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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Imensas são as responsabilidades, principalmente os deveres, daqueles, que em função do cargo de representação, dado pelo voto popular, são alçados à condição de chefe da nação. Não é por outra razão que os presidentes da República, no caso do Brasil, concentram grande soma de poder. Infelizmente, não são poucos, em nosso país, aqueles que, uma vez atingida essa condição extraordinária, veem-se muito aquém dessa missão, transformando-se, depois de empossados, em verdadeiros anões políticos, reféns das circunstâncias ou totalmente entregues às forças que os circundam.
Não é um cargo para muitos e, talvez, por isso mesmo, muitos têm fracassado, levando todo o país de roldão para crises que parecem se perpetuar no tempo. A história política de nosso presidencialismo, desde sua implantação à força em 1889, apresenta uma tal sequência ininterrupta de crises que não seria exagero dizer que esse sistema de governo ainda não disse a que veio, nem conseguiu acertar as contas com o passado, quando expulsou, de forma violenta, a família real do país.
A razão para essas crises contínuas reside, como é do conhecimento de muitos, na falta de preparo dos postulantes para exercer cargo tão instável e delicado. A vantagem da monarquia, se é que isso é possível, diante da mediocridade de figuras que desfilaram como presidentes da República, é que, naquele regime, o futuro indicado por laços consanguíneos recebia uma longa e detalhada preparação prévia antes de assumir como soberano.
A verdade é que temos experimentado, em mais de um século, uma sequência enorme e penosa de presidentes da República totalmente despreparados para a função e seguimos nessa toada, onde a única exigência ou pré-condição para atingirem esse posto é dada pelo instrumento do voto. O mesmo acontece para outros cargos no Executivo, no Legislativo e, em certos casos, para a mais alta corte de justiça do país. No lugar dos mais bem preparados, temos os mais espertos. Convenhamos que isso não é um critério que vá levar, ao poder, os cidadãos mais bem preparados e aptos a exercê-lo.
Para um alienígena que por aqui aportasse, soaria estranhíssimo termos exigências curriculares para varredores de rua e não termos as mesmas cobranças para aqueles que ocuparão o comando da nação. A coisa fica ainda mais absurda quando verificamos que estamos nos aproximando de 2022, quando, mais uma vez, teremos que escolher entre dois possíveis candidatos já demasiadamente conhecidos, testados e reprovados por suas performances.
Não há aqui necessidade de termos uma bola de cristal para sabermos que estamos diante de uma nova crise que virá, caso qualquer um desses dois nomes que aí estão em destaque nas pesquisas assumam, de novo, a presidência da República. São as imperfeições inerentes ao regime democrático, diriam uns. Dirão outros que essas são, na verdade, as imperfeições graves de um sistema eleitoral no qual o eleitor é apenas um detalhe incômodo e indispensável para o dia da votação e, depois disso, é deixado de lado e esquecido.
O fato de estarmos em meio à mais uma crise, agravada agora por uma pandemia devastadora, não nos impede, em momento algum, de estarmos preparando o próximo pleito de 22, apenas para darmos continuidade às nossas tribulações infindas. Seria própria da democracia também essa espécie de masoquismo político, que faz com que os cidadãos permaneçam atados a um sistema que parece render apenas crises cíclicas?
A frase que foi pronunciada:
“A vontade é a única coisa do mundo que quando esvazia tem que levar uma alfinetada.”
Mafalda
Sonho
Tomara que a equipe do governador Ibaneis não apenas continue com as obras de melhoramento da W3 Sul, mas estenda essa sua iniciativa também para a W3 Norte, visando, quem sabe, num futuro não muito distante, integrar, para os pedestres, essas duas importantes vias comerciais da capital, formando uma só avenida, iluminada, limpa e atrativa para os empresários, turistas e para a população.
Concreto
Caso o atual governador consiga, o que tem parecido impossível até aqui, que é a revitalização desse importante eixo, esquecido e abandonado no tempo, essas obras representarão um marco do seu governo, capaz de gerar um novo e amplo fluxo econômico da cidade, castigada por uma pandemia prolongada e impiedosa.
