrigação de cuidar dos diversos centros culturais, podem, muito bem, ser enquadrado como crime.
Só que estamos no Brasil, um país surreal, onde o que menos as autoridades possuem, é responsabilidades com o patrimônio público, ainda mais quando esse patrimônio é formado pela memória cultural. Em país algum desenvolvido, a sequência, quase ininterrupta de sinistros de toda a ordem que vêm consumindo nosso patrimônio artístico e cultural, seria aceita como normal e sem a punição exemplar dos responsáveis, diretos e indiretos. Há muito se sabe que um povo sem cultura, é um povo sem um futuro decente pela frente. A não ser que esse futuro seja formado por escombros e cinzas do passado.
Quando na noite de 10 de maio de 1933 os nazistas e seus simpatizantes promoveram uma grande queima de livros em diversas praças públicas espalhadas por várias cidades alemães e simultaneamente, sabiam muito bem o que estavam fazendo e com que propósito final. Essa limpeza dos bancos de memória, através da destruição da literatura, incitada até pelos diretórios acadêmicos de estudantes, visavam a “purificação radical” do espírito, libertando-os da alienação.
Onde se queimam livros e a cultura, de certo são queimados também os homens, sobretudo os livres, diria o filósofo de Mondubim. Quando se verifica entre nós a quantidade de prédios históricos, que abrigavam inestimáveis tesouros de nossa cultura e que foram totalmente consumidos pelo fogo e pelo descaso, dá para pensar que alguma força maligna possa estar por detrás dessas tragédias.
A lista é imensa e vergonhosa. Do Museu Nacional, na zona Norte do Rio de Janeiro, que veio à baixo junto com mais de 20 milhões de itens da nossa história, passando pelo o Teatro de Cultura Artística de São Paulo, pelo Instituto Butantã, Memorial da América Latina, Museu de Ciências Naturais da PUC de Minas Gerais, Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios, Museu da Língua Portuguesa, a Cinemateca Brasileira em 2016 e agora, em 2021, depois de sofrer com alagamentos severos, compõem essa triste relação do descaso e da desmemória .
Pior é que para todos esses acontecimentos trágicos para os brasileiros, não se ouviu nem uma palavra ou explicação plausível. A esses destroços se juntam as dezenas de galerias de arte, de teatros e outros espaços públicos de cultura, fechados e abandonados. Todo esse acervo e edifícios, tornado sucatas, formam o retrato acabado de uma nação, cujo os governantes, na melhor das hipóteses, não ligam para aspectos da cultura, isso quando não tramam para simplesmente destruí-la, sob os mais inconfessáveis pretextos.
A frase que foi pronunciada:
“A arte é o mel armazenado da alma humana.”
Theodore Dreiser
História de Brasília
O que houve, deputado, e o senhor sabe mais do que ninguém. Foi o sabor dado à água pelo material de impermeabilização que por sinal é inofensivo. (Publicada em 15.04.1962)
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Uma das questões prostradas diante de todos nós nesses tumultuados tempos atuais nos conduz a buscar razões que nos leve a entender o porquê tem reacendido em todo o mundo, inclusive no Brasil, a velha e odiosa perseguição aos cristãos. Que fatores teriam levado ao retorno dessa verdadeira cristofobia em pleno século 21? Estaríamos voltando no tempo, até ao Império Romano do século 27 a.C, quando muitos césares fizeram dos cristãos inimigos públicos declarados?
De certa forma, elencando as possíveis razões para esse renascimento xenófobo aos cristãos, verificamos que, tanto no Império Romano quanto na atualidade, os cristãos são, novamente, tomados como uma espécie de “bode expiatório” conveniente, justamente pela universalidade de uma doutrina que foi capaz, como nenhuma outra, de unir a ética humana à espiritualidade e à luz divina, libertando os homens de uma caverna em que se encontram acorrentados à sombra da ignorância e do medo.
