Criando corvos

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Charge do Cícero

 

Não fosse o dinheiro suado dos pagadores de impostos, subtraídos de forma compulsória, por um Estado perdulário e um dos campeões do planeta no quesito alta carga tributária, as mais de 30 legendas partidárias que hoje parasitam o Poder Legislativo, tornando a nossa democracia uma das mais caras e ineficientes do mundo moderno, teriam vida curta ou nem mesmo nos dariam o desprazer de existir. Em outras palavras, os nossos partidos existem, simplesmente, porque lhes são franqueados boa parcela de recursos públicos. Sem essa dinheirama, contabilizada em bilhões de reais, não teríamos essa baciada de agremiações políticas que agem exatamente como clubes de argentários, no mais estrito modelo de empresa privada.

Apenas por esse aspecto sui generis, podemos inferir que a representação política, tão necessária para a manutenção do chamado Estado Democrático de Direito, realizada por meio de partidos sustentados, exclusivamente, com verbas públicas, resultam, na verdade, numa espécie de democracia do tipo estatal, tutelada pelo Estado, graças aos cofres públicos. Em outro sentido, pode-se entender que, por essa fórmula, o que os brasileiros têm em mãos para representá-los no parlamento, em todos os níveis, municipal, estadual e federal, são empresas típicas do Estado, que, ao contrário de muitas, não necessitam adotar regras de compliance ou mesmo prestar contas, aos contribuintes, dos recursos que arrecadam e dos gastos que empreendem.

A questão, nesse caso, é como alcançar uma verdadeira democracia, com igualdade de oportunidade, sabendo-se que a ponte que liga o cidadão ao Estado é inteiramente construída e alicerçada com os recursos retirados à fórceps do cidadão. Pior ainda do que ter partidos que muito se assemelham a típicas estatais, sempre bancadas pela viúva, é verificar que toda essa fortuna, carreada para as legendas, é administrada por grupos instalados dentro da máquina partidária, cuja a única função é praticar a matemática engenhosa da prestação de contas. Esse, inclusive é um outro capítulo vergonhoso do nosso sistema partidário, que por omissão e pouco zelo dos tribunais eleitorais, tornam as contas partidárias uma ficção que é submetida a infinitas manobras contábeis para fazer o dinheiro desaparecer no sumidouro da burocracia. Com isso, vale a expressão espanhola: %u201Ccriamos corvos para que eles nos arranquem os olhos.

Quando surgiu como uma força nova dentro do cenário político do final dos anos 1970, o Partido dos Trabalhadores empolgava a oposição ao regime pelo fato de obter seus recursos diretamente da população, por meio de vaquinhas, venda de camisetas e churrascos e outros meios originais e absolutamente transparentes. Essa era a força que mantinha esse partido bem ao gosto popular. Esse tempo amador, mas autêntico, vai longe, bem longe. Hoje o PT, como de resto todas as demais legendas, vive à sombra do Estado, devidamente azeitado com verbas bilionárias, fechados em si mesmos, distantes da população, hoje, chamada apenas pelo nome genérico de %u201Cbase%u201D. Fenômeno semelhante parece ter ocorrido também com os clubes de futebol.

Antigamente, era comum falar-se em amor à camisa. Eram tempos de inocência no futebol. Os times viviam praticamente dos recursos obtidos das bilheterias dos jogos. Por esse critério, o desempenho no campeonato e a boa performance contavam muito para atrair o público. Só os bons times, bem armados e treinados sobreviviam aos torneios. Esse também são tempos que já vão bem longe. Seguidas pesquisas mostram que dentre as instituições do país, aquelas que menos gozam da simpatia e da confiança dos brasileiros são justamente os partidos e seus respectivos políticos. Por aí, pode-se ver que não é o dinheiro que torna pessoas, empresas e instituições em algo respeitável e aceita pela população. Entre as coisas que o dinheiro não é capaz de franquear, uma das mais importantes, é a respeitabilidade e sua consequência direta representada pela credibilidade. Se o financiamento público, como afirmam muitos, é necessário para afastar a influência interesseira das empresas privadas, por outro lado a abundância de recursos e a sede como os políticos se atiram ao pote dos financiamentos públicos tem trazido mais prejuízos do que benefícios para o aprimoramento da democracia brasileira.

A perda paulatina e ininterrupta da confiança popular, como bem demonstram pesquisas recentes de opinião pública, jamais poderão ser contornadas com a entrada de bilhões nos cofres das legendas. Nem todo o dinheiro do mundo em propaganda seria capaz de reverter a perda de credibilidade que parece ter tomado conta dos partidos e de seus respectivos membros. Um sinal de que o dinheiro não pode tudo, é que a cada eleição aumenta o número de eleitores que simplesmente deixam de comparecer ao pleito, desencantados com nosso modelo artificial de fazer política representativa. Há inclusive estudos que mostram que, não fosse a obrigatoriedade do voto, inscrito na lei, muitos eleitores só saberiam que é eleição por se tratar de um feriado. Ao deixar de sobreviver com as contribuições diretas dos filiados e simpatizantes, os partidos políticos começaram a cortar o cordão umbilical com a sociedade que afirmavam representar.

Ao adquirirem a independência econômica, muito acima das necessidades, essas mesmas legendas se apartaram de vez da população, de quem só dependem efetivamente a cada quatro anos. Apoio efetivo só mesmo daqueles que trabalham diretamente nas campanhas e esperam recompensas. Há uma crise dos partidos que parece só ser vista por aqueles que estão do lado de fora e que é formada pelo grosso da população. Nem mesmo os mais caros e criativos marqueteiros de campanhas políticas de todo o país chamaram a atenção para esse importante fato, dando novo rumo às campanhas.

Falta menos de um ano para as eleições de 22

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Foto: EVARISTO SA/ AFP

 

Faltam pouco menos de 12 meses para as eleições gerais que irão escolher, em 2022, os nomes do presidente da República, dos governadores, das assembleias legislativas dos estados, dos 513 deputados federais, além de um terço dos 81 membros para o Senado. Trata-se de um evento da maior importância para o Brasil e que poderá, dependendo da seriedade dos eleitores, mudar os rumos do país, livrando-o, quem sabe, de uma queda iminente num abismo.

Por certo, o atual governo não fará nenhuma mudança de rumo, nem uma revolução na esfera do Executivo, confiando, talvez, que seus apoiadores irão não só entender os motivos, como irão apoiá-lo até o fim. Diante das circunstâncias, acredita-se que o que o atual chefe do Executivo fará é repetir o modelo de gestão de governos passados, que na reta final das eleições, gastando até o último centavo dos recursos públicos, com políticas populistas, que agradem dos eleitores mais carentes e, com isso, obtendo adesões interesseiras de última hora.