História de Brasília
Está trabalhando ativamente a Associação Profissional dos Jornalistas do Distrito Federal, para que sejam financiados os carros dos seus associados. Os primeiros entendimentos com o cel. Jofre, informa a secretaria da Associação, foram realizados com bastante êxito. (Publicada em 08/02/1962).
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Entre nós, só existe uma entidade realmente capaz de fazer cessarem as críticas contra o Judiciário e reverter o descrédito, se isso é possível, que a grande maioria da população nutre em relação ao nosso modelo de justiça. Enganam-se aqueles que pensam que a imprensa tem esse poder, ou que os políticos poderiam ajudar a melhorar a imagem do Judiciário, desgastado, praticamente, desde que, por aqui, Cabral aportou.
O ranço elitista pespegado à nossa justiça vem de longe e parece aumentar com o passar dos anos. Por mais que alguns abnegados magistrados, espalhados por esse imenso Brasil, esforcem-se para fazer com que a justiça tenha o lugar que merece como árbitro a equilibrar os valores da civilidade e da cidadania, as altas cortes, ilhadas em capitais como Brasília, sempre encontram um meio de fazer pender a balança dos vereditos em benefício dos mais favorecidos.
Na verdade, somente o Judiciário e seus operadores seriam capazes de recompor os milhares cacos em que o cristal de alabastro das leis vem se espatifando. Talvez essa missão possa caber às faculdades de ensino do Direito, indo em busca das origens para observar em que ponto essa ciência humana começou a desandar. Talvez, introduzindo, nas grades curriculares desse curso, disciplinas que aliassem, à didática jurídica, ensinamentos voltados às prática da ética e da artes, como meio de fazer ver, aos novos alunos, que existe vida e espírito além das letras mortas da lei.
Nesse sentido, ética e estética poderiam se fundir, num exercício de refinamento dos espíritos e das mentes. Não há beleza onde a ética esteja ausente. Esse é, pelo menos, o que ensinavam os antigos gregos do período clássico, num detalhe talvez esquecido na formulação desses novos cursos de Direito. Muito adiantaria, a essa tão grande variedade de escolas de Direito, que brotaram por toda a parte, despertar, tanto em seu corpo docente como discente, os valores frágeis e etéreos que unem beleza e verdade e que somente a arte parece apontar como fato relevante.
Existe uma antiga técnica japonesa chamada “Kintsugi”, surgida ainda quando o Brasil era uma colônia de Portugal, que exercita a recomposição e restauração de cerâmicas e porcelanas que quebraram, por meio da utilização de uma espécie de cola ou verniz, misturada a pó de ouro, para que as fissuras se destaquem entre os remendos, apresentando em destaque a beleza das cicatrizes da vida e mostrando que é sempre possível refazer erros e adversidades.
Essa que parece, à primeira vista, ser uma solução singela e até frugal, é tudo o que a nossa justiça necessita, nesse primeiro momento, para começar a remendar os muitos cacos em que parte da elite do Poder Judiciário vem fazendo com as nossas leis. O que o Supremo vem fazendo, ao desmanchar com os pés o imenso trabalho que a força tarefa da Lava Jato fez, anos a fio, com as mãos e a mente, estilhaçando, um a um, todos os processos referentes ao maior caso de corrupção que esse país já experimentou, apenas para livrar seu maior protagonista, é um desses exercícios que mostra bem, ao alunado de Direito, a dificuldade que as novas gerações de doutores terão pela frente, para reunir novamente o fino vaso das leis, pulverizado por gananciosos e suas chicanas ilusionistas.
A frase que foi pronunciada:
“Deus, espero que o senhor possa ajudar a melhorar o estado da situação… Ou será que é a situação do Estado?”
