Quando não há necessidade de currículum

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Jean Galvão

 

          Na República distópica em que prosseguimos metidos, não estranha a bizarrice de assistirmos pessoas situadas nos mais altos postos da administração pública sem qualquer expertise para essa função. Uma leitura no curriculum de alguns desses próceres mostra que ainda estamos muito longe de um modelo ideal de gestão do Estado. Pior, continuamos a andar em círculos, repetindo erros e atrasando nosso encontro com a modernidade.

         Sobre esse assunto, há um material rico que todo gestor público precisa conhecer “O (des)alinhamento das agendas política e burocrática no Senado: uma análise à luz da teoria da agência, sob o ponto de vista do agente”, de Luiz Eduardo da Silva Tostes. Uma contribuição inestimável para a administração pública. Nos últimos anos, o Senado tem feito uma reformulação administrativa que tem ajustado a Casa com mais transparência, economia e produtividade.

         Levantamento feito no ministério do atual governo mostra que mais da metade dos ministros não tem qualificação ou formação acadêmica ou técnica necessária para exercer, a contento, os desafios de cada pasta. Dos 23 cargos de primeiro escalão, 11 foram ocupados por ministros sem a qualificação que seria necessária.

         Muitos afirmam que o loteamento de altos postos da administração pública com base apenas no apoio político, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão, não tem grande importância, já que são os técnicos de carreira, como os secretários-executivos, que cuidam das pastas, cabendo aos ministros apenas as negociações políticas. Mas não é bem assim. O fato que demonstra que esse modelo é ruim para o país pode ser comprovado com a descontinuidade dos projetos, mesmo aqueles em que foram despejados bilhões de reais.

         Por outro lado, acabam atrelando e centralizando as decisões mais importantes e urgentes ao próprio presidente da República, dificultando avanços necessários. Mesmo considerando o valor da política para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, o que os países desenvolvidos tem demonstrado, na prática, é que a própria sobrevivência da Democracia hoje está a exigir a reformulação das gestões governamentais, sobretudo por meio, principalmente, criando plataformas onde os pagadores de impostos possam acompanhar onde os recursos estão sendo aplicados, disciplinando o Estado, reavaliando suas atribuições e qualificando a prestação de serviços nas áreas de educação, infraestrutura e saúde. Principalmente agora em que se assiste ao envelhecimento crescente da população. São novos paradigmas a exigir novas posturas, a começar pela qualidade acadêmica do pessoal designado para altos postos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Um grande estado não pode ser governado com base nas opiniões de um partido.”

Otto von Bismarck

Otto von Bismarck. Foto: wikipedia.org

 

Tratamento

Em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, 90 unidades de saúde auxiliam a população mais velha a parar de fumar. No DF, Brasília poderia adotar a mesma iniciativa. A coragem de enfrentar a indústria do tabagismo, pelo ex- senador José Serra, já deu resultado para as novas gerações, que mal conhecem o cigarro.

Foto: Beto Barata/PR

 

CMJ

São 104 anos de Circunscrições Judiciárias Militares no Brasil. A implantação foi uma das primeiras medidas adotadas pelo Príncipe Regente D. João, tão logo chegou no Brasil. Sem holofotes, continua com importante contribuição ao país.

Dom João VI. Foto: www.wikimedia.org

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Uma demonstração dos serviços públicos em Brasília ocorreu um dia na Praça Municipal. Um carro bateu num poste, derrubando-o. Duas horas depois um poste novo estava colocado no lugar, com a luminária funcionando. (Publicada em 21.04.1962)

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