Convenhamos que essa é uma estratégia ao mesmo tempo irresponsável e suicida, uma vez que, na hipótese de vir a ser reeleito, terá que governar com os cofres esvaziados e sob a mira daqueles a quem prometeu mundos e fundos. Até o próximo 2 de outubro de 2022, o governo terá que encontrar um projeto consistente que detenha a escalada da inflação, já posicionada em dois dígitos e considerada uma das mais altas desde o Plano Real.

Sobre o que interessaria de fato a nação que são as reformas, não existem perspectivas à vista. Aliás, essas reformas, tão necessárias e tantas vezes negligenciadas, tanto pelo Executivo como pelo Legislativo, não ocorrerão em ano eleitoral, quando os políticos estão mais preocupados em voltar ao poder e não em discutir mudanças que, em última análise, retirarão direitos já conquistados dos próprios eleitores. Por outro lado, as negociações para a formação de frentes políticas que venham a se estabelecer numa possível terceira via já estão em andamento, o mesmo acontecendo com as costuras, feitas pelo ex-presidente e ex-penitenciário Lula da Silva, que seguem fortes nos bastidores, principalmente na construção de armadilhas e outras tramoias sujas para afastar quaisquer candidatos que venham se colocar no caminho do Partido dos Trabalhadores. Mais do que nunca essa será uma campanha em que o PT emprenhará todas as suas forças, a fim de tentar apagar os muitos crimes cometidos por essa legenda e por seus filiados a partir de 2003.

Eles virão com sangue nos olhos, sabendo que essa pode ser a última oportunidade para voltar ao Planalto, de onde sonham em vingar-se daqueles que descobriram seus malfeitos e crimes. Essa não será uma eleição como as outras porque há muitas explicações a serem feitas aos cidadãos que, na sua grande maioria, já perderam, há muito tempo, a crença nos políticos nacionais.

Com a aproximação das eleições, aumenta também a dança das cadeiras dos candidatos, todos afoitos em apresentar propostas que, sabem, não poderão, nem de longe, cumprir. Criados partidos gigantes que, com o otimismo exagerado, alinham-se ao jogo eleitoral e ajudam a ganhar votos, melhor mesmo é se mostrar positivo e proponente.

Soubessem eles o tamanho do desafio que têm pela frente, com certeza se apresentariam diante dos eleitores com maior parcimônia e mais comedimento na arte de prometer. De todos os desafios que se apresentam na atualidade, nenhum é mais premente do que o fator ambiental. Nesse setor, já repleto de adversidades, o maior e mais urgente problema é justamente o alastramento contínuo do fenômeno da seca por todo o território nacional. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a seca é hoje o maior desastre ambiental em processo no país, já afetando praticamente todo o país de Norte a Sul. A falta de chuvas e a estiagem constantes não estão mais restritas, como anteriormente, às regiões Nordeste e ao tradicional Polígono da Seca. Estudo Elaborado agora pelo IBGE, intitulado Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic) e Perfil dos Estados Brasileiros (Estadic) 2017, mostra que, entre 2013 e 2017, praticamente metade dos 5.570 municípios (48,6%) vem registrando episódios de seca. Embora a maior parte deles esteja concentrada no Nordeste, a estiagem, ocasionada pela escassez severa de chuvas, já atinge, inclusive, o Sul do Brasil. Trata-se, obviamente, de um problema que, por suas dimensões, nenhum candidato terá condições de resolver, quer por sua abrangência ou mesmo pela exiguidade na duração do mandato em relação à extensão de tempos necessários para empreender um amplo e eficaz programa de combate à seca.

Os avisos sobre a intensificação da seca em todo o país vêm sendo feitos na forma de constantes e repetidas crises hídricas, que ainda hoje têm reflexos no dia a dia da população. Rio de Janeiro e São Paulo, na região Sudeste, também experimentaram prologados e preocupantes períodos de estiagem, que resultaram em penosos racionamentos de água para seus habitantes. Além da seca inclemente, a pesquisa do IBGE listou ainda outros desastres ambientais como deslizamentos, erosão e enchentes, que vêm atingindo diferentes regiões do país, deixando um rastro de prejuízos e de preocupações.

O pior, segundo o IBGE, é que 60% dos municípios brasileiros não possuem nenhum mecanismo especializado e direcionado à prevenção desses desastres naturais.

A frase que foi pronunciada:

Uma das primeiras condições para a felicidade é que o elo entre o homem e a natureza não seja quebrado.”

Leo Tolstoy

Leo Tolstoy. Foto: Reprodução da Internet

História de Brasília

Não sei porque, também, qualquer pessoa paga telegrama, e deputado não paga. O resultado é o abuso que tem sido denunciado seguidas vêzes, de deputados que utilizam o DCT como serviço particular. (Publicada em 10/02/1962)

A fome no paraíso da produção de alimentos

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Foto: Paula Paiva Paulo/G1

 

Difícil é explicar, para qualquer pessoa sensata, a situação paradoxal que faz com que o Brasil, mesmo com o maior rebanho bovino do planeta, com 217 milhões de cabeças, tenha que exibir, ao mundo, cenas tão dramáticas, mostrando famílias buscando ossos em contêineres de descarte nos centros de abastecimento de alimentos, à vista de todos, como quem vai às compras no mercado.

São imagens que mostram a distância estelar existente entre o portento de um país exportador de produtos agropastoris e seus habitantes, impedidos de acessar esses bens, enviados para portos de todo o mundo. Com isso, fica a patente a expressão que diz que o agronegócio não produz alimentos, mas lucros, altos e concentrados em poucas mãos, apesar de figurar como protagonista quando o assunto é balança comercial. O problema é que essa balança parece nunca pender a favor da população de baixa renda nem de nenhum brasileiro mediano. Trata-se de uma situação que, mais do paradoxal, expõe para todo o mundo uma inegável realidade que faz dos cidadãos de baixa e média renda categorias sociais de segunda classe, alijadas das mínimas condições de sobrevivência com dignidade.

A transformação desses alimentos e sua inserção na classificação estrangeira de commodities, tabelando seus preços pela variação da oferta e da procura no mercado internacional, movido ao peso do dólar, deu a esses alimentos básicos, que no passado integravam o cardápio popular, um rótulo chique, que, em última análise, estabelece uma proibição tácita para que seja consumido por grande parte dos brasileiros.

Uma visita aos supermercados do país mostra que até mesmo a classe média, que anteriormente consumia esse alimento com certa frequência, hoje passa longe dos açougues e mais distante da chamada carne de primeira. Qualquer desses argumentos apresentados pelos defensores desse tipo especial de produção de alimentos, dentro do exclusivíssimo clube dos senhores do agrobusiness, cai por terra diante das imagens mostrando populações se lançando aos ossos, em meio às moscas, como cães famintos à procura da proteína.