Mafalda, personagem do Quino
Regata
No dia 18 está agendada a 2ª Regata Ecológica alusiva ao Dia Mundial da Limpeza e o Esforço da consciência ambiental. A iniciativa é da Marinha do Brasil. Uma gincana será a força motriz para deixar o lago Paranoá limpo.
Novidade
Por falar em ecologia, vale o registro do aplicativo desenvolvido pela UnB com o patrocínio da Finatec. O monitoramento das áreas do cerrado desmatadas pode ser encontrado no Radis, disponível gratuitamente. Mário Ávila, do projeto Restaura Cerrado, acredita que essa é uma forma descomplicada de cumprir a regularização ambiental do cerrado.
História de Brasília
Já começaram a desmanchar o canteiro de obras do prédio da Central de Telex, que o dr. Jânio queria construir na superquadra 208, em frente ao bloco onze. (Publicada em 08/02/1962).
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Não se engane: qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que venha a ser instalada no Legislativo, e que tenha como objetivo investigar, com seriedade, qualquer questão relativa ao governo, à política, às finanças, ou o que quer que seja que diga respeito ao Brasil, tanto no presente como no passado, tem potencial imenso para desvendar novas e engenhosas ilicitudes.
Onde quer que se cave nesse país, haverá de ser encontrado vestígios e cadáveres a revelar um gigantesco submundo que parece se estender pelos subterrâneos do Estado. Basta escolher o tema ou o assunto, que as revelações hão de vir à luz. No momento, a Comissão em andamento no Legislativo, denominada CPI da Pandemia, e que visa revelar os desvãos por onde bilhões de reais do dinheiro público se esvaíram com a compra superfaturada de vacinas ou apenas com a promessa de aquisição desses medicamentos, vai produzindo seus resultados ao revelar um esquema poderoso envolvendo empresas de fachada, inclusive bancos, todas elas de olho no mercado farto da compra emergencial e tardia de vacina em plena pandemia.
É o poder do dinheiro e da esperteza no mercado da vida e da morte. Entra nesse comércio sem lastro ético, apenas como número e estatística, a quantia de 600 mil mortes, a grande maioria, vítima de um sistema que envolve figuras do governo e empresários gananciosos e desumanos.
No final dos trabalhos dessa CPI, que já foi prorrogada uma vez e que poderia, por seu potencial revelador, ser mais uma vez esticada para o infinito, é esperada a elaboração de um calhamaço em forma de relatório, que contará mais uma pequena porção dessa nossa história feita de infâmias e onde a população é sempre a vítima. Há, nesse terreno fértil, formando por 8,5 milhões de quilômetros quadrados, espaço suficiente para ser escavado, donde se pode encontrar veios a desvendar nossos descaminhos históricos. E não é só no âmbito do governo e do Estado que qualquer investigação séria pode nos levar a revelações do cometimento de crimes diversos.
Veja o caso do nosso empresariado, principalmente os de maiores portes, que no governo petista se juntaram para saquear as estatais, sob orientação do próprio governo, que escancarou as portas de empresas como a Petrobras para que fosse completamente depauperada.
Para onde quer que se volte o olhar, há chances reais de vermos como continuamos, depois de cinco séculos, sendo constantemente pilhados. Invente-se um tema, por exemplo, o índio ou a grilhagem de terras e teremos outro calhamaço de denúncias a serem apuradas. Relativamente ao meio ambiente e aos crimes que acontecem num ritmo acelerado, as denúncias renderiam CPIs diversas e prolongadas.
O mesmo com relação à saúde. Com relação ao desvio de recursos pelos governadores durante a pandemia e que a atual CPI do Senado resolveu não apurar. Outro exemplo de assunto que renderia uma boa Comissão Parlamentar de Inquérito é com relação ao pagamento de precatórios, que são recursos que o Estado deve a parcelas de sua população e simplesmente deixa de pagar e fica por isso mesmo. Todo e qualquer tema poderia render uma CPI.