Tomando a doutrina em seu estado puro e sem as limitações e os tabus impostos pelas religiões que se seguiram após a crucificação de Jesus Cristo, observamos que, passados os 20 séculos daqueles episódios, o discurso do profeta não foi corroído pelo tempo e se encontra tão vivo quanto sempre foi.
Se esse discurso incomodava em eras passadas, a ponto de levar milhões de seus seguidores à morte, incomoda muito mais hoje em dia, quando se verifica que boa parte da humanidade atual continua imersa em um processo involutivo, entorpecida por um materialismo, indo em marcha à ré rumo à autodestruição da espécie e do planeta.
Entre 2021 e 2022, 5.621 cristãos foram mortos em todo o mundo, 4.542 foram presos e 5.259, sequestrados, segundo Relatório da World Watch List. Hoje, um em cada sete cristãos sofre perseguição e discriminação. Trata-se de um morticínio que é ignorado pela grande mídia. Praticamente uma igreja é vilipendiada, queimada ou profanada por dia em diversas partes do mundo.
Nas últimas três décadas, tem aumentado sensivelmente a violência contra cristãos. Razões e motivos dessas perseguições podem estar na intolerância religiosa, que cresce a cada dia; e nos conflitos políticos e sociais, com a busca implacável aos membros da igreja, como ocorre abertamente na Nicarágua e em Cuba. Também fatores como o fanatismo e o radicalismo contribuem para a perseguição aos cristãos.
Na realidade, aqueles que buscam destruir os cristãos querem, antes de mais nada, destruir Deus e a sua obra. No Brasil e nos países em que a esquerda governa, os cristãos são equiparados a grupos conservadores, e, portanto, tachados de direitistas, pois se mostram contra práticas como o aborto, a legalização de drogas, a sexualização de crianças e adolescentes, a corrupção, a destruição das famílias, o materialismo e tudo o que distancia os homens da ética humana.
Desde sempre, o cristianismo foi visto como uma ameaça ao status quo e a toda a ideia que visa alienar os homens, transformando-os em marionetes nas mãos de poderosos. Não por outro motivo, os tiranos em toda a parte e em todo o lugar ao longo da história humana buscaram calar os cristãos, pois sempre os viram como elementos subversivos e revolucionários, capazes de se oporem corajosamente às opressões políticas e sociais do momento. É como diz em Coríntios 1:27-29: “Deus escolheu as coisas loucas para confundir os sábios, e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir os fortes”.
Nesse ponto, uma reflexão se faz necessária: seguindo o que acreditava Tertuliano (160-220 d.C), o sangue dos mártires é a semente dos cristãos — ou seja, quanto mais perseguem a igreja e os cristãos, mais eles crescem por toda a parte. “O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé, designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza. “Deixai-me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus” (Santo Inácio de Antioquia, Epístola ad Romanos, 4, 1: SC 10bis).
A frase que foi pronunciada:
“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que vosso fruto permaneça…” (Jo 15 16).
Jesus Cristo
Bronze
Foi a pesquisa Cirium, consultoria internacional, que deu, ao Aeroporto de Brasília, o título de terceiro aeroporto mais pontual do mundo. Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Osaka, no Japão, ocuparam, respectivamente, o primeiro e o segundo lugares.
História de Brasília
Demonstrando visível má-fé para com Brasília e má vontade para com o trabalho dos técnicos, o sr. Maurício Jopert, apesar dos desmentidos, foi à tribuna da Câmara falar sobre o cadáver no reservatório d’água de Brasília. (Publicada em 15/4/1962)
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Depois de uma semana de competições nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 e contando com uma delegação de 274 atletas, o Brasil contabiliza quatro medalhas no total, sendo uma de prata e três de bronze. É pouco para um país como o nosso. Talvez, até muito se consideradas as agruras a que estão submetidos os atletas e o pouco caso com que os esportes amadores são tratados. Isso tudo sem falar das seguidas confusões administrativas apresentadas pelo comitê nacional que trata dessas modalidades de esportes.