A mesma situação se repete na produção de carne de frango, na qual o Brasil ocupa o segundo posto de produtor mundial, com 14.350 milhões de toneladas por ano. Mesmo esse alimento vem se tornando inacessível para os consumidores de baixa renda, com parte da população comprando o que seriam miúdos dessa ave, como pés, pescoço e outras partes menos nobres. Com a atividade da piscicultura, a questão proibitiva dos preços desses alimentos para as populações mais carentes se repete também. Apesar de possuir uma costa marítima de 10.959 quilômetros de extensão e contar com uma frota pesqueira que cresce a cada ano, e com uma produção anual girando em torno de 803 mil toneladas, o consumo desse alimento nos supermercados é limitado às classes de renda alta e média alta, ou seja, totalmente fora do cardápio das famílias brasileiras.

Para a manutenção desse verdadeiro estado de segregação da população de baixa renda e seu acesso a alimentos de qualidade, tem sido eficaz o trabalho desempenhado pela chamada bancada do agrobusiness com assento no Congresso. Ao representar apenas os interesses comerciais dos grandes produtores de proteínas, a bancada cumpre o que espera dela o mercado internacional, mesmo que isso custe a fome de seus patrícios, que, por um acaso, são também seus eleitores.

Enquanto o Brasil encanta o mundo como celeiro da humanidade, triplica internamente a pobreza no país, com o número de pobres saltando de 9,5 milhões de em agosto de 2020 para mais de 27 milhões em fevereiro de 2021, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Surpreende que os mercados nas principais cidades do mundo ainda tenham sido, até agora, alvo de saques das famílias em estado famélico grave. É uma situação que aguarda acontecer, caso tardem medidas efetivas que acabem com esse banquete bilionário de alimentos a excluir o grosso da população.

 

A frase que foi pronunciada
“Há pessoas no mundo com tanta fome que Deus não pode aparecer a elas, exceto na forma de pão.”
Mahatma Gandhi

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

Novo ensino médio
Uma ideia, um projeto e uma escola acolhedora. Ingredientes necessários para que Giulia Bicalho colocasse as mãos na massa e inaugurasse a primeira rádio interna escolar. Nos 20 minutos de intervalo, música e informação. Uma bela maneira de arrefecer os danos da pandemia.

Foto: jornaldebrasilia.com

Pelo Brasil
Vale a pena visitar, no Facebook, o perfil do Instituto General Vilas Boas. São muitas notícias importantes e sérias. Acesse o link a seguir: https://www.facebook.com/InstitutoGVB.

História de Brasília
Há um técnico que dorme num quarto onde guardam a sucata de material. Deste jeito, não é de se admirar que o serviço seja moroso, ruim e de pouca rentabilidade. (Publicada em 10/2/1962)

A hora e a vez da bola de cristal

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

 

Nos capítulos finais da CPI do Covid, o relator, senador Renan Calheiros, está prometendo, ao público que vem acompanhando os trabalhos da comissão desde o primeiro dia, o indiciamento de mais de meia centena de indivíduos, pelos mais variados tipos de crime. Para tanto, afirma que enviará cópias do volumoso relatório final a diversas cortes e instâncias da justiça, dentro e fora do país. Se uma não der andamento, outra poderá dar. Não há grandes expectativas de que a Procuradoria Geral da República, na figura do Augusto Aras, dará muita atenção ao calhamaço de denúncias. No máximo irá ensaiar alguns movimentos, processando, quem sabe, os peixinhos miúdos, deixando os tubarões de lado. Passados os primeiros dias, a repercussão definhará, como tudo neste país. Se nem mesmo os escândalos do mensalão e do petrolão, que o seguiu, tiveram o condão de levar, até as últimas consequências, as denúncias contra o magote de réus, sendo que a maioria hoje goza da mais ampla liberdade, deixando o dito por não dito.

Por isso mesmo, a população, já escaldada com as consequências pífias dessas investigações, pouco ou quase nada, espera de concreto com relação às condenações tanto daqueles que vendiam vacinas que não possuíam, como contra aqueles que por dever do ofício tinham obrigação de comandar o combate à virose mortal. Os seiscentos mil mortos entram nesse relatório como detalhe estatístico, uma vez que ninguém responderá por esse morticínio ao não ser o próprio vírus.

Passadas as eleições, tudo voltará ser como antes e a história toda cairá no mais nebuloso esquecimento. Nem mesmo restará aos falecidos o estabelecimento de uma data nacional a lembrar o trágico acontecimento. A apuração das eleições de 2022 lançará uma pá de cal sobre o assunto e cuidará apenas de encaminhar os vencidos a seus devidos postos. Alguns poucos políticos auferirão ganhos graças aos holofotes da CPI. Outros irão cuidar da vida. A própria população, a quem caberia cuidar para que personagens nefastos de nossa história política recente tivessem a merecida condenação da justiça, não irá se manifestar, porque, talvez, já nem se lembre do ocorrido.

Para o povo em geral, ficará apenas o vazio aberto com o fim dos capítulos da CPI e o enceramento de mais esse folhetim das nossas mazelas reais. Como ocorre a cada ano legislativo, é preciso providenciar, o mais ligeiro possível, uma outra CPI para agitar as massas, exibindo o mal cheiroso bastidor de nossa vida política. Caso aconteça mesmo do país ter que assistir, assombrado, a volta do lulopetismo ao poder, numa espécie de Vale a Pena Ver de Novo, vai aqui uma sugestão aos nossos digníssimos parlamentares: cuidem de instalar, no próximo ano legislativo, a CPI da Lava Jato e do Petrolão, para investigar a razão de a mais exitosa operação de toda a nossa história, capaz de reerguer o país ao primeiro mundo da ética, ter sido levada às cordas. É preciso que se investigue absolutamente todos aqueles que contribuíram para dar um fim a Lava Jato. Do mordomo ao dono do palácio. O país necessita dessa investigação para continuar existindo.

A frase que foi pronunciada:

A política é a habilidade de prever o que vai acontecer amanhã, na semana que vem, no mês que vem e no ano que vem. E ter a habilidade de explicar depois por que nada daquilo aconteceu.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

Fé e esperança

Esse é o pior serviço que já existiu na capital federal. Um completo desrespeito ao cliente. São horas aguardando atendimento enquanto se ouve um barulho insuportável que talvez chamem de música. O presidente Paulo Henrique Bezerra Rodrigues Costa precisa reservar um tempo de seu dia para ligar no número do BRB Card, para o 08008804001 ou 40034004. Se isso acontecer, esse serviço vai melhorar, com certeza.