O problema é que, depois de encerrados os trabalhos dessas Comissões e elaborado o relatório final, que é enviado à Procuradoria Geral da República e ao Ministério Público para que adotem as devidas providências, o caso passa a ser submetido a uma espécie de peneira, onde os figurões da República, dotados ou não de foro de prerrogativa, são deixados de fora dos inquéritos, restando o indiciamento dos peixes pequenos. Para aqueles integrantes da elite do Estado ou do empresariado que não conseguiram escapar de um primeiro cerco da justiça, resta a opção de recorrer ao Supremo, onde a prescrição ou a absolvição é o final mais comumente ajeitado.
A frase que foi pronunciada:
“A sopa é para a infância assim como o comunismo é para a democracia.”
Mafalada
Mobilidade
Alguns prédios residenciais das 400 e as construções das entrequadras, onde salas comerciais funcionam como moradia, precisam de elevador. O direito dos idosos de ir e vir, subindo lances de escada, é proibitivo.
Escuro
BR 080, na altura da divisa com Padre Bernardo, está sem iluminação. Há um intenso trânsito de caminhões à noite, um perigo para os motoristas.
Perigo
Falta de manutenção no metrô deixa passageiros a pé. Nessa segunda-feira, o Metrô do DF deixou seus passageiros à deriva. O veículo descarrilou e os passageiros tiveram que andar pelas beiradas até a próxima estação.
História de Brasília
Estes episódios tiveram como cenário o Rio de Janeiro, o governador é o sr. Carlos Lacerda, o Ministro é o sr. Alfredo Nasser. E os nomes dos terroristas leia, por favor, na seção de polícia. (Publicada em 08/02/1962)
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Nessa altura dos acontecimentos, muitos brasileiros já sabem que, para que aconteça a tão desejada e urgente reforma política, capaz de conferir maior grau de qualidade e eficiência ao nosso modelo de democracia, é preciso antes, além da boa vontade, desprendimento e espírito público dos próprios políticos, uma mudança radical na miríade de legendas partidárias. É isso ou o giro feito cachorro doido correndo atrás do próprio rabo.
Somente por esses dois requisitos básicos, para que haja essas mudanças, já se pode imaginar que temos pela frente uma verdadeira batalha de Davi contra Golias. A depender da vontade espontânea dos políticos e de seus respectivos partidos, e pelo que temos observado até aqui, isso parece muito improvável, senão impossível.
Somadas, as mais de trinta legendas, sorvem, dos pobres contribuintes, bilhões de reais todos os anos, distribuídos entre fundos partidário e eleitoral, emendas individuais, emendas de bancada, emendas do relator, emendas das comissões, além de emendas ditas “secretas”, destinadas aos redutos eleitorais de cada parlamentar, entre outras.
Não por acaso, segundo dados da União Parlamentar, uma organização internacional que analisa os legislativos em diferentes países, temos o segundo Congresso Nacional mais caro do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Para complicar uma situação que já é, em si, deveras incompreensível, diante de tantas necessidades e carências mais urgentes da população, a cada legislatura, vão sendo impostas leis que, em última análise, beneficiam direta e unicamente os parlamentares, independente de fatores externos, como a pandemia ou qualquer outra adversidade.
Com isso, temos um Congresso, com exceções é claro, que não se vexa em, repetidas vezes, legislar em causa própria, como se isso fosse a coisa mais natural e ética possível. Não é e deveria ter um freio ou um impedimento legal qualquer para vetar procedimentos dessa natureza. Na contramão desse corporativismo, a quase totalidade das leis que a população gostaria de ver aprovadas, como o fim do foro privilegiado, a prisão em segunda instância, a cláusula de barreira e mesmo a Lei da Ficha Limpa, conforme desenhada pelos cidadãos, ou são engavetadas, ou têm seus objetivos básicos desvirtuados e moldados aos interesses de parte da classe política.