Os resultados do Brasil, até agora, nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 podem ser equiparados aos certames internacionais em que são aferidas as qualidades do ensino em nosso país vis-à-vis outros países. Estamos sempre na rabeira do mundo. Esporte e educação nas escolas, sobretudo naquelas de responsabilidade do poder público, oscilam nos níveis entre o medíocre e o mediano, sendo a média aferida com base no que temos de acordo com nossa realidade, que é de desolação completa.
Não há um incentivo aos esportes, como não há também incentivos às artes. Por isso, nossas escolas não se tornam uma porta aberta para o surgimento de esportistas ou de artistas, iniciativa mais barata de retirar pessoas vulneráveis do crime. Ao contrário de outros países em que os governos investem pesado nesses dois caminhos, no Brasil esse ainda é um sonho distante.
Educação deve ser sempre integral — ou seja, abranger o oferecimento de um universo de disciplinas capaz de favorecer também uma formação integral. Se a universalização do ensino é uma meta a ser cumprida, também a oferta de um ensino integral é necessária. Quanto mais esporte for oferecido nas escolas, mais e mais teremos atletas com performances que atinjam o nível nacional e internacional do esporte.
Da mesma forma, quanto mais disciplinas de artes ofertadas no ensino público, mais e mais artistas surgirão para decifrar e chamar a atenção para a nossa realidade. O pobre quadro de medalhas conquistado pelo Brasil em mais essa Olimpíadas deixa patente nosso pouco empenho na formação de novos atletas e atesta a falência dos esportes como disciplina séria em nossas escolas.
Quem anda pelas cidades deste país verifica que as poucas quadras de esporte existentes encontram-se, na sua grande maioria, destruídas ou mal cuidadas. A educação pelo esporte e pelas artes, que seria uma solução factível para atender às classes menos favorecidas, não é posta em prática por desleixo e puro desinteresse de seguidos governos.
A educação só é levada a sério quando se trata de recorrer a essa pasta para salvar as finanças públicas, como o que ocorre neste momento, em que o governo, por conta de um ajuste fiscal emergencial, cortou R$ 1,3 bilhão do Ministério da Educação. Também o Ministério do Esporte sofreu um congelamento de mais de R$ 135 milhões, em cima de uma verba total de pouco mais de R$ 2 bilhões. Nem mesmo a Lei de Incentivo ao Esporte, existente desde 2007, consegue desenvolver, na prática, a formação de atletas promissores para representar o Brasil nos torneios internacionais.
De nada adiantam as estatísticas superlativas apresentadas pelo governo quando o que se verifica, na prática e na vida real, como é o caso agora nas Olimpíadas, que o nosso país vai mal no quadro de medalhas. Também o Bolsa Atleta, criado em 2005, que deveria dar maior impulso aos esportes no país, paga, em torno de R$ 400 mensais a maioria dos atletas, sendo que aqueles que têm nível mais alto de desempenho chegam a receber R$ 16 mil, mas, para isso, têm de estar entre os 20 melhores do planeta em sua modalidade, o que é uma enorme barreira para a maioria.
É certo que os países que se destacam no quadro de medalhas geralmente têm um investimento muito mais elevado do que o nosso, desde a base até o alto rendimento. Qualquer investimento que o Brasil faça sem o objetivo final de performances perfeitas em competições ainda estará muito aquém de países como os Estados Unidos, China e outros.
A frase que foi pronunciada:
“Eu me preocupo mais em ser uma pessoa boa do que ser o melhor jogador do mundo.”
Messi
História de Brasília
O DVO começou ontem a limpeza da superquadra 305, do Iapi. As firmas empreiteiras entregarão os blocos dentro de duas semanas, podendo ser habitados, provavelmente, em princípios de maio. Ainda não foram providenciadas, entretanto, as ligações de luz, água e telefone, que já deveriam estar prontas. (Publicada em 15/4/1962)