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

É notícia

Gustavo Dourado, escritor e poeta cordelista, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), no Rio de Janeiro, cadeira 35, patrono Expedito Sebastião da Silva, antes ocupada pelo poeta Pedro Bandeira. Ele é o primeiro escritor do Centro-Oeste e do Distrito Federal a se tornar acadêmico titular da entidade, festejada e reconhecida no Brasil e no exterior. A solenidade foi conduzida pela presidente da entidade, escritora Paola Tôrres, e pelo presidente emérito, poeta Gonçalo Ferreira da Silva, fundador da instituição. Sua obra literária foi recomendada pelo World Poetry Day e World Portal Libraries, ambos da Unesco.

Imagem: antoniomiranda.com

Preto no branco

Quando a população se propõe a pensar, a solução sai a seu favor. Veja, no Blog do Ari Cunha, o quadro comprobatório desenhado por Marco Guskuma sobre a vantagem de contratar um caminhão pipa, dependendo do consumo. Ele relaciona o consumo, a cobrança oficial da água e esgoto e a alternativa de preço mais baixo com a contratação de um caminhão pipa legalizado.

–> Estava me questionando se vale a pena chamar um caminhão pipa ou colocar água da CAESB.

Cheguei a seguinte conclusão:
Depende do consumo de água da sua casa e do % de incidência do esgoto.

De 36 m3 para mais de consumo mensal da residência compensa chamar um caminhão pipa, considerando taxa de esgoto de 60%.

Vejam a tabela abaixo:

Acho que não entendeu a planilha…

Vamos supor que o consumo da sua casa seja de 25 m3 e taxa de esgoto 60%.

A pergunta é:
Fica mais barato aumentar o consumo para 35 m3 do que chamar um caminhão pipa de 10 m3?

A resposta é sim porque esses 10 m3 vão lhe custar a mais 204,96 e um caminhão pipa custa 250,00

Entendeu?

História de Brasília

IAPM e IAPFESP reiniciaram as obras, e dizem que o IAPM fichou quinhentos candangos. Ninguém viu, até agora, nada a não ser limpeza do canteiro. (Publicada em 10/02/1962)

Dialética destruidora

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Imagem publicada no perfil do Dino Freitas no Facebook

Quem viu as imagens mostrando gigantescas nuvens de poeira a tomarem de assalto muitas cidades do interior de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, escurecendo o dia e cobrindo tudo com o manto sujo do pó e da fuligem, pode pressentir que algo extraordinariamente anormal entrou em cena. Pior para aqueles que sentiram na pele e nos pulmões o irrompimento do fenômeno macabro.

Para esses, ficou a certeza de que um novo e angustiante tempo foi inaugurado, como se alguém abrisse, de repente, uma fabulosa Caixa de Pandora e de lá emergissem os ventos de um inferno, cuidadosamente preparado desde o surgimento da primeira máquina a vapor. Para os céticos e todos aqueles que não se cansam de usar o cotidiano para chicotear a realidade corrompida pelas redes sociais, o que esses cumulus nimbus de poeira estão a anunciar é a chegada definitiva do progresso na agricultura, não um progresso qualquer, mas um tipo especial que veio de mansinho, como os políticos nacionais, prometendo fartura e lucros para todos.

Para que todo esse desenvolvimento se tornasse possível, seria preciso romper, de uma vez, com as antigas práticas da agricultura familiar e com os velhos ensinamentos adquiridos, por séculos, pelos camponeses. A começar pelo fim do respeito ao meio ambiente, à rotação das culturas e diversificação das espécies. Terminar com a ideia de que a manutenção dos veios d’água é necessária. Acabar com essa mania de produzir adubos a partir do que sobra na lavoura e dos excrementos dos animais. Dar um fim às práticas de manutenção de uma espécie de ciclo completo dentro da terra, aproveitando os resíduos, produzindo bens sem o envenenamento por pesticidas e outros produtos químicos. Enfim, se libertar do passado e abraçar a nova agricultura que já vem com o nome pomposo e estrangeirado de agrobusiness, com sementes geneticamente modificadas e adubos e defensivos proibidos noutros países, importados e que envenenarão tudo, mas que prometem colheitas nunca vistas.

Esse é o progresso brotando no campo e dando um chega pra lá nas modas antigas, trazendo máquinas gigantescas que irão “limpar” o horizonte do mato secular, plantando, em seu lugar, monoculturas a perder de vista, que poderão muito parecer com o antigo milho, mas que têm nome batizado por letras sem nexo e números, tudo num código estranho.

Quem pode admirar esses gigantes de poeira, e tem os olhos postos nos ensinamentos de um passado onde as ideias não envelhecem, mas que, pelo contrário, ganham força viva no presente, logo pode se lembrar da frase, um tanto enigmática, proferida por um pensador de nome Karl Kraus (1874-1936), que costumava dizer que o progresso vinha com o avanço inevitável da poeira, querendo com isso assinalar exatamente o que vem ocorrendo agora no interior do nosso país.

São as frentes de rajada, nome estranho para um fenômeno que veio anunciar a chegada de um tipo de progresso que vem ainda na esteira da Revolução Industrial, mas que coloca países como o Brasil na condição antiquada de colônia ou fornecedor de bens primários mesmo às custas da destruição completa de seu meio ambiente e que opera segundo as regras de um deus ex machina, que virá para resolver o impasse, a contradição entre a produção de bens pela dilapidação do meio que a possibilitou, numa espécie de dialética do mal.

A frase que foi pronunciada:

O objetivo final da agricultura não é o cultivo de safras, mas o cultivo e o aperfeiçoamento dos seres humanos.”

Masanobu Fukuoka

Masanobu Fukuoka. Foto: greenmebrasil.com

Cidade fantasma

Lojas e mais lojas fechando. Pela W3, nas entrequadras, no Setor Comercial. A situação é grave!

Foto: Blog do Ari Cunha
Foto: Blog do Ari Cunha

Doação

Ainda dá tempo de doar lixo eletrônico para o colégio Maristinha. A intenção é consertar o material descartado para uso da meninada de baixa renda. Fale com a coordenadora do projeto Valéria Oliveira, pelo número 99231-1923.

Imagem: reprodução da internet

Sem política

Clubes da cidade têm visitantes indesejados que deixam para trás enorme quantidade de dejetos. Não é possível que essa situação perdure por muito tempo. Não há controle do animal, nem dos carrapatos que ele também espalha por onde anda.