É nesse descompasso, entre o que fazem os representantes da população e o que necessita o cidadão, que assistimos o recrudescimento das críticas ao Poder Legislativo e uma queda acentuada na credibilidade desse Poder. Tal fato parece não possuir força capaz de mudar esse comportamento dissociado da população. Pelo contrário, a impressão que muitos têm é de que, a cada manifestação da população contra esse comportamento, mais e mais, o Congresso parece isolado em seu mundo e esticando a corda em favor de benefícios e outras vantagens próprias extraídas dos pagadores de impostos.
Para muitos cidadãos, o que estamos assistindo, de camarote, é a hipertrofia do Poder Legislativo em relação aos demais, o que pode, facilmente, conduzir-nos para uma espécie de ditadura do Congresso. Se não é assim, como explicar, em plena pandemia e com os trabalhos presenciais suspensos, que a Câmara dos Deputados tenha aprovado agora o que chama de Novo Código Eleitoral, propondo uma série de mudanças nas regras para as próximas eleições e que trarão vantagens imensas apenas para os partidos e para os políticos?
Para começo de conversa, trata-se aqui de uma série de mudanças que não surpreende quem conhece o apetite de alguns desses senhores, mas que os especialistas consideram uma afronta e um desrespeito à própria Constituição. A lista completa de mudanças, em causa própria, está estampada em todos os jornais do país, com chamadas pouco elogiosas às alterações.
Apenas para se ter uma pequena noção desses absurdos, o fundo partidário, já pouco fiscalizado e desviado de mil formas, agora poderá ser gasto de acordo com o interesse partidário, inclusive para a compra de bens móveis e imóveis, até mesmo para a compra de aeronaves. Não adianta protestar, é lei. Aguenta Brasil.
A frase que foi pronunciada:
“A sopa é para a infância o que o comunismo é para a democracia!”
Mafalda, personagem criada por Quino
História de Brasília
Um Ministro de Estado denuncia os terroristas, comunica ao governador do Estado, cita nomes, dá endereços, e o que vemos: ao invés de serem presos, os terroristas deitam falação pelos jornais, e prometem processar o Ministro. (Publicada em 08/02/1962).
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São nos momentos de crise que devemos ouvir e refletir os conselhos transmitidos por aqueles que, por sua sabedoria e ética, sempre se apresentaram como verdadeiros luminares a clarear e indicar caminhos seguros para todos. Essa é uma das lições que todos os povos, em todo o tempo e lugar, sempre recorreram nas horas de aflição e que são atemporais, pelo poder que têm de esclarecer o passado, revisar o presente e, com isso, preparar o futuro.
Nesse sentido, tendo como fato relevante a situação política atual, fica mais do que evidente que devemos todos prestar atenção às vozes lúcidas que clamam nesse deserto de sensatez em que estamos perdidos. Ao afirmar, publicamente e de forma impensada, que doravante não mais acatará quaisquer ordens oriundas da mais alta Corte do país, o que o presidente da República fez, na prática — e, diga-se de passagem, que o levou, no passado, a ser afastado do Exército pelo mesmo motivo — foi implodir as pontes frágeis que conectavam os poderes Judiciário e Executivo, além de arrastar todo o país para uma crise institucional desnecessária e vã e que trará um conjunto de outros problemas graves que necessitam de solução urgente.
Para entender melhor que desdobramentos podem ocorrer dessa declaração inusitada e o que nos espera pela frente, nada mais útil do que escutar o que diz um dos mais renomados juristas desse país e antigo titular de direito penal da Universidade de São Paulo, Miguel Reale Júnior. Em entrevista dada à imprensa, o jurista fez uma espécie de balanço sobre os pronunciamentos do presidente no Sete de Setembro em Brasília e em São Paulo. Na sua avaliação, como resultado desses pronunciamentos, o que ficou estabelecido, de forma nítida, foi o início do estabelecimento de um marco separando, daqui para frente, as entidades políticas e a sociedade organizada, de um lado, e o bolsonarismo com seus seguidores, de outro.
Para ele, esses ataques vão se repetir cada vez com mais frequência, sobretudo tendo a figura do ministro Alexandre de Moraes como alvo, uma vez que é ele que conduz os processos de apuração sobre as fake news, o que coincide com a disposição do presidente de ter vetado justamente esse artigo na lei que estabelecia os crimes contra o Estado Democrático.