Foto: Gabriel Luiz/G1

Criança

Iniciada a mobilização para o Dia das Crianças. Os batalhões da PM e algumas administrações da cidade começam a recolher brinquedos usados ou novos para distribuir para a meninada de famílias vulneráveis.

História de Brasília

O supermercado da 305 parou de nôvo. Cada vez que a gente dá uma nota, as obras reiniciam, e depois param outra vez. (Publicada em 10/02/1962)

Nosso futuro Saara

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Foto: Andre Penner/AP

 

Como país que possui a maior parte do seu território inserida entre as linhas imaginárias dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, o Brasil e outros na mesma situação geográfica experimentarão, nas próximas décadas, um escalonamento progressivo nos níveis de temperatura, que tornarão a vida nesses locais, para dizer o mínimo, um martírio. Sobretudo, as regiões ao Norte, que incluem os estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins.

As temperaturas nesses locais, por volta da virada do século, poderão aumentar, em média, até 12 graus centígrados, aproximadamente, o que tornará a permanência de populações nessas áreas, um risco sério para a saúde. Esses efeitos catastróficos se estenderão também para todos os países da América Latina situados próximos a essa latitude, o que pode gerar um fluxo nunca visto de migrações em massa de populações para outras partes do planeta.

O problema é que o tempo na natureza não é o mesmo que reconhecemos nos relógios. Além disso, a natureza não tem qualquer compromisso com a sobrevivência da espécie humana, a partir do ponto em que passamos a romper, unilateralmente, os códigos naturais que ordenam o respeito total ao meio ambiente e a sua preservação. Sem a preservação do meio ambiente e de todos os biomas conhecidos, a vida sobre o planeta será tão limitada e complexa como é hoje viver sobre o planeta Marte ou outro do nosso sistema solar.

Cavamos, por nossa incúria e ambição, a sepultura dos futuros habitantes desse planeta, sem qualquer arrependimento, cometendo uma espécie de crime premeditado contra a humanidade, que faria o Holocausto, com todo o respeito e dor, parecer uma travessura de criança. O desmatamento que segue acelerado em toda a área da floresta Amazônia, e que já consumiu também boa parte do Cerrado brasileiro, é a prova de que não apenas somos cúmplices desse genocídio, como deixamos todos os vestígios desse crime à mostra.

Seguidamente, os alertas científicos têm sido ignorados, quando não ridicularizados por nossas autoridades em conluio com os mais poderosos e gananciosos grupos empresariais que praticam, em larga escala, a produção de grãos de carne bovina para o mercado externo.

Os bois e as monoculturas avançam florestas adentro, trazendo, atrás de si, as motosserras os tratores que cuidam de “limpar” a área para nova produção, enquanto o Sol, inclemente e impassivo em sua posição perpendicular ao solo, cuida de calcinar o campo descoberto, provocando primeiro um processo de savanização e depois o deserto com suas areias escaldantes e áridas.

A floresta amazônica e o Cerrado representam o nosso Saara do amanhã. De acordo com estudos elaborados e publicados pela Communications Earth & Environment, e que contou com a colaboração de cientistas brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz no Piauí, o desmatamento e a degradação do meio ambiente acelerada e sem contenção alguma tornarão as regiões do Norte do Brasil intoleráveis para a presença humana, Desidratação, cãibras, hipertermia e morte são os sintomas que aguardam aqueles que permanecerem nessas localidades, quando o forno da natureza for aceso de modo irreversível e avassalador.

Por enquanto, são apenas previsões, mas que já se anunciam no dia com o aumento paulatino das ondas de calor. Moradores antigos dessas regiões lembram que, a cada nova estação do ano, os fenômenos anormais de cheias e enchentes, seguidos de ondas de calor insuportáveis, acontecem em ritmos cada vez mais intensos, prenunciando o pior que está por vir, se nada for feito de imediato não apenas no combate ao desmatamento, mas em projetos de reflorestamentos emergenciais.

Notem que, no atual estágio de degradação ambiental que estamos, já não adiantam medidas contra o desmatamento que não acontecem, mas é preciso ainda um largo e lento processo de reflorestamento dessas áreas desmatadas, pra recompor, ao menos, parte dos estragos já feitos. Mesmo assim, os cientistas acreditam que todo esse processo de reverter o que foi destruído ao longo dos anos já se tornou uma tarefa muito além da capacidade humana, sobretudo quando se sabe que todo esse esforço para impedir o pior ainda é um sonho de ambientalistas e sequer passa na cabeça daqueles que estão nas altas esferas do atual governo e entre os poderosos empresários do agrobusiness.

Em breve, todos esses senhores da morte estarão lavando as mãos para essas consequências deixadas para trás, sendo toda a culpa, pelos crimes ambientais, depositado nas contas do pequeno agricultor da região que vivia do extrativismo artesanal da castanha do Pará.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Você tem cérebro em sua cabeça. Você tem pés em seus sapatos. Você pode se orientar em qualquer direção que escolher.”

Dr. Seuss

Imagem: brasilsemmedo.com

 

História de Brasília

Adjubei, genro de Kruchev, depois de visitar Brasília, disse que tivera, ao conhecer Oscar Niemeyer, maior emoção do que quando conhecera seu sôgro. (Publicada em 10/02/1962)

O vale-tudo dos vales

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Daniel Marenco/Agência O Globo

 

Passado o que seria o primeiro tempo da pandemia, depois de um avanço tímido do programa de vacinação, o que se observa, no Brasil, enquanto não acontece o prosseguimento desse jogo da morte, é o que muitos já previam: aumentos significativos tanto nos preços dos combustíveis quanto nos preços dos produtos da cesta básica e nas tarifas de energia elétrica.

Ao lado dessas curvas perigosamente voltadas para cima, o que se tem é o encolhimento de nichos inteiros do pequeno comércio varejista, tragado pela pandemia, que fez desaparecer também boa parte do chamado terceiro setor, formado por prestação de serviços de toda a ordem. Tudo isso embalado por uma crise hídrica jamais vista, tendo ainda, como pano de fundo, o aumento da pobreza, o aumento dos desmatamentos e o aumento da violência urbana. São problemas de sobra até mesmo para o mais fanático dos pessimistas.

Em meio a esse cenário, que parece do fim do mundo, o atual governo tenta trabalhar com o centrão, que forma não apenas a sua base de apoio, mas a base de apoio de qualquer um outro mandatário, que, disposto a pagar o alto preço cobrado, não sabe ao certo em que direção seguir. É nesse marasmo que o gigante Brasil permanece deitado eternamente. E é dentro desse gigante que dezenas de milhões de brasileiros assistem o que parece um trágico e dramático momento da história do país. Estamos imersos, literalmente, na paz dos cemitérios. Difícil é explicar esse quadro todo para o cidadão comum, que a tudo assiste sem entender de onde sopra esse vento frio.