Entende Miguel Reale Júnior que, ao vetar o artigo sobre a divulgação das fake news, o presidente inviabilizou esse tipo de crime, ao mesmo tempo em que deu todas as condições para que essa prática prossiga, pelo menos até as próximas eleições. “Ele foi eleito ao lado da fake news, ele precisa da fake news para sobreviver politicamente e para mobilizar as redes sociais, por isso, ele vai continuar nessa senda. No Sete de Setembro, ele fez um discurso para si mesmo, o Brasil não existiu na fala dele, mesmo com todos os problemas graves que tem pela frente”, afirmou o jurista.
O conselho dado por Miguel Reale, tendo em vista que, por todas as demonstrações feitas até aqui, desde a posse, o presidente não demonstra vontade de parar com sua constante belicosidade. Mas Bolsonaro só irá até aonde o Centrão quiser levá-lo. Caso esse grupo político e interesseiro constate que não haverá vantagens eleitorais em colar sua imagem à do presidente e que a aliança representa um verdadeiro abraço de afogado, o atual chefe do Executivo será deixado suspenso no ar, seguro apenas pelo pincel, abandonado à própria sorte, para azar dos eleitores e de parte dos brasileiros que acreditaram em suas promessas.
A frase que não foi pronunciada:
“Quem protege verdadeiramente Constituição? O Executivo, Legislativo ou o Judiciário?”
Dúvida de dona Dita
Educação
Ideia profícua do senador Confúcio Moura de promover uma audiência pública para discutir um estudo do Instituto Votorantim que relaciona dados socioeconômicos a taxas de letalidade pela Covid-19. A notícia é da Agência Senado.
Vulneráveis
Por outro lado, uma subcomissão vai avaliar efeitos da pandemia na educação e estudar soluções para os estragos deixados, principalmente, para as famílias vulneráveis. O senador Flávio Arns deu uma entrevista a Rádio Senado sobre o assunto.
Comunicação
O incêndio no Hospital Regional de Santa Maria mostra que as instituições públicas devem estar de plantão para informar a comunidade por meio das redes sociais. Familiares ficaram desesperados sem notícias oficiais.
Mais clareza
Um passeio pelo Reclame Aqui dá uma mostra da qualidade de atendimento do BRB.
História de Brasília
Diz claramente que só mudará quando estiver pronto o prédio, cujas plantas ainda estão em seu poder, e ainda não foram apresentadas ao Ministro San Thiago Dantas “por falta de oportunidade”. (Publicada em 08/02/1962)
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Da falta de uma melhor qualificação do voto e do eleitor, processo esse que só pode ser atingido a partir da universalização de um ensino público de qualidade, o que temos que aceitar, e até nos conformar, é com os resultados de seguidas eleições, nas quais vários dos melhores candidatos acabam sempre ficando de fora dos pleitos.
Trata-se aqui de num processo que mais se assemelha a uma espécie de voto de cabresto às avessas, no qual os eleitores, sem a devida noção das consequências cívicas do voto, acabam impondo, à sociedade, a vitória dos candidatos mais desqualificados. É a nossa versão de kakistocracia. É esse o resultado, com maiores ou menores intensidades, que temos colhido desde a redemocratização nos anos oitenta.
Para piorar uma situação que em si já é bastante delicada, juntamos, a essa kakistocracia, algumas outras definições políticas, oriundas também do grego antigo como a iuriscracia ou o governo exercido pelos juízes, por meio do chamado ativismo judicial ou politização da justiça. Somados a essas deformidades da democracia, temos ainda, em razão direta da baixíssima qualificação do voto e do eleitor, o fenômeno da nepocracia, que é quando o poder é utilizado por governantes para beneficiar diretamente seus familiares. É o caso que temos assistido tanto com relação ao ex-presidente Lula e seus filhos, que enriqueceram no governo do pai, sendo classificados na época como os “Ronaldinhos dos negócios”, como com as suspeitas no caso da família do atual governo, sobre as divulgadas rachadinhas ou por meio do crime de peculato.