Uma visita aos supermercados pode dar uma noção resumida do que acontece. Em 13 das 17 capitais analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudo Socioeconômicos (Dieese), o custo médio da cesta básica aumentou muita acima da inflação. Nem mesmo o comércio consegue dar conta da oscilação esquizofrênica dos preços, quando se notam diferenças de preços do mesmo produto da ordem de mais de 500% de um local para outro.

Para o consumidor de baixa renda entrar num desses supermercados é uma verdadeira tortura e uma humilhação, já que, com os trocados que carrega no bolso, pouco ou nada pode comprar. Arroz chegou a R$ 30, feijão a R$ 9, carne só se for de capivara.

Para um país que o governo diz orgulhoso de ser o maior produtor mundial de carne bovina, de aves, de suínos, não faz sentido observar famílias inteiras nos centros de atacados e de distribuição de alimentos, recolhendo ossos para levar para casa para fazer sopa. E como entender a estatal Petrobras, que vende o gás de cozinha a preços tão altos e inacessíveis ao pequeno consumidor que, para não ficar mal diante a população, resolveu investir R$ 300 milhões em programas de subsídio para criar o vale-gás.

Depois do vale-refeição, do vale-transporte e outros vales, num país onde o cidadão pouco vale, fica o dilema entre dar cidadania, na forma de educação de qualidade, saúde e segurança, ou conceder vales diversos, amarrando a população a políticas populistas e demagógicas que valem somente até às próximas eleições.

A frase que foi pronunciada:

Mas então é fácil, fácil demais, fazer sermões sobre os perigos do paternalismo e a necessidade de assumir a responsabilidade por nossas próprias vidas, do conforto de nosso sofá em nosso lar seguro e higiênico. Não somos nós, que vivemos no mundo rico, os beneficiários constantes de um paternalismo agora tão profundamente embutido no sistema que mal o notamos?”

Abhijit V. Banerjee, Poor Economics: A Radical Rethinking of the Way to Fight Global Poverty

Imagem: amazon.com

Participação

Fátima Bueno, do Lago Norte, reforça a necessidade de se abordar a falta de compromisso do agronegócio com o meio ambiente, trazendo a aridez permanente das terras exauridas. Diz a leitora que as gigantescas nuvens de poeira chegaram para engolir cidades como alerta máximo à degradação continuada do solo por plantações extensivas, pastos e garimpos em várias regiões do Brasil. A tão propalada exportação de carne, grãos e minérios, como salvação da economia nacional, não prevê o desabastecimento futuro, agravado com a escassez dos recursos hídricos, incentivo ao desmatamento e métodos antiquados de produção de energia.

Isso pode, Arnaldo?

Veja, no Blog do Ari Cunha, um homem-bomba cruzando a Ponte do Bragueto.

História de Brasília

Taguatinga está ameaçada de servir à população, água contaminada. E’ que a água que abastece a cidade é retirada do Córrego do Cortado, e já fizeram loteamento no local da captação. (Publicada em 08/02/1962)

Tempos luleiros

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Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Enquanto a população brasileira permanece distraída com as revelações que vão sendo levantadas pela CPI da Covid e que indicam, até aqui, o cometimento de uma série contínua dos mais variados e graves crimes, tanto por empresários como por políticos e pelo próprio governo durante a pandemia, o país vai sendo virado ao avesso pelo Legislativo, na sua tentativa de desfigurar a Lei de Improbidade Administrativa (LIA), um dos maiores avanços já conquistados pelos cidadãos no controle dos gastos públicos.

Caso vingue a proposta defendida pela maioria da classe política das duas Casas do Congresso, e que conta com o apoio também da maioria dos prefeitos e governadores, a Lei de Improbidade Administrativa sofrerá um processo de abrandamento chamado ardilosamente de “flexibilização”.

Com isso, um dos mais modernos mecanismos para coibir que maus gestores permaneçam cometendo barbaridades e crimes com o orçamento público, e que foi um dos marcos da cidadania contidos na própria Constituição, perderá sua eficácia, em nome de uma vaga segurança jurídica reclamada pelos políticos. Sem as penalidades e sem os limites impostos pela Lei de Improbidade, voltamos ao tempo dos gastos públicos sem controle e, portanto, um dos facilitares da corrupção.

A supressão da modalidade culposa de improbidade administrativa permitirá o retorno e a atuação desastrosa dos maus gestores ao período pré-constitucional, quando a farra com o dinheiro público era a regra e a punição aos corruptos, pelos desvios e o mau emprego desses recursos, era uma raríssima exceção. Cada cochilo da população ou sua alienação, devido a assuntos paralelos, corresponde a uma armação dos políticos para aliviar suas responsabilidades e arrefecer quaisquer possibilidades de futuras penalidades.

O Ministério Público, que também anda cochilando nos momentos em que a população mais precisa, acordou com essa manobra e já mandou avisar que irá acompanhar de perto a desfiguração dessa importante Lei. Políticos com cargos de prefeito e governadores vinham, há tempos, insistindo na modificação dessa Lei, de forma a torná-la inócua ou ao menos inofensiva para os maus gestores.

Pelo texto modificado agora, as ações negligentes, imperitas ou imprudentes, mesmo que causem danos ao erário do estado, não poderão mais ser enquadradas como improbidade e crime, devendo no futuro serem classificadas como modalidade culposa ou sem intenção de cometimento de crime.

É o caso aqui daquele político peralta arguir que cometeu o desvio ou a má aplicação dos recursos dos contribuintes por mero descuido ou desatenção, sendo perdoado por esse ato de mal pensado. Até mesmo o prazo estabelecido pela Lei foi modificado, dando menos tempo ao Ministério Público para instaurar, apurar e concluir as investigações dos possíveis delitos; caso contrário, o crime restará prescrito.

Como se não bastassem tantos benefícios àqueles que, por antecipação, já preveem uma grande quantidade de gestões ruinosas em estados e municípios, existem aqueles políticos que advogam até que a Lei possa conter dispositivos que garantam sua imediata aplicação em favor dos réus do presente e do futuro, num movimento de retroação marota e que é a cara e o caráter dos nossos representantes, feitos a nossa imagem, segundo nosso desejo diante das urnas.

A frase que foi pronunciada:

Nenhuma administração pública será aceitável a menos que os funcionários públicos sejam educados e agradáveis com o povo.”

Amit Kalantri, Riqueza das Palavras

Amit Kalantri. Foto: nicelocal.in

Vivo

Estranho que, em um calor desses, os ovos vendidos em mercados não estejam recebendo refrigeração.