Em decorrência da desqualificação proposital do binômio eleitor/voto, o que temos como resultado não poderia ser outro: uma democracia de má qualidade, em que os eleitores elegem brincando ou vendendo votos e, como consequência, passa a ser solenemente ignorada até as próximas eleições.
Algumas décadas atrás, quando Pelé deixou escapar a frase de que cada povo tem o governo que merece ou que o povo brasileiro não sabe votar, a mídia caiu em cima do jogador para crucificá-lo, usando, para essas críticas, até o nome pespegado aos juízes de futebol.
Hoje é preciso uma verificação dos fatos ocorridos até aqui para saber, ao certo, se ele estava ou não com a razão. A falta de seriedade nas eleições, feita de alto a baixo, produz o que temos colhido. É nesse intervalo entre a displicência entre o ato de votar e a vitória desses candidatos que, previamente, estamos preparando os novos ciclos de corrupção que virão. Nem vamos estender o assunto urnas eletrônicas, já devidamente discutido, mas não resolvido.
Somos todos responsáveis por nossas escolhas. Nas últimas eleições, embora os eleitores demonstrassem claramente não saber o que desejavam para o país, pelos menos externaram aquilo e aquele que não queriam de volta. Já é um começo. Vamos juntos soçobrando nessa areia movediça. Para não ficarmos desatualizados, num mundo em desabalada carreira, rumo ao que parece ser o epílogo de nossa espécie, estamos experienciando o que pode ser uma República envenenada por fakes news ou por três poderes desinteressados na população e seu futuro.
A frase que foi pronunciada:
“A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações.”
Winston Churchill
Desatino
Moradores da 711 Norte são surpreendidos com a falta de energia constantemente. Os cabos da rede elétrica são furtados.
Outra forma
Projeto Viva Centro ainda não vingou. Querem transformar o Setor Comercial Sul, que hoje mais parece uma cidade fantasma, em moradia. Se o IPHAN, que é o setor técnico, inviabilizou o projeto, é porque há razões.
Delícia
Neste ano, a Festa do Morango vai até o dia 7 de Setembro. São cerca de 200 famílias que cultivam a fruta no Distrito Federal, aproximadamente 95% delas na região de Brazlândia, onde é realizado o tradicional encontro com diversas atrações e guloseimas.
Chuvas
Esse é o momento para as Administrações pontuarem, no mapa da cidade, as áreas onde há necessidade da escoação de águas. Caso contrário, as notícias de todos os anos se repetirão.
Carta do leitor
“Esperando o Godot das matemáticas”(coluna 3/9). O correto seria “Esperando o Godot das aritméticas”, já que o texto analisa a crescente e absurda escalada dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Matemática é a ciência dos números. Mas quem trata deles, somando, dividindo ou multiplicando, é a aritmética.
História de Brasília
Falta, entretanto, verba para o aproveitamento do Córrego das Pedras que servirá sem nenhum problema sanitário. Uma boa medida que o Prefeito poderia adotar seria proibir funcionário de dirigir carro chapa branca. Cabe apenas aos motoristas da repartição este trabalho. (Publicada em 08/02/1962)
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Continua sendo aguardado, na Esplanada dos Ministérios e no governo, a chegada de um técnico, com bagagem científica e currículo acadêmico suficientes, para elaborar uma fórmula matemática capaz de evitar que os aumentos contínuos nos preços dos combustíveis e da energia elétrica não pesem, tanto no cálculo de inflação quanto no bolso dos desesperados consumidores brasileiros.
Qualquer um que demonstrar, matematicamente, a possibilidade do aumento desses insumos não incidirem no cálculo da inflação poderia ser nomeado instantaneamente ministro plenipotenciário do planejamento, com toda pompa e circunstância. Trata-se de uma conjectura ou de teorema dignos de uma “hipótese de Poicaré”, de difícil solução, mesmo na linha das ciências econômicas, onde o fator humano e suas nuances permitem infinitas variantes. No caso em questão, é sabido, como premissa, que qualquer variação para cima, nos preços de combustíveis e de energia, tem reflexos diretos no aumento dos preços finais para o consumidor, pois são bens econômicos necessários ao motor da economia.
Num país em que o transporte é unimodal e realizado basicamente por rodovias, o aumento no combustível eleva os preços das mercadorias transportadas. Num país também em que a energia elétrica ainda é obtida, quase que inteiramente, pela força motriz dos rios nas turbinas das hidroelétricas, qualquer variação nas chuvas e no volume das águas fluviais tem efeito direto sobre a produção de energia.
Nos dois casos, o que o nosso esperado e exímio matemático enxerga, logo de saída, é a total dependência desses modelos econômicos na elevação dos preços e da inflação final. Na realidade, o que se tem aqui é toda uma sociedade feita refém de um modelo construído para não dar prejuízos ao Estado, mesmo que isso ameace e estrangule o consumidor. O que se sabe ainda é que, no pós pandemia, a maioria das economias pelo mundo irão necessitar mais de petróleo para a retomada de seus projetos de desenvolvimento.
Analistas de mercado são unânimes em apostarem na elevação dos preços do barril de petróleo. Por outro lado, é certo também que o aquecimento global, que hoje é uma realidade planetária e praticamente irreversível, projeta uma intensificação do calor e do prolongamento nos períodos de seca. O Brasil, que vem andando na contramão desses alertas científicos, permitindo todo o tipo de crime contra o nosso meio ambiente e ainda incentivando um tipo de agronegócio devastador e sem limites, sofrerá e sofre hoje as consequências dessa incúria.
Desse modo, as variantes do modelo tanto em relação ao petróleo como no caso das hidroelétricas, tornam complexas as resoluções desses teoremas matemáticos e indicam que esse é um problema de resolução quase impossível, mesmo no caso extremo de congelamento nos preços desses insumos básicos. Resta, portanto, a introdução nessa fórmula de alternativas, aparentemente exógenas, mas que, no médio prazo, iriam concorrer para desvincular, definitivamente, a diminuição do volume de água no leito dos rios e o aumento na demanda de petróleo, na variação ascendente dos preços e na formação da inflação.
Essas variantes estão aí para todo mundo que quiser ver, inclusive o governo, que finge que não vê. Trata-se da energia eólica e solar por um lado, e da construção de linhas ferroviárias por outro, aliadas à produção em massa de transportes movidos à eletricidade. Essa é uma saída, a outra é aguardar a chegada de um técnico em finanças públicas, uma espécie de Godot das matemáticas.
A frase que foi pronunciada:
“Nosso universo é um mar de energia limpa e sem energia. Está tudo lá fora, esperando que zarpemos.”
Robert Adams
Compras online
Totalmente interativo, o site da Fundação Athos Bulcão é uma ótima oportunidade de adquirir xícaras, calendários, azulejos e outros objetos valorizados pela arte de Bulcão.
Mesma coisa
Uma mesa na Churrascaria São Paulo só com jovens entre 20 e 25 anos. Em pauta, o desemprego. Um dos rapazes formado em administração, só conseguiu lugar como corretor de imóveis. Outro formado em marketing trabalhando em uma gráfica, o caçula da turma fala 3 línguas, é formado em Economia e, sem emprego, estuda para concurso.
Conclusão
Nutricionistas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, em parceria com a FAO, conclui que o brasileiro precisa consumir mais frutas e hortaliças. Basta ver os caixas dos supermercados. Sempre há alguma fruta ou hortaliça que não é reconhecida.
História de Brasília
Taguatinga está ameaçada de servir à população, água contaminada. E’ que a água que abastece a cidade é retirada do Córrego do Cortado, e já fizeram loteamento no local da captação. (Publicada em 08/02/1962).