Foto: minhasaude.proteste.org

Lei humanizada

É preciso urgentemente que algum parlamentar se sensibilize com a situação de estudantes gestantes e puérperas. A lei garante a prova domiciliar. Mas agora, com a pandemia, nota-se que a vantagem não é tão grande assim. Uma aluna de medicina nos escreve contando que teve um bebê e não consegue fazer uma prova online no mesmo tempo em que os outros alunos. Precisa parar para dar atenção à criança, trocá-la, amamentá-la. Precisa de mais tempo, sem prejuízo. Há professores que não são flexíveis e apontam o “sistema de provas” como vilão.

Foto: guarulhos.sp.gov

História de Brasília

A Agência Nacional é uma repartição deficiente desde a sua fundação, ao tempo da ditadura. Ao invés de informar os atos do govêrno, fica, em geral, endeusando as pessoas, e é por isto que cada govêrno muda logo de diretor. Vem daí a política, o amigo, o compadre, o conterrâneo, e tudo mais que possa prejudicar. – AC. (Publicada em 07/02/1962)

O agronegócio a semear as tempestades de areia

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Por toda a parte, no imenso território brasileiro, os fenômenos climáticos anormais e desastrosos vêm se intensificando a cada ano, indicando que, ao lado dos efeitos provocados pelo aquecimento global, que afetam igualmente todo o planeta, também nosso país experimentará, de forma severa, as consequências dessas mudanças ambientais. Secas, incêndios, erosões, tornados, trombas d´água e, agora, as tempestades de areia, vão compor esse novo cenário cotidiano de catástrofes climáticas, que têm, na ação humana, um dos seus principais causadores. Estamos literalmente colhendo tempestades, depois de termos plantado as sementes da razia do meio ambiente.
A expectativa quanto à colheita dessa safra de calamidades é de que nos próximos anos tenhamos produção em dobro, dando tempo, quem sabe, de arrependermos de nosso comportamento frente ao ambiente, quer pela nossa cumplicidade nesses eventos, quer pela nossa omissão e silêncio. Somos todos igualmente responsáveis pelos acontecimentos adversos que estamos experimentando.
Quando fechamos os olhos para medidas e projetos que poderiam amenizar esses efeitos. Quando simplesmente apoiamos propostas que visam, a todo o custo, desmatar e queimar áreas de vegetação nativa, para a implantação de latifúndios para a produção de monoculturas transgênicas. Ou quando permitimos que essas safras sejam sufocadas com grandes quantidades de pesticidas e agrotóxicos de alta periculosidade e que envenenam o solo e a água.
As tempestades de areia, que no fim de semana surpreenderam as populações do interior de São Paulo e de Minas Gerais, e que pareciam restritas apenas a cidades da Índia, onde, em 2018, mataram mais de 100 pessoas, ou em cidades como Pequim ou no norte da África, agora parecem fazer parte também de nossa paisagem.
Os fenômenos de tempestades de areia, que em algumas estações do ano engolem cidades inteiras à beira dos desertos pelo mundo, parecem avançar para outras partes do globo. Anteriormente, esse episódio havia sido registrado em 2017, no interior do Rio Grande do Sul, e foi, segundo os técnicos e outros especialistas que acompanham esses acontecimentos da natureza, motivado pela transformação dos pampas gaúcho em areia, devido a intensificação dos processos de erosão do bioma pela atividade do agronegócio.
A cada ano, aumentam as manchas de areia nessa região, devido ao mau uso da terra. São milhares de hectares da zona rural que foram totalmente transformados em areais, áridos e desérticos, onda nada mais brota. O que está acontecendo agora em cidades paulistas, como Ribeirão Preto, Franca, Presidente Prudente, Jales, Araçatuba e outras do Triângulo Mineiro, resulta também da intensificação das atividades do agronegócio, que substituíram, há alguns anos, a policultura, por monoculturas de soja, milho e cana-de-açúcar, degredando gravemente boa parte do solo da região.
Com os ventos de quase 100 km/hora, registrado nesse último fim de semana, o solo seco, castigado ainda pela seca prolongada que afeta toda a região, ajudou a cobrir muitas dessas cidades com espessas nuvens de poeira e areia, num prenúncio de que estamos no caminho errado quanto a exploração da terra.
O agronegócio, uma atividade econômica que muitos dizem não produzir alimentos e, sim, lucros para uma minoria, obviamente diz não se responsabilizar por esses efeitos. Uma vez exauridos os recursos naturais de uma região, com o esgotamento total do solo, o agronegócio ruma para outra região e deixa o deserto atrás de si. Preço alto para as próximas gerações.
A frase que foi pronunciada:
“Somente entendendo a complexidade cultural e a amplitude do conceito de agricultura que podemos ver as diminuições ameaçadoras implícitas no termo agronegócio.”
Wendell Berry
Wendell Berry. Foto: Guy Mendes
Pelo zoom
Hoje é dia de reunião do Conselho de Segurança do Lago Norte. Geralmente são reuniões bastante produtivas e com muitas participações. Veja os detalhes a seguir.
Homenagem
Também, a seguir, um registro histórico de Laércio Filho sobre seu avô Djalma Silva, que faria 100 anos.

–> Djalma Silva, *27/09/1921, Floriano, PI; +12/08/2013, Goiânia, GO.

Por ocasião do centenário de seu nascimento, tomei a liberdade de escrever algumas linhas sobre meu querido avô.

Há 100 anos, em Floriano, nascia o primogênito de João de Deus Alves da Silva e Corina Maria de Jesus. Seu assento de nascimento, lavrado no cartório Leal daquela cidade, curiosamente anota somente seu prenome DJALMA. Mesmo sem superar o brilho renascentista de seu pai, Djalma resplandeceu numa vida muito simples, dedicada e fiel. Respeitado por seus confrades maçons, pelos alunos e colegas, exerceu o magistério e a administração educacional em Floriano, em Caxias do Maranhão, em Anápolis, em Nerópolis e em Goiânia, onde viveu até seus últimos dias, em 2013.

Trabalhava muito. Oportunidades de trabalho o fariam se mudar sucessivamente em 1950 para o Maranhão, em 1962 para Goiás e, enfim em 1970 para Goiânia, onde se fixaria definitivamente. Certa vez, quando se dividia entre aulas em Nerópolis e na capital goiana, desmaiou durante um de seus deslocamentos entre as cidades, caindo de sua moto Vespa e machucando-se. De seu trabalho no magistério, ainda em Floriano, colheu o coração da moça Adália, que se mudara do distante Brejo Novo para a Princesa do Sul, onde continuaria seus estudos e mudaria os rumos de sua vida ao casar-se em 1947 com o respeitado professor.

Um bibliófilo de quatro costados, encantava os netos e provavelmente exasperava a mulher com sua valiosa biblioteca, que chegou a ter mais de 30 mil volumes empilhados num quartinho aos fundos de sua residência. Também enfeitiçava as crianças quando apanhava madeiras de buriti para esculpir elaboradas miniaturas de aviões ou navios, com as quais presenteava os netos. Desenhava bem e com esmero, tendo me iniciado nessa arte.

Foi escritor, poeta e cordelista. Deixou várias obras e, creio, nunca ganhou um centavo com elas. Distribuía-as livremente entre amigos e familiares.

Durante toda a vida, manteve correspondência com amigos e familiares em todo o Brasil. Apoiou sempre que pôde irmãos e parentes, seus próprios e de Adália. Descobri, anos após sua morte, de seu costume de mandar dinheiro para parentes em dificuldades. Dinheiro esse que nunca sobrou em sua própria casa. Mas criou honrosamente os quatro varões com a valiosa parceria de Adália. Mesmo que mantendo distância, soube honrar a família da esposa, tornando-se querido pelos seus!

Por ocasião de seu centenário, sua descendência soma quatro filhos, dez netos e seis bisnetos.

Viva vovô Djalma!

História de Brasília
Brasília tem defeitos, e nós temos apontado muitos. Fale mal, mas não minta. Não desmoralize um jornal, que afora ser uma simples casa de obras com rotativa, pertence, ainda, a um governo, que poucas vezes tem mentido na vida. (Publicada em 9/2/1962)

De volta às cavernas

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Comércio fechado em São Paulo. Foto: Rovena Rosa/ABr

 

Uma das visões mais desalentadoras para todos aqueles que buscam retomarem à normalidade, depois de quase dois anos de quarentena, é verificar a quantidade enorme de estabelecimentos comerciais que simplesmente desapareceram no ar ao longo desse período.
Talvez isso explique, em parte, a afirmação de que a vida que conhecíamos antes da pandemia já não existe mais e jamais voltará a ser como era. Existe ao menos a esperança de que novos estabelecimentos comerciais surgirão nesse vazio e uma nova modalidade de mercado será implantada, inaugurando, assim, um novo padrão ou atividade de compra e venda. Não se sabe. Tudo ainda são incertezas.
De concreto, o que se vê nesse momento, com tantas lojas fechadas ou vazias, é que o fenômeno da falência generalizada dos pontos comerciais é um fato a empobrecer a economia das cidades e a gerar mais desemprego e incertezas com relação ao futuro. Cidade alguma pode almejar a prosperidade sem um conjunto de atividades comerciais pujantes.
Aliás, foi o comércio a atividade que fez surgir as primeiras cidades, situadas no entroncamento de rotas por onde transitavam mercadores indo e vindo de regiões produtoras. Também tem sido o comércio o grande atrativo para muitas cidades do mundo e sua principal fonte de renda. Sem esse dinamismo dos mercados, com pessoas negociando, não existe a possibilidade de enriquecimento, e isso pode acarretar, inclusive, a morte desses núcleos populacionais.
Na história, é comum observar o grande número de antigas cidades que simplesmente deixaram de existir tão logo houve o esvaziamento de seus mercados. Essa é uma lição histórica que precisa ser apreendida o mais rapidamente possível, caso haja interesse em salvar nossas cidades.
Por certo que o mercado virtual, o chamado e-commerce, mesmo com o crescimento assustador verificado nos últimos anos, não poderá substituir plenamente e de forma satisfatória a variedade do comércio e das lojas físicas espalhadas por toda a cidade sem colocar em sério risco a própria vida urbana.
É nas praças públicas (ágoras), cercadas por seus comerciantes diversos, que, desde a antiguidade grega, ocorriam as reuniões dos cidadãos e onde eram discutidos os assuntos ligados à vida urbana. É nesse acotovelar-se entre multidões que a vida urbana flui e ganha energias necessárias para impulsionar as cidades.
A pandemia, assim como nos períodos de guerra, recolheu as pessoas das ruas, deixando as cidades à sua própria sorte. O que sobreveio foi a decadência e a transformação das cidades em verdadeiros túmulos a abrigarem mortos-vivos. Nesse cenário desértico, que temos que superar com urgência, o que mais preocupa como sinal de que estamos prestes a sucumbir é quando nos deparamos com a morte da vida cultural da nossa cidade.
Teatros, galerias, livrarias e muitos espaços dedicados à cultura e às artes sumiram do horizonte. E isso parece ser um sinal de mau agouro. Sem essa ebulição das artes e da cultura, próprios de cidades a fervilhar vida, resta-nos um retorno à barbárie, onde permaneceremos presos às nossas cavernas a observar o movimento do mundo projetado como sombras que dançam pela parede como fantasmas.

A frase que foi pronunciada:
“Você sabe que está no caminho do sucesso se você fizer seu trabalho e não for pago por ele.”
Oprah Winfrey

Foto: Vera Anderson- Colaborador/ GettyImages

 

Reforma
Veja a seguir como as calçadas da W3 estão ficando bonitas. Agora é possível andar no comércio, inclusive empurrando uma cadeira de rodas. Calçada sem buracos dá boas-vindas à mobilidade.

 

Entre postes, lixeiras e placas
Por falar em calçadas, a foto foi enviada por Doralvino Sena para o grupo de moradores do Lago Norte, na verdade, não é uma sugestão. É uma fotografia da calçada ideal para a região. Infelizmente não é assim porque grande parte da vizinhança avançou a cerca sobre os 5 metros de área pública.

 

Excelente
As regras são bem definidas, o preço é justo. A Casa do Ceará oferece à comunidade o famoso curso de culinária da dona Isabel. Dos hábitos de higiene, passando pelo almoço caseiro até a sobremesa cativante. Veja no link Curso de Culinária da Casa do Ceará como se candidatar ou indicar sua ajudante.

 

Efetivamente
Tarcísio Gomes de Freitas. Esse é um bom nome para se acompanhar nas redes sociais. O que esse ministro está fazendo pelo país é impressionante. Desenvolvimento pela terra, pelo céu e pelo mar. Com todos os cuidados para que a corrupção não entre nas atividades, esse é um exemplo do que se deve fazer com o dinheiro do contribuinte.

 

História de Brasília
À custa de informações falsas, ninguém escreve nada que preste, e é por isto que o repórter disse que o “mato toma conta de Brasília”. O que ele apresenta na foto, como mato, é o canteiro de erva cidreira, que mantêm firme a rampa do Congresso, e que é uma das coisas bonitas de Brasília. (Publicada em 09/02/1962)